Visão, tato,
paladar, olfato e audição, cinco sentidos que fazem parte do sistema sensorial
humano. Coisas dadas pelo Criador, assim
como a Graça. E se principio este texto trazendo o nome daquele que nos fez é
porque desejo manifestar minha gratidão a Ele em ter os cinco sentidos
maravilhosamente funcionando. Àqueles
que não tem a fé, sem a qual é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6), abraços-os
(fazendo uso do tato) e digo que aceito seu posicionamento, mas
permitam-me lembrar uma máxima de Edgar Barbosa: “O poder de duvidar não é
maior que a faculdade de crer”2
E foi
por causa dos sentidos acima que aprendi a admirar um homem bom e um bom
homem. Com ele tenho a alegria de
conviver e aprendo quando o escuto ou simplesmente quando não fala, mas se
comporta com uma elegância tamanha, que também ensina. E como eu sei que há
homens que não se contentam simplesmente em ter apenas os cinco sentidos
funcionando harmoniosamente, este que admiro, também externou o sexto sentido
que vem através da escrita, e é em seus livros que eu fui buscar deleite.
Foi em 2007
que ele publicou “A Dignidade como
patrimônio”, um livro que trata sobre a biografia do seu pai Diomedes Lucas
de Carvalho, embora para o autor, ele considere ser apenas “um caderno de notas
puxadas da memória” (2007,p.17). Compreensível, pois o autor faz desse trabalho
a sua obra de abertura no mundo da literatura e traz em si a certeza de que
está entrando numa guerra de muitas batalhas, onde a arma é a palavra e já
disse o poeta:
Lutar com palavras
É a luta mais vã.
Entretanto lutamos
Mal rompe a manhã
(ANDRADE, 1979, P. 172)
Lutar com palavras
É a luta mais vã.
Entretanto lutamos
Mal rompe a manhã
(ANDRADE, 1979, P. 172)
É
um livro cheio de registros não apenas do genitor, mas também de fatos
históricos de Cuiité e outras localidades da Paraíba. O autor não mediu
esforços para fortalecer suas afirmações, fazendo uso das notas de rodapé, que
enriquecem mais ainda a biografia. Fico a imaginar o quanto custou e doeu ao
escritor fazer este ensaio biográfico. Com certeza, a ida ao passado assegura o
que escreve Elias José: “As nossas
lembranças nunca são só nossas. Nelas
estão envolvidos os nossos parentes, amigos e conhecidos”6 (2012,
P.42) . Começa bem!
Li “De
Longe e de Perto”(2012) e viajei com ele, através das suas crônicas e tendo
como transporte a imaginação e como combustível a narrativa do “encabulado”, acelerei os quatro ventos e
também me fiz presente em todos os lugares onde ele esteve, As crônicas de viagens são um caleidoscópio que encantam
crianças e adultos. Entreguem um mapa
mundi a este homem, uma caixa de alfinetes e peça para ele marcar os países que
ainda não foi, serão poucos.
Contar
histórias é envolver, é prender o
ouvinte ou leitor da forma mais sutil e deixar que ele seja também participante
da trama, vá ao texto e passeie por entre as linhas e tenha a liberdade de
sentir as personagens reais ou fictícias que o autor trabalha. Em “Brevidades”(2019), a palavra
escrita vem com o sabor das memórias,
enroladas em pequenas crônicas, servidas em bandejas, assim como os bolos que
deram nome ao livro, nos lembra o autor.
Nota-se que a cada obra o escritor vai amadurecendo e concordo com
Fraçois Silvestre, quando afirma que ele, o autor, apresenta um texto
primoroso, sem ser pedante. Ler “Brevidades” não apenas me deu conhecimento
sobre música, educação, sertão, cinema, etc, mas me fez pensar nas minhas memórias.
A esta altura,
alguns leitores já sabem sobre quem estou escrevendo. Os que ainda não o
conhecem, apresento. É Ivan Lira de Carvalho,
magistrado, professor universitário, membros de diversas associações
culturais, entre elas a Academia Norte-rio-grandense de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Norte e o Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte. Homem que enaltece sua terra,
suas origens, seu berço e com muito esmero a literatura. Não canso nem minto ao
escrever que ouvir ou ler é receber a sonoridade de uma lira e ter a certeza
das seguras raízes de um carvalho.
Francisco Martins
13 de novembro 2019
REFERÊNCIAS:
1) ANDRADE,
Carlos Drummond de. Drummond Antologia Poética. Rio de Janeiro(RJ): Livraria
José Olympio Editora, 1979
2) BARBOSA,
Edgar. Imagens do Tempo. Natal(RN): Editora Universitária, 196
3) CARVALHO,
Ivan Lira de. A dignidade como patrimônio.Natal(RN): Metropolitano, 2007
4) __________.De
Longe e de Perto. Natal(RN): Sebo Vermelho, 2012
5) __________.Brevidades.
Natal(RN): Caule de Papiro, 2019
6) ELIAS,
José. Memória, cultura e literatura: o prazer de ler e recriar o mundo. São
Paulo(SP): Paulus, 2012.