quarta-feira, 22 de junho de 2016

CONVERSA DE CANCELA VIII



Felipe Bernando, um dos homens mais ricos de Caicó, nas décadas de 30 a 50 do século passado, não sabia fazer um “o” com uma quenga, mas tinha talento para o comércio.
- O segredo do meu sucesso está na ecolomia,  quem ecolomiza tem. Era sua máxima preferida.
Sua fama correu por toda a região do Seridó e um dia um jovem bateu em sua porta à noite:
-Oh, de casa!
-Oh, de fora! Quem fala?
-É um visitante
-Que deseja?
-Quero uma aula prática de economia
-Pois não, pode  se apear. Fique à vontade, como se em sua casa estivesse.
Felipe percebeu que seu aluno visitante era homem de recursos financeiros, estava com um cavalo de raça, ornado com bons arreios, sela boa e acessórios de montaria caprichados.
Apresentaram-se à luz da lamparina. Depois de um certo tempo, Felipe apagou a lamparina com um sopro e ficaram conversando no escuro: “Ecolomia é a base de toda a riqueza da humanidade” sentenciou o professor. E assim a conversa se prolongou por um por tempo. Foi quando Felipe disse que ali tinha mostrado na prática a economia de querosene e do pavio de algodão.
-Agora vou acender a lamparina
-Espere! Falou assustado o visitante
-Que foi? Quis saber Felipe
-Deixe eu vestir minha calça, pois tão logo o senhor apagou a lamparina eu a tirei para não gastar o fundo da mesma.

É como diz o ditado: em terra de sapo, de cócoras com ele.


Mané Beradeiro

Referência: o conto foi construído com base nas histórias que li em "João Bernardo de Medeiros (Seu Humor)", de Manoel Medeiros, Natal-RN, Gráfica Santa Maria, 1990.

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