terça-feira, 10 de abril de 2018

A NATAL QUE EU CONHECI ...OSWALDO DE SOUZA


 Em 23 de abril de 1989,  o jornal "O POTI" publicou a seguinte crônica de Oswaldo de Souza ...


“Nasci em Natal e moramos os quatro anos da 1ª Guerra Mundial, em Areia Branca. Em 1916, meu pai me colocou no internato do Colégio Diocesano Santo Antônio, que ficava no prédio onde hoje se encontra o Convento Santo Antônio, na rua do mesmo nome. Depois, meus pais vieram para Natal novamente e eu fiquei estudando externo lá mesmo.

Terminando os estudos no Colégio Santo Antônio, estudei durante 2 anos em Recife, no Colégio Americano Batista. Depois retornei a Natal onde comecei os meus estudos de ginásio no Atheneu. O Atheneu ainda era aquele que demoliram. Não sei porque destruíram, é a aversão que temos das coisas antigas. Para que destruir aquele Atheneu, que não era nenhuma obra arquitetônica? Só para construir aquela coisa horrorosa que está lá hoje!

Fiz vestibular de Direito, em Recife. Acontece que eu nunca quis, eu detestava Direito, não tinha vocação para Direito, meu negócio era arte, mas minha mãe fazia questão que eu fosse doutor, anel no dedo e diploma na parece, coisa que para mim não tinha a menor importância – eu nunca liguei para isso: a minha intenção sempre foi estudar música. Eu já tocava um pianinho.

Mais tarde pedi a transferência da Faculdade de Direito do recife para o Rio de Janeiro, onde tencionava fazer vestibular de música no Instituto Nacional de Música, como fiz.

Eu saí de Natal em 25 de maio de 1925. Em janeiro de 26 fiz vestibular para Escola de Música. A faculdade de Direito fiz até o 3º ano. Não aguentava. No terceiro ano eu achei que era uma falta de consciência minha. Depois me formei em compositor de música popular brasileira. Fiz recital em diversas cidades do Brasil, a crítica sempre foi muito receptiva. Em Natal eu nunca fui convidado nem para tocar berimbau, mas eu não guardo mágoas.

Tenho muitas recordações da época que morava aqui. Nós moramos na casa que ainda hoje existe ali no cruzamento das ruas Potengi com a Prudente de Morais.

Aquela casa teve os projetos e a própria construção de um italiano que apareceu aqui em Natal, o Miguel Micucci que também fez o edifício da Prefeitura. Ele construiu a Prefeitura e depois outras casas, como o chamado Castelinho de Moisés Soares, que já foi demolido, onde está hoje o banco que fica na esquina das ruas João Pessoa e Deodoro, em frente ao Centro Cearense.

Depois que ele fez a Prefeitura, papai (Cícero Franklin de Souza) queria fazer uma casa, pediu então que fizesse umas plantas. Ele fez o primeiro projeto; papai não gostou, fez o segundo e papai também rejeitou, o terceiro projeto é aquele que está lá (fotos). Eu ouvi dizer que estão querendo demolir. É uma pena. Nós sentimos um desamor muito grande pelas coisas daqui, de tradição.

A construção se não me engano é de 1919, foi a casa mais importante construída naquela época, era a casa de melhor destaque. Ela é muito bem construída, papai era um homem muito caprichoso e mandou fazer tudo de primeiríssima ordem, todo material daquela casa, por exemplo, papai mandou buscar no Pará, as paredes são bem largas, parece até uma fortaleza. Ela está hoje muito bem conservada. Do projeto original, só foi mudado o telhado do alpendre que circula a casa, aquilo era coberto com uma telha francesa, pareciam lâminas de amianto.

A casa era muito grande e confortável, nós éramos quatro pessoas, meus pais, eu e meu irmão. Tinha quatro quartos, salas amplas, uma sala de visitas que se chamava sala de música, sala de jantar, um escritório que era naquela torrinha, ali era o escritório do meu pai, uma copa, uma despensa, um banheiro, uma ampla cozinha, quarto de empregada, que mais lembrava um apartamento. A casa era muito boa, ainda hoje é uma bonita casa de Natal.

Naquele tempo os bangalôs estavam na moda, então com muito esforço Mucucci fez a casa inspirada nesse tipo de construção da época, como o sobradinho da avenida Rio Branco com a rua João Pessoa e o Castelinho de Miguel Soares que eu já citei. Do tipo bangalô só existiam estas três casas em Natal, depois foram construídas outras.

Moramos lá muitos anos, até papai se aposentar, depois fomos para a Bahia. Papai vendeu a casa a um senhor Júlio Maia, de Mossoró. Depois foi vendida aos Ferreira de Souza.

Divertimento: era só cinema, o Royal que ficava onde hoje é o prédio da Prefeitura, na Vigário Bartolomeu e o Politeama, na Ribeira. O primeiro sorvete que eu provei na minha vida foi no cinema. Não existia gelo, a gente soprava o gelo para esfriar.

Depois de morar em várias cidades, voltei para Natal a convite do então governador Aluízio Alves, no início da década de 60, para fazer um levantamento do Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Norte. Eu sou funcionário aposentado do SPHAN.

Quando cheguei, achei a cidade triste, era outra cidade, parece que não era mais aquela que eu conhecia. Eu andava nos bairros como Lagoa Seca, Alecrim e no próprio Tirol, ali onde é o Aero Clube, a cidade acabava ali. Na realidade, a cidade cresceu demais, isso me surpreendeu. Mas Natal conserva sempre esse jeitinho gostoso, esse jeitinho que só nós sabemos. Eu gosto muito dessa cidade. Eu acho a cidade um encanto, eu não queria outra cidade para morar.” (Oswaldo de Souza é Músico e Compositor). (Correspondências para o Setor de Pesquisa e Microfilmagem do Diário de Natal/O Poti. Av. Rio Branco, 325 – Natal/RN).
29 anos depois Natal  está assim ...


Nota do blogueiro: Oswaldo de Souza faleceu em Natal, no dia 20 de maio de  1995, aos 91 anos.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

quarta-feira, 4 de abril de 2018

PEQUENO HISTÓRICO DO CEC/RN



         O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte – órgão  criado no dia  4 de abril de 1967, portanto há exatos 51 anos, conforme  Decreto n°4.793/67, publicado no D.O. E  edição nº 1.300, de 8 de abril de 1967 na gestão do Governador Monsenhor Walfredo Gurgel, sendo  Secretário de Estado Educação e Cultura, o Dr.  Jarbas Ferreira Bezerra, completa amanhã, dia 5 de abril, 50 anos da sua instalação, quando em uma das salas do Teatro Alberto Maranhão, compareceram às 17 h  as seguintes autoridades:
1)    Dr. Jarbas Ferreira Bezerra – Secretário de  Estado de Educação e Cultura
2)     Luís da Câmara Cascudo
3)     Alvamar Furtado de Mendonça
4)     Américo de Oliveira Costa
5)    Dorian Gray  Caldas

Deixaram de comparecer a essa sessão os Conselheiros Dom Nivaldo Monte, Ivan Maciel de Andrade e João Batista Cascudo Rodrigues.
Todos os Conselheiros foram empossados pelo Governador Monsenhor Walfredo Gurgel, em cerimônia realizada no Palácio da Esperança,  às 17:30 h, à luz de velas, no dia 24 de abril de 1967, uma quinta-feira.
Presentes a essa cerimônia estiveram representantes de instituições militares, civis e eclesiásticas. Discursaram  naquele  fim de tarde, o Governador Monsenhor Walfredo Gurgel e o  Historiador Luís da Câmara Cascudo.
A primeira sessão ordinária aconteceu no dia 9 de abril de 1968, na Sala da Diretora do Serviço Cultural – Secretaria de Estado  de Educação e Cultura.
Ao longo desses 50 anos de instalação, o CEC/RN  registra no seu rol de membros, os nomes de 62 participantes, sendo 10 mulheres. Atualmente, a Conselheira Eulália Duarte Barros é a primeira mulher a ocupar o cargo de Vice Presidente do referido Conselho.
Esse Conselho teve como Presidentes os seguintes Conselheiros: 
Jarbas Ferreira Bezerra
Alvamar Furtado de Mendonça
Diogenes da Cunha Lima
Onofre  Lopes da Silva
Américo de Oliveira de Costa
Veríssimo Pinheiro de Melo
Cláudio José Freire Emerenciano
Antonio Nilson Patriota
Paulo de Tarso Correia de Melo
Iaperi Soares de Araújo
O CEC/RN é um órgão consultivo, de importância vital  na política cultural do Estado,  prestando seus serviços aos Governos de Monsenhor Walfredo Gurgel, Cortez Pereira,Tarcísio Maia, Lavoisier Maia, José Agripino Maia, Radir Pereira, Geraldo Melo, Vivaldo Costa, Garibaldi Alves Filho,  Fernando Freire, Wilma de Faria, Iberê Ferreira, Rosalba Ciarlini e o atual Governador Robinson Faria.

Atualmente a composição do CEC/RN é a seguinte:
Iaperi Araújo – Presidente
Eulalia Duarte Barros – Vice Presidente
Alex Medeiros
Cícero Martins de Macedo Filho
Diogenes da Cunha Lima – membro nato – Presidente da ANRL
Diva Maria Cunha Pereira de Macedo
Isaura Amélia de Sousa Rosado Maia
Jurandyr Navarro da Costa
Nelson Ferreira Patriota Neto
Paulo de Tarso Correia de Melo
Paulo Heider Forte Feijó
Paulo Macedo
Sônia Maria Fernandes Faustino
Valério Alfredo Mesquita – membro nato – representante do IHGRN

quinta-feira, 29 de março de 2018

COMENTANDO MINHAS LEITURAS EM 2018: O MISTÉRIO DO VERDE NASCE

Há livro que foram escritos para se tornarem inesquecíveis,  "O Mistério do Verde Nasce" de Ana Cláudia Trigueiro de Lucena é uma deles. A história que ele tem é um misto de memória e romance histórico, onde o leitor vai se deixando prender pelo mote desenvolvido pela autora, que dentro da sua narrativa soube trabalhar o tempo e o espaço diegético, algo quem nem todos conseguem fazer com segurança, pois muitos pecam em não fazer pesquisa de época.
Nesse livro, Cláudia Trigueiro teve o cuidado de trazer ao leitor fatos, pessoas e datas com credibilidade. As frases vão vestindo as personagens e dando forma a história romanceada, ao mesmo tempo em que o ambiente se descortina com sua geografia humana e ambiental. "O Mistério do Verde Nasce" nos fala de um tema que escritores famosos do Ceará-Mirim não tiveram seu olhar voltado para tal assunto, pelo menos com a profundidade que nos dá Cláudia Trigueiro. Não me recordo de ter lido nada sobre isso em Oiteiro, de Magdalena Antunes, em A Rosa Verde, de Nilo Pereira, dois grandes escritores que viveram naquele vale e a história de Emma já era há muito conhecida. O que importa é que agora, em 2018, a escritora Cláudia Trigueiro preenche essa lacuna com beleza e louvor. 
Editado pela CJA, com capa de Marcos André T. Lucena,  ilustrações de Edmar Claudio Mendes e revisão de Andreia Braz, o romance tem 22 capítulos, em sua parte principal e depois há um bônus sobre a escritora, o ilustrador, a pesquisa e outras considerações que foram tão importantes na construção do livro. A protagonista não é Emma, mas Maria, que conhece o Verde Nasce desde a sua infância. É por meio dela, da sua curiosidade que temos as respostas para as perguntas que existem em torno do túmulo de Emma, edificado naquele vale desde o longínquo  ano de 1881.
Quando li "O Mistério do Verde Nasce" confesso que em diversos momentos minh'alma ficou embevecida com as cenas que o texto me permitiam criar, emoções como essas, tive também quando li Oitero. Creio que devo atribuir isso ao fato de ter vivido minha infância naquela cidade. Encanta-me tudo que é escrito com arte  e seja referente a cultura daquele vale.
Ouso afirmar que esse é um livro não apenas inesquecível, mas extremamente necessário aos leitores, às boas bibliotecas públicas e particulares, aos professores e alunos que devem conhecer a história e a cultura presente em Ceará-Mirim.  Há missões que são singulares, e escrever "O Mistério do Verde Nasce" foi uma atribuída a Cláudia Trigueiro. Mas por que tão somente agora, depois de 137 anos que Emma foi sepultada? Não sei responder, mas fico com a sólida palavra de quem tudo sabe: "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o  propósito debaixo do céu" (Eclesiastes 3:1).
Finalmente, quero ultimar essa resenha usando uma frase que achei impactante dentro do livro: "Os coronéis morreram com suas riquezas, e a estrada mostrava apenas casarões desabitados" (p. 144), completo, se assim me permite Cláudia Trigueiro, que tão certo quanto é a beleza daquele vale, quanto tão sólida são as torres da Igreja matriz, o seu livro tem a semente e o sabor de um clássico regional. 

Francisco Martins
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Eclesiastes 3:1
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Eclesiastes 3:1


quarta-feira, 28 de março de 2018

CARRO DO GOVERNADOR FOI ROUBADO


Bandidos roubaram um carro de propriedade particular do governador do Rio Grande do Norte Robinson Faria na noite desta terça-feira (27), em Monte Alegre, cidade da Grande Natal. Segundo a Polícia Militar, o chefe do Poder Executivo do estado não estava no veículo na hora do crime.
De acordo com a PM, quatro bandidos armados invadiram um residência onde o motorista tinha ido deixar um dos funcionários do governador. Os criminosos fizeram um arrastão na casa e depois levaram o veículo.
Policiais do pelotão de Monte Alegre e de várias cidades da região Agreste foram mobilizados para tentar recuperar o carro. O rastreador apontava que a caminhonete estava perto de uma lagoa na zona rural do município. 

 Fonte:https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/carro-do-governador-do-rn-e-roubado-em-cidade-da-grande-natal.ghtml

 Diante desta insegurança e atrevimento o poeta Mané Beradeiro fez a seguinte sextilha:

Os ladrões deste estado (RN)
Têm coragem de montão
Roubaram Governador
Não tiveram comoção
Fugiram pelas estradas
Com cem anos de perdão!

 (Mané Beradeiro)

segunda-feira, 26 de março de 2018

DE PARNAMIRIM PARA TODOS NÓS: O DECÁLOGO DO LEITOR

Parnamirim-RN já foi conhecida na história do Brasil com o título de  Trampolim da Vitória, ganho durante a II Guerra Mundial, pela sua localização geográfica. Agora, a cidade embora guarde esta fama, luta numa outra guerra bem mais severa e cruel, onde não se usam armas letais. Os soldados desta nova batalha, recrutados de maneira especial, fazem parte de um contingente  que sabem da grande missão que lhes foi confiada. São eles, professores, vestidos com a armadura de mediadores de leitura, tendo como única arma, o livro.  Um objeto que é capaz de não apenas transformar a vida de uma criança, mas de uma pátria inteira, um país, quiçá o mundo.
Por isso, Parnamirim-RN , desde o último decênio do século passado vem atuando de forma persistente na formação de leitores. O projeto tem como título: Parnamirim- um rio que flui para o mar de leitura. Dele já se colheram frutos que deu prêmios à gestão municipal. Nele, todos os dias, em todas as escolas municipais, pela manhã e à tarde, é possível encontrar os mediadores de leitura com seus alunos, ensinando o amor ao livro, a beleza que eles tem, o encantamento que nós dá, a força que contém e pode transformar o menino, o jovem e o adulto. O projeto é encantador, uma arca que à semelhança daquela de Noé,  navega  sobre as águas turbulentas, mas, dentro dela, há a serenidade de Angelica Vitalino, Aracy Gomes, Geraldo Tavares e tantos outros professores que se entregam de corpo e alma à batalha contra a ignorância e em prol da vida em abundância, pois nem só de pão vive o homem.

sábado, 24 de março de 2018

ASSIM DISSERAM ELES ....



"QUEM TEM DEFUNTO LADRÃO NÃO FALA EM ROUBO DE VIVO"

Inácio da  Catingueira,  poeta e repentista

quinta-feira, 22 de março de 2018

RIO DA MORTE


Rio de Janeiro, mas também de Fevereiro a Dezembro
Um rio com curso de violência e mortes.
Rio de Janeiro, cidade maravilhosa! Para quem?
Com certeza não é para as famílias que têm 
Os  seus membros atingidos e exterminados
Pelas balas saídas das armas.
Armas que desde cedo ocuparam o lugar  dos livros.

Não, não há balas perdidas. Há gerações e gerações
Inteiramente esquecidas.
Não apenas um rio, mas um país inteiro sem educação,
Sem segurança, sem saúde, que dilacera crianças, jovens,
Adultos.

Rio de Janeiro,  que samba em Fevereiro, como se nada
De ruim ali houvesse, que dança o ano inteiro, num ritmo
Tocado por uma democracia deitada em berço esplêndido!

Francisco Martins
22.03.2018

quarta-feira, 21 de março de 2018

MANÉ BERADEIRO PREFACIA ANTOLOGIA BRASILEIRA

O poeta Mané Beradeiro foi convidado para prefaciar uma antologia brasileira,  que tem a participação de ... poetas cordelistas, representantes de 12  estados. O livro tem como título  "Coletânea Poética" e foi organizado pelo poeta El Górrion ,(Antonio  de Pádua Gomes), que mora em Itatuba-PB.  Cada poeta participa com um poema escrito  em decassílabos, no gênero de cordel, com três estrofes, num total de 216 décimas, tendo como mote: "eu sou como um passarinho nas asas da liberdade". Esse é o primeiro livro prefaciado pelo poeta Mané Beradeiro que dentro do seu texto escreveu:

"Aqui, nesta Coletânea Poética, o mundo da ficção tem as cores e a harmonia da arte da poesia. Ela chega até nós graças a iniciativa do poeta El Gorrión, que convidou outros a  trazerem seus pincéis para numa tela única deixarem,  em apenas três pinceladas, a cor mais bela que eles e elas têm na alma. Aos participantes foi dado o desafio: ter uma apenas um modelo de moldura, a décima. O grupo atendeu e doze estados se fizeram presentes neste trabalho. Alguns vieram em caravanas como Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco, outros chegaram sozinhos, mas cumpriram a jornada".

Quem desejar adquirir o livro pode fazer através do site abaixo. O preço é de R$ 25,05.

CARAVANA DE ESCRITORES POTIGUARES ESTEVE ONTEM EM NOVA CRUZ

Qual é o poder das palavras além de formar frases?  Com certeza levar sentimentos às pessoas que as ouvem ou leiam.  Ontem, a cidade de Nova Cruz recepcionou com muita dedicação a Caravana de Escritores Potiguares, projeto capitaneado pelo escritor Thiago Gonzaga e que tem o apoio da COSERN, através da Lei Câmara Cascudo, que levou até aquela cidade os escritores Dancley Fernandes, Chumbo Pinheiro, Oreny Junior, Carlos Fialho, Damião Gomes, Manoel Onofre Jr e Francisco Martins. O evento reuniu professores e alunos da rede municipal de Nova Cruz e teve a presença de outros convidados, além do Prefeito Municipal de Nova Cruz - Targino Pereira e boa parte dos seus  colaboradores na gestão municipal.
Oreny Junior e Francisco Martins, em Nova Cruz.
Cada escritor pode compartilhar um pouco da sua vida com os presentes, falar dos seus livros, declamar poemas, ler  pequenos textos e o  melhor de tudo, distribuir para todos que ali estavam os livros dos autores da Caravana de Escritores Potiguares.  Um projeto maravilhoso, que já deixa sua marca na história da literatura do Rio Grande do Norte.

UBE/RN ENTREGA HOJE O PRÊMIO DE POESIA MYRIAM COELI 2018


ACLA E INSTITUIÇÕES CULTURAIS PROMOVEM HOJE A CONVERSA LITERÁRIA SOBRE MAGDALENA ANTUNES

A Academia Ceará-mirinense de Letras e Artes  Pedro Simões Neto - ACLA , em parceria com a Secretaria da Juventude, Esporte, Cultura e Lazer, a Secretaria de Educação Básica, a Fundação Nilo Pereira e o CEU das Artes realiza na tarde de hoje, a conversa literária sobre Magdalena Antunes, autora do livro Oiteiro - memórias de uma sinhá moça. O evento acontecerá na sede do CEU das Artes, situada  à Rua Touros, 115, em Ceará Mirim. Falarão sobre Magdalena Antunes as acadêmicas Maria da Conceição Cruz Spineli e Francisca Maria Bezerra Lopes.

sexta-feira, 2 de março de 2018

COMENTANDO MINHAS LEITURAS EM CORDEL - A PRESENÇA FEMININA

Março, mês dedicado às mulheres. Nada mais justo do quê escrever uma resenha sobre a importância da mulher no gênero de cordel, principalmente no tocante àquelas que foram pioneiras e também as atuais.  A resenha não irá conter todas, até porque o assunto é crescente e amplo, entretanto, o  pouco que se escrever por aqui já servirá para  enriquecer nosso conhecimento.
Gutenberg Costa
Tomo como base o livro Presença Feminina na Literatura de Cordel do Rio Grande do Norte, de autoria do pesquisador e historiador Gutenberg Costa.Sobre ele quero afirmar que aprender com Gutenberg é sempre bom, suas pesquisas são profundas, alicerçadas, têm a maturidade dos bons vinhos.  Suas obras sobre o tema são referências obrigatórias quando se trata de estudar, saber e escrever sobre o cordel no Rio Grande do Norte, ele chegou até aqui com muito esforço e dedicação. Está imortalizado na literatura.
Mas, deixemos Gutenberg  Costa descansando na Morada São Saruê, lá em Nísia Floresta/RN,  onde ele não é amigo do rei, mas sim o próprio e merecido rei e vamos adentrar no tema que se propõe a resenha.  A primeira mulher a publicar um folheto na forma tradicional de cordel, no Nordeste, foi uma poeta natural da Paraíba: Maria das Neves Batista Pimentel (1913-1938), que  teve a coragem de enfrentar a sociedade machista, que certamente não aceitaria a sua presença no cordel e ela usou o pseudônimo de Altino Alagoano ( nome do marido). Naquela época a imagem da mulher era com frequência atribuída aos trabalhos domésticos e dela se esperava ser: beata, mãe e esposa, nada mais. E ainda por cima eram tidas como peso.  Veja por exemplo esta estrofe do cordel O casamento do velho e um desastre na festa", Leandro Gomes de Barros, escrito em 1913.

Manoel Lopes dos Anjos
Nunca tinha se casado
Dizia sempre: a mulher
É um volume pesado
Deus me livre de mulher,
De médico e advogado
(BARROS, ....)

Maria das Neves Batista foi filha de Francisco das Chagas Batista (1882-1930) que era poeta cordelista e tinha sua própria tipografia.

Eu sou filha de poeta
e neta de repentista
meu avô era Ugolino 
e meu pai Chagas Batista
também faço poesia 
o poeta é um artista!
(MENDONÇA, 1993, p. 86). 

"O Corcunda de Notre-Dame";  "O violino do Diabo ou o valor da honestidade"  e "O amor nunca morre" . Os três folhetos, bem lembra Aderaldo Luciano: são  todos transposições de clássicos da literatura universal, o que coloca por terra a tese elitista de que quem fazia cordel era analfabeto ou semi-analfabeto.  Quem desejar conhecer mais sobre a história dessa mulher, aconselho a leitura do  livro  "Uma voz feminina no mundo do folheto",  de Maristela Barbosa de Mendonça ou de uma forma mais sucinta, porém densa, o texto acadêmico :"Maria das Neves Batista Pimentel: a voz por trás do verso"  de autoria  de Elanir França de Carvalho e  Letícia Fernanda da Silva Oliveira.

Maria das Neves
Voltemos  ao colo feminino, melhor lugar para os poetas repentistas e de bancadas, e vamos neste aconchego tomando conhecimento da saga da mulher no  cordel brasileiro e visitar a Academia Brasileira de Literatura de Cordel - ABLC ( instituição que vai completar 30 anos de existência no mês de setembro) com sede no Rio de Janeiro, para sabermos como anda a presença feminina  naquela Arcádia.

Cadeira 3 - Maria Anilda Figueiredo - CE
Cadeira 16 - Alba Helena Correa - RJ
Cadeira 18 - Maria Rosário Pinto - MA
Cadeira 25 - Dalinha Cacunda - CE

Das 40 cadeiras 10% são das mulheres, e nenhuma cadeira  tem como patrona a figura feminina.  Isso mostra o quanto a mulher ainda tem a conquistar.  Mas, se nas Academias a mulher ainda não está em par de igualdade com os homens, no que diz respeito a quantidade de cadeiras ocupadas, na produção  de folhetos já não há mais esta exclusão. Hoje a poeta cordelista nem precisa fazer uso de pseudônimos masculinos. Exceto, por opção.

Como bem diz Queiroz:

Somente a partir de 1970 é que se pode verificar manifestações de autoria assumidamente feminina. Na atualidade, mulheres, através da escrita de cordéis, denunciam uma realidade social e também anunciam perspectivas de vida. São professoras, psicólogas, advogadas, dramaturgas, donas de casa, que, utilizando-se dessa forma de manifestação da nossa cultura, deixam fluir sua poeticidade e através dela demonstram seus sentimentos, aspirações e visões de mundo, consolidando uma identidade autoral e o espaço feminino na literatura de cordel.


Na terra de Clara Camarão, a Academia Norte-Rio-Grandense de Literatura de Cordel  - ANLIC deu espaço a três patronas: Gizelda Trigueiro, Nati Cortez ( a primeira cordelista do RN) e Maria Eugênia e tem no seu rol de membros as notáveis: Antonia Mota ( atual Presidente),  Rosa Regis, Josenira Fraga, Clotilde Tavares, Sírlia Souza, Geni Milanez, Lucila Noronha e Cláudia Borges,  20% de participação nas cadeiras. Um exemplo a ser seguido pela ABLC. Temos outras poetas no RN que se dedicam ao cordel e estão cada vez mais alcançando esse campo que tem espaço para todos.

Sabemos que essa participação ainda não é das melhores, mas acreditamos que breve o quadro há de melhorar.  Doralice Alves de Queiroz  fez uma extensa pesquisa em nove instituições,  nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraíba, no período de junho de 2004 a novembro de 2005, quando tomou conhecimento da existência de 31.105 folhetos de cordel no acervo desses órgãos, sendo apenas 120 de autoria feminina. Qual será o quadro hoje?

Março está apenas começando e sobre mulheres e cordel eu ainda voltarei a escrever.

Mané Beradeiro


Livros recomendados - sugestão de leitura

1) A Mulher na literatura de cordel -  BORGES, Maria Núbia Câmara/MORAIS, Vera Lúcia Albuquerque.  Edições Pirata, 1981.

2)  Romaria de versos: mulheres cearenses autoras de cordel - SANTOS, Francisca Pereira dos. Edições SESC, 2008.



Referências


BARROS, Leandro Gomes de. O casamento do velho e um desastre na festa.
COSTA, Gutenberg. A presença feminina na literatura de cordel no Rio Grande do Norte. Natal/RN: Editoras 8 e Queima Bucha, 2015.
MENDONÇA, Maristela Barbosa de. Uma voz feminina no mundo do folheto. Brasília: Thesaurus, 1993.
QUEIROZ,  Doralice Alves de. Mulheres cordelistas - percepções do universo feminino na literatura de cordel.  Belo Horizonte/MG: UFMG, 2006.
ABLC disponível em : http://www.ablc.com.br/a-ablc/cadeiras/Visualizada em 24 fev 2018.
LUCIANO, Aderaldo. Disponível em:https://jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano/duas-ou-tres-coisas-sobre-o-cordel-brasileiro-e-seus-protagonistas  Visualizado em 24 fev 2018.

LEIA TAMBÉM AS OUTRAS RESENHAS:

Zé Saldanha - centenário de nascimento
A Confissão de um drogado - Zeca Pereira
Boca de Noite - de Robson Renato
O cordel de bandeira verde - Marco Haurélio e Antonio Francisco
Chico Catatau - Izaías Gomes
Eventos sob o sol a pino - incidentes sob a lua cheia - Aderaldo Luciano
O Pavão Misterioso - José Camelo de Melo
A luta de um cavaleiro contra o bruxo feiticeiro - João Gomes de Sá
Ivanildo Vila Nova - Marciano Medeiros

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

BIBLIOTECA EM NOVA IORQUE HOMENAGEIA NÍSIA FLORESTA

O Instituto Cultural Brazilian Endowment  for The Arts, com sede em Manhattan, em Nova Iorque - EUA homenageará amanhã as mulheres extraordinárias brasileiras, tendo como um pouco de exemplo as mulheres Madalena Caramuru, Nísia Floresta e Carolina Maria de Jesus.  Para saber mais sobre essas mulheres clique na figura abaixo.


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA DO RN TEVE SUA Iª SESSÃO 2018


O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte - CEC/RN  retornou às suas atividades após o período de recesso. A primeira sessão de 2018 aconteceu terça-feira pp. em sua sede, situada à Rua Mipibu, 443, bairro Petrópolis, em Natal. Presidiu a sessão o Conselheiro Presidente Iaperi Araijo e estiveram presentes os seguintes Conselheiros: Sonia Faustino, Alex Medeiros, Paulo Heider, Paulo Macedo, Diva Cunha, Paulo de Tarso e Eulália Duarte Barros.  Na pauta dessa sessão,  os 50 anos de instalação do CEC/RN, em abril próximo; o tombamento da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Ceará Mirim;  a reabertura da Biblioteca Pública Estadual Câmara Cascudo, entre outros. O CEC/RN é um órgão consultivo para o Governo do Estado, no tocante aos assuntos culturais  e é composto de 15 membros, homens e mulheres de notáveis conhecimentos na área cultural e literária do RN.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

PARNAMIRIM VAI IMPLANTAR O PMLLB

Segunda-feira última aconteceu em Parnamirim, um importante encontro com os mediadores de leitura de todas as escolas e cmeis municipais, com o intuito de esclarecer a importância da elaboração do Plano Municipal da Leitura, do Livro e Bibliotecas - PMLLB. Foi o primeiro passo. Sem dúvida um passo e tanto, numa jornada que hora se inicia e que sabemos as dificuldades. Mas toda grande caminhada sempre começa com o primeiro passo.

Para  nortear esse encontro, a Secretaria Municipal de Educação convidou o escritor José de Castro, que conhece bem o assunto e fez parte do grupo de trabalho que implantou o projeto em Natal.  Ele falou com muita propriedade do valor que tem o PMLLB para a cultura e os cidadãos. Outros encontros serão realizados brevemente. Eu tive o privilégio de participar à tarde representando o Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte, no qual sou Secretário.