Pergunte a um cristão quais os nomes dos 12 apóstolos. Em um grupo de dez pessoas talvez uma saiba citar seis nomes, o certo é que a maioria vai falar os nomes de Pedro e Judas. Agora pergunte a um poeta cordelista, procure um que tenha mais de setenta anos, o que já vai ser difícil encontrar, quais os nomes dos 12 Pares de França. Pronto! Você certamente ouvirá falar de Roldão e Oliveiros. E se o poeta for novo, ele vai se igualar ao cristão que nunca ouviu falar dos 12 apóstolos e tampouco dos 12 Pares de França.
Faça a pesquisa e não se assuste. Eu também era um dos que sabia apenas os nomes dos 12 apóstolos e só tinha ouvido falar de Roldão e Oliveiros muito vagamente. Então, a resenha de hoje quer trazer para você esse assunto. Vamos lá.
Esses 12 homens formavam a tropa de elite e de confiança do Rei Carlos Magno. O livro acima cita todos eles . Há um folheto de autoria João Lopes Freire, com o título: A História de Carlos Magno e os 12 Pares da França, que assim começa:
Minha caneta de ouro
Prendo ela em minha mão
Para escrever uma história
De grande admiração
A vida de Carlos Magno
Que foi Imperador Cristão.
(FREIRE, 1978)
Os 12 homens que foram cavaleiros do Rei Carlos Magno tinham vocação para a guerra e assim canta o poeta:
Seus Guerreiros parecia
Em velocidade e ação
Veloz, igual pensamento
Não tinha perturbação
Chegando a hora da luta
Já estava de arma na mão
(FREIRE, 1978)
Bem antes de João Lopes Freire, Leandro Gomes de Barros tratou sobre o tema nos folhetos "A Prisão de Oliveiros", escrito em 136 estrofes decassílabas e "Batalha de Oliveiros com Ferrabrás", 101 estrofes também em decassílabo:
Carlos Magno também
Tinha 12 cavalheiros
Como outros iguais guerreiros
O mundo hoje não tem
Nunca temeram a ninguém
Segundo diz a história
Tinham as espadas a gloria
Nunca torceram perigo
Nunca foram ao inimigo
Que não contassem vitória
(A Prisão de Oliveiros, p. 3).
Eram doze cavalheiros (sic),
Homens muito valorosos,
Destemidos e animosos
Entre todos os guerreiros,
Como bem fosse Oliveiros
Um dos Pares de fiança,
Que sua perseverança
Venceu todos os infiéis
Eram uns leões cruéis
Os Doze Pares de França!
(Batalha de Oliveiros com Ferrabrás, p. 1)
O poeta José Melquíades Ferreira da Silva também escreveu sobre o assunto, no seu romance "Roldão no Leão de Ouro" - 190 estrofes em sextilhas.
Teriam sidos apenas 12? Vejamos quantos cavaleiros são citados no livro "História do Imperador Carlos Magno e os Doze Pares de França"
1) Roldão ( sobrinho do Rei Carlos Magno)
2) Oliveiros, também chamado de Olivier
3) Guy de Borgonha (também sobrinho do Rei Carlos Magno)
4) Urgel de Danoá
5) Lamberto
6) Tieri
7) Ricarte, também chamado de Ricardo da Normandia
8) Gaadeboa
9) Roxael da Pérsia, sucedeu Gaadeboa.
10) Hoel
11) Nemé
12) Jofre
13) Galalão, o traidor, sucedeu Jofre
14) Guarim
15) Bossim ou Posim
16) Geraldo ou Gerardo de Mondifer. ( sucedeu Bossim)
Observem que na verdade os Pares de França foram 16, é bem provável na linha do tempo foram sempre 12 em atividades, pois como se vê há sucessões no seleto grupo.
Por enquanto é isso que tenho a contribuir sobre os Doze Pares de França. Assunto esgotado? Claro que não! Como diziam os velhos contadores de histórias: passou perna de pinto, passou perna de pato, seu Rei disse que contassem vinte e quatro.
Mané Beradeiro
REFERÊNCIAS
BARROS. Leando Gomes de. Batalha de Oliveiros com Ferrabrás. Mossoró-RN: Editora Queima-Bucha.
__________.A Prisão de Oliveiros. Mossoró-RN: Editora Queima Bucha.
FLAVIENSE. Alexandre Caetano Gomes. A História do Imperador Carlos Magno e os Doze Pares de França. Rio de Janeiro: Editora Garnier, s/d.
FREIRE. João Lopes. A História de Carlos Magno e os Doze Pares de França. Rio de Janeiro, 1978.
SILVA. João Melquíades Ferreira da. Roldão no Leão do Ouro. Parnamirim: Isvá Editora, 2015.
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