terça-feira, 15 de setembro de 2015

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: O GARANHÃO DAS PRAIAS


Este romance tem 51 anos de vida. Foi escrito em Aruanã, Goiás, tendo como palco o sertão do Brasil Central. Nele,  o vaqueiro Canário é personagem principal, em torno do qual se passa toda a história envolvendo as outras personagens: Dóttie, uma enfermeira dedicada aos índios, que traz grandes marcas de sofrimentos em sua alma; Irmã Hanna, uma missionária que não consegue obter nenhum sucesso junto aos  nativos; Mariaulê, índia jovem apaixonada por Canário e Pedro Pedra, vaqueiro que de ano em ano aparece para fazer viagem de serviço com o seu companheiro Canário.  O autor monta toda a história tendo como princípio a estrofe de um cântico de Maria Antonia, personagem também presente em “Rosinha Minha Canoa”( 1962), que diz: “A lua tem quatro quartos/ nenhum quarto tem amor/ neles moram o desengano, o frio, a tristeza, a dor.”  Li de um fôlego só, dado a sede de curiosidade em saber o final da trama. Entre tantas coisas interessantes da leitura, posso enumerar que em pleno 1964 o autor se propõe a mostrar nesta história romanceada  a realidade das tribos indígenas brasileiras e os poucos recursos que dispunha o Serviço de Proteção ao Índio, que mais tarde se transformaria em FUNAI. Há também  episódio dentro do livro que considero atrevido para a literatura da época, é o fato de neste romance o autor trazer à tona a relação homossexual, apresentando-a de uma forma tão natural quanto a heterossexual, há exatos 51 anos, conforme escrevi no início deste comentário. O livro tem 242 páginas e foi dedicado a Ciccillo Matarazzo e Geraldo Santos.

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