quarta-feira, 17 de julho de 2019

AMANHÃ TEM O LANÇAMENTO DE “O BRASIL INEVITÁVEL




“O Brasil Inevitável”, de Mércio Gomes, antropólogo que atuou junto com o grande Darcy Ribeiro, durante vários anos, será lançado nesta quinta-feira (18), das 18 às 22 horas, na Academia Norte-rio-grandense de Letras, sendo considerado livro de leitura quase obrigatória, pois ele faz um estudo e analisa o comportamento do brasileiro, ontem e hoje.

Professor de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio/Funai e autor, dentre outros livros, de “O Índio da História e Darcy Ribeiro”, ele revê com um olhar histórico-antropológico as principais análises sobre classes e estamentos sociais, desigualdade social e cultural, a cultura em sua prática social, regimes políticos, colonialismo, escravidão, servidão, bem como sobre como brasileiros e estrangeiros vêm pensando e argumentando sobre nosso país. O livro debate com seus principais intérpretes, entre tantos, Gilberto Freyre e Sergio Buarque.

A obra enfatiza o papel do inter-relacionamento entre portugueses, indígenas e negros nos primeiros dois séculos na formação dessa cultura básica, sua miscigenação na formação do “povão” e sua contínua forma de existência através de vários sentimentos, inclusive o ralo amor que temos pela natureza, parte de nossas formas de violência e nossos modos de resistência a comportamentos exógenos.

Como o leitor vai constatar, o livro de Mércio Gomes é muito mais que um estudo antropológico para suprir a demanda dos estudiosos do Brasil e das bibliotecas acadêmicas. Ele provoca o leitor a ir adiante. Ir além dos parâmetros acadêmicos que balizam respostas ‘razoáveis’ para tantas perguntas acumuladas ao longo da história brasileira.

Lançamento: “O Brasil Inevitável”, de Mércio Gomes.
Local: Academia Norte-rio-grandense de Letras
Data: 18 de julho de 2019, das 18 às 22h.

SÃO BENTO DO TRAÍRI - O DIA EM QUE A CONHECI

Existem no Rio Grande do Norte muitas cidades pequenas. São Bento do Traíri é uma delas com uma população municipal de aproximadamente 4 mil habitantes. Chega-se lá através da RN-091, que liga a cidade de Santa Cruz a São Bento do Traíri, 16 quilômetros com incontáveis buracos, diria que na RN-091 tem um para cada habitante de São Bento. 

Que levaria uma pessoa até aquela localidade? Todas as vezes que eu perguntava sobre aquela cidade, tinha sempre como resposta: "é um lugar que só vai até lá quem tem negócio a resolver". Ontem, 16 de julho, eu tive a curiosidade de conhecer este lugar tão reservado. Como já estava em Santa Cruz a oportunidade era viável. Cheguei cedo em São Bento do Traíri e levava dentro de mim o desejo de mostrar minha arte de contador de histórias às crianças daquela cidade.

Parei de frente a Escola Municipal José Ribeiro da Silva, situada à Rua Theodorico Bezerra, centro. Ninguém sabia do meu trabalho, quem eu era. Todos ignoravam que ali estava um homem apaixonado pela cultura e principalmente a leitura. Na ausência do diretor e do vice diretor, consegui falar com o coordenador pedagógico e falei do meu desejo de contar histórias durante 40 minutos para todas as crianças daquele turno. Ele concordou, mas só daria certo às 10 h. Perguntou se teria algum custo e eu respondi que seria um presente meu, faria o show gratuito. Ficamos então acertados que às 9:45 eu retornaria.

Aproveitei e fiquei olhando a cidade, a vida dos habitantes, naquela calma tão ausente nas cidades grandes. Todos se conhecem. E eu era um estranho que parou na praça, estacionou o carro e ficou sentado no banco. Nada procurava, nada perguntava, nada vendia. Percebi que das casas que estavam em frente ao lugar onde eu sentara,  algumas pessoas olhavam de maneira dissimulada. Aproveitei o banco e trouxe a mala com as coisas que usaria no show, queria conferir se tudo estava certo. Foi quando uma mulher, do outro lado, varrendo a calçada perguntou de lá:
-O senhor é vendedor de relógios?
-Não
-Pensei que fosse! Vende o quê?
-Sonhos, alegrias, momentos felizes!
Fez uma cara de espanto e falou:
-Agora pronto. Quem já viu vender umas coisas dessas!
A conversa parou por ali mesmo. Retornei a mala ao carro e voltei com um livro, queria aproveitar aquela amanhã e ler até a hora da minha apresentação na escola. 

Aquela paz só foi interrompida quando chegou um senhor usando chapéu de couro, sentou-se ao meu lado e de forma muito carismática fez a saudação:
-Bom dia!
Não foi um bom dia rápido, ele fez questão de demorar  na segunda palavra: "Bom diaaaaaaaaaaaaa!"
Respondi na mesma alegria. Conversamos e em poucos instantes  já percebi que ele dava notícias de tudo e de todos. 
-Tá vendo aquela moça? Pois  antonte ( antes de ontem)  dois cabras numa moto perseguiram ela de Santa Cruz até aqui perto para assaltar e tomar a moto dela. Pensa que conseguiram? Não! Ela é uma danada de corajosa. Acelerou e deixou os cabras comendo fumaça.
Eu só confirmei com a cabeça.
Ele me mostrou um pedaço de charque que veio buscar para a esposa temperar o feijão. Mas pelo jeito, provavelmente não seria o feijão do  próximo almoço. Não demonstrava nenhuma pressa em seguir seu destino. Contou-me a história em que perdeu dois porcos para um falso comprador que prometeu pagá-lo na feira de Santa Cruz. 
-Caí na conversa daquele safado, viu? Também o cara era vistoso. Carrão, bem vestido, conversa bonita, dizendo que conhecia o marchante daqui, fulano e sicrano. Quando eu cheguei em Santa Cruz e procurei por ele, nem o rastro existia. Levou meus porcos aquele filho de uma égua!
Finalmente ele se despediu! Estava chegando  a hora, desci para a escola. Os alunos se concentraram, os professores curiosos e atentos. Falei de mim, do que faço e dei a eles o meu melhor: distribui motivos para sonhar e dos meus lábios saíram palavras que as motivaram rir. Foi uma manhã inesquecível em São Bento do Traíri, um lugar que não precisa ter motivos ou negócios para ir.  






segunda-feira, 15 de julho de 2019

TORPEDO DE MANÉ BERADEIRO 039/2019

A experiência é fundamental na vida. Com certeza você já deve ter
ouvido a expressão: "macaco velho não mete a mão em cumbuca" - muito usada para mostrar que é difícil enganar uma pessoa experiente. É que tem gente que aprende com os ensinamentos das cicatrizes, outras não! E corrobora a Bíblia em Provérbios 13:16 "TODO HOMEM PRUDENTE AGE COM BASE NO CONHECIMENTO, MAS O TOLO EXPÕE A SUA INSENSATEZ"


sábado, 13 de julho de 2019

A CAÇADA DA ACAUÃ



"O processo que o casal emprega, para apanhar e matar uma cobra é curioso. Uma Acauã se apresenta diante do reptil, aproxima-se dele, o mais possível, com uma das asas em posição de escudo, a cabeça bem inclinada para trás. Quando a serpente atira um bote, ela apara com um golpe da asa distendida, jogando ao mesmo tempo uma rápida unhada por baixo, visando sempre a cabeça do inimigo. Luta, luta: quando cansa, sobe para a árvore onde está de observação a companheira. Desce esta imediatamente, e continua o combate, empregando a mesma estratégia. Cansada por sua vez, o macho a substitue, e assim sucessivamente, até a vitória. Morta a cobra, uma das acauãs a conduz presa nas garras terríveis, até ao lugar onde estão os filhotes, celebrando ambas o triunfo, com aqueles gritos eloquentes, que o amigo tão bem conhece"

Cipriano Bezerra Galvão Santa-Rosa

Observação:  Este relato foi dado pelo Coronel Santa-Rosa ao poeta Otoniel Menezes. Santa-Rosa faleceu a 14 de fevereiro de 1947.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

UMA POTIGUAR NA LÍRICA BRASILEIRA


O poeta Manuel Bandeira juntamente com Edgard Cavalheiro organizaram  a antologia Obras-Primas da Lírica Brasileira, lançada pela Livraria Martins Editora/SP, em 1943. Hoje, 11 de julho de 2019, 76 anos depois, eu tenho a felicidade de adquirir um exemplar. o de nº 3.714.  Manuel Bandeira escolheu os poemas e Edgard Cavalheiro escreveu as notas biográficas. É uma antologia com a presença de 130 poetas, dos quais 10 mulheres apenas participam e entre elas, o Rio Grande do Norte mostra sua arte  através de AUTA DE SOUZA, com os poemas Doloras, Agonia do Coração e Fio Partido. Provavelmente essa tenha sido a primeira antologia que registrou o nome da poeta. Nenhuma outra pessoa do RN está nela, além da "noiva do verso".
Francisco Martins
11 julho 2019

quarta-feira, 10 de julho de 2019

RIO DE LEITURA DIVULGA A AÇÃO DE HOJE DO PROJETO MEU PÉ DE LARANJA LIMA



O site do Rio de Leitura registrou a reunião que aconteceu hoje, 10 de julho, na Escola Professora Alzelina de Sena Valença.  Clique abaixo e leia.

MEU PÉ DE LARANJA LIMA (IM)PLANTADO EM OUTRAS ESCOLAS

ESTUDANTES DA REDE MUNICIPAL DE PARNAMIRIM SÃO APRESENTADOS A JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS

Na continuidade de semear cada vez mais a divulgação da vida e obra do escritor José Mauro de
Vasconcelos, o projeto O Meu Pé de Laranja Lima, começa suas  atividades no segundo semestre de 2019, em várias escolas da rede municipal, em Parnamirim. Hoje, das 13:30 às 15 h,  os mestres responsáveis pelo plantio da leitura se reuniram com Francisco Martins, mentor do projeto e Angelica Vitalino, coordenadora municipal do  Rio de Leitura ( um dos melhores projetos de incentivo a leitura do Brasil e o melhor do nordeste, com vários prêmios) para traçar o cronograma de atividades nas escolas. Se depender do Rio Grande do Norte, mas especificamente Parnamirim, José  Mauro de Vasconcelos  não cairá no esquecimento, nem fará parte do rol de escritores que já teve sua glória.

A reunião aconteceu na Escola Municipal Professora Alzelina de Sena Valença, bairro Rosa dos Ventos, em Parnamirim. Para o segundo semestre  teremos:

1) Escola Manoel Machado
2) Escola Sadi Mendes
3) Escola  Maria Francinete 
4) Escola Alzelina de Sena 
5) Escola Iris de Almeida 
6) Escola Irmã Maura 
7) Escola Carlos Alberto 
8) Escola Eva Lúcia
9) Escola Maria de Jesus

Com a participação das escolas acima, atingiremos um público de aproximadamente 400 alunos.



AQUELE DIA DIFERENTE

É bem verdade que a gente não escolhe o lugar em que vamos nascer, tampouco como aqui chegamos, mas acredito que podemos dizer como almejamos a nossa despedida. Eu, sinceramente, vejo a morte como algo natural, não tenho medo, nem me causa tédio escrever sobre ela. Por isso vou deixar aqui no meu blog, algumas recomendações aos amigos e leitores para quando eu partir. Façam assim:

1) Não quero nenhuma flor, nem dentro, nem fora.

2) Nada de choro. Conversem sobre o que fiz e o que fui. Contem mentiras sobre mim.

3)  Nas minhas mãos eu quero uma rapadura. Ela vai lembrar aos que me velam que a vida me foi doce, mas não mole.

4) Abaixo da minha cabeça coloquem  meu primeiro livro.

5)  Ao lado do caixão ponham um bloco de anotações e uma caneta, para que as pessoas escrevam suas frases e depositem dentro do esquife. Quero me tornar cinza junto às palavras.

6) Sirvam chás, sucos, refrigerantes e outras bebidas.

Por último:

Não esqueçam de um trio de sanfoneiro, tocando forró de pé de serra.

E enquanto a moça  Caetana ( a morte) não aparece Carpe diem!

Francisco Martins
10 julho 2019

terça-feira, 9 de julho de 2019

ASSIM DISSERAM ELES ...





Urubu voa alto, mas só come carniça!

Chico Pimenta

segunda-feira, 8 de julho de 2019

TORPEDO DE MANÉ BERADEIRO 038/2019

A voz do povo é a voz de Deus, ou no bom latim Vox populi, vox
Dei. Será?  Se formos olhar o que disse Deus através do profeta Isaías veremos que isso não procede. Tá lá, no livro de Isaías 55:8 "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor"

Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.

Isaías 55:8
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.

Isaías 55:8

sábado, 6 de julho de 2019

55 ANOS CELEBRADOS DIFERENTES

O artista Francisco Martins que completou hoje 55 anos abriu espaço em sua agenda para comemorar a nova idade de uma maneira que ele nunca tinha feito antes em nenhum dos seus aniversários. Ele celebrou junto às crianças que participavam da Escola Bíblica de Férias-EBF da Igreja Sementes da Fé, com sede na Rua da Grécia, no bairro Passagem de Areia, em Parnamirim/RN, onde se apresentou com seu personagem o palhaço Leiturino
O bom de tudo é que somente ele sabia disso e nada falou para o pessoal que organizou a EBF. "Foi uma tarde inesquecível - começando um ano novo individual  na Casa do Senhor!" Disse o artista.

A RUA ENCANTANDA DE PARNAMIRIM - SENADOR JOÃO CÂMARA

Ruas são artérias de uma cidade, vila ou povoado por onde passa a vida. Nela moramos,  algumas nos cativam até a nossa partida definitiva. De todas as ruas da minha existência tem algumas que eu não sinto nenhuma falta, há outras que me trazem recordações felizes.
Mas eu quero mostrar aos meus leitores uma rua que existe em Parnamirim/RN que chama a atenção de todos os que por ela passam. É a Rua Senador João Câmara, Centro. Ela é a prova contundente  de que nós fazemos a rua em que moramos, e que nem sempre devemos esperar pelos órgãos municipais. Na Rua Senador João Câmara a poesia  nos encanta. Saiamos da retórica e vamos às imagens, pois como já sabemos elas valem mais do que as palavras.  Se esta rua fosse a minha eu não mandava ladrilhar com pedrinhas de brilhantes, pois sei que os homens deste Brasil, em sua maioria, não estão preparados para contemplar o brilho das joias. Eu diria ao meu amor: Passe pela minha rua, não tem brilhantes no calçamento, mas é uma rua de fadas, de fantasia, de olhar poético e significados múltiplos, de varões nobres. Parabéns aos moradores da Rua Senador João Câmara.






Francisco Martins
06 julho 2019

ASSIM DISSERAM ELES ...


Feliz aniversário! Pode ser o último.

Robert Benayoun (1926-1996)

sexta-feira, 5 de julho de 2019

DIA 24 DE JULHO SERÁ LANÇADA A 2 EDIÇÃO DO CORDEL-LIVRO CARTONERO A AVÓ COM A SAIA DE MERINÓ - A POÉTICA HISTÓRIA DE DINDINHA

O cordel-livro " A AVÓ COM A SAIA DE MERINÓ - a poética história de Dindinha" que teve a sua primeira edição em junho de 2017, pela editora Carolina Cartonera, estará  sendo publicado em julho de 2019  com a 2 edição, pela mesma editora. Desta vez, a capa do cordel-livro presta uma homenagem a  Maria Daluz, in memoriam, avó materna do artista plástico Lucas Marques, que ilustrou o livro Doutor Buti, de Francisco Martins, que assina o cordel com o heterônimo de Mané Beradeiro. O desenho foi todo produzido com canetas esferográficas. 
Dindinha foi Silvina de Paula Rodrigues (1828-1908), avó de Eloy, Henrique, Auta , Irineu e João Câncio todos criados por ela, após o falecimento dos pais.  Dindinha nunca se deixou fotografar, acreditava que a captura da imagem roubava a alma do corpo. Diante da impossibilidade de ilustrar a capa do cordel-livro com a foto da protagonista, o poeta Mané Beradeiro fez o convite a Lucas Marques que soube ser sensível,  cedendo o uso de imagem do seu desenho para este propósito.
Lucas Marques
O texto do poema é constituído por 36 estrofes de sextilhas, com sete sílabas poéticas. A segunda parte contém dados biográficos dos personagens citados, fotografias e referências. Um trabalho literário para quem deseja conhecer curiosidade da história e literatura  do Rio Grande do Norte. O lançamento será dia 24 de julho, às 14 h, no evento do Chá Literário em homenagem às avós, na Escola Municipal Professor Jussier Santos, em Parnamirim.


quinta-feira, 4 de julho de 2019

GRATIDÃO




Hoje eu fui ao centro de Natal com alunos e professores da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes - ouvimos estórias e histórias. Compartilhamos saberes. Recebi um presente: três livros, adornados com uma fita. São seus autores: Câmara Cascudo, Auta de Souza e Newton Navarro, três potiguares que enobrecem nosso RN e vão fixar morada nas prateleiras da minha biblioteca. Muito obrigado @Maria Jose e demais professores e alunos.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

O CURIOSO E FLAMEJANTE COLORISTA

     Quando uma pessoa se propõe a fazer algo para o qual não teve nenhum ensinamento afirmamos que ela é "curiosa". Quero apresentar ao leitor a história de um homem "curioso" que marcou a nossa literatura e foi de grande importância na estrutura editorial deste país.
   
     Suas atividades como "curioso" foram em vários campos da vida; em algumas teve sucesso, noutras não. Foi jornalista, tradutor, fazendeiro, escritor, editor, adido comercial brasileiro (em Nova York), político, desenhista, pintor, caricaturista e ilustrador. Além desses ofícios, a pessoa sobre a qual estou escrevendo teve sua graduação em Direito e foi promotor público. Viveu 66 anos, compreendidos entre 1882 a 1948.

     Consegue o ledor já saber sobre quem escrevo? Nos textos espalhados por vários jornais e revistas da sua época, ele usou muitos pseudônimos, bem mais de vinte. Refiro-me a Monteiro Lobato e quero mais precisamente resgatar o lado, talvez o menos conhecido, das atividades de desenhista, pintor e ilustrador.


( O Minarete, em Belenzinho, São Paulo capital, onde morou quando estudante de Direito. Aquarela pintada por ele)

     A vida de fazendeiro, aos vinte e seis anos de idade, dava ao homem Lobato tempo para se dedicar aos desenhos e aquarelas. Em 1908 ele escreveu para o amigo Godofredo Rangel:

Também pinto muito. Aquarelas como sempre.
A razão de preferir a aquarela ao óleo é que
com este sujo-me todo, inclusive a ponta do nariz.
Vou mandar-te um mar. Vivo aqui entre montanhas
e pois muito sem horizontes - e sempre com grandes
saudades dos horizontes marinhos. E pinto mar como
derivativo. Invento mares, aquarelas de mar...Invento
mares para sentir o horizonte. O horizonte faz bem à
alma (LOBATO, 1946, t. l, p. 224).

     Lobato sabia que para se tornar um bom desenhista era preciso praticar com constância: "Desenho é como piano, questão de exercício" dizia ele. E assim o fez. Sempre que podia enviava algumas ilustrações junto com as cartas remetidas para Rangel, e os desenhos tinham como tema as histórias dos contos que Lobato escrevia e até mesmo de textos da autoria de Rangel, como foi o caso de "Mãe".

     Prosseguiu o artista Lobato e em 1915 um artigo de uma revista feminina ousa adjetivá-lo de "flamante colorista", o que o deixou muito feliz. Ainda na Fazenda Buquira(SP), no mês de maio de 1915 ele se dedicou às aquarelas e desenhos. Vejam o que escreveu para seu amigo Rangel: "Todo este mês foi de desenho e aquarelas - com a literatura de castigo no canto." (LOBATO, 1946, t. 2, p 31).

     Esta prática de desenhar e pintar nunca foi aceita por Lobato como algo profissional; escreveu: "Desenho e pinto como me coço, porque vem a coceira - mas só me coço portas a dentro, para mim mesmo" (Idem, t.2, p. 60). O certo é que aos poucos ele foi vencendo a timidez e começou a mandar seus desenhos para algumas revistas, como, por exemplo, "Vida Moderna", que publicou caricaturas.

(Revista Vida Moderna - Ano XIII - Edição 309 - 12 de abril de 1917)

     No final do ano de 1917 Lobato já está buscando aperfeiçoamento na arte de desenhar. Vamos encontrá-lo frequentando o curso Elpons-Zadig-Wasth, em São Paulo, com aulas noturnas e isso já o encoraja a ilustrar o seu primeiro livro, que será marco da história editorial literária no Brasil.

     Em 1918 Monteiro Lobato estreia como escritor, com o livro de contos Urupês. A primeira edição é de mil exemplares, calculada pelo autor para ser esgotada em três ou quatro anos, o que surpreendeu Lobato, pois todos os livros foram vendidos em uma semana. E é em Urupês, na primeira edição, que podemos ter o maior conjunto de ilustrações assinadas por ele: vinte e três desenhos.

     É esta a face lobatiana que desejei compartilhar neste artigo. Um homem múltiplo, um herói civil, um apaixonado pela arte e sobretudo pela literatura.




Referências: 

ROCHA, Ruth. MARANHÃO, Ricardo. LAJOLO, Marisa. Monteiro Lobato - Literatura Comentada. São Paulo: Abril Educação, 1981.

LOBATO, Monteiro. A Barca de Gleyre. 1 Tomo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1946.

________________. A Barca de Gleyre. 2 Tomo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1946.

________________. Prefácios e Entrevistas. São Paulo: Editora Brasiliense, 1946.

________________. Urupês. São Paulo: Editora Brasiliense, 1946.

Desenho 1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=189740&pesq=helio%20bruma


FRANCISCO MARTINS é escritor e pesquisador. Secretário Administrativo do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte. Autor de numerosos cordéis e livros, dentre eles "Canção do Canavial na Briosa Vila do Ceará Mirim" "Autores e Assuntos na Revista da ANRL - 1951 a 2018".                                                                                                        

segunda-feira, 1 de julho de 2019

ASSIM DISSERAM ELES ...




O júri é um grupo de pessoas escolhidas para decidir quem tem o melhor advogado

Eric Ambler (1909-1998)

sábado, 29 de junho de 2019

IGREJA DE SANTO ANTONIO DOS MILITARES


A Igreja de Santo Antonio, em Natal, que também é conhecida como Igreja do Galo ou dos Militares. Foi nela, mais precisamente nesta lateral, onde hoje funciona o Museu de Arte Sacra, que durante 25 anos (1836 a 1861) foi instalado o primeiro Corpo Policial, por isso ela ficou conhecida como Igreja dos Militares.

Hoje muita gente sabe
Amanhã pouco se fala
É preciso semear
A cultura, não a bala.
A Polícia sabe disso
É mister valorizá-la.

Mané Beradeiro
29/06/2019

FUNDAÇÃO VINGT-UN ROSADO - CONCURSO LITERÁRIO

Resultado de imagem para coleçÃO mossoroense

ESCRITORES DO RIO GRANDE DO NORTE - AINDA DÁ TEMPO DE ENVIAR SEU MATERIAL PARA ESTE CONCURSO.

SAIBA MAIS CLICANDO AQUI: CONCURSO

sexta-feira, 28 de junho de 2019

COCÃO NO MAIS SAGRADO DO SAGRADO


Em 1867 morreu Cocão, em Mossoró/RN. Antes foi atendido pelo pároco em confissão, mas não perdoou um inimigo e o padre não lhe deu a absolvição. Morto, a família procurou o padre para enterrar Cocão no Sagrado (nas paredes da Igreja), como era costume. O padre não permitiu alegando que o falecido não partiu em paz com Deus e os homens. Cocão foi enterrado num terreno baldio que havia por trás da Igreja de Santa Luzia. Muitos anos depois, o templo passou por reformas, foi ampliado e onde Cocão estava sepultado é o atual lugar do altar-mor (foto). Coisas da história e que Cascudo registrou.

Cocão partiu sem paz.
Quem somos nós pra julgar?
O Sagrado foi negado
Sepultura singular
E Deus mudou esse fato
Altar-Mor é seu lugar.

Mané Beradeiro
28/06/2019

VIVENDO E ENSINANDO


João Wilson Mendes Melo é um dos mais longevos integrantes da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Nascido no Sítio dos Filgueiras, em Mossoró. Filho de Mirabeau da Cunha Melo e Cândida Filgueira Mendes Melo. Mirabeau foi um dos homens que fez parte do grupo que combateu Lampião. João Wilson nasceu em 3 de junho de 1921. Aos sete anos a família se transfere para Ceará-Mirim e no dia 30 de junho de 1929 falece a sua mãe. O menino João foi aluno do Externato Ângelo Varela, dirigido pela poeta Adele de Oliveira e recebeu aulas preparatórias para o Atheneu, com o poeta Abner de Brito. Em 1934 começa a estudar naquele liceu e em 1936 publica com seu colega Jessé Dantas Cavalcanti, em Ceará-Mirim, o jornal "O Idealista". Em 1944 é estudante de Direito na Faculdade de Alagoas. Em 1945 participa do grupo de fundadores da Escola de Serviço Social de Natal e no dia 15 de agosto de 1946 se une em matrimônio a Maria Augusta da Cunha. João Wilson começa a trabalhar como professor na Escola de Serviço Social de Natal, depois na Faculdade de Filosofia. Sua vida foi sempre voltada para o ofício de estudar. Fez parte do Conselho Estadual de Educação, Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, criou a Escola Técnica de Cooperativismo e quando a Universidade Federal do Rio Grande do Norte é criada ele integra o Departamento de História. A UFRN o agracia com a Medalha do Mérito Universitário - Grau de Conselheiro, em 21 de maio de 1979. No ano de 1983 é eleito para ocupar a cadeira 25 da ANRL. João Wilson já fazia parte do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte desde 9 de julho de 1966. No ano 2002 ele é condecorado com o título de Cidadão Natalense e a Medalha de Mérito Governador Dinarte Mariz, pelo Tribunal de Contas do RN. Livros, plaquetes, conferências e artigos fazem parte da sua extensa bibliografia. No dia 2 de abril de 2018, o Departamento de História da UFRN propôs, e o Conselho Universitário aprovou a outorga do título honorífico de Professor Emérito, pelos relevantes serviços prestados à UFRN. Tudo que aqui foi escrito é um pouco da história deste homem intelectual. Se desejar saber mais, leia o livro "João Wilson Mendes Melo - VIVENDO E ENSINANDO", de Claudio Galvão. Foi desse livro que colhi as informações.


Francisco Martins.

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO - CASAMENTO

Estavam Mané Beradeiro e o macaco Sarauê passeando  por aí, quando se deparam com um amigo que pulando de alegria anunciava aos quatro aceiros que iria se casar com Clotilde, a  filha do Coronel Mortecerta.  Mané ouviu por alguns momentos as razões daquela paixão, e ficou sabendo os alicerces de um amor tão profundo quanto pisada de borboleta. Aí vem a pergunta do noivo:
-Estou certo Mané Beradeiro?
-Homem, eu recorro à sabedoria para lhe dizer que três tipos de homens não entendem nada de mulheres: os jovens, os velhos e os que estão entre os dois. E, outra coisa, pelo que percebi você vai casar é por causa do dinheiro que Clotilde tem, neste caso NÃO SE CASE POR DINHEIRO, VOCÊ PODE CONSEGUIR EMPRÉSTIMO MAIS BARATO.

ASSIM DISSERAM ELES ...

 



Toda vassoura nova varre bem!

Dom Marcolino Dantas

quinta-feira, 27 de junho de 2019

BOTON É CULTURA E ARTE QUE SE LEVA NO PEITO, NA MOCHILA OU ONDE DESEJAR.

Dr. Genibaldo Barros recentemente quando me viu fez a seguinte saudação: "Prazer em vê-lo  amigo polivalente!" Fiquei rindo e concordando que ele tem razão. Além de ser escritor sou também artista  (como Mané Beradeiro e Palhaço Leiturino), manipulador de bonecos (Ananias e Sarauê), palestrante sobre dois escritores que muito estimo (Monteiro Lobato e José Mauro de Vasconcelos), editor de livros artesanais e cartoneros, cozinheiro, blogueiro e mais recentemente comecei a produzir botons. Isso mesmo, este pequeno souvenir que a turma gosta de usar fixado nas roupas ou mochilas. Produzo os mais variados temas, usando  técnica artesanal. Aceito até encomendas. Quem se interessar é só entrar em contato pelo whatsApp (84) 8719-4534.
 Temas: Super-heróis; times brasileiros; personagens de Monteiro Lobato; Frida; profissões; engenhos de Ceará-Mirim; José Mauro de Vasconcelos, leitura, etc.

CURIOSIDADE SOBRE A HISTÓRIA DE CEARÁ MIRIM

 O Barão de Ceará-Mirim, Manuel Varela do Nascimento (1803-1881), não construiu apenas A Casa de Instrução, que mais tarde passou a ser o Grupo Escolar Barão do Ceará-Mirim, depois Felipe Camarão, sendo demolido em 1925.

No ano de 1878, no lugar Veríssimo, propriedade do Barão do Ceará-Mirim, funcionou um colégio, o São Miguel, em prédio construído para tal fim, fundado e dirigido pelo francês Louis Carloman Capdeville. No mesmo local, o Dr. Francisco de Sales Meira e Sá manteve e dirigiu, de 1884 a 1888, o Colégio São Francisco de Sales. O prédio foi demolido. 

 
 Referências:
CASCUDO, Luis da Câmara. Governo do Rio Grande do Norte.p. 209/210.
LIMA, Nestor.O Município de Ceará-Mirim. p. 144/145.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

DOM MARCOLINO DANTAS

Foi exatamente a 90 anos que chegava na cidade do Natal, no dia 26 de junho de 1929, o baiano Dom Marcolino Dantas, que assumiria no dia 29 daquele mês e ano, a Diocese de Natal, sendo seu 4º Bispo. Dom Marcolino tinha uma verve poética e gostava muitos de trocadilhos. 
Dom Marcolino Dantas
Lembro-me de algumas histórias hilárias que o Monsenhor Eymar L'E Monteiro escreveu sobre ele e eu li quando fui seminarista no idos de 1981/83. Uma delas é sobre a visita de dois padres que tinham se sidos ordenados recentemente e vieram passear em Natal. Aproveitam a estada e querem conhecer o Bispo Dom Marcolino, que morava no Palácio Episcopal,  em frente à Igreja de Santo Antonio.  Ao serem apresentados ao bispo acontece o seguinte diálogo:
-De onde vocês são?
-Somos de Sergipe!
E Dom Marcolino aproveita:
-Na vida temos que deixar de ser jipe e passamos a calhambeque!

LANÇAMENTO NO SEMINÁRIO DE SÃO PEDRO

Amanhã, 27 de junho, às 17 h, na sede do Seminário de São Pedro, sito a Rua Campos Sales, 850, bairro Tirol, em Natal, acontecerá o lançamento do livro organizado por Antonio Marques de Carvalho Jr e Flávio Gameleira, que tem o título: "Karitós - viagem em terras do Brasil". Trata-se sobre uma excursão de padres e seminaristas de 1963/64. Toda a renda da venda será revertida para o Seminário de São Pedro.

SATÂNICO É MEU PENSAMENTO ...



Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem. A noite era quente e calma, e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama, te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti, pernilongo filho da...


Carlos Drumonnd de Andrade

terça-feira, 25 de junho de 2019

UMA BOTIJA LITERÁRIA


    Tem objetos que nos fascinam, diria que vão mais além: cativa-nos. É o caso da Revista da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. A minha alma é muitas vezes nutrida pela leitura desse periódico. Digo até que ela está viciada pelas edições que saem do trabalho de Manoel Onofre Jr (Diretor) e Thiago Gonzaga (Editor).

    Aguardo ansioso o dia do lançamento de cada número. Fico ávido pelos ensaios e artigos, deleito-me nos contos e crônicas, descanso lendo poemas e em tudo vou enriquecendo e aumentando trimestralmente meu patrimônio cultural. Em minha casa reservo com muito zelo e vigilância um espaço à coleção. Tenho praticamente todas, faltando-me apenas dois números.

    Perdi a conta das vezes que usei os volumes desta coleção para buscar informações sobre a cultura do RN. O conjunto é inegavelmente rico de conteúdo. Penso sempre que não são apenas textos, mas conversas e cânticos que a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras nos presenteia em forma de prosa e poesia.
Alfredo Neves e Francisco Martins

    Particularmente é minha Botija Literária, um tesouro que começou a ser espalhado em 1951 e perdurará por muitos e muitos anos.

    Hoje, 25/06/19, recebi o número 59, referente ao trimestre Abril a Junho. Nele tenho a publicação do artigo " O Curioso e Flamejante Colorista". A capa traz a reprodução de um quadro, da autoria de Alfredo Neves. Vou às páginas da mais recente revista - Rumo à Luz!

Francisco Martins
25.06.2019

                                       

sexta-feira, 21 de junho de 2019

MACHADO DE ASSIS

21 de junho de 1839: Nasce o escritor brasileiro Machado de Assis


    Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico, e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis. Perdeu a mãe muito cedo e foi criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentará o autodidata Machado de Assis. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava na missa na Igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contacto com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava a trabalhar.

    Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde os seus pais trabalharam.

    Aos 16 anos, publica o seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia novos talentos da época, tendo publicado o citado poema e feito de Machado de Assis seu colaborador efetivo.

    Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever durante o tempo livre. Conhece o então diretor do órgão, Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que se torna seu protetor.

    Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e colaborador da Marmota. Lá constrói o seu círculo de amigos, do qual faziam parte Joaquim Manoel de Macedo, Manoel Antônio de Almeida, José de Alencar e Gonçalves Dias.

    Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era revisor e colaborava com o jornal Correio Mercantil. O seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm para os tolos, onde aparece como tradutor. No ano de 1862 era censor teatral, cargo que não lhe rendia qualquer remuneração, mas possibilitava-lhe ter acesso livre aos teatros. Publica o seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título de Crisálidas.

    Agosto de 1869 marca a data da morte do seu amigo Faustino Xavier de Novais, e, menos de três meses depois, em 12 de Novembro de 1869, casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais.

    Nessa época, o escritor era um típico homem de letras brasileiro bem-sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e por um casamento feliz que durou 35 anos. D. Carolina, mulher culta, apresenta Machado aos clássicos portugueses e a vários autores da língua inglesa. A sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte da sua esposa, em 1904, é uma sentida perda, tendo o marido dedicado à falecida o soneto Carolina, que a celebrizou.

    O seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em 1872. Com a nomeação para o cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, estabiliza-se na carreira burocrática que seria o seu principal meio de subsistência durante toda sua vida.

    Em 1881, com a posse como ministro interino da Agricultura, Comércio Obras Públicas do poeta Pedro Luís Pereira de Sousa, Machado assume o cargo de oficial de gabinete. Publica, nesse ano, um livro extremamente original, pouco convencional para o estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas - que foi considerado, juntamente com o Mulato, de Aluízio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira.

    Apoiou a ideia de Lúcio de Mendonça de criar uma Academia Brasileira de Letras e no dia  28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de Setembro de 1908.



Texto recebido pelo WhatsApp de Manoel Neto.
     

segunda-feira, 17 de junho de 2019

NAIDE MENDES RECEBEU HOMENAGEM NA ESCOLA HOMERO DANTAS



A Professora Naide Mendes, que se aposentou recentemente das suas atividades laborais, foi homenageada na última sexta-feira, à tarde, por um grupo de amigos que conviveram com ela na Escola Municipal Homero Dantas, em Parnamirim-RN, local onde estava trabalhando quando se cumpriu o tempo da aposentadoria. Certo dia, numa aula, um aluno perguntou: "Padre Monte o que é ser professor?" e ele respondeu: SER PROFESSOR É DESCER AO NÍVEL DO ALUNO E ELEVÁ-LO AO NÍVEL DO PROFESSOR"



Não tenho dúvidas que Naide Mendes praticou isso ao longo da sua vida como mestra. É bem verdade que a jornada trabalhista de um professor é cansativa, por isso assim falou o Professor Antenor Azevedo: "Professor é como motorista de taxi: passa o dia correndo". Eu conheço bem esta realidade, sou casado com uma professora que se dedica incansavelmente ao ofício. Às vezes eu fico abismado com tanto amor que esses homens  e mulheres dedicam à profissão de ensinar. E então, lembro-me do que escreveu o Professor Doutor Cirinei Cecote Stein: " Um médico, se cometer um erro, poderá destruir a vida de um indivíduo. Um professor, se cometer um erro, poderá destruir a vida de toda uma geração" Estive no seleto grupo que homenageou Naide Mendes, fui testemunha do depoimento dados por crianças, jovens e adultos sobre a trajetória desta mulher no magistério. As palavras escritas e faladas a ela direcionadas tiveram naquela tarde um sabor especial, uma cor única e uma sonoridade celestial. A lição que eu levei para casa é que o Brasil só será livre e próspero quando nós soubermos  valorizar integralmente nossos professores. Naide Mendes já cumpriu seus 34 anos de labuta é chegada a hora de descansar e contemplar a lavoura. Obrigado "Tia" Naide!

Francisco Martins
17 de junho 2019



quarta-feira, 12 de junho de 2019

HUMOR DE MANÉ BERADEIRO



Quem não gosta de cuscuz
Deve ser abilolado
Ter nascido sem ver luz
Já chegou todo cagado
Não tomou leite do peito
Nunca viu do rio um leito
É cristão desconchavado.

Mané Beradeiro
12.06.19

PRAÇA ANDRÉ DE ALBUQUERQUE

Praça André de Albuquerque. Em seu entorno nasceu a cidade de Natal. A primeira rua que era conhecida com o nome de Rua Grande, a primeira igreja que foi demolida pelos holandeses, o pelourinho, etc. O chão da praça é testemunha de muita história. Deram-lhe o nome de André de Albuquerque, o líder e mártir da Revolução de 1817. Esqueceram de fazer no berço de Natal uma homenagem ao fundador da cidade: Jerônimo de Albuquerque.

Quando a praça era um descampado, em 1906 foi aí que pela primeira vez os irmãos Pedroza trouxeram da Inglaterra uma bola de futebol e Natal assistiu a primeira pelada, registra Cascudo.

No berço da capital
Tem histórias de montão
Marco Zero de Natal
Porteira do coração
Quem por ela já passou
Vê a Praça em aflição.

Mané Beradeiro



terça-feira, 11 de junho de 2019

MADALENA ANTUNES

Hoje é apenas um muro, mas exatamente aí, neste local, que fica na Avenida Hermes da Fonseca, bem defronte ao que resta do Estádio Juvenal Lamartine, em Natal, foi a casa da maior memorialista do Rio Grande do Norte e uma das quatro melhores do Brasil. Quem foi ela? MADALENA ANTUNES PEREIRA, autora do livro Oiteiro - Memórias de uma sinhá-moça (1958). Hoje faço esta homenagem a ela, pois 11 de junho é o 60 aniversário do seu encantamento. Madalena tornou-se imortal nos livros.

Madalena com a pena
Registrou tudo que viu
Os negros sendo libertos
A nobreza que existiu
Agora só em OITEIRO
Saudamos quem já partiu.

Mané Beradeiro.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

GENERAL VARELA

Com esta postagem eu começo hoje uma série de pequenos textos sobre a história da cidade do Natal. Tudo baseado em leituras e com o olhar de Mané Beradeiro, poeta que deseja apresentar em prosa e verso fatos, locais e personagens de uma Natal adormecida dentro dos livros.

Rua Professor Zuza, centro. Dia 8 de junho 2019.
Esta rua já foi chamada de Jerônimo de Albuquerque. Câmara Cascudo diz que onde existiu a casa de número 219, residiu o General Varela (João da Fonseca Varela), herói na guerra do Paraguai, Comandante do Forte dos Reis Magos.
"Foi General João Varela
Homem que amou o Brasil
Lutou lá no Paraguai
Disparando seu fuzil
Defendeu a nossa pátria
O jovem tão varonil"

João Varela nasceu em 2 de dezembro de 1850 e faleceu em 1931.