quinta-feira, 8 de outubro de 2020

DISCURSO DE JOÃO BATISTA PINHEIRO CABRAL - NECROLÓGIO DE PAULO MACEDO

Academia Norte-Rio-Grandense de Letras

Necrológio do Acadêmico Paulo Macedo

Falecido em 5 de julho de 2020

Discurso de homenagem póstuma proferido pelo Acadêmico João Batista  Pinheiro Cabral, cadeira 6

Em Sessão Solene realizada em 8 de outubro de 2020

 

 

 

 

                   Senhor Presidente Diógenes da Cunha Lima Filho, Senhor Vice-Presidente Jurandyr Navarro da Costa, senhoras Acadêmicas, senhores Acadêmicos,  dignos familiares de Paulo Macedo, minhas senhoras e meus senhores.

                   Estamos aqui reunidos nesta tarde quase noite da primavera  do ano da graça de 2020 para juntos e com o mesmo sentimento, cumprirmos o que estipulam as normas de nossa Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, e participando do necrológio/réquiem de nosso extinto e estimado confrade Paulo Macedo, que ocupou em vida a cadeira nº 10 da Casa de Câmara Cascudo.

                   Aceitei, não sem antes ponderar que há acadêmicos mais qualificados, que poderiam de uma forma mais sofisticada cumprir este mister, mas tentarei levar  a cabo a aceitei a missão que me  foi dada pelo Presidente desta casa. Assim, aqui estou para dela desincumbir-me.

                   Permitam-me iniciar  com um poema de Fernando Pessoa intitulado, "Depois de tudo", que corre assim:

 

                                      Depois de tudo ficam três coisas:

                                      A certeza de que estamos sempre a começar ...

                                      A certeza de que é preciso continuar ...

A certeza de que podemos ser interrompidos antes                       de terminar.

 

Por isso devemos: fazer da interrupção um caminho...

                                     Da queda um passo de dança ...

                                      Do medo uma escada ...

                                      Do sonho uma ponte .

 

                   Paulo Macedo nasceu em Limoeiro do Norte-CE, em 29 de dezembro  de 1931. Essa cidade, ao tempo do seu nascimento, era sede de um pequeno município, antes das grandes obras públicas que iriam transformá-las no polo de desenvolvimento econômico que é hoje. Os pais de Paulo Macedo foram Miro Davi Fahiena e Dona Maria Olimpo Fahiena que lhe deram o nome de Isaac Miro Fahiena de acordo com algumas fontes ou Isaac Fahiena, de acordo com outras.

                   Quando o então menino - futuro Paulo Macedo - completou dois anos de idade, sua família, mudou-se para a  capital do estado do Ceará, Fortaleza, onde ao atingir a idade escolar o pequeno Isaac foi estudar no Colégio “São João”, como está registrado na excelente entrevista concedida  por Paulo Macedo ao programa  "Ponto de Vista" com Nelson Freire, que foi ao ar pela primeira vez há alguns anos e reprisado logo depois do seu falecimento como uma significativa homenagem póstuma do produtor do programa.

                    Nessa entrevista Paulo Macedo afirma que enquanto estudante do educandário acima referido foi assistir  uma palestra do então prefeito de Natal - Djalma Maranhão - proferida durante uma convenção de Clubes de Diretores Lojistas que se realizava no Centro de Convenções de Fortaleza-CE, tendo sido escolhido para fazer a saudação ao palestrante e assim ficou conhecendo o político e prefeito potiguar Djalma Maranhão. Ao agradecer a saudação do jovem estudante pelas entusiásticas palavras de boas vindas, o prefeito lhe fez um convite, que se revelou profético, para que futuramente ele se mudasse para Natal a fim de ajudá-lo com seu trabalho nas lides políticas e jornalísticas que planejava desenvolver em Natal. Quis o destino que tudo isso viesse acontecer, como será demonstrado mais adiante.

                   Quando as forças do destino começaram atuar  de forma cronotopocinética sobre o jovem Isaac Fahiena, ele foi compelido a deixar a terra da bela Iracema e dirigir-se à terra  de Poti.  Assim, cumprindo seu destino, deixou o Ceará e veio para o Rio Grande do Norte. Não veio diretamente para Natal. Tangido pelos ventos fortes da fortuna foi, primeiro, para a cidade de Patu-RN. Lá chegando, tornou-se locutor do serviço de alto-falantes da cidade, a Divulgadora Municipal, que era o meio de comunicação mais moderno daquela época. Porém as inescrutáveis e insondáveis forças eólicas do destino voltaram a agir sobre o jovem Isaac  e trouxeram-no para Natal,  que no dizer do grande cronista Wodem Madruga, Acadêmico eleito mas ainda não empossado, é a aldeia de Poti mais bela.

                   Aqui chegando, lembrou-se do convite que lhe fizera Djalma Maranhão, em Foraleza-CE quando  da já mencionada convenção de Clubes de Diretores Lojistas lá na terra da bela Iracema. Djalma recebeu-o muito bem e o contratou imediatamente para trabalhar num jornal que acabara de instalar  que se chamava "Folha da Tarde" e depois no "Jornal de Natal", o periódico de maior densidade  política e teor econômico e social, dirigido  aos leitores de educação média. Esse jornal  continha artigos e notícias que tratavam de ideias sociais e teve circulação intermitente,  e de forma infrequente perdurou por algumas décadas em Natal. A redação dos dois jornais  mencionados localizava-se na Avenida Rio Branco, próximo ao então Mercado Público da Cidade Alta, onde hoje funciona o Banco do Brasil e uma agência dos Correios.

                   Paulo Macedo depois de passar pouco tempo alojado na própria redação, foi residir em um pensionato na Avenida Junqueira Aires, quase em frente a Igreja Presbiteriana de Natal, perto do majestoso edifício sede da Prefeitura Municipal de Natal.

                   Em pouco tempo, o jovem  Paulo Macedo conquistou total confiança de Djalma Maranhão. Graças a sua dedicação aos  afazeres  e passou a trabalhar diretamente com Djalma. A essa altura Djalma já era prefeito eleito de Natal e convidou-o para trabalhar junto a ele,  como Chefe de Gabinete do Prefeito, posto que conquistou pela sua ética no trato com as pessoas,  por sua sensibilidade e sua  grande alma, como foi dito por Dorian Gray Caldas, em artigo, publicado na “Tribuna do Norte” há alguns anos  e citado por Daladier Pessoa  da Cunha Lima, em seu antológico artigo intitulado "Honras ao amigo Paulo Macedo", publicado no jornal “Tribuna do Norte",  em 25 de julho de 2020, homenageando postumamente o ilustre desaparecido. Nesse artigo o Acadêmico Daladier cita, ainda, Câmara Cascudo em seu livro "Gente Viva" no qual se lê: " A  morte existe;  os mortos não! Prorrogo-lhes a companhia nestes vestígios de convivência".  É isso que nos ensina o mestre de todos nós,  sob cuja égide nasceu esta Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.

                   Paulo Macedo, nome que adotou ao tornar-se uma pessoa pública no Rio Grande do Norte, no Nordeste e no Brasil, cuidou de acrescentar pelas vias legais e judiciais ao seu nome Isaac Fahiena  ( ou Isaac Miro Fahiena),  nome  que lhe foi dado ao  nascer, passando seu nome a ser legalmente  Isaac Fahiena  de Paulo Macedo. E foi como Paulo Macedo que ele conquistou todas as posições, cargos, funções e títulos que ao longo da vida colecionou.  Paulo Macedo galgou, para citar apenas algumas de suas conquistas, os seguintes resultados, tudo fruto de seu persistente trabalho.

         ─ Graduou-se na primeira turma do curso de jornalismo pela Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza, quando o curso funcionava  no prédio da Fundação José Augusto, muito antes da sua federalização;

         ─ Foi professor de História da Música na Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na época em que era Reitor o Doutor Onofre Lopes da Silva;

         ─ Cursou a Escola Superior de Guerra - ESG - no Rio de Janeiro, concluindo o curso com muito sucesso;

         ─ Foi fundador da Secretaria Municipal de Turismo de Natal e seu primeiro titular, defendendo entusiasticamente a vocação  do Rio Grande do Norte para o turismo, como atividade econômica e cultural. Convém lembrar que nessa época, não havia Secretaria Estadual de Turismo nem órgão que cuidasse da promoção do turismo como atividade econômica de grande importância para o Estado;

         ─ Foi  uma espécie de Secretário de Cultura do Estado (Diretor da Fundação José Augusto) no Governo de José Agripino Maia;

         ─ Foi Assessor do Governo de Lavoisier Maia Sobrinho;

         ─ Foi Diretor da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, na Presidência do então Deputado Estadual Nelson Freire que o incumbiu de organizar a realização em Natal do Iº Congresso Brasileiro das Assembleias Legislativas, com o comparecimento de mais de mil deputados estaduais;

         ─ Construiu e inaugurou o majestoso Memorial Câmara Cascudo, localizado ao lado da antiga Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, próximo a Praça André de Albuquerque;

         ─ Presidiu durante anos o Rotary Club, em Natal-RN e participou de várias atividades rotarianas no Brasil e no exterior, conforme depoimento pessoal no já citado programa "Ponto de Vista";

         ─ Foi integrante do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e de outras seis instituições similares, em diferentes estados e no Distrito Federal;

         ─ Recebeu a outorga de Cidadão Honorário de mais de 150 municípios do Rio Grande do Norte (Depoimento  no citado  programa "Ponto  de Vista');

         ─ Conheceu mais de 60 países, conforme a mesma fonte acima;

          ─ Foi lhe outorgada a distinção de Cidadão Honorário Norte-Rio-Grandense, título que lhe foi concedido pela Assembleia Legislativa do Estado;

         ─ Exerceu atividades jornalísticas em vários jornais de nossa capital e de Recife-PE;

         ─ Foi fundador da crônica social diferenciada no Brasil. Seus programas  alcançavam recordes de audiência, principalmente os levados ao ar pela Rádio Poti de Natal onde atuou por quase 40 anos;

         ─ Suas crônicas sociais eram publicadas com grande destaque, principalmente nos jornais "Diários de Natal e “O Poti”,  a época os de maior circulação no Estado;

         ─ Criou e manteve por mais de 30 anos o programa de grande prestígio na televisão chamado "Sala Vip", na Tv Ponta Negra;

         ─ Seu programa de notícias sociais, políticas e econômicas na Rádio Poti, sempre ao meio dia, era líder absoluto de audiência e de prestígio em todo o Rio Grande do Norte;

         ─ Fundou o jornalismo automobilístico no Rio Grande do Norte, publicando por mais de 30 anos, sempre às sextas-feiras, um caderno especializado com as últimas notícias das inovações no setor, tanto na imprensa natalense como na pernambucana, ( conforme entrevista no programa "Ponto de Vista");

         ─ Por três décadas patrocinou e realizou a maior festa em prestígio e qualidade chamada "Festa das Personalidades" que atraia a atenção de todo o país para Natal ( mesma fonte);

         ─ Coordenou em nosso Estado por muitos anos o concurso de Miss Rio Grande do Norte, sempre com grande sucesso;

         ─ Recebeu e homenageou em Natal, por duas vezes, diferentes vencedoras do Concurso Miss Universo (mesma fonte);

         ─ Foi agraciado com a Medalha do Mérito Alberto Maranhão, no Governo do Monsenhor Walfredo Gurgel.

         Paulo Macedo casou-se em primeiras núpcias com a pianista e musicista Luíza Maria Dantas de Macedo. Deste casamento nasceu-lhe um filho, Miguel Neto. Com o passar do tempo, dela divorciou-se. Contraiu segundas núpcias com a senhora Tânia Macedo. O casal criou dois filhos dessa nova união, chamados Paulo e Adriana. Paulo Macedo era um pai extremado, muito devotado aos filhos, visitando-os frequentemente, levando-os para almoços e jantares nos fins de semana. Facilmente eram visto juntos em animadas reuniões familiares nos restaurantes de Natal.

         Paulo Macedo pertenceu a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras desde 1979 até a sua morte. Convém destacar que além de integrar a Casa de Câmara Cascudo, Paulo Macedo também fez parte, por muitos mandatos consecutivos, do Conselho Estadual de Cultura, sendo sempre reindicado para ali continuar prestando sua colaboração à cultura do nosso Estado. Paulo Macedo foi indicado para a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras- ANL - pelo mestre Luis da Câmara Cascudo, seu proponente, que um belo dia telefonou ao Presidente da ANL, Doutor Onofre Lopes da Silva, dizendo-lhe da forma mais direta e peremptória possível que sugeria "terminantemente" o nome de Paulo Macedo para ocupar a cadeira 10, cujo patrono é Elias Souto, tendo sido seu fundador e o primeiro ocupante  Bruno Pereira, que se encontrava vaga devido ao seu falecimento.

         Imediatamente o Presidente da ANL, Doutor Onofre Lopes da Silva chamou  Veríssimo Pinheiro de Melo e Diogenes da Cunha Lima Filho e comunicou-lhes o sumário da conversa telefônica que tivera sobre o preenchimento da cadeira 10, que, como já foi dito, encontrava-se vaga e pediu a Veríssimo e a Diogenes que apoiassem a candidatura do jornalista, cronista , entrevistador de programas de televisão e radialista Paulo Macedo ( Conforme depoimento na  referida entrevista "Ponto de Vista" e mais  o testemunho de Diogenes da Cunha Lima Filho).

          Além dos pontos aqui alinhados, Paulo Macedo era também, conforme Daladier Pessoa da Cunha Lima em seu já citado artigo, “um artífice de amizades, fomentador da paz e da boa convivência entre os seres humanos". Um lídimo integrante do discipulado de Gamaliel, como gostava de dizer Câmara Cascudo.

         Paulo Macedo organizou e publicou durante 30 anos "O Dicionário da Sociedade do Rio Grande do Norte", enfatizando sempre a sua atualização anual. Elaborou e publicou durante muitos anos em jornais do Rio Grande do Norte e Pernambuco, um caderno especializado em automobilismo. Em forma de livro organizou, editou e publicou um volume contendo escritos de vários cultores das letras, sobre diversos temas, ao qual deu o título de "Memória Contemporânea".

         Paulo Macedo foi eleito para a cadeira nº 10 da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras – ANL, em 13 de setembro de 1979. Tomou posse em 26 de fevereiro de 1981. Foi saudado pelo Acadêmico Diogenes da Cunha Lima Filho. Serviu à instituição que o acolheu como Vice-Presidente por muitos e muitos anos até o dia do seu falecimento. Paulo Macedo encantou-se no dia 5 de julho de 2020, em decorrência de um acidente doméstico, no qual quebrou o fêmur e durante a internação no hospital para onde foi levado a fim de receber tratamento, contraiu uma pneumonia vindo,  infelizmente,  a falecer.

         Senhor Presidente,

         Senhor Vice Presidente,

         Senhoras e Senhores Acadêmicas e Acadêmicos,

         Digníssimos familiares de Paulo Macedo,

         Minhas senhoras e meus senhores,

         ASSIM ERA PAULO MACEDO.

         MUITO OBRIGADO!   

 

NECROLÓGIO DE PAULO MACEDO SERÁ LOGO MAIS ÀS 16 HORAS

 A Academia Norte-Rio-Grandense de Letras vai realizar na tarde de hoje, a Sessão Solene, na qual declarará vaga a cadeira 10,  que teve como seu segundo ocupante o jornalista Paulo Macedo. O necrológio será proferido pelo Acadêmico João Batista Pinheiro Cabral, ocupante da cadeira 6.

Paulo Macedo nasceu na cidade de Limoeiro do Norte- CE, em 29 de dezembro de 1931.  Viveu 88 anos. Ainda jovem veio para Natal e aqui se dedicou à imprensa escrita, falada e televisada.  Entrou na Academia em 13 de setembro de 1979 e sua posse aconteceu em 26 de fevereiro de 1981.

Paulo Macedo, em primeiro plano, em reunião do Conselho Estadual de Cultura do RN

O elogio da saudade que vai ser feito pelo Acadêmico João Batista Pinheiro Cabral será às 16h, na sede da Academia, situada a Rua Mipibu, 443, bairro Petrópolis, em Natal.

João Batista Pinheiro Cabral

 O discurso que será lido hoje à tarde será publicado na próxima revista da ANRL, mas ainda hoje o leitor desse blog terá a oportunidade de lê-lo, por aqui.



terça-feira, 6 de outubro de 2020

VISÃO - POEMA DE FRANCISCA JÚLIA (1871-1920)

 


Eu sonhava talvez. Talvez sonhando

Estivesse nessa hora abençoada,

Em que do céu, tranquila, a vi baixando

Por uma grande e luminosa escada.

 

Havia em tudo as silenciosas mágoas

Das noites de luar ... Pálida e nua,

Vagava pelo céu a branca lua

Tremendo toda no bulir das águas ...

 

Vendo-a nem vi os ásperos abrolhos

Em que meus pés iam sagrando.... E vi-a

Nessa atitude de quem ama, os olhos

Claros e azuis postos nos meus...E ria ...

 

Não sei que vago sonho, que ventura

De amor sonhei naquele olhar celeste...

Vi-a envolvida numa fina veste

De vaporosa e imaculada alvura.

 

Desde o dia em que a vi, não sei que estranha

Felicidade me acalenta e acalma;

Vejo-a ao meu lado, sinto-a dentro d'alma;

Ela por toda parte me acompanha.

 

Hei de encontrá-la ainda uma vez; mas onde?

Em que plaga risonha, em que infinita

Pátria encantada essa visão habita

Que à minha voz saudosa não responde?

 

 


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

GOVERNO FEDERAL JÁ REPASSOU DOIS BILHÕES EM APOIO À CULTURA

 


O Ministério do Turismo atingiu, na noite desta terça-feira (22), a marca dos R$ 2 bilhões em repasses para apoiar a cultura de estados e municípios. Até o momento, 25 estados e 905 municípios brasileiros receberam o recurso do Governo Federal que já soma R$ 2.002.992.334,31. O montante enviado para os estados chega a R$ 1.446.887.417,76, enquanto que, para os municípios, registra R$ 556.114.916,55. O dinheiro faz parte dos R$ 3 bilhões previstos pela Lei 14.017, mais conhecida como Lei Aldir Blanc, destinada a apoiar o setor cultural durante o período de enfrentamento à Covid-19.

Os estados e municípios que ainda não enviaram seus planos de ações têm até o dia 16 de outubro para encaminhar as informações solicitadas ao Ministério do Turismo. Ao todo, 1.845 planos já foram aprovados e outros 1.562 estão em processo de complementação, em cadastro ou em análise.

O secretário Especial da Cultura, Mário Frias, destacou a importância da pronta participação dos gestores no envio das informações para auxiliar o setor. “Este recurso é vital para apoiar o nosso setor cultural, tão atingido por essa pandemia. Trata-se de um auxílio completo que prevê não apenas o auxílio para o artista, como também a manutenção de espaços culturais e projetos de fomento”, destacou.

Atualmente, a Pasta realiza o pagamento previsto no 2º lote - para os planos aprovados entre os dias 02 e 16 de setembro - e que será finalizado no dia 26 de setembro. Já o Lote 3, será destinado aos planos aprovados até 01 de outubro e deverão receber os recursos até 11 de outubro. O último lote, por sua vez, prevê que os planos sejam aprovados até 16 de outubro e determina o pagamento até 26 de outubro.

Os valores são transferidos do Fundo Nacional da Cultura, administrado pelo MTur, preferencialmente para os fundos estaduais, municipais e distrital de cultura. No caso de não haver fundo para a realização da transferência fundo a fundo, o dinheiro poderá ser repassado para outros órgãos responsáveis pela gestão desses recursos.

Aldir Blanc 

Sancionada em 29 de junho de 2020, a Lei 14.017/20 prevê a destinação de R$ 3 bilhões para pagamento de renda emergencial mensal aos trabalhadores da cultura – R$ 600 pelo período de três meses. Também prevê subsídio mensal para manutenção de espaços artísticos e culturais – entre R$ 3 mil e R$ 10 mil – e, ainda, iniciativas de fomento cultural, como editais, chamadas públicas, prêmios, aquisição de bens e serviços vinculados ao setor cultural e outros instrumentos destinados à manutenção de agentes, de espaços, de iniciativas, de cursos, de produções, entre outros. Para as ações de fomento foi definido um percentual mínimo de 20%, o equivalente a R$ 600 milhões.

O valor repassado para cada estado, além do DF, foi definido por uma equação que considerou: 20% dos critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e 80% em relação à proporção da população. Já o valor para os municípios levou em conta a equação: 20% dos critérios de rateio do Fundo de Participação dos Municípios e do Distrito Federal (FPM) e 80% em relação à proporção da população, conforme critérios de decisões do Tribunal de Contas da União (TCU).

 

domingo, 27 de setembro de 2020

CRÔNICA COM SABOR DE FANTASIA NUMA CIDADE ENCANTADA - PARTE I

 Foi na manhã deste domingo, 27 de setembro de 2020 que eu resolvi sair pedalando pelas ruas de Parnamirim-RN, com o objetivo de registrar lugares que muitas vezes passam despercebidos ao nosso olhar.  O poeta Antonio Francisco, ao prefaciar o livro "Histórias de Rio Pequeno - Uma viagem poética sobre a história de Parnamirim", da autoria de José Acaci, ele escreveu:

Parnamirim hoje é
Uma cidade encantada
Cantada por todo canto
Por todo canto cantada
Pela voz de um cantador
E poeta de bancada 
(Antonio Francisco)
 
Meus pés eram de ciclista, mas meu olhar de poeta,  e assim  pedalei descobrindo este encanto.  Sei que ainda tenho outras cenas para mostrar e breve farei isso, mas a pesquisa de campo de hoje já é suficiente para escrever esta crônica.
 
 Na rua Câmara Cascudo - Parque de Exposições - tem um banco em um canteiro, guarnecido por duas pequenas esculturas: um jamaicano e do outro lado um macaco.
 


Qual a razão deles estarem alí? Se Cascudo estivesse vivo, com certeza saberia dar a resposta.
 

 
 Ainda dentro do mesmo bairro, não muito distante do banco,  na rua Geraldo Pontes, eis que há um cruzeiro. Existem outros em Parnamirim.  Este fica lateral à linha férrea. 
 
 
Há uma cruz naquela rua 
Lembrando ao transeunte
Que Jesus é luz do mundo
Quem a fez? Não me pergunte!
Só sei dizer que Jesus
Tira-lhe todo besunte.
 (Mané Beradeiro)
 
Saindo do Parque de Exposições eu pedalei até o Centro.  Parei na avenida Tenente Medeiros, onde é preciso olhar mais alto e ver a beleza das palmeiras imperiais.
Palmeiras Imperiais nos ensinam que quando crescemos ficamos mais perto do céu, e muitas vezes somos ignorados por quem passa ao nosso lado.
Do Centro até o bairro COHABINAL,  onde eu registrei aquela que provavelmente é a menor praça pública de Parnamirim, localizada na rua Professor Clementino Câmara.
No bairro  Rosa dos Ventos eu encontrei um lugar, onde mora a galinha azul. Estava lá debaixo de um coqueiro, protegendo-se do sol. 
Até conversamos um pouco:
-Bom dia dona galinha!
-Bom dia!
-Qual o nome desta rua?
- Rua São Sebastião! Aqui nesse local, antes era usado por  descarte de lixo e podas. O pessoal da rua se organizou e me trouxe para cá. Tinha até mais coisas, infelizmente, roubaram algumas plantas e jarros. Hoje só resta eu e o pássaro aí.

Agradecido sai dali pensando o quanto é importante a cidadania, o conhecimento e sua prática. Rosa dos Ventos é um bairro com nome poético.

Na Trampolim da Vitória
Um bairro tem nome lindo
Rosa dos Ventos existe
A ele seja bem vindo
Lá mora a "Pintadinha"
Galinha que vive rindo.
(Mané Beradeiro)

E  continuei pedalando. O sol já estava ficando forte. Um senhor me disse que no bairro de Santos Reis também há um canteiro bem organizado. Deu-me as diretrizes e eu fui ver o local.  Um recanto cheio de beleza: rua Lindalva Santos.


Estava chegando ao fim do meu passeio ciclístico. Antes, lembrei que tinha visto dias atrás uma casa com um temível guardião, lá no bairro Vale do Sol, nas proximidades da casa do poeta José Acaci.

Até pensei em conversar com ele, mas desisti quando vi aquela boca aberta e lá na parede  o número 312, a quantidade de pessoas que ele já comeu. Sai em disparada e só parei em casa, no Parque Industrial.
 
Francisco Martins
27 de setembro 2020
 

 
 
 



quarta-feira, 23 de setembro de 2020

"O CUSCUZ NOSSO DE CADA DIA" - O MAIS NOVO CORDEL ESCRITO POR MANÉ BERADEIRO

 

Mané Beradeiro

No cordel cabe tudo! Com ele é possível poetizar sobre inúmeros temas. O poeta Mané Beradeiro sabendo disso escreveu em dezembro de 2019, o  cordel que tem como título "O Cuscuz nosso de cada dia". O texto é formado por 32 estrofes, sendo 31 em septilhas (estrofes com sete versos) e 1 décima (dez versos). A ilustração da capa foi feita pela artista plástica Lívia Nunes Duarte, da distante cidade de São Manuel/SP (veja  matéria sobre isso clicando aqui: Lívia Nunes)

Lívia Nunes
Embora tenha terminado de escrevê-lo em 25 de dezembro do ano passado, o folheto só foi editado agora. O poeta  apresenta o cuscuz como comida universal, tendo sido provado,  de forma fictícia,  por Moisés, Alexandre ( O Grande), Jesus Cristo, Napoleão e Lampião. Seria esta comida o manjar dos deuses?

 


 O cuscuz é alimento

Pão que é abençoado
Fortalece a família
Deixa o homem acordado
Quem não gosta de cuscuz
Carrega uma triste cruz
De morrer descuscuzado 
(p.3) 
 
Esse é o 47º folheto de cordel impresso de Mané Beradeiro. Há outros trabalhos escritos, mais ainda não publicados e também  nove folhetos que não entram  na classificação de cordel.
 

Quem desejar adquirir o folheto é só mandar mensagem de texto para (84) 9.8719-4534.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

A FÁBULA DO DOUTOR BUTI CONTADA PELO PRÓPRIO AUTOR

Olha só que legal! o autor do livro" Doutor Buti", resolveu gravar a história. Agora você pode mostrar para suas crianças ( alunos, filhos,netos ou amigos) a fábula do Doutor Buti. Vai lá! Aproveita e se inscreva no canal, clique em "gostei" e ative o sininho para receber os próximos.

BANANEIRAS: UMA LINDA CIDADE

Viajar é uma das melhores coisas da vida. A gente conhece novos lugares, aprende história, escuta conversas, degusta da gastronomia local, recompõe as energias. Viajar é uma forma de oração, em trânsito. É sentir a presença de Deus nas paisagens, nas belezas que estão nas pessoas e na natureza. 

No último domingo eu fui com minha esposa e um dos meus filhos, que estava acompanhado da sua namorada, conhecer a cidade de Bananeiras, no brejo paraibano. Fomos pela Fortur, uma empresa que realiza passeios turísticos com muita qualidade.


 Bananeiras-PB está a 552 metros acima do nível do mar. Distante 150 km de Natal. Não é uma cidade para ciclistas, pois suas ruas são íngremes. Na região rural é possível ver vales profundos. 

 

Andei por ali lembrando de Maria da Guia, uma telefonista nascida em Bananeiras, com quem trabalhei  em 1983, na Arquidiocese de Natal. Ela sempre me falava sobre a beleza de Bananeiras. Onde andará  D'aguia?


 Não posso esquecer de registrar que  fomos recepcionados em Bananeiras-PB pelo guia turístico Washington Cirne, um jovem que demonstrou ter bastante conhecimento sobre a cultura local. A ele deixo aqui registrada a minha gratidão.


Os guias turísticos  são indispensáveis nas viagens. Eles são como bússolas  nos norteando, mostrando horizontes, indicando coisas belas.

Um dia, e que este dia não esteja tão distante, voltarei àquela cidade. Quem sabe contar histórias  na praça para os pequeninos!


Francisco Martins

22 setembro 2020


#fortur

#brejo paraibano

#bananeiras

#washigntoncirne






segunda-feira, 21 de setembro de 2020

ACLA VAI PROMOVER A IV LIVE - DESTA VEZ SERÁ COM A ACADEMIA DE LETRAS DE CANGUARETAMA

 

 


 

Ainda está pra vir

Academia como a nossa

Destemida, tão guerreira.

Imponente sem ser grossa

Tem a doçura da cana

Com ela não há quem possa

 Mané Beradeiro

terça-feira, 15 de setembro de 2020

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: FLOR DE SAL - PERFIS BIOGRÁFICOS

 


Recebi  de presente o livro “Flor de Sal – Perfis Biográficos”, um conjunto de 84 perfis femininos.  Antes de ser  escritor e poeta, eu sou um leitor. Gosto dos livros e quando eles  me dão ensinamento, aí o gosto aumenta mais e mais. Foi assim com “Flor de Sal”.  Uma coletânea com histórias de mulheres que  não temeram em escrever sobre suas vidas, seus talentos, seus sonhos, suas realizações. Tudo carinhosamente organizado por Flauzineide  Moura, Presidente da  Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares - ALAMP. Algumas histórias penetraram no meu coração e abalaram as cordas da vida. Fiquei  sensibilizado com a saga de Alzenira Araújo na sua trajetória pela educação;  o pioneirismo de Célia Melo  dentro da Corporação da Polícia Militar;  a saga de Cláudia Borges em busca dos seus acertos;   o testemunho de Danda Trajano e sua resistência diante das dificuldades;  Eva Potiguar e  a história dos seus tênis azuis; a fibra  empreendedora de Francisca Henrique; a luta de Kátia  Fonseca para vencer uma doença. Esses são apenas alguns perfis que consegui lembrar, mas o livro está repleto de lições sobre a vida. Temos nele as mais variadas idades, diversas  profissões. “Flor de Sal” é como uma linda colcha de retalhos, divinamente construída com as nuances trazidas pelas suas participantes. Coube a Flauzineide Moura juntar esse material e deixa-lo organizado. Um livro vivo, instigante, que aguça a curiosidade do leitor. E essa mulher? O que terá a me dizer? Era a pergunta que eu me fazia sempre que iniciava a leitura de um perfil. Esse é o tipo de livro que não pode deixar de ter em toda biblioteca. Primeiro porque ele mostra que a arte imita a vida,  segundo que a sua personagem central, que é a MULHER,  tem uma participação maravilhosa no mundo da cultura. Diria que "Flor de Sal" é um livro que tem a função de ser um divisor na história da literatura potiguar. Já foram publicadas antologias femininas antes dele, mostrando os frutos que foram produzidos por poetas e escritoras, mas esse tem a peculiaridade de abrir as cortinas e nos revelar a alma feminina que há na poeta e escritora. Ele, nos diz, muito mais do que está escrito. Entre uma linha e outra, o leitor amadurecido perceberá o quanto a mulher alampeana é corajosa, determinada, focada em seus objetivos. Parabenizo a todas que participaram deste projeto e agradeço a Flauzineide Moura o presente do livro. Quando terminei de ler “Flor de Sal”,  tive uma ideia. Mas isso é outra história, coisa minha e já do conhecimento de Flauzineide Moura. Aguardemos!

Francisco Martins

15 setembro 2020

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

ANLiC VAI DÁ POSSE AOS NOVOS IMORTAIS

 


ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LITERATURA DE CORDEL

Endereço: Estação do Cordel –  Rua João Pessoa – nº 58, Cidade Alta – Centro.

 

EDITAL Nº. 01/2020

 

A Presidente da ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LITERATURA DE CORDEL (ANLiC), Antonia Mota do Nascimento, comunica aos sócios desta entidade e à comunidade em geral, que  no próximo dia 23 (vinte e três) de setembro, do corrente ano, às 15 (quinze) horas, na Escola Estadual Winston Churchill, situada à Avenida Rio Branco, nº 500, bairro Cidade Alta- nesta Capital, haverá a Sessão Solene de Posse dos eleitos em dia 30 de novembro de 2019. Os Acadêmicos que se fizerem presentes informamos que devem usar a pelerine na ocasião da cerimônia. Os novos imortais da ANLiC são os poetas:

1)  Antonio Rodrigues Neto – cadeira 7

2)  Hélio Alexandre Silveira e Souza– cadeira 11

3)  Hélio Pedro Souza – cadeira 15

4)  Francisco Rariosvaldo de Oliveira – cadeira 18

5)  Antonio Carneiro Calaça – cadeira – cadeira 22

6)  Geralda Efigênia M. da Silva – cadeira 23

7)  Jefferson de Lima Campos – cadeira 34

8)  Helena Bezerra de Araújo – cadeira 38

9)  Manoel dos Santos Silva – cadeira 40

  

Natal/RN, 14 de setembro de 2020.

Antonia Mota do Nascimento

Presidente da ANLiC

 

 

CORAGEM DE FALAR

 Hoje eu amanheci com uma grande vontade de dizer: Eu te amo!

Digo isso para minha esposa, com toda a intensidade que possa ter as batidas do meu coração.

Mas, com a natureza do amor ágape, digo também para minhas amigas. E eu tenho amigas que não troco por nada neste mundo.

Algumas bem perto de mim. Outras que só converso pela internet.

Que importa! "Amar é verbo  intransitivo" já disse o poeta.

Então, que se dane o tempo, que se vá a distância. Eu te amo e  ponto final.

Final? Não! reticências (...) Pois o amor jamais acaba.


Francisco Martins

14 setembro 2020