sexta-feira, 29 de novembro de 2024


Filinto de Almeida, poeta e membro da ABL


Dorme em meu coração, dorme tranquila:

Enquanto ele bater, nele estarás;

E não te acorde a dor que me aniquila,

Nem no ouças dizer-me: “Ela aqui jaz”.


Esta, de que sou feito, humana argila,

Por ti no sofrimento se compraz,

Orvalhando, com o pranto que destila,

Meu Horto de Oliveiras… Dorme em paz.


Dorme em paz, meu amor… Quero embalar-te

Nestas cantigas de tristeza e dó.

Embebidas de lágrimas sem arte.


E quando eu acabar, suplico só

Que a mim teus filhos venham misturar-te

Nas mesmas cinzas e no mesmo pó.






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