domingo, 5 de março de 2017
COMENTANDO MINHAS LEITURAS - APOESC EM PROSA E VERSO
Livro: APOESC em Prosa e verso
Autor (organizador): Gilberto Cardoso
Gênero: Prosa e Poesia (Antologia)
Editora: CJA - 2017
Páginas: 111
Leitura: 16 e 17 de fevereiro de 2017
Autor (organizador): Gilberto Cardoso
Gênero: Prosa e Poesia (Antologia)
Editora: CJA - 2017
Páginas: 111
Leitura: 16 e 17 de fevereiro de 2017
Fazer cultura no Brasil é muito difícil, principalmente no Nordeste, região que sofre com as consequências da falta de recursos financeiros e também com a influência dos lixos culturais, como por exemplo, na música, que em parte é usada como instrumento para denegrir a imagem da mulher e com letras sem nenhum teor poético. Mas, diante deste quadro dantesco, há aquelas pessoas que tornam a vida melhor. Alguns delas se associam e nos dão a alegria de ver seus frutos, como por exemplo a Associação de Poetas e Escritores de Santa Cruz - APOESC. Li recentemente a antologia por ela publicada, tendo a frente o poeta Gilberto Cardoso, como organizador. Um livro de capa linda na qual vemos folhas com várias nuances, representando a vida daqueles que nele estão. Pois a antologia traz a participação de poetas que já desfrutam da dimensão eterna (folhas secas), outros em plena atividade (folhas verdes e viçosas), além daquelas que estão no outono da vida. Nós somos todos como árvores :nascemos, crescemos, frutificamos e partimos. Aqui, cada poeta e escritor compartilha seu fruto, é por isso que o título do livro se chama APOESC em Prosa e Verso. Os convidados são por alguns momentos árvores que se dão a conhecer e se conhecem: minha árvore me sabe, diz o escritor Bartolomeu Campos de Queiroz. É um livro audacioso, com olhar universal, abraçando não somente quem faz parte da APOESC, mas também alguns distantes. Os números assim testificam: 50 participantes, sendo 34 homens ( 68%) e 16 mulheres (32%). Tem gente de Santa Cruz, Tangará, Campo Redondo, Currais Novos, Japi, Caicó, São José de Campestre, Martins, São Paulo do Potengi, Santo Antonio, Apodi e Natal, além da presença de escritores e poetas de Cuité, Brejo da Cruz e Pombal, no vizinho estado da Paraíba, somando só a esse grupo poetas de Buriti Alegre (Goiás), Araioses (MA), e Manaus (Amazonas). Uma nítida prova de quê com a internet não há mais fronteiras. Li todos os textos e alguns eu voltei a reler. Foi feliz Gilberto Cardoso quando assim se expressou: ...como há graciosidade nos passos iniciais duma criança, vemos beleza nos textos de alguns destes que com certa relutância resolveram expor sua alma ao grande público. Parabenizo a todos e quem ganha com esse trabalho publicado somos nós leitores. Nele vamos desfrutar de 102 textos no estilo de prosa e 22 em poesia ( sendo 16 com o gênero poético do cordel). Uma das coisas que gostei do livro foi a publicação dos endereços eletrônicos do poetas e escritores, o que nos permite entrar em contato direto com eles. APOESC faz literatura e cultura em 7 anos de existência. Fundada em março de 2010 ainda é uma criança, mas ouso dizer que é uma criança prodígio. Ela traz em sua história, a experiência da Associação de Poetas e Escritores, que de 1995 até 2008 publicou 4 livros. Concluo minha resenha com uma citação: " Devem-se buscar os amigos como os bons livros, pois a felicidade não
está em que sejam muitos, nem muitos curiosos, antes em que sejam poucos,
bons e bem conhecidos" (Mateo Alemán).
sábado, 4 de março de 2017
SAPOTERATURA - CASAL UNIDO
Foi em Ceará-Mirim/RN, cidade do interiorana, década de setenta, num dia de feira, com muita gente vindo à cidade comprar e vender mantimentos, que esta história aconteceu. Perto da Mercearia de Dudu ficavam estacionados vários caminhões, que traziam e levavam as pessoas da zona rural. A mercearia ficava cheia. Gente querendo comprar cigarros, alimentos, bebidas, etc. Neste movimento todo havia sempre aquelas pessoas que chamavam pelos balconistas só para pedir água. Queriam matar a sede, beber água gelada, coisa dificílima de encontrar na zona rural, pois nem todos possuíam geladeira.
A priori não houve muita contestação sobre esse serviço, mas depois, percebeu-se que os atendentes não só perdiam tempo, como também tinham que lavar bastantes copos e encher garrafas. A solução encontrada foi comprar um pote de barro, deixá-lo ao alcance de todos e amarrar um caneco de alumínio numa corrente para que as pessoas mesmo se servissem. Desta forma todas beberiam a vontade e não estariam ocupando um balconista.
A ideia funcionou de forma plausível por mais de mês, até que um dia, um rapaz peralta, teve a iniciativa de jogar dentro do pote duas pequenas rãs. Ninguém desconfiou de nada. Nem mesmo o dono da mercearia. É preciso dizer ao leitor, que este mesmo rapaz ficou trabalhando na mercearia e sempre tinha a responsabilidade de abastecer o pote.
Vez por outra, quando as pessoas terminavam de beber água, ele se aproximava delas e falava:
-Você viu que casal unido?
-Quem?
-Adelaide e Aderaldo
-Nem os conheço. Respondia quem bebeu da água.
-Pois vou apresentá-los.
O rapaz levantava a tampa do pote e dizia:
-Olhe que lindo casal de rã. Elas vivem sempre agarradinhas, uma em cima da outra. Se não fossem Adelaide e Aderaldo a água do pote já estaria cheia de lodo.
Quem disto sabia evitava beber daquela água. E algumas ainda tavam uns tapas naquele rapaz, completando a hostilidade com palavrões que maculavam a mãe do jovem.
Como tudo tem princípio e fim, numa manhã, um velho homem foi se servir daquela água e quando abriu a tampa, eis que uma das rãs salta em sua direção. O susto foi grande. O velho meteu a mão no pote, que espatifou-se pelo chão. Houve água espalhada por toda mercearia e como se diz na infância do nunca mais: passou perna de parto, passou perna de pinto, seu Rei disse que contasse vinte e cinco.
Francisco Martins
DIA INTERNACIONAL DA MULHER NO RANCHO CULTURAL ALDEIA VELHA
Dorinha e Barroca |
Programação - Convite
Programação em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher
Data - 08/03/2017 – Quarta feira
Hora: Das 08:00 horas às 22:00 horas.
– Abertura do BiblioSESC com o Espetáculo: Nas Asas da Cultura Popular com Dorinha Timóteo, Barroca, Juliana Modro e amigos.
Local: Espaço Pouso das Palavras - Em frente ao Rancho Cultural Aldeia Velha
_ Exposição em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
Local: Espalhado por todo o Rancho
Tendas com venda de cordéis com Tonha Mota, Dorinha Timóteo, Cláudia Barbosa, Amâncio Sobrinho, Cláudia Borges, Emecê Garcia.
Barracas com venda de cordéis dos Cordelistas da SPVA/RN.
Local: Espaço LudoCordélico – Dentro do Rancho Cultural Aldeia Velha
Tempo livre para visitação
Hora: 14:00 horas.
Palestra: A Presença Feminina na Literatura de Cordel Potiguar.
Palestrante: Professor Mestre José Augusto Costa Júnior
Local: Palco Recanto da Sombra
Hora: 15:00 horas.
Lançamento de Literatura de Cordel do Poeta EMECÊ GARCIA – Homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
Local: Casa de Taipa
Hora: 15 horas e 30 minutos.
Cantiga de Viola com Amâncio Sobrinho e Bob Mota.
Local: Casa de Taipa
Hora: 16:00 horas
Sarau com poetas e poetisas da SPVA/RN.
Chá de Finalzinho de Tarde.
Local: Casa de Taipa
Forró Dussette – patrocinado pela MMo Graf.
Local: Casa de Taipa
PATROCÍNIO:
MMO Graf.
APOIO:
TV ASSEMBLEIA
IFRN - Campus Cidade Alta
BiblioSESC - SESC
Poetas e Cordelistas
MMO Graf.
APOIO:
TV ASSEMBLEIA
IFRN - Campus Cidade Alta
BiblioSESC - SESC
Poetas e Cordelistas
quinta-feira, 2 de março de 2017
SAPOTERATURA - O BRINQUEDO VIVO
Raimunda estava na sala vendo novela. Era um olhar na tela e o outro no crochê que suas habilidosas mãos trabalhavam. Entre uma cena e o dançar da agulha ela perguntou à filha:
-Rejane, onde está Tiago?
-Está brincando lá na área de serviço mamãe.
-Sei não! prá mim ele está aprontando alguma, Tiago não é menino de ficar quieto.
Rejane foi até o filho, queria ter a certeza de ele brincava inocentemente. Chegou sorrateiramente e ficou vendo-o sentado, junto com seus carrinhos. Volta à sala e diz:
-Tiaguinho brinca comportadamente.
Avó e mãe se entretinham com a novela, Tiaguinho divertia-se com seus brinquedos. Mas, como toda criança, não demorou muito a buscar outras alternativas, estava ficando monótona aquelas cores, aqueles carros.
Foi então que ele viu uma criaturinha diferente, barriguda, sem pescoço, caminhando em sua direção. O cérebro de Tiago funcionou assim: "olha só, um brinquedo que anda sozinho!". Ele ficou por alguns instantes curioso com o desempenho daquele "brinquedo". Era diferente de todos os demais: abria a boca e dela saia uma língua que capturava insetos nas paredes; não tinha rodas e aparentava não ser duro como a matéria-prima dos seus carros.Será? Bem, em caso de dúvida nada melhor que averiguar. E lá se foi Tiaguinho. Puxou-o pela perna, viu que a mesma esticava, arrastou-o até perto de si, e qual não foi sua surpresa quando o soltou e viu que ele pulava. Novamente o seu cérebro emitiu uma nova mensagem: "magnífico! É tudo que você quer para brincar". Puxou-o novamente, mas desta vez não o soltou.
Com a mão direita em forma de concha, segurou o sapo pelas costas e passou a friccioná-lo no piso daquela área. A barriga do anfíbio quando em atrito com o piso provocava um barulho: ronc, ronc, ronc...Tiago fazia esse movimento repetidamente. E o sapo, com braços e pernas abertas tentava inutilmente se libertar.
Na sala, avó e mãe perceberam um ruído diferente vindo do lugar onde estava Tiago.
-Vá lá, veja o que meu neto está fazendo.
Rejane se levantou e quando chegou na área de serviço gritou:
-TIAGO, SOLTE ESTE SAPO!
Tiaguinho obedeceu, e o sapo com a barriga já bastabte vermelha de ralar naquele chão, fugiu dali imediatamente.
Francisco Martins
quarta-feira, 1 de março de 2017
COMENTANDO MINHAS LEITURAS: NAS VEREDAS DE MIM MESMO
Livro: Nas veredas de mim mesmo
Autor:Hélio Crisanto
Gênero: poesia
Editora: CJA, 1ª edição, 2016
Leitura: 24/02/2017
As 140 páginas do livro "Nas veredas de mim mesmo" formam um grande cântico do poeta Helio Crisanto em homenagem ao sertão e seus múltiplos valores. Gosto da poesia de Hélio Crisanto, tenho acompanhado seu trabalho pelas redes sociais e dos três livros por ele lançado, dois estão em minha biblioteca. O poeta e escritor Hélio Crisanto constrói com magnitude estrofes (septilhas e décimas) que nos dão prazer."Nas veredas de mim mesmo" é um livro onde se sente o peso da vida nordestina, não foi à toa que o primeiro poema é:
Autor:Hélio Crisanto
Gênero: poesia
Editora: CJA, 1ª edição, 2016
Leitura: 24/02/2017
As 140 páginas do livro "Nas veredas de mim mesmo" formam um grande cântico do poeta Helio Crisanto em homenagem ao sertão e seus múltiplos valores. Gosto da poesia de Hélio Crisanto, tenho acompanhado seu trabalho pelas redes sociais e dos três livros por ele lançado, dois estão em minha biblioteca. O poeta e escritor Hélio Crisanto constrói com magnitude estrofes (septilhas e décimas) que nos dão prazer."Nas veredas de mim mesmo" é um livro onde se sente o peso da vida nordestina, não foi à toa que o primeiro poema é:
A BAGAGEM DO TEMPO
Quando a chama do corpo se amofina,
O cansaço vai logo aparecendo...
Nossa alma de dor segue chemendo,
Os incômodos lhe atacam na surdina.
Se o relógio do tempo determina,
Logo a gente só pensa em despedida,
Corpo frágil, e a voz já combalida
Já não sente prazer em quase nada;
A bagagem do tempo é tão pesada
Que não cabe na mala dessa vida.
E com a experiência da sua vida e o coração pulsante pelas coisas da sua geografia, do seu sertão de ontem e de hoje, Hélio Crisanto vai escrevendo seus poemas, tendo como temas os mais variados assuntos e peculiaridades desta terra árida e fértil de lembranças. Flora e fauna são telas constantes em suas estrofes. Há lirismo, humor, política, cidadania, patriotismo, fé, romance e muito mais. Como leitor eu fiz a minha lista dos melhores poemas desse livro. Ei-la:
1) Amanhecer caboclo
2) Na minha infância era ssim
3)Nordestinês
4)Meu passado infantil não foi bonito mas eu sinto prazer em recordar
5)No sítio de João Bezerra
6)O filme do tempo
7)Casa de matuto
8)Doenças do meu sertão
Hélio Crisanto vive em Santa Cruz/RN - quem desejar adquirir o livro diretamente com o autor basta escrever para helicrisanto@bol.com.br/ crisantino30@hotmail.com.
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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
SAPOTERATURA - A DANÇA DA PERERECA
Dona Inês andava com dificuldade, apoiava-se na paredes, ora nos móveis e quando tinha vontade usava a bengala, embora não gostasse. "Bengala é coisa pra gente velha", dizia com frequência. Quase octogenária, Dona Inês era o xodó da família. Genros, filhas, netos e bisnetos, todos viviam voltados para ela, preocupando-se com a saúde, alimentação e tudo o mais que fosse preciso.
Naquela semana, vovó Inês reclamava que não estava ouvindo direito. O neto André, quinze anos, que ficava sozinho com ela no turno vespertino, achou maravilhoso, pois ele gostava de ver e ouvir dvd bem alto. E todas as vezes, na semana anterior, sempre que aumentava o volume, ela pedia para baixa:
-Drezinho, abaixe o som. Desse jeito você quer que meus bofe caiam!
E André atendia, mas não imediatamente, como é próprio dos adolescentes. Era preciso Dona Inês ameaçar jogar água em cima da tv. E, se ele fechasse a porta do quarto dela, ainda assim escutava:
-Ô jove talento, dá pra baixar esta merda?
Ele ficava irritado, pois sabia que quando ela o chamava assim, estava na verdade criticando seu estado ocioso. Foi numa destas tardes, calorosas, quando André estava só com a sua avó que aconteceu uma cena hilária.
Dona Inês precisou ir ao banheiro. Quando abriu a porta tinha uma perereca em cima da tampa do sanitário, bem quietinha, toda encolhida. Ao levantar a tampa, Dona Inês não viu a perereca, que assustada pulou para cima dela, vindo se alojar dentro do vestido. A anciã tão logo sentiu a frieza daquele sapinho em contato com seu corpo, e o mesmo agarrando-se e subindo de ventre acima, fez Dona Inês dá pulos, balançar os braços para o alto, passar as mãos pelo corpo, rodopiar, gritar, girar nos calcanhares, tudo fazendo na tentativa de encontrar a perereca.
Enquanto isso, André lá no sofá vendo a avó naquela situaçõ, nada fez, não moveu um músculo para ajudá-ja. Pensou que ela estivesse se tornado adepta do rock metaleiro que estava a ouvir. Ele só veio desconfiar quando Dona Inês conseguiu finalmente segurar a perereca e jogá-la em direção à tela da tv. Foi então que André entendeu que a avó não estava criando uma nova dança, a dança da perereca.
Francisco Martins
Imagem disponível em:http://pt.freeimages.com/premium/dancing-tree-frog-955102. Visualizada em 28.02.2017
sábado, 25 de fevereiro de 2017
UM CEARÁ-MIRINENSE FOI PIONEIRO EM CELEBRAR O DIA DA POESIA NO RIO GRANDE DO NORTE
Texto do Acadêmico Francisco Martins Alves Neto, ocupante da Cadeira número 18, que tem como Patrono Antônio Glycério.
Março está à porta, é possível ouvir o som das festividades poéticas que ele nos trará. Mês dedicado à poesia, nele se celebrou durante muitos anos no dia 14, data do natalício do poeta Castro Alves, o Dia Nacional da Poesia. Mas, veio Dilma Rousseff que em 2015 sancionou a Lei 13.131 que mudou a data para o dia 31 de outubro, aniversário de nascimento de Carlos Drumonnd de Andrade.
A UNESCO mantém a data do Dia Mundial da Poesia, como sendo 21 de março, desde 1999.
O certo é que em março a poesia reina de forma absoluta nas atividades culturais do Brasil. No Rio Grande do Norte, houve um homem, que teve a preocupação de comemorar o Dia da Poesia, quando sequer se falava nesta data comemorativa. Waldemar Dias de Sá, comerciante, político, proprietário do Engenho Capela, leitor, principalmente amante da poesia. Foi, pois, esse homem, natural de Ceará-Mirim/RN que teve a iniciativa de celebrar pela primeira vez no Rio Grande do Norte, o Dia da Poesia. Como foi? Veremos.
A data aconteceu em 1960, no dia 15 de maio, um domingo, na residência de Waldemar de Sá, que reuniu num almoço as personalidades culturais daquela época: Câmara Cascudo, como Orador, Newton Navarro, Jaime dos G. Wanderley, Clarice Palma, Sandoval Wanderley, Genar Wanderley, Rômulo Wanderley, Manoel Rodrigues de Melo, representando a Academia Norte-rio-grandense de Letras e Palmira Wanderley, a homenageada.
Com esse gesto de homenagear Palmira Wanderley, Waldemar de Sá, estava celebrando O Dia da Poesia. O evento teve repercussão na imprensa local, sendo noticiada pelo jornalista Paulo Macedo, que tinha a coluna “Paulo Macedo Explica em Sociedade” e foi também tema da crônica de Rômulo Wanderley, “Uma tarde de poesia”, em “Nota da Manhã”, ambos jornalistas da Tribuna do Norte.
Palmira Wanderley era naquela época a representação feminina da arte poética. Quase sempre presente em todas os eventos culturais, declamando suas poesias. Sentiu-se demais envaidecida com a homenagem que lhe foi prestada, e chegou a reclamar da ausência de Berilo Wanderley e Zila Mamede, que também haviam sidos convidados para este momento.
Waldemar de Sá convidou também Nilo Pereira para esta tertúlia. Não foi possível vir, mas enviou uma carta parabenizando a atitude do anfitrião e louvando a poeta Palmira Wanderley, é Nilo quem escreve: “Louvo o homem que trouxe de Ceará-Mirim a doçura do vale, a poesia encantadora da terra, a aristocracia do espírito” . Esta carta foi publicada na íntegra na coluna de Paulo Macedo, na edição da Tribuna do Norte, 19 de maio de 1960.
A data não ficou estabelecida, fixa, no calendário cultural do Rio Grande do Norte, mas, o gesto de Waldemar de Sá não ficou perdido no tempo e na história. Ressurgiu e ecoa 57 anos depois, como luz àqueles que hão de cantar versos e celebrar poetas.
NOTA DA ACLA
A foto é uma obra do artista ceará-mirinense Etewaldo, copiada de uma foto do homenageado, na época em que foi intendente de Ceará-Mirim.
Disponível em: https://www.facebook.com/francisco.martins.714/posts/1343151309079307?comment_id=1343196639074774¬if_t=feed_comment¬if_id=1488066040575813. Visualizada em 25.02.2017
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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
BANANA BRAVA- 75 ANOS DO PRIMEIRO ROMANCE DE JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS
Janilson Sales de Carvalho
José Mauro de
Vasconcelos escreveu o romance “Banana Brava” em 1942 e convidou Luís da Câmara
Cascudo para apresentação. Em seu texto, Cascudo relatou alguns dados biográficos
e valorizou a grande aventura vivida pelo escritor na selva brasileira, espaço
onde a narrativa acontece.
Uma das
atitudes admiráveis de José Mauro era conhecer profundamente os lugares e os
grupos humanos que seriam personagens nos seus romances. Aqui no Rio Grande do Norte,
temos entre seus textos: “Barro Blanco”, que tem como personagens os
trabalhadores das salinas de Macau; “Doidão” e “Vamos aquecer o sol”, baseados nas
vivências da adolescência em Natal.
“Banana Brava”
resultou dessa incursão na floresta e da descoberta do mundo violento provocado
pela cobiça nos garimpos lá escondidos. O que se tem na literatura é o surgimento
de viventes que jamais figuraram em romances nacionais. O filósofo Gilles Deleuze
registra em “Crítica e Clínica”: “A
literatura é delírio e, a esse título, seu destino se decide entre dois polos
do delírio. O delírio é uma doença, a doença por excelência a cada vez que
erige uma raça pretensamente pura e dominante. Mas ele é a medida da saúde quando
invoca essa raça bastarda oprimida que não para de agitar-se sob as dominações,
de resistir a tudo o que esmaga e aprisiona e de, como processo, abrir um suco
para si na literatura”
Sem dúvida,
José Mauro revelou em muitos dos seus textos essa “raça bastarda oprimida”.
Lamentavelmente, as universidades ainda não autorizaram seus alunos e
pesquisadores a darem um mergulho na bela obra desse escritor. As poucas
pesquisas realizadas abordam o romance “Meu pé de laranja lima”, seu texto mais
conhecido.
Na apresentação
escrita por Cascudo, o seguinte trecho remete ao tema discutido por Deleuze: “Dos seus meses na Terra dos Homens sem
Piedade, nas Terras Ensanguentadas, nos Garimpos onde viceja e jamais frutifica
a Banana Brava, veio esse romance, rude, claro, luminoso de verdade natural, de
grandeza humana e fabulosa. É a voz que conta a viagem estranha ao Mundo onde
ainda vivem os Cavaleiros da Távola Redonda, com um programa sinistro de
guerra, morte, abnegação e silêncio. Mundo limitado pelos grandes rios, pelas
barreiras altas, pela floresta misteriosa, povoada de sonoridades apavorantes,
inexplicadas e envolventes.”
“Banana Brava”
completa 75 anos em 2017 e permanece desconhecido para maioria dos brasileiros.
Os seus personagens continuam entranhados na selva, só aparecendo em manchetes
sangrentas de jornais sensacionalistas. Mas, o romance foi escrito e está aí
para ser lido. Saiu da coragem de um jovem de 22 anos que se embrenhou na selva
para descobrir esse povo e suas histórias. É hora desse povo (e de cada brasileiro)
descobrir José Mauro de Vasconcelos.
Fonte: Disponível em: http://esperancartes.blogspot.com.br/2017/02/banana-brava-75-anos-do-primeiro.html. Visualizada em 23.02.2017
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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
MANÉ BERADEIRO LANÇA AMANHÃ EM PARNAMIRIM - UM BODE CHAMADO WODEN
Será amanhã, às 9 h, no auditório do Centro Administrativo Agnelo Alves, em Parnamirim/RN, que o cordelista Mané Beradeiro fará o lançamento do folheto Um bode chamado Woden, tendo como público os professores que atuam no Projeto Parnamirim: um rio que flui para o mar de leitura, no qual trabalham como Mediadores de Leitura. O escritor e poeta vai atendendo convite do escritor Thiago Gonzaga, responsável pela Caravana dos Escritores, que visita amanhã aquela cidade, levando outros escritores: Oreny Junior, Cleudivan Jânio, Alfredo Neves, Drika Duarte, Dancley Fernandes e Aluísio Matias, que terão oportunidades para falar dos seus livros e distribuirão obras literárias.
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Notícia
EDITAL DE ELEIÇÃO DA SPVA
SOCIEDADE DOS POETAS VIVOS E AFINS DO RN
ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA
EDITAL PARA ELEIÇÃO DO CORPO DIRETIVO
Conforme determina o
Artigo 42 do Estatuto da Instituição, ficam convocados todos os Associados para, no prazo máximo até o
dia 04.03.2017, apresentarem chapas que concorrerão à eleição para a próxima gestão do Corpo Diretivo.
Eis as disposições estatutárias contidas no referido Capítulo:
§ 1º – Caberá a cada uma das chapas apresentar sua plataforma eleitoral e seus
compromissos para com a SPVA/RN, devendo primar pelo bom nível
das discussões e agir dentro dos princípios democráticos de respeito a
diferenças de opinião;
§ 2º -
No
caso de chapa única, o processo eleitoral seguirá o mesmo curso,
devendo ser observados todos os requisitos para o andamento democrático
do processo eleitoral;
§ 3º -
Em ambos os casos, mais de uma chapa ou chapa única, deverá existir o empenho de todos para
que se busque a maior participação possível dos associados em
condições de exercer o direito de votar e ser votado a fim de que se
consagre o princípio da validade do processo eleitoral de direito e de
fato.
Art. 45 – A
votação para a escolha do novo corpo diretivo da SPVA/RN deverá acontecer no
dia 29 de abril, sábado, a partir das 16 horas, na Livraria Saraiva, antecedendo o tradicional Sarau.
Parágrafo Único – Só poderão votar os associados que comprovarem sua adimplência com as contribuições mensais devidas à entidade
Natal/RN, 18 de fevereiro de 2017.
Rubens Barros de Azevedo
Presidente da Comissão Eleitoral
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
MANÉ BERADEIRO LEVOU SEU FRUTO LITERÁRIO AOS PROFESSORES DE JUNDIÁ/RN
A natureza tem seus momentos de renascimento e fruto. Pude comprovar isso hoje pela manhã, quando estive na pequena cidade de Jundiá/RN, onde fui apresentar meu trabalho aos professores daquele município, por ocasião da abertura da Semana Pedagógica, a convite da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Antes de começar minha apresentação fui sentir a beleza do cajazeiro em flor e fruto
Contemplando aquela árvore tão frondosa desejei que minha apresentação também fosse como ela, não na grandeza estética, mas no simbolismo dos frutos, no aroma da flor. Queria que cada professor fosse tocado pela importância que tem a leitura na formação e educação dos seus alunos. Aspirei que cada mestre ali presente tenha a capacidade de oferecer fruto de sabedoria às suas crianças. Assim, como o cajazeiro se prepara no silêncio e nos oferece o seu, sem alarde e cheio de sabor.
E, acreditando nisso, montei a mesa com os folhetos e livros que formam o meu fruto literário. Aos poucos os professores foram se aproximando e demonstravam curiosidade, mas, não tinham a coragem de tocá-los.
Somente depois da apresentação do poeta, dos causos e poemas declamados, é que a colheita se fez! Oxalá eu possa saber da multiplicação deste trabalho.
Minhas ferramentas não abrem sulcos na terra, elas visam a alma. São simples, porém eficazes: um jumento chamado Ananias é a mais célebre delas.
A ele empresto voz e movimento, e como um passe de mágica, ele encanta e manda seu recado. E foi assim que pude realizar mais uma apresentação de Mané Beradeiro.
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Notícia
CANÇÃO ANTIGA
Newton Navarro
Morri,
Nasci,
Quantas vezes?
Quantas vezes
Que nem sei ...
Bebi,
Dormi,
Quantos dias?
Quantos dias
Que nem sei...
Sofri,
Chorei,
Quantas noites?
Quantas noites
Me matei? ...
Rei,
Vassalo,
Quanta coisa
Que nem sei...
Tanta vida desprezei!
Tanta vida que nem sei ...
(São Miguel 1952)
Nota: Publicado na Coluna Revista da Cidade , assinada por Berilo Wanderley, jornal Tribuna do Norte - Edição do dia 23 de abril de 1960.
Morri,
Nasci,
Quantas vezes?
Quantas vezes
Que nem sei ...
Bebi,
Dormi,
Quantos dias?
Quantos dias
Que nem sei...
Sofri,
Chorei,
Quantas noites?
Quantas noites
Me matei? ...
Rei,
Vassalo,
Quanta coisa
Que nem sei...
Tanta vida desprezei!
Tanta vida que nem sei ...
(São Miguel 1952)
Nota: Publicado na Coluna Revista da Cidade , assinada por Berilo Wanderley, jornal Tribuna do Norte - Edição do dia 23 de abril de 1960.
sábado, 18 de fevereiro de 2017
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
GARIMPEIRO DA CULTURA
Eu tenho um olhar de águia
Mas voltado para glórias que se edificam com coisas vindas
do passado.
Possuo um faro
canino, capaz de detectar com extrema precisão fatos e fotos dos
assuntos que me atraem.
Há em mim, duas pinças, mãos que seguram e movem com prazer
a bateia, da qual eu retiro o ouro da cultura.
Quem sou eu?
Sou um pesquisador,
E não se engane,
nesta área também se mata, rouba e morre
Sou um garimpeiro da cultura!
Francisco
Martins
14-02-2017 –
Natal/RN
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
REMINISCÊNCIA DO CONCRETO DEMOLIDO - A CASA DE JUVENAL LAMARTINE
Casa de Juvenal Lamartine - demolida em 1995 |
Oswaldo Lamartine, em carta a Olavo Medeiros, 25 de junho de 1994
O espigão - na Rua Trairi - 558 - Petrópolis - Natal/RN |
Referência
MELO, Veríssimo. Veríssimo de Nelo - Cartas e Cartões - Oswaldo Lamartine. Natal: Fundação José Augusto, 1995.
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História de Natal,
Memória Cultural,
Natal de ontem
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
COM CHEIRO DE POESIA
Lutar com palavras é a luta mais vã
Entanto lutamos
mal rompe a manhã
Carlos Drummond de Andrade
Na homenagem que foi prestada recentemente para Angélica Vitalino e Aracy Gomes, algumas leituras foram compartilhadas, entre elas, quero destacar a que foi apresentada pela Mediadora de Leitura Jarlene Carvalho (foto). Ela trouxe uma prata da casa, um poeta do torrão de Santa Cruz-RN, que muito admiro seus textos.
Naquela manhã Jarlene leu: "Hoje o dia amanheceu com cheiro de poesia", do livro Retrato Sertanejo (Hélio Crisanto)
Vê-se que o poeta constrói seu poema com um olhar voltado à natureza. Mescla-se a ela, as pequenas coisas lhe dão alegria. E lembrando Thiago de Mello, outro grande poeta,
Cada palavra também
tem sua alma e seus amores
Uma só faz cem metáforas,
outras têm só um segredo.
Mas todas sabem cantar...
Entanto lutamos
mal rompe a manhã
Carlos Drummond de Andrade
Na homenagem que foi prestada recentemente para Angélica Vitalino e Aracy Gomes, algumas leituras foram compartilhadas, entre elas, quero destacar a que foi apresentada pela Mediadora de Leitura Jarlene Carvalho (foto). Ela trouxe uma prata da casa, um poeta do torrão de Santa Cruz-RN, que muito admiro seus textos.
Naquela manhã Jarlene leu: "Hoje o dia amanheceu com cheiro de poesia", do livro Retrato Sertanejo (Hélio Crisanto)
Um nevoeiro de verso
Despontou quebrando a barra
Um sagui fazendo farra
Vendo o seu bando disperso
Vejo o horizonte imerso
Na mais perfeita harmonia
E o inverno contagia
A mata que floresceu
Hoje o dia amanheceu
Com cheiro de poesia
Debrucei-me na janela
Olhando um cordão de chuva
Vendo filas de saúva
fazendo estrada amarela
Olhando essa cena bela
Meu peito sente alegria
E o sertão se fantasia
Com o que Deus prometeu
Hoje o dia amanheceu
Com cheiro de poesia
Vê-se que o poeta constrói seu poema com um olhar voltado à natureza. Mescla-se a ela, as pequenas coisas lhe dão alegria. E lembrando Thiago de Mello, outro grande poeta,
Cada palavra também
tem sua alma e seus amores
Uma só faz cem metáforas,
outras têm só um segredo.
Mas todas sabem cantar...
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