quarta-feira, 8 de agosto de 2018

AFINAL PARA QUE SERVEM OS MÚSCULOS?

SE EU TIVESSE UMA FILHA
Se eu fosse pai de uma filha eu aconselharia jamais ela querer um relacionamento com homens que vivem preocupados em modelar o corpo, ter músculos bem sinuosos, barriga de tanquinho. Não que isso seja vulgar, mas não alicerça o que há de principal no homem que é seu caráter e sua personalidade.
O espelho fascina o jovem e implanta nele o complexo de Édipo.  O egocentrismo passa a ser o ar que ele respira. Vai sempre buscar roupas leves, que permitam mostrar o quanto já cresceu em massa muscular, a grandeza dos bíceps, a grossura da pantorilha, etc.  Este tipo de jovem é capaz de treinar várias horas por dia. Transpirar  de forma intensa, abster-se de açúcar e massa, tudo sem reclamar, afinal é um sacrifício que vai valer a pena. O próprio corpo gritará isto através de fotos compartilhadas nas redes sociais.
Eu diria à minha filha: Afaste-se deste tipo de homem, como o diabo foge da cruz.  E, se ela, no alto dos seus anos cheios de questionamentos ousar perguntar o porquê deste meu comportamento, contarei a ela a seguinte história:
Há um homem que respira nesta terra, possuidor de um corpo atlético. Ele tem porte de manequim, sorriso bonito, é bem comportado. Vive todos os dias cuidando do corpo. Ele cultiva a vã esperança de que sempre será jovem. Talvez alguém tenha mentido para ele, falando que nunca envelhecerá. Este jovem é tão ele que ainda não tem 30 anos e já possuiu 4 mulheres, fora as aventuras extra-conjugais. A vitalidade arde em suas veias, as artérias pulsam clamando aventuras , e como são sinais do corpo, ele atende o chamado. Este jovem busca ser feliz, mas o conceito de felicidade que possui é egocêntrico. “Primeiro eu, depois eu e por último eu”. Os defeitos dele são todos suportáveis e perdoáveis, entretanto, quando se trata  das mulheres que ele mesmo escolheu para viver ao seu lado, nenhuma teve a oportunidade de vê-lo usando a força muscular para domar o leão que vive a destruir seu espírito. Toda aquela estrutura hercúlea, toda aquela montanha de músculos, nada serviu para manter ao seu lado a última mulher que ele várias vezes pronunciou ter sido um presente de Deus. Quem em sua sã consciência deixaria um presente de Deus abandonado por aí? Deus não erra!
A minha filha fictícia, a esta altura da narrativa, salta dos meus pensamentos, toma conta da minha mão e escreve para este jovem:

Não o conheço. Mas sua história  me diz que nada pode ser maior do que o amor verdadeiro. É hora de cuidar da alma,  ainda é tempo de deixar o cordeiro do espírito ser mais forte que o leão do físico. Não deixe a felicidade escorrer entre seus dedos.

Ufa! Que bom saber que a minha filha entendeu tudo direitinho.

Se eu tivesse uma filha ...

Francisco Martins

08 de agosto de 2018.

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