segunda-feira, 13 de setembro de 2021

UM JORNALISTA COLOSSAL

Sempre tive fascínio pelos homens trabalhadores, aqueles que desde cedo começaram a lutar pela vida e foram buscar seus ideais. O Rio Grande do Norte é berço de vários homens assim: destemidos, incansáveis, batalhadores e o melhor: honrados.  Em que parte deste solo podemos germinar a semente  de homens probos? Há uma carência em várias áreas deste Brasil.

Hoje, quero apresentar ao leitor um desses nobres homens. Potiguar, nascido em Natal, mais precisamente na Avenida Tavares de Lyra. Ele foi sem sombra de dúvidas o maior jornalista do Rio Grande do Norte, nenhum outro, até o momento, teve uma história profissional tão recheada de êxitos.  Uma lista de personalidades nacionais e internacionais com as quais  fez entrevistas. Murillo  da Cunha Mello Filho nasceu em 13 de  outubro de 1928 e faleceu em 27 de maio de 2020. Foram 92 anos de existência, dos quais mais de 40 anos dedicados ao jornalismo. Não podia ser diferente, posto que aos 12 anos  começou a trabalhar no jornal  "O Diário", onde toda segunda-feira publicava uma coluna de esportes. Posteriormente prestou seus serviços nos jornais "A Ordem" e "A República".

  "... consciente de que os horizontes da cidade eram, naquela época, pequenos para  as minhas aspirações. Natal não tinha, então,  nenhum curso superior, fosse de  direito, de medicina ou de engenharia. Os jovens natalenses eram obrigados a se deslocar para Maceió, dando apenas uma  precária presença nos dias de provas, ou se mudando para Recife e Salvador.  Decidi dar o grande salto e ir diretamente para o Rio" (Memória  Viva - 1989)

  E foi assim que  no dia  16 de fevereiro de 1946 viajou para o Rio de Janeiro.  Um jovem com 17 anos anos, uma pequena bagagem de mão e uma grande esperança. Na alma estava tatuada a lei do sucesso: vencer! No Rio, " O Correio da Noite" foi o primeiro a dar oportunidade ao jovem repórter. Passou  depois a redigir para Tribuna da Imprensa".

Aos 24 anos vamos encontrar Murilo Melo Filho trabalhando  na Revista Manchete, periódico semanal, que circulou de 1952 a 2007. Era o mês de maio de 1953, o jovem repórter estreava na Manchete com a sua primeira matéria assinada, publicada na edição 54, de 2 de maio daquele ano. Até então, o jovem Murilo Melo Filho não sabia, mas, naquela casa, ele chegaria a ser  Diretor do Grupo Bloch ( Revista Manchete e Rede Manchete de Televisão).

É sobre o tempo de Murilo Melo Filho na Revista Manchete que eu quero  mostrar aos leitores a sua participação. Farei em etapas, dada a quantidade de matérias que ele publicou naquele periódico.  Vamos às cinquenta primeiras: 

1.       Nem só de Deputados vive a Câmara -  edição 54 – 2 de maio 1953

2.       A Igreja – edição  58 -  30 de maio 1953

3.       O Senado, a casa onde Ruy perdeu a bota – edição  58 – 30 de maio 1953 

4.       Traição ou não traição? – edição  59 – 6 de junho 1953 

5.       Vatapá baiano com pimenta política, sobe a Estrela Dutra – edição 63 -  4 julho 1953

6.       Caminha o PSD para a independência. Nem com Vargas, nem contra Vargas – edição 71 – 29 agosto 1953

7.       O jogo financia o poder – edição 75 – 26 setembro 1953

8.       A reação começou no pampas: o PSD gaúcho – edição 76 – 3 outubro 1953

9.       Chico Macedo, o deputado “boca-pio” – edição 79 – 24 outubro 1953

10.   10 de novembro de 1937. Será possível repeti-lo agora? – edição 82 – 14 novembro 1953

11.   Por trás da cortina de oxigênio, Café, coração de boi – edição 188 – 24 de novembro 1955

12.   O Tamandaré tem corpo fechado – edição 190 -  10 dezembro 1955

13.   O ministério de Juscelino – edição 194 – 7 janeiro 1956

14.   Dutra feliz no seu ostracismo: Só tenho um pecado o 10 de novembro (de 37) – edição 213 – 19 maio 1956

15.   PETROBRÁS e prorrogação – dores de cabeça de 1957 – edição 258 – 30 março 1957

16.   Juarez não fará mais revolução – edição 263 – 4 maio 1957

17.   Um cego viu o Urânio – edição 265 – 18 maio 1957

18.   Da importância de ser coronel  - edição 270 – 22 junho 1957

19.   “Avant-Première” da sucessão presidencial – edição 272 -  6 julho 1957

20.   Nada mais salvará o Brasil do desastre – edição 276 -  3 agosto 1957

21.   O Governo diante de um novo dilema: Estatismo ou livre empresa -  edição 277 – 10 agosto 1957

22.   Gravata de quatro listras é o diploma  da “Sorbonne” – edição 279 – 24 agosto 1957

23.   A batalha pré-eleitoral – edição 282 – 14 setembro 1957

24.   Após 30 anos nas trevas um cego vê – edição 283 – 21 setembro 1957

25.   Na batalha da obstrução vence quem deserta – edição 284 – 28 setembro 1957

26.   A carta de Vargas é o “bê-a-bá” do PTB – edição  286 – 12 outubro 1957

27.   Plínio orgulhoso: somos galinhas com muita honra – edição  287 – 19 outubro 1957

28.   11 de novembro na intimidade – edição 290 – 9 novembro 1957

29.   Quebrou-se a perna civil do tripé – edição 291 – 16 novembro 1957

30.   Governo estável contempla 58 – edição  294 – 7 dezembro 1957

31.   A bandeira branca desce da montanha – edição 295 – 14 dezembro 1957

32.   Otimismo, progresso e esperança – edição 298 – 4 janeiro 1958

33.   Populismo: máximo de votos no  mínimo de legenda – edição 299 – 11 janeiro 1958

34.   Congresso fechado – edição 300 – 18 janeiro 1958

35.   Café não é estimulante para reatar com a Rússia – edição 301 -  25 janeiro 1958

36.   JK sopra duas velinhas – edição  302 -  1 fevereiro 1958

37.   Área de entendimento para os problemas do país – edição 308 – 15 de março 1958

38.   Militares vão às urnas e Lott para balança – edição 309 – 22 março 1958

39.   Numa sala gelada Alkmim controla o calor do país – edição 310 – 29 março 1958

40.   Entre o 24 de agosto e o 11 de novembro: Coronel prevê uma nova data – edição 311 -  5 abril 1958

41.   Nos subterrâneos da Burschenchaft – do pátio de uma escola, uma sombra governa o Brasil – edição 312 – 12 abril 1958

42.   Numa barca, entre Rio e Niterói, um almirante cochicha – edição 314 – 26 abril 1958

43.   Democracia, marido zeloso, impõe fidelidade – edição 315 – 3 maio 1958

44.   Num foguete chamado Café, sobe o “Dólar-Sputinik” – edição 316 – 10 maio 1958

45.   Passo para o Catete – edição 317 – 17 maio 1958

46.   Igreja vigiada vigia o Governo – edição 318 – 24 maio 1958

47.   Outubro exige degola de ministros – edição 321 – 14 junho 1958

48.   Ike e JK no eixo Washigton-Rio – edição 323 – 28 junho 1958

49.   A hora é a da luta pela paz – edição 325 – 12 julho 1958

50.   Os cisnes estão na expectativa – edição 326 – 19 julho 1958

(continua)

Francisco Martins

13 setembro 2021


Referências:

Necrológio - Saudação in memoriam na ANRL. Lívio Oliveira. Revista da  Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, nº 66, janeiro a março 2021, páginas 287 a 303.

Revista Manchete - Biblioteca Nacional

Memória Viva de Murilo Melo Filho. Entrevistadores: Carlos Lyra e Alvamar Furtado. Co-edição de Bloch Editores S.A e Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 1989.

2 comentários:

Francisca Lopes disse...

Parabéns, querido confrade, por esse maravilhoso registro que nos faz crescer em conhecimentos e enaltece o povo potiguar.

Unknown disse...

Parabéns pelo texto e pela homenagem!