sexta-feira, 13 de agosto de 2021

CRONOLOGIA DE UM POETA EM MÚLTIPLOS DE QUATRO

Quando tive 4 anos eu fiquei estupefato,
Como pode ser assim?
A vida é feita de fatos!
E toda minha imaginação,
Meus reinos,
Minhas perguntas,
Que fim levarão?


 
Quando eu tive 8 anos
Meu ninho era perfeito
Aconchego e beijos
Não me faltavam

Quando tive 12 anos
O mundo já tinha me dito:
As respostas chegam devagar,
As perguntas é que são sempre ligeiras,
Mas a vida nem sempre é infância.

 


Quando eu tive 16 anos
Já planejava ser capitão do navio
Da minha existência
E preparava cartas náuticas dos
Mares que não conhecia.
 

Quando eu tive 20 anos
Conhecia estradas diversas
Caminhos que me levavam
E traziam ao ponto de partida
E eu contemplava as margens
Sem soltar a bússola.





Quando eu tive 24 anos
Conhecia feras e esferas
Sabia discernir a chegada 
Das estações e sonhava 
Com a primavera.

Quando eu tinha 28 anos
Não ligava para o calendário da existência
A eternidade corria em minhas veias
E meu futuro não era escuro

 
Quando eu tinha  32 anos
A vida estava deveras pesada
Meus pés eram chumbos
Minhas asas atrofiadas
Um coração fechado
 
Quando eu tinha 36 anos
Mutações começaram  a acontecer
Folhas de sulfite se agarram a mim
Palavras brotavam com mais sapiência.
Germinava um escritor.

 
Quando eu tinha 40 anos
Era ousado como as águas de um rio
Valente como o vento que adentra na floresta
Mas tinha um segredo adormecido.
E os livros guardados como vinhos
Foram servidos aos amigos.


Quando eu tinha 44 anos
O sertão nordestino apossou-se
Da minha alma. Mandacaru e  Teiú
Moldaram um poeta personagem.
Um cordelista nascia entre cactos
E versos carentes da métrica e rima.

Quando eu tinha 48 anos
Trazia comigo uma apostila
De erros e acertos
Uma certeza que tudo
Deve ser e ter a medida certa.

 







Quando eu tinha 52 anos
Estava cada dia mais liberto
Felicidade ou não são momentâneas
O que importa é enfrentar os dragões 
E não desistir dos sonhos que devem ser
constantes.



Quando eu fiz 56 anos
(E isso não faz muito tempo)
Elaborei planos de escalar montanhas
Respirar ares mais puros
Descobrir ninhos de gaviões
Ousar viver!

Quando eu fizer 60 anos
Daqui a três anos
Ganharei medalha de ouro
Nas Olimpíadas de Paris.

Francisco Martins
12 e 13 de agosto de 2021

7 comentários:

Unknown disse...

Netinho,como minha avó chamava. Gostaria tanto de estar lendo isso para ela agora. Sucesso sempre ♥️

Unknown disse...

Linda reflexão 🤗

Francisca Lopes disse...

Seu poema me encantou, meu caro confrade, "Mané Beradeiro". Sabe porquê? Porquê você não viaja sozinho para o passado nem para o futuro. Leva com você, crianças, jovens e adultos. Não importa se cavalga 🐎 em terra firme, se navega 🛥️ no oceano da esperança ou se cruza o espaço num 🛩️ou🚀 para desvendar os mistérios da sua vida rumo a colheita do que plantou e continua plantando na sua imaginação. Parabéns! 👏👏👏👏👏
Tenho profunda admiração por você.

Unknown disse...

Meu querido sobrinho: _ Você nos leva ao passado onde concluiremos que : aprendemos muito com nosso querido Chico Martins que certa vez me disse: - minha filha gostaria muito de escrever a História da nossa Família.Deus quiz que fosse você o substituto do desejo acima citado.Seu pai e sua mãe também deixaram acredito e confirmo deixar muitos ensinamentos e segurança na formação da sua personalidade. Parabéns.💯👏👏💯

Geraldo Luiz da Silva disse...

Meu amigo Neto, como o conheço desde quando o conheci no Seminário de São Pedro, fico feliz em te ver crescendo como escritor, poeta, artista e, melhor ainda, como um intérprete da nossa cultura. Admiro todo o seu trabalho e o seu talento e também a sua obstinação para atingir seus objetivos. Parabéns por tantas realizações e que não te falte ânimo para continuar tua missão. Um abraço deste velho amigo Geraldo Luiz.

Margareth Pereira disse...

Sua viagem no tempo foi muito bem guiada e nós inspira a fazermos também

Unknown disse...

Belíssimas linhas, Martins.