Há
exatos 143 anos, nascia José Pacheco Dantas, filho do Coronel e Chefe
Político Felismino do Rego Dantas Noronha e Maria Amélia Pacheco Dantas, no município de Ceará-Mirim-RN. Ele foi o
primogênito de uma numerosa família com 14 irmãos. Viveu sua infância entre a
cidade e a Casa Grande do Engenho União. Fez os estudos preliminares na sua
cidade e em seguida foi estudar no Atheneu, em Natal.
Desde
cedo, Pacheco Dantas demonstrou inclinação para o jornalismo, com 16 anos funda
em Ceará-Mirim o “Eco Juvenil”, em formato pequeno, com agentes na Capital e interior
do Estado, além de manter intercâmbio com
Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Minas Gerais.
É o Professor Hélio Dantas quem nos diz:
“Aos 18 anos, o “Almanaque do Rio Grande do Norte”, edição de 1897,
publicação de Renaud & Cia., Natal, insere em suas páginas, substancioso
trabalho seu, sob a epígrafe - Ceará-Mirim - que constitui um dos melhores
estudos sobre esse município, abrangendo aspectos geo-econômicos, educacional,
político, administrativo, sua potencialidade, aproveitamento de suas riquezas,
produção,etc. É um trabalho de fundamental importância para o estudo e
conhecimento do Ceará-Mirim do último cartel do século XIX ao 1º cartel do
século XX.”
Aos 19 anos, em 1897, Pacheco Dantas está na cidade do Rio de Janeiro. Lá consegue emprego em jornais, passando por vários periódicos e chega a ser dono do seu próprio jornal “Gazeta do Norte”, em 1913, que mantém por 18 anos. Vencendo inúmeras dificuldades, o jovem Pacheco Dantas vai ter seu primeiro emprego na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, no ano de 1900, onde trabalha como auxiliar por um curto período. Nesse ínterim começa a estudar Medicina, formando-se em 1905. Defendeu a tese de doutorado com o tema “Sífilis e Casamento”, apresentando-a na banca em 27 de novembro daquele ano. Posteriormente também teve graduação em Odontologia e Farmácia. Interessante é que embora ele tivesse essas formações, não chegou a instalar consultório para exercer tais profissões de forma liberal. Sempre trabalhou como funcionário público.
Uma vez dentro da colmeia do funcionalismo público, Pacheco Dantas, embora tivesse atividades paralelas no campo do jornalismo, nunca deixou de assegurar sua instabilidade econômica, mantendo suas funções como servidor amanuense, chegando a ocupar o cargo de Secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro (1932).
Pacheco Dantas em 1932
Sempre
que podia vinha visitar seus parentes em Ceará-Mirim. Chegou até ser
proprietário de fazendas aqui no Rio Grande do Norte, administrando a
distância. As fazendas foram Valparaíso, Itapuan e Livramento, nos municípios
de Ceará-Mirim e Angicos, com criação de gados e plantações diversas.
Tentou
ser Deputado Estadual no Rio de Janeiro, filiando-se no Partido Nacional
Evolucionista-PNE, em 1934. Não obtendo
êxito.
Casou
com Isabel da Cunha Dantas, da tradicional
família Pereira, com quem gerou dois filhos: Yolando e Yvonne.
Participou ativamente, em 1903, da campanha pró-famintos do nordeste, fundando e presidindo, no Rio de Janeiro, o “Comitê Central”, recolhendo donativos para os flagelados do Nordeste. Funda, ainda, a “Liga Nacional Contra as Secas do Norte”, com a finalidade de combatê-las e amenizar seus efeitos.
Representou
o Rio Grande do Norte, no 4º Congresso Operário Brasileiro, realizado no Rio,
em 1912, e representou o Estado, no Congresso de Aplicações Industriais do
Álcool", patrocinado pelo Ministério da Agricultura, em 1903, na capital
federal.
Pugnou
também pelo aproveitamento das fontes minerais de Pureza e de Olho - d’água do
Milho, tendo inclusive mandado proceder a exame quantitativo das águas dessas
fontes. Batalhou, também, pelo aproveitamento do sargaço e sua
industrialização, inclusive argumentando que no Japão havia 500 usinas e
nenhuma no Brasil; ainda lutou pela construção das estradas de ferro Sampaio
Correia e de Mossoró. Foi por sua intercessão que o Loide Brasileiro fez entrar
seu primeiro navio no porto de Natal, em 1902, de nome “Planeta”.
Pertenceu,
entre outras, às seguintes instituições: Sociedade de Medicina e Cirurgia;
Sociedade Brasileira de Homens de Letras, Sindicato dos Médicos, todos no Rio
de Janeiro. Foi sócio do Instituto Histórico do Rio Grande do Norte e do
Instituto Histórico de Sergipe. Quando acadêmico, pertenceu à Fundação de
Estudantes Brasileiros, foi Presidente do Diretório Acadêmico de Medicina,
ambas no Rio. Foi fundador da Associação de Imprensa do Rio e da Associação
Brasileira de Imprensa. Reorganizou e foi presidente do venerando Grêmio Norte
Riograndense e foi fundador da Federação dos Centros do Norte do Brasil.
Quando
visitou Ceará-Mirim pela última vez, levou uma porção de terra e com a qual
mandou fazer uma almofada, manifestando seu desejo de repousar sobre ela sua
cabeça quando partisse deste mundo. Pacheco
Dantas viveu até o dia 24 de julho de 1961, aos 83 anos.
Francisco
Martins – 28 de agosto 2021
Fontes
pesquisadas
Jornal do
Brasil, Rio de Janeiro, 30 de março 1901;
3 de maio de 1902; 19 de agosto 1905.
Jornal
“Gazeta de Notícias”, Rio de janeiro, 5 de fevereiro de 1911; 28 de julho 1911.
Jornal “A
Notícia”, Rio de Janeiro, 18 de abril de
1900; 28 de novembro 1905; 18 de junho 1914.
Revista
Fon Fon: Semanário Alegre, Político, Crítico e Espusiante, Ano X. n° 3, 15 de
janeiro 1916.
Revista
da semana, Rio de Janeiro, ano XVIII, nº 26, agosto 1916.
Revista
Vida Doméstica, Rio de Janeiro, edição
172, mês de julho de 1932.
Diário de
Notícias – RJ, 4 de maio de 1932.
Diário da
Noite, RJ, 19 de julho 1932.
Diário
Carioca-RJ, 4 de maio de 1932.
O Paiz
(RJ), 5 de dezembro de 1905; 5 de
novembro 1912; 30 de agosto 1913; 18 de outubro 1914; 30 de maio de 1915; 18 de
julho 1916; 10 outubro 1934.
A Ordem
(RN), 27 dezembro 1938.
Jornal do
Commércio (RJ) 5 de novembro 1955;
O Poti - José
Pacheco Dantas, o Patriarca de Ceará-Mirim -
Hélio Dantas - 27 de agosto 1978.
Um comentário:
Parabéns pela pesquisa e excelente artigo.
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