segunda-feira, 31 de março de 2025

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: "QUARTEIRÃO DA FOME" DE RAIMUNDO NONATO

 


 "Quarteirão da Fome", livro da autoria de Raimundo Nonato, lançado pela Editora Pongetti - Rio de Janeiro, na categoria de romance. O livro não tem colofão, mas segundo Manoel Onofre Jr, saiu do prelo em 1949, sendo este o livro de estreia do escritor Raimundo Nonato.

A história tem como palco principal a fictícia cidade de “Bela Vista”, no Oeste Potiguar. Confesso que tive a felicidade de começar a ler Raimundo Nonato por outras obras, nos gêneros de memórias, histórias e etnografias e,  posso assegurar, que prefiro a pena do  escritor nesses campos, que a serviço do romance.

Esperava bem mais do romance. O autor não teve a arte de costurar o enredo, para não dizer que nem este existe. São capítulos distanciados da comunhão entre as personagens. Josué Montello nos ensina que “um personagem, para quem o cria, não é uma figura de papel, é um ser humano”.

 Em “Quarteirão da Fome” há vários personagens: Fábio, Dubas, Padre Anastácio, Lulu, Sônia, Adrião, Joca Pires, Carlos Pontes, Miluca, etc. Todos carentes de narrativas e de elos no romance. Não há no livro um projeto de história a ser seguido.  Que pretende passar o autor? Qual história e de quem ele desejaria contar? Diria que Raimundo Nonato se perdeu na elaboração do livro.

Os capítulos do livro são pequenos, sem sintonia literária e às vezes o narrador dedica-se mais no estilo de um ensaio, do que propriamente o gênero de romance. Prosseguindo na leitura de outros títulos, deparo-me com textos que são muitos similares, como em "Memórias de um retirante" (1957) e um capítulo de inteiro teor, em "Histórias de Lobishomem"(1951).

Volto a afirmar: Raimundo Nonato é um grande memorialista e historiador. Sua contribuição neste campo literário é rica, principalmente sobre a região Oeste Potiguar, mas não teve o dom de ser romancista.

Por ocasião da celebração do centenário de nascimento do autor, a editora Sarau das Letras fez a segunda edição  de "Quarteirão da Fome", em 2007.

 

FRANCISCO MARTINS

2025 ANO DO CENTENÁRIO DA DIPLOMAÇÃO DE RAIMUNDO NONATO COMO PROFESSOR

 

sexta-feira, 28 de março de 2025

quinta-feira, 27 de março de 2025

90 ANOS DE UMA BRIGA DE SANTO EM PAPARI

 A leitura é algo formidável. Nos dá conhecimento, sabedoria e prazer.  Estou me aprofundando na obra do escritor Raimundo Nonato, e tentando ler tudo que ele escreveu. Nos últimos 15 dias já li: "Memórias  de um retirante"(2ª ed. 1987), "Estórias de Lobisomem" (1959), "Varal das Memórias" (1988) e "Figuras e Tradições do Nordeste" (1958).
Foi no último livro que encontro uma história que teve como palco a  cidade de Papari, atual Nísia Floresta. Isso se deu  90 anos passados. É um relato do Dr.Ney Marinho, enviado ao escritor Raimundo Nonato, que está no capítulo "Outras brigas de Santos". Confira.
 

    "Por volta do dia 6 de março de 1935, aproximadamente pelas 9 horas da manhã, depois de celebrar a missa em Papari, hoje Nísia Floresta, o então padre Paulo Herôncio retirou da Igreja local a imagem de Nosso Senhor dos Martírios, a fim de realizar a procissão em São José de Mipibu, nos atos da Semana Santa.
    Para fazer o transporte do referido Santo, ali estavam postados um automóvel de aluguel e um marceneiro, encarregado de desatarrachá-lo do altar.
    Ao ter conhecimento do propósito do pároco,a população em peso levantou-se caminhando para a frente da Igreja, numa demonstração de protesto.
Imagem ilustrativa
    Aos reclamos exaltados da multidão, teria o cura respondido:
    __ "Quero, mando e posso!... Se o Santo não for comigo, eu levo com ajuda da Polícia". E dito isto, foi saindo em direção à residência do Sr. José Araújo, antigo político de influência em Nísia Floresta.
    Nesta altura o povo foi tomado de exaltação, sendo que o primeiro grito partiu de Leonor Januário. Falaram até em rasgar a batina do Padre...
    Mas, como só acontece em ocasiões tais, sempre surge a voz do bom senso.
    E foi aí que o senhor João Argilio e D. Iaiá Paiva procuraram conciliar os ânimos, enquanto o vigário saía de automóvel para São José.
    Dias depois a mesma senhora endereçou ao sacerdote uma carta circunstanciada, procurando justificar a atitude dos seus conterrâneos perante o reverendo, pela grande veneração que eles tinham ao seu santo e pedindo para o mesmo voltar a Nísia Floresta, pois todos desejavam a paz.
    Ao que tudo indica, ele não mais voltou. E como acentua Ney Marinho, a exemplo dessa quadra que ele pegou da tradição oral,

                __ Cafundó de Papari
               não tem olho nem pestana,
               foi o rato que roeu
               pensando que era banana.

    ficou uma espécie de rivalidade provinciana e fraternal , que o tempo não conseguiu apagar, nem a gente dos dois lugares quis esquecer."
 
 
Fonte: Figuras e Tradições do Nordesre - Raimundo Nonato - Coleção Mossoroense. Ed. Pongetti. Rio de Janeiro, 1958. Outras Brigas de Santos. Páginas  118 a 122.

terça-feira, 25 de março de 2025

BREJINHO TEM ACADEMIA DE LETRAS

    

 A cidade de Brejinho, no interior do Rio Grande do Norte, completou 62 anos de emancipação política no dia 21 de março do corrente ano.

    Na véspera, 20 de março a população ganhou um belo presente que vai fazer toda diferença na vida cultural da cidade. Foi instalada a Academia de Letras de Brejinho - ALB.

    Sabemos que a instituição não tem poderes como o Executivo, Legislativo e o Judiciário, mas pode e muito, influenciar a vida das crianças, dos jovens e despertar os adultos à importância da leitura e a cultura em seus vários seguimentos.

    Lembro um pensamento do escritor Josué Montello: "A Academia é um acontecimento na vida literária, não na literatura. A literatura só depende do escritor."

    A árvore foi plantada e emergiu do solo de Brejinho, trazendo a força do tubérculo que dá à cidade a fama dos seus produtos. Cabe aos imortais, os oito empossados, fazerem da ALB um instrumento de cidadania e libertação.

    Pesquisem, escrevam, publiquem, deem à população de Brejinho, do estado e do Brasil, o melhor que vocês podem fazer. Busquem parceiros, a arte literária diz bem mais quando se incorpora e dá as mãos.

    Parabenizo a primeira Diretoria da ALB, na pessoa de Maria Iranete dos Prazeres Viegas e a todos os demais escritores e escritoras desta Arcádia. Vida longa a ALB!



Francisco Martins

segunda-feira, 24 de março de 2025

domingo, 23 de março de 2025

CORAÇÃO DE MECENAS


 Existem aqueles que desejam, mas nada fazem para ver a realização . Há os que sonham e isso lhes bastam. E tem aqueles que fazem a coisa acontecer. Esses são os  que trazem a luz.

Conheço um homem que é assim.  Um dínamo,  um potencial no exercício de sonhar e fazer. Às vezes  eu indago se a composição material de tais homens é feita de outros elementos. Teriam eles um DNA não contaminado pelo erro de Adão? Não sei!

O  conjunto desses homens é raro. No Rio Grande do Norte tem um, para alegria nossa, um apenas, que com suas atitudes eleva pessoas e instituições. É preciso dizer que o seu modus operandi  é totalmente diferente. Traz nos olhos a claridade que alumia a verdade, tem na voz a serenidade  da canção que acalenta a alma e em suas mãos,  sinais de que é doutor em separar joio do trigo.

Vi, recentemente, em ação. Vive aquela máxima de Saramago: "não tenhamos pressa, mas não percamos tempo". A filantropia é o que nutre seu viver e suas ações não se propagam em publicidades que massageiam o ego, pelo contrário, age em silêncio como as fontes que dão origem aos grandes rios. Esse homem é Antonio Gentil.

quinta-feira, 20 de março de 2025

"ABRIL VERDE" - O NOVO CORDEL DE MANÉ BERADEIRO JÁ DISPONÍVEL PARA VENDA

 




Encontra-se disponível à venda, o mais recente trabalho do poeta cordelista Mané Beradeiro. Trata-se do  67º folheto, de sua autoria, que tem como título: "ABRIL VERDE - UM CONVITE À REFLEXÃO". 
O poema é escrito  estrofes com sete versos (septilhas) e tem como objetivo levar ao leitor a importância da relevante campanha "Abril Verde", que anualmente é feita no Brasil, visando esclarecer a população e principalmente os trabalhadores, sobre a conscientização da sua saúde mental e física.

"Por isso que "Abril Verde"
Foi feito para dizer:
"atenção trabalhador!
Você precisa saber,
Que seja na latitude
Ou mesmo na longitude
Fique léguas do sofrer"

Poucos sabem que os acidentes e mortes causados na área trabalhista são gigantescos e causam prejuízos à nação.

"O quadro da estatística
É demais assustador
Parece coisa de guerra
Um verdadeiro terror
700 mil por ano
Gigantesco oceano
Com ondas que dão pavor"

Quem desejar adquirir o folheto é só entrar em contato com o poeta:
Mané Beradeiro
WhatsApp: 84 9.8719-4534
Preço R$ 5,00 cada

NOVA DIRETORIA DA ACLA TOMA POSSE AMANHÃ

 


NOITE LITERÁRIA

 


segunda-feira, 17 de março de 2025

NOTA PÚBLICA DO IHGRN



O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN, vem de expressar sua discordância e consternação com o projeto de lei que visa substituir o nome da Ponte Newton Navarro, pelo da responsável por sua construção, Wilma Bezerra de Faria, de autoria do deputado estadual Coronel Azevedo.
Newton Navarro é um dos maiores artistas do Estado do Rio Grande do Norte, pintor, poeta e escritor, que projetou nacionalmente a cultura e o povo comum potiguar. O desejo de homenageá-lo demonstra a sensibilidade artística e cultural, bem como o respeito pelo grande artista, por parte da falecida governadora Wilma de Faria.
Tendo em vista o quanto os artistas são desvalorizados e até vilipendiados, manter essa homenagem é a maior forma de respeitar o nome da governadora em vez de anulá-la.
Atitudes como essa do deputado, são um desrespeito à história e à memória da cidade e do Estado. Tantos monumentos já foram destruídos (um exemplo disso é a Harpa que homenageava o Quarto centenário de Natal, nas imediações do Praia Shopping, retirada para manutenção e jamais recolocada) e nomes de logradouros alterados sem consulta prévia à população e/ou aos órgãos que zelam pela Cultura e História do Estado que o Rio Grande do Norte, fazendo o Estado ficar conhecido como “a terra do já teve”.
O IHGRN, pelo respeito à história e a memória do povo do Rio Grande do Norte, apela ao deputado Coronel Azevedo que repense o seu projeto e não desfaça uma escolha – justa – da governadora Wilma de Faria, que merece o respeito de todos, guardando o nome da ex-governadora para obras ainda por inaugurar, associando-o a um ineditismo mais digno dela.

Natal, 17 de março de 2025

Joventina Simões Oliveira
Presidente do IHGRN

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: O CORDEL DE ADÉLIA

 

    Acabei de ler "A Vida e Obra de Câmara Cascudo em Carroça Caída: uma Contação de História na feira", da poeta Adélia Costa.
    Parabenizo a autora, principalmente porque o texto que ora publicou foi escrito na sua adolescência. Cordel, folheteiro, folclore, Câmara Cascudo são ingredientes que recheiam o texto poético.
    Um cordel que merece ser lido e divulgado.

Mané Beradeiro - 17/3/25

NOTA PÚBLICA DO CEC