quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
FRANCISCO MARTINS VAI RECEBER O PRÊMIO BAOBÁ
A nona edição do Prêmio Baobá vai acontecer no mês de julho de 2025, na cidade de Belém-PA. Ele agracia personalidades da cultura. " É um troféu concedido a contadores de histórias, escritores, editoras, instituições de ensino e organizações que fomentam e fortalecem a arte narrativa, a literatura e a leitura no Brasil". Nomes como: Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Ana Maria Machado e outros mais já foram agraciados com o prêmio, que a imprensa de São Paulo batizou como "O Oscar dos Contadores de Histórias".
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Francisco Martins |
"Em outubro desse ano estarei completando 17 anos de presença cultural, nas escolas e outras instituições civis e religiosas, levando alegria e ensinando que os bons livros e as histórias narradas nos proporcionam alimento à alma, pois ambos edificam e nos conduzem a construir uma espécie de disciplina curativa e civilizadora - como bem disse Marcel Proust. Estou muito feliz em poder receber esse prêmio. Ele é fruto de muita atividade, Deus seja louvado por isso - "pois Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre! Amém (Romanos 11:36)" Assim se expressou Francisco Martins.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
A NOITE LIBERAL DE INDALÉTO
Não havia coração que se não sentisse afogado na reprêsa dos animos incontidos. Pairava um debrum de constrangimento nas proprias hostes do reacionarismo.
Entre aqueles que combatem as revoluções da intimidade do pôvo, repete-se sempre este capitulo de fatalismo politico: os mais exaltados não podem calar a voz da maioria, que se torna tão poderosa, a ponto de arrastal-os em massa, dando-lhes a iluzão de que tambem avançam como legitimos revolucionarios.
Façamos uma interrogação: a gente de Natal tinha mesmo idéas e sentimentos liberais?
Não ha duvida. Natal era uma "rotonde" de girondinos queimados que acampavam nos cafés, nas reuniões operarias, em sindicatos de estivas, no ámago dos municipios vizinhos, no proprio palacio do govêrno!
Não foi tendenciósa a nota de um diario parahibano que dois graduados da policia estadual enviavam munições, ás ocultas, para João Pessôa...
Que sentido teria movido a nossa população a ouvir a palavra de Mauricio quando por aqui andou numa caravana democratica?
Não eram conspiradôres revolucionarios aqueles soldados afoitos que afrontaram o luar da Areia Prêta, afim de confabularem certa noite com o velhinho Assis Brasil?
Não cabe no encaixe desta cronica esquissar a luta tenaz do padre João da Matha em prol da Revolução. Indice incontestado do clero, nenhum homem dos seus arraiaes era mais impetuoso nos grandes dias da propaganda. Abrazado naquela candencia republicana que agitou as batinas da Independencia, ele foi aqui no Estado o nosso padre João Manuel da Segunda Republica. Embastilhado num reduto de dogmas, do mirante de suas tendencias extremistas de politico seguia-se o inquieto fuzilador das "entourrages" palacianas, o vanguardeiro sincero que avançava dia a dia, ligando aqui e acolá os fogáxos da queimada. Padre Matha, prefigurado a um angulo de rua, debruçado á meza do jornal, esbanjando para todos aquela sua alegria estonteante, era de fáto um corretôr de convicções.
Ele abraçou, propagou, construio para a revolução, chegou mesmo a mostrar que as batinas não se haviam ofuscado em defesa da terra comum...
Dessa linhagem, dessa escóla em vigôr, eram portanto as centurias de gente que foram receber, aclamar, a Caravana Liberal, á noite historica de 7 de Fevereiro.
Estava escrito que o Pavilhão Nacional seria o leit-motiv de uma chacina, resultante da propria instabilidade ambiente, em que fôrças e paixões imperativamente advérsas lavraram, flutuantes...
Evitemos que a posteridade não nos acompanhe de futuro no ajuizar leviano desta pagina, deste monumento de sangue: façamos um recuo áquela época e não consintamos em ampliar uma lezão historica.
A cidade em pêzo, tinindo de vibração, louca de curiosidade, queria escutar a voz do pampa, instrumento violento de reivindicações, com que o Luzardo fustigava um paiz inteiro na hora crepuscular do regime.
Diziam que ia falar um lider liberal se bem que fôssem aclamar um tropeiro da Revolução!
De repente, um grito, um tiro, um clamôr, uma vaia de anagãs, rompiam de chôfre a fuzilaria que surprehendeu a todos, de cócoras, esperando pelas falas.
Foi um pavôr! As noticias mais incriveis frinchavam pelas casas e em todos os recantos e desvãos da cidade as espôsas de Deus faziam promessas, desesperavam-se, rezavam baixinho.
Estávamos virgens de um clarão de epopéa assim. E naquela noite mesma os natalenses ficaram noivos da revolução.
Dentre os mortos, um houve que a imaginação popular, cavalgata de devaneios, transfigurou logo em mártir.
Foi o menór Indaléto de Freitas, pobremente vestido, com um balaço no ventre, a se estorcer de mórte em plena Avenida.
Fragmento da multidão, ele revelou nos seus ultimos lampêjos uma certa impressão de que entrou tambem pra aquilo com o seu fanatismozinho. Não foi um simples curiôso, um ninguem na luta, não. Uma isca de fôgo sagrado polarizava-lhe o instinto de garôto, assanhava-lhe a sensibilidade reúna, em conquista do ideal que lhe reservou a corôa de mártir ainda infante.
Filho do pôvo, glorioso poilu de uma caza de taipa, o seu nome é um beijo de sól que ainda hôje alumia a paizágem longinqua daquela noite liberal.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
PARA SABER MAIS SOBRE SEBASTIÃO FERNANDES, O POETA
Sebastião Fernandes além de ter sido Professor, Promotor Público, Procurador-Geral do Estado, Juiz, Diretor de Estado, Secretário Geral do Estado, Desembargador do Supremo Tribunal de Justiça, foi também poeta, tendo lançado o livro “Alma Deserta”, aos 26 anos.
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito de Recife, turma de 1902, Sebastião Fernandes estava de malas prontas para fazer carreira jurídica em São Paulo, onde contava com o apoio dos primos Gaspar e Tobias Monteiro, quando resolve atender o convite de Pedro Velho, Governador, e vai morar em Mossoró, exercendo a função de Promotor Público de Mossoró, assumindo o cargo em 1903, aos 23 anos de idade.
Em Mossoró permaneceu até o ano de 1907 onde colaborou bastante com a cultura local, conforme testemunham Câmara Cascudo e Raimundo Nonato, respectivamente em “Notas e Documentos para a História de Mossoró” e “Desembargador Sebastião Fernandes de Oliveira – o último fidalgo do Rio Grande do Norte”. Escrevi ese artigo como objetivo de apresentar ao leitor, um pouco da produção poética de Sebastião Fernandes, homem que viveu 61 anos.
Paulo Afonso Linhares, autor da plaqueta “Sebastião Fernandes: uma pluralidade inquieta” afirma que o poeta “faleceu placidamente no dia 29 de maio de 1941, em Natal. No seu último instante pediu a companhia da sua amada companheira de quase quatro décadas, D. Alice, a quem brindou com um derradeiro sorriso. Na morte, como na vida, Sebastião Fernandes manteve acesa a chama da paixão. Da paixão daqueles que, humanos, em nada estranham as coisas da humanidade, seguindo o pensamento vivo de Terencius, o grande poeta latino”.
Outra curiosidade sobre o dia da morte de Sebastião Fernandes, é contada pelo pesquisador e historiador Cláudio Augusto Pinto Galvão. Ei-la: “Algumas vezes disse que, se fosse homem de posses, contrataria uma grande orquestra para que, no momento de sua morte, tocasse a Ave-Maria de Gounod.
Na tarde daquele 29 de Maio a saúde de Sebastião Fernandes aos poucos se esvaía e às 18 horas precisamente, sua vida chegava ao final. Naquele momento, quando o sol se punha do outro lado do Potengi, tingindo de luzes o céu de crepúsculo, o rádio de seu vizinho à Rua São Tomé, sem saber o que se passava na casa ao lado, realizava a sua vontade, tocando a Ave-Maria de Gounod” (Galvão, 1994; p. 18).
Há quem diga, que no campo literário, Sebastião Fernandes teve maior projeção na arte poética, que no drama. A produção poética de Sebastião Fernandes começou aos 15 anos e o exercício o acompanhou ao longo da vida.
“As letras foram sempre o meu maior prazer”, escreve Sebastião Fernandes, aos seus filhos. Poeta Romântico e Parnasiano que não se contentava apenas com a inspiração, mas também com a palavra, argamassa do poema, que por sua vez não podia fugir à forma. De que tratou a pena poética de Sebastião Fernandes?
Ele escreveu sobre variados temas, abordando o civismo, o amor, cidades, morte, sofrimento, mulher, estações, amigos, etc. Há uma escalada de maturidade poética em seus poemas, como é de praxe a todos que começam cedo a escrever. “Fiz versos simples diletantes, como quase todo moço, no Brasil, o faz” (Galvão, 1994, p. 26), mas não ficou na planície da simplicidade. Gosto quando Sebastião Fernandes em seus poemas, faz o eu-lírico filosofar.
“Às vezes fico só, dentro da noite imensa:
Que silêncio imortal! – Homens que somos nós?!”
E neste mesmo poema, sem título, ele perguntava à solidão, como se a mesma não fosse um substantivo abstrato.
“Dá-me, se podes tu, essa resposta aziaga:
– Para aonde vai a luz, quando a chama se extingue?
– A alma para aonde é que vai, quando a vida se apaga” (Galvão, 1994, p.96)
Em um outro poema “Varredor de Rua”, o poeta observa, em plena noite de lua, o trabalho do varredor, silencioso, solitário e faz o eu-lírico externar:
“Ah, se eu pudesse, com essa mesma calma,
Varrer, oh! Varredor, o lixo e a lama
Dentre os castelos que erigi nesta alma”
Mesmo tendo a predominância do lírico em sua poesia, o poeta, em alguns casos, deixou transparecer o seu lado religioso, como em “Ato de Contrição”, escrito em 1936.
“Senhor, quanto me dói o mal que, porventura
possa eu fazer a alguém, possa eu fazer sofrer!
Não somos nós irmãos de toda criatura?
Uns aos outros, perdoar não é nosso dever?
…
Conceda-me, Senhor, em toda a minha vida,
o dom de perdoar toda ofensa sofrida
E essa graça eternal de ser justo e ser bom”.
Neste mesmo diapasão, o poeta escreveu a trova:
“Quando a morte (oh! desconsolo! Dos meus),
ceifar-me também,
Levo comigo um consolo:
Nunca fiz mal a ninguém”.
Embora saibamos que Sebastião Fernandes publicou em 1906, o seu livro “Alma Deserta” e também tenha publicado seus poemas em jornais da sua época, o que realmente podemos dispor sobre sua produção, e que está ao alcance da mão do leitor, é a pesquisa que foi feita, organizada e publicada por Cláudio Galvão, com o título: “Poesia Inédita:
O livro se tornou realidade em 1994, e foi lançado pela Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte, evolução da Escola de Aprendizes Artífices, na qual Sebastião Fernandes foi Diretor.
São mais de 70 poesias colhidas pelo pesquisador. Um trabalho louvável, pois sem ele, quase nada teríamos em conjunto. O livro “Alma Deserta” é raríssimo. Procurei a versão física do livro e não a encontrei. Perguntei à bibliotecária do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, do qual Sebastião Fernandes foi fundador, se existia algum exemplar no acervo. Não tem! Mas, conseguiu a versão digital e mandou para mim. E graças a boa vontade de Kate Coutinho de Jesus, pude finalmente ler “Alma Deserta”.
O prefácio foi escrito por Mathias Maciel Filho, em 11 de março de 1906. Apresenta o livro, não como crítico, mas como amigo do autor e não poupa elogios à obra. Os poemas foram escritos entre os anos de 1898 a 1906, ora em Natal, Recife e Mossoró.
O então jovem poeta, colocava sua pena a serviço da saudade, dos amigos, dos amores partidos, da fé e tantos outros temas. Nesse livro, Sebastião Fernandes escreveu três poemas que tratam sobre sua genitora. São eles: “Santa”, “A minha mãe”, “Carta à minha mãe”.
Deixo ao leitor a tarefa de ler “Alma Deserta”, vide link abaixo, e, assim como fez Mathias Maciel e tantos outros leitores daquele distante ano de 1906 e seguintes, possa você também degustar da cultura poética de Sebastião Fernandes.
Depois que li “Alma Deserta”, pus a mão no arado e comecei a capinar no vasto campo da internet e também consegui encontrar outros poemas, não citados por Claudio Galvão. São eles:
1) “Independência ou Morte” - 1897, Jornal “O Irís”
2) “Ave, Libertas” - LINHARES, 1988
3) “Artística”, Recife-PE, 1900 - publicada na Revista “A Tribuna do Congresso Literário” - Natal-RN, edição 31-8-1900
4) “Dia de Núpcias” - Idem, edição 31-1-1901
5) “Vem…” - Natal-1901 - Revista “A Tribuna do Congresso Literário”, ano 1901, edição não identificada
6) “Sonho Azul” - Idem, ano 1901, S. edição não identificada.
Importa dizer que a Revista “A Tribuna do Congresso Literário”, circulou no Rio Grande do Norte, quinzenalmente, tendo como colaboradores : Antonio Marinho, Ezequiel Wanderley, Francisco Palma, Henrique Castriciano, Manoel Dantas, Ovídio Fernandes, Pedro Soares, etc.
A Revista circulou pelo Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Ceará, Pará, Amazonas e pelas principais cidades do Rio Grande do Norte.
Assim foi o poeta Sebastião Fernandes, homem de pluralidade e amante da arte poética. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, da Academia Norte-rio-grandense de Letras e patrono de uma cadeira na Academia Mossoroense de Letras e patrono da Biblioteca do Campus Central do IFRN, em Natal.
Francisco Martins.
30 de janeiro de 2025
Clique aqui e leia "Alma Deserta" Alma Deserta
FONTES:
LINHARES. Paulo Afonso. “Sebastião Fernandes: uma pluralidade inquieta”. Academia Mossoroense de Letras. Coleção Mossoroense - Série B - nº 553- 1988.
GALVÃO. Claudio. “Poesia Inédita”. Natal -RN- 1994.
FERNANDES. Sebastião. “Alma Deserta”. Mossoró - RN - 1906.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
16 ANOS SEMEANDO HISTÓRIAS E IMAGENS
MENOS POSTAGENS, MAIS SABER
Esta medida se faz precisa, dada a razão de que estou com atividades laborais no Conselho Estadual de Cultura, de forma mais intensa.
Não deixarei de propagar minhas atividades culturais, farei sempre que achar necessária. Então, vamos à primeira postagem com este propósito.
Francisco Martins.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2025
DOZE COFRES
quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
VATENOR OLIVEIRA: UMA SAFRA DE SAUDADES
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
BENS TOMBADOS PELO GOVERNO DO ESTADO - PARTE FINAL
Prédio da Estação de Passageiros REFESA - FRUTUOSO GOMES - DOE - 11/05/2007
Igreja de N.S. do Ó - SERRA NEGRA DO NORTE - DOE - 11/05/2007
Travessa Pax - NATAL - DOE - 26/07/2007
Casa do Barão de Serra Branca - SÃO RAFAEL - DOE - 26/07/2007
Caixa D’água - NATAL - DOE - 09/08/2007
Casa da Av. Câmara Cascudo nº 398 - NATAL - DOE - 25/08/2007
Cine Nordeste - NATAL - DOE - 26/07/2008
Academia Norte riograndense de Letras - NATAL - DOE - 03/09/2008
Prédio na Av. Dr. Gregório de Paiva - Escola Estadual Waldemar de Souza Veras - ALEXANDRIA - DOE - 25/04/2009
ATUALIZADO EM 14 DE OUTUBRO DE 2013.
PARABÉNS RIMADO E METRIFICADO PARA DIVA CUNHA
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Hoje, 10 de dezembro é a data natalícia da poeta, conselheira e imortal Diva Cunha. A literatura brasileira recebeu dela uma contribuição preciosa, que através dos seus livros vieram a enriquecer o cabedal constituído por escritores e poetas. Tenho a honra de conviver com a poeta Diva Cunha no Conselho Estadual de Cultura, onde a vejo todas as terças-feiras, por ocasião da sessão ordinária daquele colegiado, onde sou secretário.
Diva Cunha é poeta de versos livres. Nada produziu na forma da métrica e rima, mas, o poeta Mané Beradeiro resolveu por bem escrever um pequeno poema no estilo de cordel sobre essa data, testemunhando que no universo da arte poética, o verso existe e canta, independente da estrutura que o veste. Ei-lo:
À poeta Diva Cunha
Que tem versos sem amarra
Presenteio na sextilha
Com alegria e com garra
Votos de felicidades
Sem alarde e algazarra
Que A Palavra Estampada
Tenha aroma de Resina
E que Dom Sebastião
Que esperar tanto ensina
Venha em nossa Via-Lactea
Protegendo essa menina.
Com meu Coração de Lata
Esses versos lhe entrego
Poema metrificado
Que sentimento agrego
Que seja Canto de Página
Assim digo e espero.
Mané Beradeiro
10 de dezembro 2024
Os títulos em negritos correspondem a livros publicados pela poeta Diva Cunha.
COMENTANDO MINHAS LEITURAS: "OS TAMBORES DE SÃO LUÍS", DE JOSUÉ MONTELLO
“OS TAMBORES DE SÃO LUÍS” continuam a rufar, 50 anos depois, conclamando leitores ávidos em conhecerem a saga de Damião.
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Capa da 1ª edição |
"Cada terra com seu uso, cada roca com o seu fuso
"
O escritor Josué Montello (1917-2006) escreveu mais de uma centena de romances, é o maior romancista do Maranhão, quer seja em produção literária e também em qualidade. Seus livros são dignos de aplausos.
Este ano, precisamente no dia 24 de dezembro, o romance “Os Tambores de São Luís” completa 50 anos que foi escrito. Josué Montello o escreveu primeiramente usando um caderno pautado, durante um ano, e depois, datilografando, que durou também outros doze meses. Durante essa etapa, o autor revia seu texto e sempre que achava necessário, refundia os capítulos. Desde sempre teve a preocupação com o bom texto.
Concluído em 1974, o texto ganhou corpo de livro somente no ano seguinte, quando em 19 de março de 1975, ele assinou o contrato de edição com a José Olympio Editora. Foram testemunhas Nelson de Melo e Carlos Drummond.
A literatura brasileira pode principiar a festa das bodas de ouro do livro “Os Tambores de São Luís”, 50 anos depois ele continua sendo um importante instrumento literário em prol da história que se constrói sobre a consciência negra.
Vamos celebrar a gestação desse clássico, cujo nascimento aconteceu em 3 de novembro de 1975, data em que Josué Montello teve em suas mãos, no escritório da José Olympio Editora, o primeiro exemplar do livro.
Para escrever esse romance, Josué Montello fez várias pesquisas, buscando “subsídios preciosos à hora da recomposição de ambientes de outrora”, principalmente em almanaques.
São 486 personagens no romance, que permanece inexcedível, quando o tema é escravidão, consciência negra. Foram mais de 20 anos de pesquisa. "Os Tambores de São Luís" tentam recompor três séculos de lutas da raça negra, que no corpo do texto , acontece numa caminhada do protagonista, Damião, que tem início às 22 horas do ano 1915 e vai terminar no dia seguinte, às 9 horas, entre dois pontos da cidade de São Luís do Maranhão.
Não quero escrever uma resenha do que acontece com Damião. Prefiro açaimar sobre isso e deixar que o leitor tenha a curiosidade de buscar o livro e sentir , ele próprio, como a escrita de Josué Montello é rútila.
As páginas desse romance nos prende. Há nelas todo um cenário histórico, que tem o poder de levar o leitor para dentro do enredo e ter a sensação de que também caminha ao lado de Damião, sem ser percebido, mas tão perto dele, que escuta suas narrativas. Dentro dessas narrativas existem fatos históricos da sociedade do Maranhão. Um desses é sobre Ana Amélia Ferreira Vale. No diálogo que tem o Dr. Olímpio Machado com Dom Manuel ( páginas 112 e 113) lemos:
"O nosso Gonçalves Dias, amigo íntimo do Dr. Teófilo Leal, apaixonou-se por uma cunhada deste, a Ana Amélia, e a pediu em casamento à Dona Lourença Vale, mãe da moça e que Vossa Reverendíssima também conhece. O Gonçalves Dias não é um homem qualquer – é o maior poeta do Brasil e amigo pessoal do Imperador. O Maranhão não tem glória mais alta. Pois nada disso teve o menor significado para a nossa Dona Lourença, diante deste fato, de que o Gonçalves Dias não tem culpa: – ser ele mestiço e filho bastardo. E respondeu ao poeta, numa carta seca, com um não redondo. Não dava a filha a um mestiço. Mas a verdade é que o Gonçalves Dias, se quisesse, podia vir a São Luís, e levar a Ana Amélia, que estava disposta a fugir com ele. E não foi isso que fez. Humilhado, guardou a mágoa. E ao chegar ao Rio, casou numa das mais importantes famílias da Corte. A Ana Amélia, coitada, não perdoou a família. E quando o Domingo Porto, que é também bastardo e mestiço, lhe arrastou a asa, não hesitou em casar com ele, amparada pela Justiça. Vossa Reverendíssima já sabe que o casamento dela, aqui em São Luís, foi um deus-nos-acuda. Parecia que o mundo estava vindo abaixo. As amigas de Dona Lourença passaram a andar de preto, solidárias com o luto fechado da família Vale. O pai da Ana Amélia, instigado por Dona Lourença, foi ao cartório do Raimundo Belo e deserdou a filha, sob a alegação de que a moça tinha casado com o neto da negra Eméria, antiga escrava do coronel Antônio Furtado de Mendonça.
O Dr. Olímpio Machado estava agora debruçado sobre a cadeira, com os antebraços apoiados na madeira do espaldar. E procurando os olhos de Dom Manuel, depois de uma pausa:
– Vossa Reverendíssima já sabia desse fato? Asseguro-lhe que é absolutamente verdadeiro. O Domingos Vale deserdou a filha, por escritura pública, apenas porque o genro, Vice-Presidente da Província e Comandante da Guarda Nacional, é neto de uma escrava! Coisas deste nosso Maranhão, Senhor Dom Manuel da Silveira! Coisas deste nosso Maranhão!
E endireitando o busto, após outra pausa:
– Vossa Reverendíssima pensa que a família Vale se deu por satisfeita? De modo algum. Fez mais. Decidiu levar o Domingos Porto à ruína, na sua casa de comércio. De um dia para o outro, o Porto se viu com todos os seus créditos cortados. Ninguém quis mais negociar com ele. O resultado foi a falência, e o pobre do Porto obrigado a sair do Maranhão às pressas, para não cair nas unhas de seus perseguidores! Um horror, Senhor Bispo! Um verdadeiro horror! Eu, como Presidente da Província, nada pude fazer para ampará-lo. Só encontrei negativas. Era a cidade inteira contra um homem. E tudo por quê? Porque o Domingos Porto, que é um homem de primeira ordem, culto, educado, finíssimo, tem a desgraça de ser neto de uma escrava! Que é que Vossa Reverendíssima me diz a isto, Senhor Dom Manuel? Em que século estamos? E que terra é esta?"
É um livro e tanto. Mas adiante, o leitor vai se deparar com outro fato histórico, onde a personagem central é Dona Ana Rosa Viana Ribeiro, que vai a julgamento por ser culpada pela morte de escravos menores.
É preciso lembrar a advertência do autor: " Embora o romance se coloque, não no plano do documento, mas no da criação, poder-se-á estabelecer a concordância das duas vertentes, desde que ambas se confundam na harmonia da realidade romanesca".
Um romance que vai com certeza entrar na lista dos melhores livros já lidos. Na minha já faz parte, e eu, que nunca pensei em visitar o Maranhão, graças a esse livro, começo a ter o desejo de ir a São Luís e sentir o ambiente da história contada.
Não pense o leitor que é o livro é uma obra regional, não! Ele excede os limites do Maranhão e a sua mensagem atinge todo o Brasil Um clássico da nossa literatura. A data escolhida para o lançamento foi 9.12.1975, na própria loja da editora, no Rio de Janeiro, de onde ele partiu para o mundo.
Francisco Martins
10 de dezembro de 2024
Fontes consultadas
Jornal do Brasil - edição de 31-12-1979 artigo “Receita para os anos 80” - Josué Montello
___________ edição de 8-9-1987 artigo “Centenário da Abolição” - Josué Montello.
Diário do Entardecer - 1967 - 1977. Editora Nova Aguilar, 1998- 1ª edição
segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
OBRA PÓSTUMA DO POETA VOLONTÉ SERÁ LANÇADA AMANHÃ
Em 1982 ele lançou o primeiro livro "Antecedentes Criminais". dele também são "Ganga Impura" e "Furor Sobejo". não tenho certeza, mas creio que além dos títulos já citados há outros três e se estiver certo, o poeta que se foi aos 71 anos, deixa como legado cultural sete livros ao todo, sendo "Lares Palustres", obra póstuma.
FONTES: Dias, Álvaro. "Volonté o poeta das ruas de Natal" - Tribuna do Norte - 16 de novembro de 2024.
Medeiros, Alex. "O Poema que anda" - Tribuna do Norte - 13 novembro 2024.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
CRÔNICA PARA HELENA
Helena e Luana
Ela nasceu ontem, 4 de dezembro de 2024, Chegou neste mundo marcado pelas guerras entre países, frutos de homens que não se entendem. É filha de Thiago e Luana, um casal que por mais de uma década esperou a chegada dessa criança. Deram-lhe o nome de HELENA.
A Grécia antiga deu ao mundo uma Helena, princesa, filha de Zeus com Leda. Tornou-se esposa de Menelau, mas foi raptada por Páris, dando início a uma guerra que durou dez anos.
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Helena, a grega. |
A Helena potiguar foi uma vitoriosa em busca do seu nascimento. Lutou, junto com a sua mãe, vencendo obstáculos, numa gestação que exigiu muitos cuidados. Ei-la entre nós! Há na foto toda uma mensagem rica de significados. Cores que falam da esperança, da paz, olhos fechados que nos dizem ter a certeza que ao lado da mãe está segura e toque das mãos maternas, segurando o mais valioso tesouro que um útero pode revelar.
Bem vinda Helena! Poetas hão de falar da sua beleza. Ouvirei histórias sobre você, e se não puder vê-la aos 15 ou 20 anos, saiba desde já, que sinto-me extremamente abençoado e grato por ser seu tio avô.
Francisco Martins
quarta-feira, 4 de dezembro de 2024
CAPAS DOS MEUS LIVROS PUBLICADOS
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O segundo livro |
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O terceiro livro |
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Quarto livro |
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Quinto livro |
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Sexto livro: "As Mulheres de Jesus", 1º livro cartoneiro do Rio Grande do Norte |
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Sétimo livro |
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Oitavo livro |
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Nono livro, 1a edição |
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Nono livro - 2 edição |
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Décimo livro - 1ª edição |
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Décimo livro - 2ª edição |
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Décimo primeiro livro |
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Décimo segundo livro |