Confesso que várias vezes eu peguei no livro e o soltei. A capa não me atraía e passava a sensação de que o assunto era técnico, didático, menos romance. Isso foi na década de 90 e depois, no primeiro lustro dos anos 2000.
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capa da 1ª edição |
Este ano eu disse a Mané Beradeiro que ele devia escrever um cordel sobre Waldson Pinheiro, um homem culto, poliglota e que está esquecido no seio cultural. O poeta aceitou a sugestão. Falei que o futuro homenageado escreveu um livro: "Itacirica - a pedra que pensava". Ele me pede para falar sobre o livro, mas adianto que não li.
Fiquei pensando que seria bom ajudar o poeta cordelista e comecei a garimpar o livro. Finalmente no início de setembro, consigo emprestado um exemplar da segunda edição. A primeira data de 1975.
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Capa da 2ªedição |
Aproveitei alguns momentos da tarde e me pus a ler "Itacirica". Logo nas primeiras páginas sinto o desejo de abandonar a leitura, mas pensando em Beradeiro e na oportunidade que tenho em ajudá-lo, continuo. Ponho-me a perguntar: Por que um homem tão sábio está escrevendo de maneira tão simples? Não encontrei resposta, até quando na semana passada, o poeta Beradeiro me falou que "Itacirica" foi livro premiado pelo MOBRAL, aquele Movimento Brasileiro de Alfabetização, nos anos setenta. Sim, fazia sentindo o estilo utilizado pelo Professor Waldson Pinheiro.
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O autor |
E continuei a leitura, tendo o cuidado de premunir reflexões malsãs. "Itacirica", reclama ao leitor a sua atenção para uma história romanceada, onde vai sendo construída a linha do tempo da nossa evolução, desde os tempos mais remotos até uns dias desses.Vale a pena ler "Itacirica". Digo ainda mais, deve ser incluído no rol dos livros literários para os nossos estudantes.
Beradeiro vai ficar alegre quando lhe falar do livro, e dizer que em 1974 ele foi elemento, com outros quatro livros, do conjunto das obras selecionadas pelo Prêmio Mobral de Literatura ( os outros autores foram de Brasília, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Porto Alegre.) ganhando 16 mil cruzeiros cada um e o melhor de tudo: os livros escolhidos tiveram edição de 100 mil exemplares, por título. Não conheço nenhum outro escritor que no RN tenha alcançado tal êxito. Talvez Homero Homem.
Francisco Martins
02 de dezembro de 2024