A história dessa ocorrência está contada por Câmara Cascudo:
"São cinzas mornas. José da Penha Alves de Souza, 1875/1914 capitão do Exército, homem de excepcional vibração intelectual, jornalista, orador, crítico literário polemista, voltou ao Rio Grande do Norte tentando interromper o ritmo das sucessões governamentais mantidas pelo partido dominante. Criou uma figura desconhecida para o povo, o tribuno político. Levou a propaganda para a rua da capital e das vilas do interior. Não era possível vencer, mas os fulgores de uma eloquência semeadora de energia construtora clarearam o próprio ambiente. Apresentou José da Penha um oficial do Exército, Leónidas Hermes da Fonseca. Foram, em 1913, meses tumultuosos que a imprensa local registra. Jamais se repetiu outra intensidade que empolgasse em tal nível o espírito coletivo. Voltando de suas incursões ao interior, doente e cansado, já descrente do seu candidato, José da Penha teve sua residência continuamente cercada, sob vários pretextos. Era o casarão em que me criei, desaparecido para dar lugar ao Grande Hotel, da Praça José da Penha.
Na noite de 20 de julho de 1913, durante pouco mais de vinte minutos, segundo uns, uma hora, segundo outros, a cidade foi sacudida pelas descargas de armas de repetição. José da Penha, dentro de casa, com alguns amigos, não possuía recursos de reação, além de sua coragem pessoal. Apareceu uma bandeira branca e o fogo cessou. O tempo soprou nessas recordações que ainda vivem na memória popular. Uma página comum e triste só glorificadora da vítima cujo nome no local é uma resposta e um depoimento."
FONTE: Raimundo Nonato, em "Árvores de Costado - Histórias que a História esquece" 1981, p.38
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