quarta-feira, 23 de outubro de 2019

PROFESSOR LUIS CARLOS FREIRE LEVANTA A VOZ PELO SAGRADO E HISTÓRICO DE NÍSIA FLORESTA

 Por Luis Carlos Freire

 

TÚMULO DE NÍSIA FLORESTA: ABANDONADO E SUFOCADO... IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO Ó DESCARACTERIZADA... AS AUTORIDADES PRECISAM CUIDAR DESSE E DE OUTROS PATRIMÔNIOS ENQUANTO É TEMPO. 

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Professor Luis Carlos , na sessão de terça-feira p.p, no Conselho Estadual de Cultura do RN
Hoje, talvez, ALGUMAS pessoas não entenderão o meu gesto, mas importa-me a certeza de estar no caminho certo e fazendo o papel que pertence a milhares de omissos. Não sou contra pessoas. Sou contra atos imperdoáveis que precisam ser interditados a bem da História e da Memória, e refletidos nas escolas e em todos os ambientes de Cultura. Sou contra a ignorância ditando hábitos e passando por cima da verdade e da História. Estamos diante de crimes contra patrimônios históricos de valores incalculáveis, dilapidados em nome de uma modernidade inadmissível, assistida em silêncio porque equivocados, de fato, acham bonito o gesso, o vidro, a lage cheirando a cimento, o porcelanato etc. E a história que se exploda, pois"a história fede e é feia", diriam...
 SOBRE O TÚMULO E MONUMENTO À NÍSIA FLORESTA - A julgar pelo abandono em que se encontra, e um prédio construído ao lado do túmulo e monumento à Nísia Floresta, brevemente é possível o vermos emoldurado por outras construções que impedirão totalmente sua visibilidade. Seria essa a intenção?
Ontem, apresentei denúncia escrita e verbal, conforme os registros neste post, junto ao Conselho Estadual de Cultura e também a encaminhei ao Dr. Diógenes da Cunha Lima, Presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Todos estão estarrecido com essa e outra denúncia que o leitor constatará abaixo.

É intolerável e equivocado assistirmos depredações ao Patrimônio Histórico em silêncio. A sociedade, salvas raras exceções (pelo menos apenas uma professora e uma escritora entraram em contato comigo sobre isso) assiste a tudo silenciosamente. Depredar o Patrimônio Histórico não é riscá-lo ou pichá-lo. Antes fosse somente isso. Depredar é descaracterizar, substituindo um material por outro sem relação alguma com as características originais. Depredar também é abandonar, é deixar que o povo faça o que bem entender, como a sufocação que se encontra o túmulo de Nísia Floresta.
Quem percebe e se preocupa com os crimes e dilapidações feitas aos monumentos antigos e ao patrimônio histórico, DENUNCIA SEM MEDO.

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Cabe às autoridades o perpétuo zelo a tais elementos, cuidando para que não sofram danos ou sejam destruídos. Diante dos altos custos de se ter que refazer um bem danificado ou destruído, muito melhor é cuidar de sua manutenção e evitar que receba qualquer interferência. Cabe às autoridade buscar apoios e parcerias em nível estadual e federal, antes, e não quando os patrimônios estiverem descaracterizados ou destruídos. Fica mais caro.

Chega a impressionar um terreno tão gigantesco como esse ao lado do túmulo de Nísia Floresta, acharem de construir um sobrado a poucos centímetros do mesmo. Está-se diante de um dos maiores monumentos da História do Brasil. Vêm turistas do mundo inteiro visitá-lo. Mas hoje mal dá para se fazer uma fotografia, pois as construções ao lado, que antes já o poluíam, hoje o sufocam.Não é correto se deixar o túmulo e o monumento chegar a tal ponto. Está quase abandonado. Não se pode permitir o estado atual de sufocamento desse importante conjunto histórico.

 As autoridades devem buscar parcerias de todas as formas, urgentemente, para adquirir a área vizinha ao túmulo e monumento, numa perspectiva que atenda a estacionamento e estrutura logística em termos turísticos. Em últimos casos pratica-se a desapropriação e indenização aos proprietários, os quais, com certeza, não se oporão à primeira proposta.
Normalmente, quando faço denúncias, o faço por minha formação educacional e exercício de minha cidadania. Não o faço por heroísmo ou como forma de “peitar” pessoas, como alguns assim o proclamam, ignorantemente. E quando essas denúncias vêm a público logo aparecem oportunistas cheios de iniciativas “anteriormente feitas” (verdadeiros fake news criados de última hora para não assumir a omissão). Mas quais autoridades locais denunciaram? Onde estão os documentos de comprovação? Os meus estão em diversos órgãos do estado e da justiça, e podem ser conferidos, inclusive minha denúncia foi publicada na Tribuna do Norte recentemente, a pedido do jornalista Woden Madruga.Não foi eu que a encaminhei. Ele leu através de um dos maiores historiadores do Estado, Professor Doutor Cláudio Galvão, aposentado da UFRN, amigo pessoal, para o qual enviei a denúncia. O que Woden fez foi pedir a minha autorização, assim como Vicente Serejo também, chocados com a situação do túmulo e da Igreja Matriz de Nossa senhora do Ó. Quem não se choca?

 IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO Ó - Estamos diante de um fato grave. Em 2009 denunciei à Fundação José Augusto e Arquidiocese a construção de um altar e nicho na nave direita. Coisa tosca e inadmissível. Repeti a denúncia, 2014: veja o link
http://nisiaflorestaporluiscarlosfreire.blogspot.com/2014/11/igreja-matriz-de-nisia-floresta-sofre.html
Mas no caso acima foi sobre a retirada do telhado e madeiramento com AS IMAGENS DE VALOR INCALCULÁVEL TODAS EXPOSTAS, como se comprova no link acima. Após a denúncia, mandaram retirar as imagens dois dias depois, e um nisiaflorestense disse que meu texto era mentiroso, apresentando fotos com os nichos vazios. A sorte foi eu ter fotografado antes, pois eu não seria louco de manipular imagens.
Em 2019, neste ano, fiz novas denúncias, após ter ido a um enterro em Nísia Floresta, quando fiquei sem acreditar no que vi na Matriz de Nossa Senhora do Ó. Foi tudo ao contrário do que um engenheiro me alegou em 2014, quando fiz a denúncia, e o mesmo, cujo nome não me recordo, me ligou dizendo que estavam refazendo todos os projetos, cujas obras se dariam na perspectiva de restauração com total respeito às características originais da Matriz. Restou-me acreditar, portanto eu pensava que as obras se seguiram com respeito ao Patrimônio Histórico. Só fui perceber durante o enterro. Dessa última vez também fiz a denúncia junto ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Conselho Estadual de Cultura, Arquidiocese de Natal, Conselho Regional de Arquitetura, Centro de Documentação Eloy de Sousa, Ministério Público e IPHAN, inclusive pedi o tombamento para que não continuem assassinando a história.

 É inacreditável olhar o teto do altar-mor da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, em Nísia Floresta e enxergar um crime contra a arquitetura barroca original. Nos meus estudos sobre o assunto, desde os tempos universitários, e posteriormente o contato com especialistas de Ouro Preto e Rio de Janeiro, aprendi que a intenção arquitetônico/sacra da Matriz de Papari foi revestir todo o altar-mor de alvura, de plenitude da cor branca, pois é ali que se encontra o Sacrário. Há intenção de se dar uma conotação celestial, de "céu", de santidade, a partir da própria arquitetura. Mas, INACREDITAVELMENTE, destruíram o estuque original, e com ele foram-se os desenhos em alto e baixo relevos, em perfeita harmonia com todos os demais elementos da Igreja Matriz. Mataram o Barroco. Mataram a História. Não desaprovo a necessidade de ter sido necessário reformar a tela que segurava a cúpula/estuque/forro. Certamente corria o risco de desabar. Mas, se carecia de restauração, que fosse refeito em respeito às características originais. Isso também é restaurar. Vejam, abaixom, a fotografia antes da descaracterização e vá até a igreja conferir a barbaridade feita. É um choque. A madeira preta matou a beleza arquitetônica do templo e da própria intenção de transmitir a plenitude celestial ao altar-mor. Veja, abaixo:

 Em 2008 o reboco desse estuque desabou. Foi um estrondo na Matriz. Eu tinha fotografias e desenhei em tamanho natural todos os altos e baixos relevos, os quais foram moldados novamente em cimento pelo filho da Dona Moça (do Monte Hermínio) Finalizando, é deplorável. Confesso que não tenho palavras para externar minha repulsa às barbaridades que tenho visto acontecer nessa Igreja Matriz e ao Túmulo e Monumento à Nísia Floresta. O assunto é patrimônio histórico. Não estamos falando de uma casinha de palha lá no sítio do seu Pedro. É uma igreja de quase 300 anos, cujas pedras foram trazidas sob carros de boi, de Morrinhos, cuja argamassa era cal, barro e óleo de baleia. Arrancaram todo o assoalho das duas naves. Aquilo era intocável. É arquitetura de época. Se precisasse de substituição da madeira, que fosse substituído por madeira. Lembro-me que tudo é madeira nobre. Madeira de lei. Não estavam estragadas. Mas suponhamos que suas pontas estivessem avariadas, que fosse cortada e se anexasse pedaços novos, da mesma madeira.  Mas colocaram laje. Onde estão essas madeiras. Estão bem guardadas. Elas são peças de valor museológico sem preço. É patrimônio do município de Nísia Floresta. O mesmo foi feito à sacristia. Isso é descaracterização pura e simples. Fica meu registro público de que jamais aceitei isso e sempre protestei. É o que posso fazer. É o que todos deviam fazer. E você, o que tem feito?
Algumas pessoas não entendem a minha denúncia e se valem de colocações ingênuas ou equivocadas. Mas como pessoa civilizada - que estudou profundamente História da Arte, que estuda Restauração de Edificações Históricas, e tem um testemunho de 27 anos de luta em prol da defesa da história e da memória do patrimônio material e imaterial de Nísia Floresta e região - não me importo e seguirei o meu trabalho. O qual também deveria ser teu.
Veja, abaixo, imagens que falam por si: Como se desce de um telhado uma linha gigantesca de madeira, de quase trezentos anos, quase em perfeito estado de conservação, sem proteger o ladrilho-hidráulico? Como se destelha uma igreja de quase 300 anos, sem tirar de dentro delas imagens originais de mais de 200 anos? Só espero que essas linhas estejam muito bem guardadas, pois são peças museológicas de valor incalculável. Observe que é uma árvore inteira. Imagine seu tamanho e quantos anos ela trazia quando foi arrancada das imediações de Papari. Espero que todo esse madeiramento, tão valioso quando os demais tesouros internos da Matriz, estejam muito bem guardados para que possamos criar o Museu da cidade e alojar esses materiais, pois pertencem ao povo e são históricos.
Finalizo, lembrando que a igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, enquanto elemento arquitetônico e religioso, e o túmulo de Nísia Floresta, e outros elementos históricos dali, pertence ao povo. As autoridades estão de passagem mas o povo fica, portanto o povo não pode tolerar tamanho crime contra a história.

 

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