segunda-feira, 21 de outubro de 2019

UMA TARDE COM OS ANCIÃOS DO JUVINO BARRETO

Eu vi duas senhoras sentadas.
Duas anciãs, num banco da Praça Paz de Deus.
As duas tinham cabelos brancos, pareciam  flocos de algodão.
As duas tinham rugas que serpenteavam nas faces, tais quais rios que correm para a eternidade ...

É com este fragmento do meu poema "Duas Anciãs" que eu quero  dizer da tarde tão feliz que vivi nesta  segunda-feira, dia 21 de outubro,  no Abrigo Juvino Barreto, em Natal. Estive lá  contando histórias para quem faz histórias, homens e mulheres com mais de oitenta anos.
Cheguei e fui preparando o local onde receberia tão seleta plateia.  Estendi a colcha de fuxicos,  grande e repleta de quadrados que se interligam. Ela me lembra as nuances da vida. 

Montei um varal com vários folhetos da minha autoria. A intenção era lembrar que ali estava também um poeta cordelista e não apenas um contador de histórias.
E por último, convidei a todos para um chá da tarde,  com sabor de histórias antigas, da época de Trancoso,  muitas delas guardadas na literatura de cordel, como  Os Martírios de Genoveva, A Imperatriz Porcina e outras.
Mas não fiquei apenas naquela fase em que  rainhas e reis habitavam seus castelos.  Trouxe-os até a era do rádio e contei histórias com efeitos sonoros que os fez transportar às memórias da suas infâncias.
E fiz  tudo com tanto esmero que ao terminar meu ofício de distribuidor de alegrias, eu fiquei  como que ouvindo o restante do poema:

... Eu vi duas senhoras sentadas.
Uma tinha a aparência que a vida já havia passado.
A outra trazia no rosto a esperança de que amanhã viveria mais e mais.


Francisco Martins/Mané Beradeiro

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