quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

SENDO MEU PRÓPRIO CRÍTICO

 Se há uma coisa que eu admiro nos poetas e escritores é a paciência de guardar os textos que eles produzem, deixando-os descansarem, para quando virem à público estarem com toda força. Há aqueles que marinam seus poemas, atribuindo-lhes dia-a-dia sabores. E, outros existem, que aplicam em seus textos, a arte da lapidação, tornando-os diamantes. Confesso que ainda sou aprendiz nessa área e que tenho pressa em entregá-los ao leitores.  E assim, torno-me vítima do famoso adágio:  A pressa é inimiga da perfeição.

Acabo de perceber que em um dos meus mais recentes trabalhos, em "Guaporé - uma solidão restaurada",  poema escrito no estilo de cordel, deixei passar alguns erros que comprometeram a minha eficiência poética. São eles:

Rimei  de forma errada: 

Compasso/cansaço/pedaço
houvesse/prece

Essas rimas são aceitáveis na cantoria, mas no ofício do poeta de bancada, devem ser evitadas.

E  no meio de todas as estrofes em septilhas (sete versos), escrevi uma em forma de sextilha ( quando devia ser septilha) que não atende a nenhuma das formas que a Academia Brasileira de Literatura de Cordel-ABLC recomenda usar. Segundo a ABLC, as sextilhas podem ser abertas, fechadas, soltas, corridas ou desencontradas. 

Minhas flores já caíram
Comecei então morrer
Quando o Doutor Vicente
Naquele mês de novembro
Isso é forte eu bem me lembro
Veio então a fenecer.

Fazendo uso da Tabela Beradeiriana, a qual criei para mostrar o percentual da eficiência poética do cordelista, a minha situação, referente ao poema em análise é a seguinte: O cordel tem 293 versos, distribuídos em 42 estrofes.

Aproveitamento de rima ...96,15%
Oração ..............................100 %
Métrica .............................100%

Índice de Aproveitamento Poético: 98,66%

Não é um índice ruim, mas se eu tivesse paciência, não teria deixado o bezerro sair correndo com a placenta. É preciso lamber a cria. Fica a lição.

Mané Beradeiro - 29 dezembro 2021.


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