terça-feira, 26 de agosto de 2025

O HOMEM DO SILÊNCIO

 

Moro numa rua silenciosa. Não conheço a maioria dos vizinhos. Minha casa é silenciosa. Até a televisão dei para a diarista. Ouço música vez ou outra e no computador vejo “Oeste Sem Filtro”, comentaristas, séries e filmes. Sempre em tom discreto. Há quem não suporte o silêncio; tem gente que liga a televisão só para não sofrer com o vazio sonoro. Outros dormem com TV ligada.

Estou no outro extremo do espectro: não suporto barulho constante, principalmente quando o barulho não é da minha escolha. Nunca grito, não falo alto, considero o silêncio abençoado. Através dele, ouço o vento nas folhas do jardim, o canto dos pássaros, os meus pensamentos. Basta um vendedor ambulante, gritando na rua anunciando seu produto, para minha paz ser ameaçada. 

Autor: Antonio Naud

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