Se eu fosse Deus,
ressuscitaria os pais de todos os órfãos.
E se eles fossem maus,
se ao menos fossem ásperos,
ou mesmo indiferentes,
incendiaria os seus corações de ternura,
para que todas as crianças do mundo
fossem amadas e felizes.
brincaria de roda com os meninos,
encheria os seus bolsos de confeitos
e suas bocas pequenas de sorrisos.
E velaria.
(oh! como eu velaria!)
dia e noite eu velaria,
para que nada lhes acontecesse.
encheria os seus bolsos de confeitos
e suas bocas pequenas de sorrisos.
E velaria.
(oh! como eu velaria!)
dia e noite eu velaria,
para que nada lhes acontecesse.
Se eu fosse Deus,
passaria pelas estradas
com os despreocupados vagabundos
e beberia com eles
a primeira luz
das alvoradas entre rosas orvalhadas
e clarinadas de galos.
Se eu fosse Deus,
me sentaria um dia à tarde,
despreocupadamente, num cais
a ver os barcos que partiam
para as sonhadas ilhas.
Deífilo Gurgel (1926 -2012)
FONTE: Jornal A Ordem, edição de 17 de outubro de 1964
Nenhum comentário:
Postar um comentário