quinta-feira, 4 de setembro de 2025

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

WALDSON PINHEIRO - O FAROL DA EDUCAÇÃO

 Desde quando o verso de cordel me picou que eu não consigo parar de escrever poesia nesse gênero textual. Já estou com 69 títulos e o meu objetivo é chegar a 100 até julho de 2026.  Tenho algumas produções que venho trabalhando de forma não acelerada, outras, pedem que eu me dedique com mais empenho, como é o caso do cordel biográfico que estou escrevendo sobre Waldson Pinheiro. Esse quero concluir ainda em setembro, para que no mês de novembro já esteja com ele todo pronto para o  lançamento. 



Waldson fez da palavra uma bandeira
Defendendo o saber com valentia
Transformando a cultura em poesia
Fez da escola um altar de luz inteira
Sua obra reluz como uma clareira
No caminho da fé e da instrução
Foi mestre, escritor e inspiração
Seu legado jamais será vencido
Pois na história ele fica erguido
Como um farol brilhando a educação.

Mané Beradeiro



IMPRESSO MAIS UM CORDEL DE MANÉ BERADEIRO

 

"Uma história para contar- 40 anos da Escola Municipal Homero Dantas" é o mais novo folheto de cordel, assinado pelo poeta Mané Beradeiro.

O lançamento vai acontecer neste mês de setembro, por ocasião do "Chá de Letras", na sua 18ª edição.

O cordel tem 45 estrofes, sendo 44 com sete versos e uma com dez versos.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

VIII SALÃO DORIAN GRAY DE ARTE POTIGUAR

 


A Sociedade Amigos da Pinacoteca Potiguar convida para a abertura da mostra no sábado, dia 30, a partir das 9h, na Pinacoteca e Memorial ESAM/UFERSA. 

RAIMUNDO NONATO DA SILVA FOI ESCOLHIDO PARA SER O PATRONO DE FRANCISCO MARTINS NA ALEARP

 O escritor e poeta, Francisco Martins, foi convidado a fazer parte da mais nova instituição de cultura do Rio Grande do Norte. Trata-se da Academia de Letras e Artes Parnamirinense-Alearp, que foi recentemente fundada por um grupo de mulheres daquela cidade, tendo como primeira presidente Francisca Henrique

Francisco Martins mora em Parnamirim há mais de 30 anos, e em 2008 começou as suas atividades culturais pelas escolas, igrejas e outros locais, sempre falando de literatura. Ele já faz parte da Academia Cearamirinense de Letras e Artes-ACLA - Pedro Simões Neto, da Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel-ANLiC; do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte-IHGRN e do Conselho Estadual de Cultura-CEC.

A sua produção atual é composta por 12 livros e mais de 60 folhetos de cordéis. Francisco Martins escolheu para  patrono, o escritor Raimundo Nonato da Silva, um homem que teve uma linda história de vida, sendo considerado um dos maiores escritores desse solo potiguar, tendo livros publicados em vários gêneros: romance, historia, crônicas, memórias, etnografia, folclore.

Da esquerda para a direita: Raibrito, Raimundo Nonato, Vingt-Un Rosado e  João Batista Cascudo

Raimundo Nonato merece essa homenagem, diz o acadêmico Francisco Martins: "É uma maneira de manter viva e acesa a memória desse homem tão notável - um exemplo de determinação e superação para as crianças, jovens e adultos".

terça-feira, 26 de agosto de 2025

CENTELHA DE CORDEL

 


O HOMEM DO SILÊNCIO

 

Moro numa rua silenciosa. Não conheço a maioria dos vizinhos. Minha casa é silenciosa. Até a televisão dei para a diarista. Ouço música vez ou outra e no computador vejo “Oeste Sem Filtro”, comentaristas, séries e filmes. Sempre em tom discreto. Há quem não suporte o silêncio; tem gente que liga a televisão só para não sofrer com o vazio sonoro. Outros dormem com TV ligada.

Estou no outro extremo do espectro: não suporto barulho constante, principalmente quando o barulho não é da minha escolha. Nunca grito, não falo alto, considero o silêncio abençoado. Através dele, ouço o vento nas folhas do jardim, o canto dos pássaros, os meus pensamentos. Basta um vendedor ambulante, gritando na rua anunciando seu produto, para minha paz ser ameaçada. 

Autor: Antonio Naud

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

ALEARP É REALIDADE EM PARNAMIRIM

 


A Academia de Letras e Artes Parnamirinense - Alearp está fundada. 
Já era tempo de Parnamirim - RN ter uma instituição civil que esteja voltada à literatura e às artes.
A Alearp nasce com uma peculiaridade, foi fundada por seis mulheres e a sua diretoria é também composta por mulheres. A Presidente é Francisca Henrique, tendo como Vice Presidente Monalisa Moura.

A primeira reunião com a participação dos sócios fundadores aconteceu terça-feira, dia 19 de agosto, quando na oportunidade foram passados alguns informes sobre a arcádia. A Alearp tem sede à rua Pedro Bezerra Filho, nº 35, bairro de Santos Reis, em Parnamirim - RN.

Breve traremos mais notícia sobre a  nova academia potiguar.

ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR HOMERO DE OLIVEIRA DANTAS - 40 ANOS

 


    A Escola Municipal Professor Homero de Oliveira Dantas, em Parnamirim-RN, completou em fevereiro passado, 40 anos da sua fundação.
    A data vai ser celebrada em setembro, quando a escola festejará também o tradicional "Chá das Letras" e o aniversário da Biblioteca Escolar Professora Dilza Magnólia, inaugurada em 2022.
    O poeta Mané Beradeiro foi convidado a escrever um Cordel biográfico sobre os 40 anos de história dessa instituição. O texto vai ser entregue no final desta semana.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

SEMANA NONATIANA, EM MEMÓRIA DE RAIMUNDO, O FILHO DA VITÓRIA - IIIª PARTE - FINAL

 Ah, como bem o definiu Sanderson Negreiros, um dos nossos:


Causer admirável, figura humana que impressiona pela vitalidade e inquietação existencial, memória fotográfica e perispiritual de tudo que viu, sofreu, amou e viveu, fixador paciente de nossa sociologia regional, ditada e autodidata das melhores passagens do cotidiano; verve, voraz e perspicaz, poeta contador de história e animal perdido na selva carioca; guardião de auroras e também de crepúsculos, incapaz de odiar e voltado para os temas que esgotam o filosofar.


Nunca é tarde, em um ambiente assim, de emoção e de saudade - repita-se - embalarmos também na lembrança dos versos da poetisa Hirma Varela, dedicados a Raimundo Nonato da Silva:


Ele escreveu suas vivências,

Cada página escrita

foi crescendo e juntas estas viraram livros

que ele ia distribuindo entre os amigos.

Contava histórias de sua terra,

em ritmo lento de quem sorrir.

Falava em chuva, em seca, em ruas palmilhadas de saudade,

dizia nomes dos que se foram e os quais ele amou.


O acadêmico e confrade Paulo Macedo desabafa conosco:


Há lembranças fortes de nossa amizade, com os conselhos que dele recebi no começo de minha vida jornalística, incentivo, orientação até.


Desta tribuna, portanto, sublima-se a nossa homenagem singela e emocional. Todas as lembranças ficam, como lição e testemunho imperecíveis. Legou um exemplo de vida, na contemporaneidade, a todos nós, pobres e efêmeras criaturas humanas, feitas à imagem e semelhança de Deus.

Afinal, chega-se ao epílogo desta oração protocolar, em memória de Raimundo Nonato da Silva.

Se poucos dissemos, que se culpe o tempo. E se esse tempo não nos cansou, deve-se à existência fecunda e digna de Raimundo Nonato da Silva, que nos fascina e nos humaniza.

Por isso, recorremos à lição de Fernando Pessoa:


Tudo vale a pena se a alma não é pequena.


O certo é que a nossa palavra nasceu do coração, sem o rigoroso apego ao curriculum-vitae; longe da frieza das datas, não nos preocupando com a ordem cronológica dos títulos, dos cargos do homenageado, mas, acima dessas circunstâncias, palmilhando os caminhos do afeto, da amizade e da valorização da

cultura, que é eterna, sobressaindo a narrativa de seus próprios amigos e admiradores. Assim a homenagem foi mais ampla e fraternal.

Tudo brotou mesmo do coração, no vôo alto e sereno do pensamento, à luz da solidariedade, da emoção incontida, da saudade que ainda perdura, como que vislumbrando a sabedoria de Kahlil Gibran:


Quando atingires teu objetivo, verás tudo mais belo, mesmo com olhos que nunca viram a beleza.


Enfim, configura-se a nossa louvação a Raimundo Nonato da Silva. Simples, solidária, espontânea, sentida, com cheiro de terra, marcada pelo calor humano, do bem-querer, às vezes embargando a voz, no instante evocativo que passa e que se vive.

Esta a mensagem de fé, de confiança, à geração de hoje e do porvir, no exemplo de amor às letras, da dedicação à pesquisa, em sentido universal.

Nada mais fizemos senão cumprir com um pouco do muito que ainda deve e continuará devendo o Rio Grande do Norte a Raimundo Nonato da Silva, no apanágio de seu nome e de sua obra, de seu espírito e de sua inteligência, imprimindo maior projeção cultural, para o nosso povo e nossa terra.

Nossa voz, agora, emudece, elevando o pensamento a Deus, joelhos dobrados e vista para os céus, em homenagem a Raimundo Nonato da Silva, ainda e sempre imortal, na dadivosa lembrança de todos.

Ontem, imaginem, lemos isto, em papel amarrotado:


Quando o sofrimento vier ao teu encontro, deixe rolar dos teus olhos uma lágrima, dos teus lábios um sorriso e do teu coração uma prece a Deus. Só assim serás feliz.


E diremos nós: Como viveu, feliz deve estar mesmo, na morada celestial, Raimundo Nonato da Silva.


(Discurso proferido na sessão solene da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, em 29 de setembro de 1994, e no IHG/RN, na data de 27/11/2007, comemorativa do Centenário de Nascimento do saudoso acadêmico)


terça-feira, 19 de agosto de 2025

SEMANA NONATIANA -EM MEMÓRIA DE RAIMUNDO NONATO, O FILHO DA VITÓRIA - IIª PARTE


Continuamos com a palavra cedida ao escriba Enélio Lima Petrovich, que prossegue escrevendo sobre Raimundo Nonato, o homenageado da semana.


E ainda no livro Memórias de um Retirante, faz esta confissão:


Não cheguei a ter infância, nem conheci a mocidade, pois mal abri os olhos para o mundo, fui logo atirado nos rudes afazeres do campo, no trato da terra, da vida solta no meio agreste de uma natureza madrasta, onde o sol já se encontrava nos baixios, cambitando olho de cana, num jerico desgraçado, botando lenha do mato para a fornalha, quando não ficava rodando ao pé dos arrancadores, juntando mandioca, num balaio, para levar à casa de farinha, até completar a arranca, que tinha medida certa. Oito cargas de caçuás, carregados em boi, e doze, quando se tratava de burros ou cavalos. O dia de trabalho, assim principiado, não raro se prolongava pela noite a dentro, para ganhar o salário de seiscentos réis, seis tostões, como se diz, em moeda do tempo. (Págs. 49/50)


Sem dúvida, sendo este o seu relato pessoal, vale ressaltar, pari passu, a grandeza de um Luís da Câmara Cascudo, patrono e fundador desta Academia, quando afirmou:


A simplicidade de seu trato valoriza a esplêndida documentação de sua obra. Menino da Serra do Martins, emigrou com a família para Mossoró, fazendo a jornada a pé, evocando num livro que merece reedição. Tudo em Raimundo Nonato foi iniciativa pessoal. Não sei se nasceu de sete meses, mas posso afirmar, à vista do original, ao qual me reporto, e dou fé, que nada lhe deram gratuitamente.

No Rio de Janeiro, Raimundo Nonato, magistrado, historiador, mestre de indagação artística, econômica, editorial, representa, psicologicamente, um órgão suplementar, sensitivo, indispensável à multidão nordestina que o Rio fixou. É a voz que não deixa esquecer o sertão.


E arremata o mestre Cascudo:


Nobre e linda vida, simples e poderosa de exemplo intelectual e moral, em serviço e louvor da Terra e da Gente, nos horizontes permanentes da dedicação incomparável. Levou para as cordilheiras artificiais dos arranha-céus o clima inspirador das serranias legítimas do oeste norte-rio-grandense. Do Paraíso, onde pretendo fixar-me, aplaudirei as realizações de sua existência, sem mancha de inveja e nódoa de recalcado despeito nas amarguras da decepção tenebrante. Deus o abençoe, Raimundo Nonato, jovem-amigo-velho.


Realmente, Raimundo Nonato da Silva era a bondade, a simpatia, a inteligência, o saber e a espontaneidade. Conversar com ele significava enriquecimento de informações sobre fatos e pessoas. Estava sempre pronto a ajudar os outros, pelo seu coração magnânimo.

E nesta sequência de depoimentos e conceitos, que fluíram da sensibilidade de quantos conviveram com ele, não poderíamos olvidar a louvação do padre Jorge O’Grady de Paiva, em agosto de 1977, durante a missa de ação de graças. Completava Raimundo 70 anos.

Eis alguns enfoques:


Como admiro, admirei e admirarei sempre, esse rebento de boa cepa norte-rio-grandense! De tudo pode ele descer, menos da amizade, pois tem o Dom de a fazer, como raros e o de a conservar, como poucos.

O nome, de origem gótica (Ragin-mundo), significa a quem o intelecto protege e ele tem vivido, sempre, sob o escudo protetor de sua inteligência.


E acrescenta o padre O’Grady:


Homem que se fez por si, pelo esforço pessoal, a tudo e a todos sabendo prender e cativar (omissis). Dono de invejável memória, como se ocultasse, no cérebro, fita magnética, pôs a mesma a serviço de sua pena e avolumou a bibliografia potiguar, notadamente a da zona do oeste do Estado. Fausto de novo gênero neo-goetheano, fez reviver, das cinzas do passado, pela magia da pesquisa e poder de evocação, lugares, tempos, homens, coisas, figuras e fatos; reavivou lendas, superstições, abusões, tradições, costumes, roteiros, dando à literatura regional obras editadas pelos órgãos oficiais de âmbito municipal, estadual e nacional.


Mas, tempo corre célere, sem que, nesta homenagem do afeto e da saudade, possamos evidenciar todos os ângulos da vida do homenageado e suas produções literárias, em dezenas de livros e opúsculos.

Estamos convictos, porém, de que este encontro muito bem sintetiza a prova do carinho, do respeito, do reconhecimento a quem, para exemplo dos seus conterrâneos, soube vencer todos os obstáculos, a vaidade de muitos, as incertezas da vida tumultuária.

Raimundo Nonato bem pode repetir São Paulo, através de Timóteo:


Combati o bom combate. Terminei a minha carreira. Guardei a fé.


Se ainda não bastasse a prova dessas manifestações de apreço e de amizade para com o homenageado, assim se expressou o saudoso Peregrino Júnior, também imortal e benemérito de nosso Instituto Histórico, quando apresentou Visões e Abusões Nordestinas - Vol. 1, que editamos:


É esse Raimundo Nonato, presença humana, viva, palpitante e incomparável do nosso Rio Grande do Norte, no cenário cultural do Rio, onde todos o estimamos e admiramos com imensa ternura intelectual.


Além do mais, na presidência do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, nos incorporamos a esta homenagem, vez que a nossa admiração exalta a incessante operosidade na pesquisa meticulosa, a divulgação correta e nítida, de aspectos salientes e tornados característicos na História do Rio Grande do Norte. Essa atividade situa Raimundo Nonato, sócio da Casa da Memória Potiguar, no plano dos historiadores sociais, dignos de menção e louvor."


segunda-feira, 18 de agosto de 2025

CORDEL SOBRE O GUAPORÉ RECEBE SEGUNDA EDIÇÃO

 Em novembro de 2021 o poeta Mané Beradeiro lançou a primeira edição do cordel " GUAPORÉ - UMA SOLIDÃO RESTAURADA". Impressão cartonera, com capa revestida em tecido. O poema foi elogiado pelos jornalistas Vicente Serejo e Wodem Madruga, em suas colunas.

Três e  oitos meses depois, a segunda edição  é disponibilizada ao público, com uma nova capa.  O poema permanece o mesmo, assim como o desrespeito à conservação dos nossos prédios históricos, por parte do  governo, em suas esferas  federais, estaduais e municipais. 



SEMANA NONATIANA -EM MEMÓRIA DE RAIMUNDO NONATO, O FILHO DA VITÓRIA

 

Esta semana é especial, nela vamos celebrar a memória de Raimundo Nonato da Silva, o protagonista do cordel escrito por Mané Beradeiro, que tem como título "Raimundo Nonato, o filho da vitória", que será lançado em outubro desse ano.  Raimundo nasceu e morreu no mês de agosto (1907-1993). Diante da grandeza desse homem: cambiteiro, engraxate, acendedor de lampiões, professor,  jornalista, escritor, etnógrafo, historiador, 1º diretor do SENAC/RN, advogado e Juiz de Direito, nada mais justo que acender a lamparina  que trará luz àqueles que pouco ou nada sabem sobre esse notável potiguar. Começamos com um texto da autoria de Enélio Lima Petrovich, então Presidente do Instituto Histórico e Geografico do Rio Grande do Norte.  Vamos à Iª  parte.



EVOCANDO RAIMUNDO NONATO DA SILVA

Nem todas as estradas são de pedra. As da amizade são de arminho.

(Raimundo Nonato)


Na magnitude desta hora noturna, impregnada de emoção e saudade, que transcende o cotidiano traumático, emerge a nossa palavra, votiva e evocativa, in memoriam de Raimundo Nonato da Silva, o mestre, o amigo, o confrade, a criatura humana.

É o instante das recordações felizes, guardadas em nosso espírito, corações ao alto e mente sã, nos conclamando para interpretar os sentimentos de louvor e reverência dos que participam deste cenáculo da cultura potiguar.

A esta Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, pelo seu merecimento, Raimundo Nonato da Silva pertencia, ocupando a cadeira nº 1, sendo patrono o padre Miguelinho, e seu 1º ocupante fundador, Adauto da Câmara.

Ao partir, em 22 de agosto de 1993, após 86 anos de uma existência profícua e jubilosa, deixou um legado de sabedoria, compreensão e humanismo.

Com a responsabilidade, pois, da incumbência que nos atribuiu o presidente, escritor e poeta Diógenes da Cunha Lima, procuraremos atender ao chamamento e, em nome da tradicional entidade, falar e discorrer algo sobre o homenageado, invisível, mas presente na lembrança dos conterrâneos e familiares. De um sem número de brasileiros.

E quando recebemos a tarefa, de imediato fluiu a pergunta a nós mesmos:

— O que dizer acerca da vida e da obra de Raimundo Nonato da Silva, com quem mantínhamos uma convivência valorizadora e pacífica ao longo de mais de 30 anos?

Desde logo, permitam-nos uma breve reflexão.

Na cidade maravilhosa, hoje tão violenta, quantas vezes ocorriam os nossos encontros, em conversas alegres e descontraídas, quer nos bancos da Cinelândia, quase ao meio-dia, quer em fins de tarde, na calçada da Mesbla. Ainda no Centro Norte-Rio-Grandense. Ali, Arnóbio Cabral, Renato Rebouças, Osvaldo Lamartine e tantos outros amigos leais.

Com que carinho falava sempre sobre Vingt-Un Rosado, José Augusto Rodrigues, Manoel Rodrigues de Melo, Raimundo Soares de Brito e Francisco Meneleu.

Agora, tudo cessou.

Lá retomando, já algumas vezes, após o seu encantamento, percorremos os mesmos caminhos. O banco da praça Floriano sem ele. Não se ouve mais a sua voz, narrando episódios de nossa história e destacando figuras de sua época. Também o Centro continua de luto, com a sua ausência tão sentida, carregando o peso da saudade perene.

Entretanto — convenhamos — assim é e será sempre a vida de todos nós. Vida que, cedo ou tarde, com a morte, tem de metamorfosear-se, para o encontro com Deus.

Na verdade, não nos parece fácil, através de rápido discurso acadêmico, evocar, em plenitude, a vida e a obra de Raimundo Nonato da Silva. Poucos são os minutos para a homenagem, na forma estatutária.

Todavia, sob a égide dos melhores propósitos, aqui estamos reunidos, em romaria lírica e sentimental, e a exemplo do próprio homenageado que tão bem espargia a sua erudição, seu humor, seu entusiasmo e sua humildade, galardões raros ungidos em uma só pessoa, queremos nós, de uma forma um tanto diferente, tributar-lhe o preito do reconhecimento, trazendo também nesta singela exaltação, conceitos e ideias de quantos o admiram e aplaudem.

Decerto, se tanto soube enaltecer, com justiça, em livros e publicações diversas e valiosas, fatos históricos, amigos e conhecidos, sobreleva, obviamente, a abrangência desta evocação, inserindo a seu respeito depoimentos de seus amigos, conhecidos e admiradores, em conta ilimitada.

Antes, porém, foi o próprio Raimundo Nonato da Silva que nos declarou:


Eu, Raimundo Nonato da Silva, nasci em Martins, a 18 de agosto do ano de 1907. Sei que fui batizado, deram-me um nome e atiraram no mundo para lutar e chegar até aqui. Em 1919, batido pela seca, emigrei para Mossoró. Ali comecei aquilo que se chama estudo, pois até então, com 13 anos, era heróica e gloriosamente analfabeto, como afirmava Câmara Cascudo. Caminhei para o curso Normal e saí diplomado professor em 1925, tendo seguidamente percorrido todo interior do Estado até a capital, ensinando gerações, em cursos de todos os níveis. Mais tarde, em idade já avançada, fiz o Curso de Direito na Faculdade de Alagoas, onde me diplomei em 1955, e, depois, fui juiz de Direito, em 1957.

Nas atividades da vida ocupei cargos diversos no Estado. Fui chefe de gabinete do governador Dix-Sept Rosado, diretor de Departamento do SENAC e, no Rio de Janeiro, assistente do diretor do Ensino Comercial, dr. Lafayette Belfort Garcia.

Pertenço a várias instituições culturais do país — Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Instituto de Genealogia de São Paulo e Federação das Academias de Letras do Brasil, entre outras.

Sou casado com Maria Edite Bessa e Silva e tenho sete filhos.


Presentes, nesta solenidade, a sua filha El da Silva Bessa e seu filho Eledil Einstein da Silva Bessa, este acompanhado de sua esposa Vânia Leite Bessa e os netos do inesquecível Raimundo Nonato, Marcelo e Carolina.


(continua amanhã)


sábado, 16 de agosto de 2025

CATÁLOGO DAS OBRAS DE MANÉ BERADEIRO

Os livros infantis e os cordéis de Francisco Martins, também conhecido por Mané Beradeiro, estão no catálogo acima. Veja, faça sua escolha e entre em contato com o autor. Distribuimos para todo o  Brasil
 

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

"REZADEIRAS" É O TÍTULO DO NOVO LIVRO DE GUTENBERG COSTA


 

DOIS BONS EVENTOS CULTURAIS NA TARDE DE HOJE NO CENTRO DE NATAL


 O IHGRN realiza na tarde de hoje mais uma edição do seu programa "Quinta Cultural". Às 16 h terá início a apresentação do Coral Canto do Povo. Entrada franca.

Nesta mesma tarde, às 17 h, bem pertinho do IHGRN, no Palácio Potengi, as escritoras Diva Cunha e Constância Duarte estarão lançando a 3ª edição de uma importante obra da literatura local. Trata-se da antologia Literatura do Rio Grande do Norte.


 É possível prestigiar os dois eventos e sair alimentado de cultura. Compareça!

PRODUTOS DE FRANCISCO MARTINS/MANÉ BERADEIRO ESTÃO DISPONÍVEIS NA HOTMART


Agora é possível comprar meus livros e cordéis através da internet, meus produtos estão disponíveis na plataforma da HOTMART, para acessar os produtos e comprar, basta clicar no link abaixo. Lá estão meus dois livros infantis, os cordéis  e brevemente os lançamentos. Aproveite e divulgue para quem você conhece. MEUS LIVROS E CORDÉIS NA HOTMART 




quinta-feira, 7 de agosto de 2025

ASSIM DISSERAM ELES...

 


"Se queremos encontrar os segredos do Universo, pensemos em termos de energia, frequência e vibração."

Nikola Tesla

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

HISTÓRIAS DE FRANCISCO MARTINS NUMA CASA DE HISTÓRIAS



Nesta sexta-feira próxima, Francisco Martins estará se apresentando na Escola Municipal Edmo Pinheiro, em Parnamirim-RN.  A escola vai celebrar 7 anos da inauguração da Biblioteca que tem como patrono o escritor e ilustrador André Neves.

1⁰ SEMINÁRIO PICS -SUS TEVE PARTICIPAÇÃO DE MANÉ BERADEIRO

 O cordelista Mané Beradeiro e o seu   ajudante de ordem, o jumento Ananias, alegraram na manhã de ontem, o 1⁰ Seminário PICS-SUS - Práticas Integrativas Complementares na Saúde, que aconteceu no auditório da unidade FACEX, na avenida Deodoro, em Natal. 

Mané e Ananias foram mestres do cerimonial, apresentando os palestrantes, com estrofes poéticas, em cordel.




sábado, 2 de agosto de 2025

CENTELHA DE CORDEL

 


BALA PERDIDA

Não existe bala perdida,
Todas atingem algo:
Uma árvore, uma ave, uma alma, a vida.
O que existe é bala ardida que fere na ida
Deixando quem fica com a dor maldita
Da perda querida.
Quisera que em meus poemas a bala perdida
Fosse aquela que cai da boca da criança.

FRANCISCO MARTINS.



"UM CADERNO PARA PAPAI"

 

  Ela preparou com muito carinho, um caderno literário para presentear o seu pai. O presente começou a receber os textos em 1 de abril de 1970, tendo como solo a cidade de Ceará-Mirim-RN. Na dedicatória que ela escreveu em 2 de agosto de 1970 ( 55 anos passados) ela diz

  "...Mas tarde na sua velhice, passando as humildes folhas deste caderno lembrarás da sua filha que lhe estima"



Não são textos da sua autoria, mas sim dos livros que ela lia e sabia que o seu pai também gostaria de ler. Assim, a menina-moça, com 15 anos,  foi transcrevendo poemas de Olegário Mariano, Padre Antonio Tomaz, Manuel  Bandeira, Renato Caldas, Irene Meloneves, Heraldo Lisboa, Abílio de Almeida, Álvaro Faria, Carlos de Queiroz, Nilo Bruzzi, Ana Amélia, Beatriz de Carvalho, Felix Aires, Antonio Sá Barreto, totalizando 48 poemas e trovas.

O trabalho de copiar esse material terminou em 31 de julho de 1970, e organizadora assim escreveu:

"Papai: com esta poesia fica encerrado este caderno, o qual dedico-lhe todas as afeições filiais, é como uma recordação nunca esquecida, para quando no futuro folhea-lhes este, lembrarás sempre da sua filha que muito lhe quer;

Maria do Socorro Fernandes"

 

Este presente, hoje tão raro de ser dado a um pai, faz parte do acervo da minha biblioteca particular. A organizadora é minha irmã, a mais provecta da família, porém, é a que tem o espírito mais jovial de todos nós, os seus irmãos e irmãs.


 Francisco Martins, 2 de agosto de 2025

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

GRACINDA FREIRE, CEM ANOS DEPOIS: O SILÊNCIO ELOQUENTE DA GRANDE ATRIZ ESQUECIDA



Num país de memória frágil e cultura tantas vezes relegada a segundo plano, não surpreende que o centenário de nascimento de Gracinda Freire passe quase despercebido pelo grande público. E, no entanto, trata-se de uma das figuras mais expressivas do teatro brasileiro do século XX — uma artista completa, de formação sólida, que transitou com naturalidade entre palcos, estúdios de rádio e produções televisivas em uma era em que ser atriz exigia, antes de tudo, coragem.

Nascida em 31 de julho de 1925, Gracinda construiu uma carreira à margem do estrelato fácil, mas no centro da criação artística. Foi dessas intérpretes que jamais se renderam ao lugar-comum ou à superficialidade. Seu nome pode não habitar o panteão popular onde brilham ícones da TV ou do cinema nacional, mas entre artistas, diretores e estudiosos da dramaturgia, Gracinda é uma referência de entrega, ética e excelência.

Ela integrou o ciclo virtuoso dos anos 1950 e 60, quando o teatro brasileiro buscava sua própria identidade entre as influências europeias e os dramas sociais do país. Atuou com vigor em montagens memoráveis e foi pioneira nos teleteatros das TVs Tupi e Cultura, onde ajudou a moldar a linguagem dramática televisiva brasileira. Mais do que uma atriz, era uma militante da arte. Acreditava que o teatro era, antes de tudo, um ato político e poético.

Sua morte precoce, em 1995, encerrou uma jornada sem alardes, mas profunda. Ainda assim, a ausência de homenagens institucionais ou reedições de seus trabalhos denuncia algo maior: o quanto o Brasil se permite esquecer seus melhores intérpretes quando eles não se encaixam nas vitrines do mercado ou nas lógicas do espetáculo.

Celebrar Gracinda Freire, portanto, não é apenas um gesto de justiça histórica. É também uma forma de reafirmar que o talento, a integridade e a vocação não podem ser medidos por número de seguidores, capas de revistas ou reprises de novela. Ela representa uma geração de artistas que formaram a base da nossa linguagem cênica, muitas vezes sem os holofotes que mereciam.

No centenário de Gracinda, é urgente lembrar: o teatro brasileiro tem uma dívida com seus pilares. E são nomes como o dela que sustentam, em silêncio, a grandeza de nossa cultura. Que sua “viagem” não tenha sido em vão — e que saibamos, ainda que tardiamente, reverenciar quem nos ensinou a arte de representar com a alma.

Alex Medeiros


quarta-feira, 30 de julho de 2025

terça-feira, 29 de julho de 2025

CENTELHA DE CORDEL

 

Lourival Batista, o Louro do Pajeú (1915 -1992), um dos maiores poetas populares do Brasil, é o autor da sextilha abaixo:

 

Já fui duro como aço
Mas tô mole como lama
Já não posso consolar
Helena em cima da cama
O que ela gosta tá mole
Como cordão de pijama