Sempre tive fascínio pelos homens trabalhadores, aqueles que desde cedo começaram a lutar pela vida e foram buscar seus ideais. O Rio Grande do Norte é berço de vários homens assim: destemidos, incansáveis, batalhadores e o melhor: honrados. Em que parte deste solo podemos germinar a semente de homens probos? Há uma carência em várias áreas deste Brasil.
Hoje, quero apresentar ao leitor um desses nobres homens. Potiguar, nascido em Natal, mais precisamente na Avenida Tavares de Lyra. Ele foi sem sombra de dúvidas o maior jornalista do Rio Grande do Norte, nenhum outro, até o momento, teve uma história profissional tão recheada de êxitos. Uma lista de personalidades nacionais e internacionais com as quais fez entrevistas. Murillo da Cunha Mello Filho nasceu em 13 de outubro de 1928 e faleceu em 27 de maio de 2020. Foram 92 anos de existência, dos quais mais de 40 anos dedicados ao jornalismo. Não podia ser diferente, posto que aos 12 anos começou a trabalhar no jornal "O Diário", onde toda segunda-feira publicava uma coluna de esportes. Posteriormente prestou seus serviços nos jornais "A Ordem" e "A República".
"... consciente de que os horizontes da cidade eram, naquela época, pequenos para as minhas aspirações. Natal não tinha, então, nenhum curso superior, fosse de direito, de medicina ou de engenharia. Os jovens natalenses eram obrigados a se deslocar para Maceió, dando apenas uma precária presença nos dias de provas, ou se mudando para Recife e Salvador. Decidi dar o grande salto e ir diretamente para o Rio" (Memória Viva - 1989)
E foi assim que no dia 16 de fevereiro de 1946 viajou para o Rio de Janeiro. Um jovem com 17 anos anos, uma pequena bagagem de mão e uma grande esperança. Na alma estava tatuada a lei do sucesso: vencer! No Rio, " O Correio da Noite" foi o primeiro a dar oportunidade ao jovem repórter. Passou depois a redigir para Tribuna da Imprensa".
Aos 24 anos vamos encontrar Murilo Melo Filho trabalhando na Revista Manchete, periódico semanal, que circulou de 1952 a 2007. Era o mês de maio de 1953, o jovem repórter estreava na Manchete com a sua primeira matéria assinada, publicada na edição 54, de 2 de maio daquele ano. Até então, o jovem Murilo Melo Filho não sabia, mas, naquela casa, ele chegaria a ser Diretor do Grupo Bloch ( Revista Manchete e Rede Manchete de Televisão).
É sobre o tempo de Murilo Melo Filho na Revista Manchete que eu quero mostrar aos leitores a sua participação. Farei em etapas, dada a quantidade de matérias que ele publicou naquele periódico. Vamos às cinquenta primeiras:
1. Nem só de Deputados vive a Câmara - edição 54 – 2 de maio 1953
2. A Igreja – edição 58 - 30 de maio 1953
3. O Senado, a casa onde Ruy perdeu a bota – edição 58 – 30 de maio 1953
4. Traição ou não traição? – edição 59 – 6 de junho 1953
5. Vatapá baiano com pimenta política, sobe a Estrela Dutra – edição 63 - 4 julho 1953
6. Caminha o PSD para a independência. Nem com Vargas, nem contra Vargas – edição 71 – 29 agosto 1953
7. O jogo financia o poder – edição 75 – 26 setembro 1953
8. A reação começou no pampas: o PSD gaúcho – edição 76 – 3 outubro 1953
9. Chico Macedo, o deputado “boca-pio” – edição 79 – 24 outubro 1953
10. 10 de novembro de 1937. Será possível repeti-lo agora? – edição 82 – 14 novembro 1953
11. Por trás da cortina de oxigênio, Café, coração de boi – edição 188 – 24 de novembro 1955
12. O Tamandaré tem corpo fechado – edição 190 - 10 dezembro 1955
13. O ministério de Juscelino – edição 194 – 7 janeiro 1956
14. Dutra feliz no seu ostracismo: Só tenho um pecado o 10 de novembro (de 37) – edição 213 – 19 maio 1956
15. PETROBRÁS e prorrogação – dores de cabeça de 1957 – edição 258 – 30 março 1957
16. Juarez não fará mais revolução – edição 263 – 4 maio 1957
17. Um cego viu o Urânio – edição 265 – 18 maio 1957
18. Da importância de ser coronel - edição 270 – 22 junho 1957
19. “Avant-Première” da sucessão presidencial – edição 272 - 6 julho 1957
20. Nada mais salvará o Brasil do desastre – edição 276 - 3 agosto 1957
21. O Governo diante de um novo dilema: Estatismo ou livre empresa - edição 277 – 10 agosto 1957
22. Gravata de quatro listras é o diploma da “Sorbonne” – edição 279 – 24 agosto 1957
23. A batalha pré-eleitoral – edição 282 – 14 setembro 1957
24. Após 30 anos nas trevas um cego vê – edição 283 – 21 setembro 1957
25. Na batalha da obstrução vence quem deserta – edição 284 – 28 setembro 1957
26. A carta de Vargas é o “bê-a-bá” do PTB – edição 286 – 12 outubro 1957
27. Plínio orgulhoso: somos galinhas com muita honra – edição 287 – 19 outubro 1957
28. 11 de novembro na intimidade – edição 290 – 9 novembro 1957
29. Quebrou-se a perna civil do tripé – edição 291 – 16 novembro 1957
30. Governo estável contempla 58 – edição 294 – 7 dezembro 1957
31. A bandeira branca desce da montanha – edição 295 – 14 dezembro 1957
32. Otimismo, progresso e esperança – edição 298 – 4 janeiro 1958
33. Populismo: máximo de votos no mínimo de legenda – edição 299 – 11 janeiro 1958
34. Congresso fechado – edição 300 – 18 janeiro 1958
35. Café não é estimulante para reatar com a Rússia – edição 301 - 25 janeiro 1958
36. JK sopra duas velinhas – edição 302 - 1 fevereiro 1958
37. Área de entendimento para os problemas do país – edição 308 – 15 de março 1958
38. Militares vão às urnas e Lott para balança – edição 309 – 22 março 1958
39. Numa sala gelada Alkmim controla o calor do país – edição 310 – 29 março 1958
40. Entre o 24 de agosto e o 11 de novembro: Coronel prevê uma nova data – edição 311 - 5 abril 1958
41. Nos subterrâneos da Burschenchaft – do pátio de uma escola, uma sombra governa o Brasil – edição 312 – 12 abril 1958
42. Numa barca, entre Rio e Niterói, um almirante cochicha – edição 314 – 26 abril 1958
43. Democracia, marido zeloso, impõe fidelidade – edição 315 – 3 maio 1958
44. Num foguete chamado Café, sobe o “Dólar-Sputinik” – edição 316 – 10 maio 1958
45. Passo para o Catete – edição 317 – 17 maio 1958
46. Igreja vigiada vigia o Governo – edição 318 – 24 maio 1958
47. Outubro exige degola de ministros – edição 321 – 14 junho 1958
48. Ike e JK no eixo Washigton-Rio – edição 323 – 28 junho 1958
49. A hora é a da luta pela paz – edição 325 – 12 julho 1958
50. Os cisnes estão na expectativa – edição 326 – 19 julho 1958
(continua)
Francisco Martins
13 setembro 2021
Referências:
Necrológio - Saudação in memoriam na ANRL. Lívio Oliveira. Revista da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, nº 66, janeiro a março 2021, páginas 287 a 303.
Revista Manchete - Biblioteca Nacional
Memória Viva de Murilo Melo Filho. Entrevistadores: Carlos Lyra e Alvamar Furtado. Co-edição de Bloch Editores S.A e Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 1989.
2 comentários:
Parabéns, querido confrade, por esse maravilhoso registro que nos faz crescer em conhecimentos e enaltece o povo potiguar.
Parabéns pelo texto e pela homenagem!
Postar um comentário