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segunda-feira, 6 de novembro de 2023

CARTA ABERTA ÀQUELES QUE VÃO ME OPERAR


 Natal-RN, 06 de novembro de 2023.

Senhores médicos,

Amanhã, vocês têm a oportunidade de verem  e tocarem em meu coração. Ele é diferente, embora tenha a mesma estrutura dos outros humanos. O diferencial só é notado por aqueles que gostam de arte, Há nele quatro cavidades pelas quais passam  a poesia, a prosa e os meus personagens: Leiturino e Mané Beradeiro.

Com certeza vocês não sabem do que estou falando,  não conhecem a dimensão das minhas atividades culturais. Quero alertá-los!

Muito cuidado para não cortar a veia do cordel, ela fica bem pertinho da veia cardíaca anterior.  Não muito longe da artéria coronária esquerda passa  a veia da prosa. Dentro da aorta tem um HD de pesquisas, por favor não toquem nele, exceto se realmente for preciso. Parecido com o pericárdio é o que dá vida a Leiturino, não vão se confundir. E, finalmente, agarrada a válvula mitral tem o bisaco de Mané Beradeiro, cheio de causos e poesia.

Pois bem, venho pedir que façam tudo que estiver ao alcance de suas mãos, para que ele volte a funcionar de maneira saudável. Acredito e confio piamente em cada um dessa equipe, tenham sucesso na missão cirúrgica.

Um batalhão de crianças lhe será imensamente grato. Jovens e adultos também ficarão felizes ao saber que vocês fizeram um excelente trabalho.

Que Jesus, o médico maior, oriente e guie as suas decisões e dê sabedoria a todos da equipe.

Francisco Martins
Mané Beradeiro
Leiturino


sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

UM ANO PARA SER E FAZER DIFERENTE: DEPENDE DE VOCÊ



Terminamos mais um ano. Os homens são sedentos pelas frações do tempo, quer sejam em séculos, décadas, anos, meses, dias, horas, minutos, segundos. Isso vem de longe, duma época bem distante. Contar os dias é algo tão peculiar do ser humano, assim como é próprio do rio correr à foz.

Mas os grandes, aqueles que constroem um mundo à parte e vivem numa dimensão muito mais superior, não se preocupam com o fator tempo, aliás no que tange ao transcendental, o cronos não existe.

Há pessoas que passam por aqui muitos anos, no entanto, nada edificam, são adeptos da pior filosofia da existência: a normose, que assim é definida pelo grande mestre Hermógenes: “Os maus hábitos cristalizados como normais pela sociedade, tais como o consumismo e a corrupção”.

E o pior é que a grande maioria segue a normose e não sabe. São escravos sem horizontes à libertação. Que em 2023 sejamos capazes de fazer um ano diferente em nossas vidas. Sejamos idealistas e não  apenas sonhadores, pois a diferença entre este e aquele é que o idealista luta para realizar aquilo que sonha.

Que os homens possam no ano vindouro ser mais poetas, cantar a vida, viver a fé. Que cada mulher cultive durante todo o ano novo não apenas a beleza exterior, mas sobretudo a interior.

Que os pais tenham sabedoria para transmitir aos filhos. Que os professores, ah! os mestres, bem a eles desejamos um 2023 paradisíaco. Aos jovens deixamos a tarefa para que cada um possa vir a obedecer a si mesmo, não sem freios, sem limites, sem horizontes, mas com foco. Pois aquele que não obedece a si mesmo é regido pelos outros.

E às crianças, tesouros de cada lar, que para elas haja em 2023 uma Civilização de Amor. Feliz Ano Novo!

Francisco Martins

Imagem: https://br.pinterest.com/pin/1077556648322206457/.em 29.12.2022, às 10:29.

segunda-feira, 6 de junho de 2022

RECEITA POÉTICA PARA CANJICA (CURAL)

 Sábado passado eu resolvi fazer canjica (cural). É um prato da culinária nordestina, indispensável à mesa neste período junino. Nossa! Fazia muito tempo que não preparava uma canjica. Dividimos as tarefas. Eu saí para comprar os ingredientes, minha esposa e um dos meus filhos deixaram o material no ponto de ser levado ao fogo. Ficou muito boa. Segue a receita poética para quem desejar fazer:



RECEITA POÉTICA PARA CANJICA (CURAL)


15 espigas de milho. Não podem ser verdes, nem maduras demais. Escolha-as no meio termo, assim como quem busca um amor que vai ficar para sempre.

1 caixa de leite condensado - pois  a canjica é como casamento - vão ter momentos que precisarão se sobrepor ao poder do açúcar.

4 colheres (sopa) de açúcar

720 ml de leite in natura, quente

200 ml de manteira de garrafa

Leite de 1 coco ralado

1 pedaço de canela

1 pitada de sal

Modo de fazer: Limpe as espigas, retire os grãos, triture no liquidificador com pouca água. Passe numa peneira e reserva na panela. Junte o leite de coco, a manteiga, o leite condensado e o açúcar ao líquido acima e leve ao fogo. Vá mexendo devagar e quando começar a engrossar acrescente aos poucos o leite in natura e o pedaço de canela. Continue mexendo. Canjica é como casamento, tem que ter calor, movimento, carinho, olhar constante para poder ficar cada vez melhor.

Não esqueça de cronometrar. Vai durar no mínimo 1 hora. A canjica começa a ganhar consistência depois dos 35 minutos. Não se engane, ela ainda não estará no ponto. Baixe o lume, mas não apague o fogo. Sem calor não há casamento saudável, nem canjica bonita e gostosa.

Depois de 1 hora de preparo e você sempre mexendo, ela começa a soltar das laterais da panela. Isso são as bodas de ouro. Veja como ela está amarelinha. Deite-a em um refratário e ponha canela em pó sobre ela.

Pronto! Canjica feita.

Boa lua de milho!

Francisco Martins

06 de junho de 2022


quinta-feira, 12 de agosto de 2021

JAMAIS DIREI...

Eu não posso, pois "posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Filipenses 4:13)

Eu não tenho, pois "Meu Deus suprirá, segundo as suas riquezas na glória de Cristo Jesus, cada uma de minhas necessidades" (Filipenses 4:19)u

Que tenho medo. "Poque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação" (2 Timóteo 1:7)

Que tenho duvidas ou falta de fé, porque eu tenho " A medida da fé que Deus repartiu a cada um" (Romanos 12:3)

Que eu sou fraco, porque "O Senhor é  a força da minha vida" (Salmo 27:1) e "O povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas" (Daniel 11:32)

Que Satanás tem domínio sobre minha vida, "porque maior é aquele que está em mim do que aquele que está no mundo" (1 João 4:4)

Que estou derrotado, porque "Deus em Cristo sempre me conduz em triunfo" (2 Coríntios 2:14)

Que não tenho sabedoria, pois "Cristo Jesus foi feito por Deus sabedoria para mim" (2 Coríntios 1:30)

Que estou doente, pois "Pelas suas pisaduras e fui e sou sarado" (Isaías 53:5)

Que estou preocupado e frustado, pois estou "Lançando sobre Ele, toda a minha ansiedade, porque Ele tem cuidado de mim" ( 1 Pedro 5:7)

Que estou condenando, pois "Agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" ( Romanos 8:1)

Obs: este texto não é da minha autoria, mas eu o conservo em um caderno há mais de trinta anos)

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

CRÔNICA COM SABOR DE FANTASIA NUMA CIDADE ENCANTADA - PARTE II

 Numa esquina que fica localizada no bairro Monte Castelo, em Parnamirim-RN, existe um exemplo de superação. Não é dado por uma pessoa nem animal, o exemplo vem de uma planta


 Eu a conheci na semana passada, quando trafegava por ali, montado na minha Muar Azeviche* e fazia entrega de pães. Fiquei curioso com aquela  "árvore", nunca tinha visto nada igual na  Cidade Trampolim da Vitória. Parei a Muar  Azeviche  e fotografei. Foi quando ouvi um  psiu de alguém me chamando. Olhei para os lado e não vi ninguém. Liguei a Muar e o psiu voltou a ser dado de forma mais forte. Só assim percebi que era a própria árvore que eu tinha fotografado, que me chamava.

-Venha aqui! Sei que você consegue escutar a gente, assim como um dos seus escritores favoritos também escutava

Fiquei pasmo, pálido, tremi nas bases, mas fui.

-Olá dona árvore! Como vai?

 -Não sou árvore, sou uma trepadeira, unha-de-gato, que cresce  agarrada aos muros das cidades. Sou muito usada em paisagismo, mas eu resolvi ir mais além. Quis ser árvore! Sempre desejei  crescer para cima ter raízes sólidas, ver mais além.

-Verdade! Agora que percebo que a sua folhagem é de uma vegetação totalmente diferente das árvores. Como conseguiu esta proeza?

-Com determinação, força de vontade e muita superação. Não foi fácil mas estou aqui. Sou única!

-Parabéns! Posso  dizer isso lá no meu blog?

-Sim. 

-Qual seu nome pessoal?

-Eu sou Darci. Agora pode ir. Espalhe minha história.

E foi assim que eu, poeta, padeiro, pude perceber que em tempo de pandemia até a vegetação busca se aventurar. Viva Darci!


Francisco Martins

30 de outubro 2020

 

*Jumenta preta, minha moto de 50cc

 


quinta-feira, 30 de julho de 2020

OS ACADÊMICOS DA ACLA SAÚDAM CEARÁ-MIRIM, NOS 162 ANOS DE SUA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA


– CADEIRA 01 – CAIO CÉSAR CRUZ AZEVEDO
Meu coração bate e ainda semeia vigor em vias que fazem vibrar o meu Ceará-Mirim. O vale todo reverdesce, espraia-se, como um antigo deus protetor vindo das mitologias da terra. A visão é do paraíso. Rogamos para este coração, como para tantos outros, no centro do viver, perpetuar esta cidade, como afirma Madalena Antunes “as cidades não morrem... até mesmo quando caem em ruínas, salva-as do aniquilamento aquela alma fecunda que as revive, por ser consciente que o patrimônio arquitetônico é um livro de pedras, areia e cal a narrar com a escrita do tempo a construção de nossa identidade”.

– CADEIRA 03 – PAULO DE TARSO CORREIA DE MELLO
Ceará-Mirim é a poesia das lembranças de infância, Ceará-Mirim sou eu subindo a rua calçada em pedras irregulares, ao fim da tarde. Vestido em um terno azul, levo um presente bem embrulhado e um ramo de saudades roxas que me enfiaram na mão. Vou ao aniversário de uma namorada menina. Neste exato momento o relógio da igreja bate as cinco horas. Continuo escutando pelo resto da vida.

– CADEIRA 04 – FRANCISCA MARIA BEZERRA LOPES
Minha mente absorvia e contemplava euforicamente o VALE. E, novamente, feito criança ao entoar os parabéns numa festa de aniversário, ressoou em meus ouvidos novos aplausos. Muito mais que uma obra de arte estava lá. Divino, pintura natural. Suprarreal. Que o tempo nem o homem, ainda, não conseguiram apagar. Continua enchendo os olhos de muitos até hoje, e recebendo efusivos aplausos.

– CADEIRA 06 – ANDRÉ FELIPE PIGNATARO FURTADO DE MENDONÇA E MENEZES
Ceará-Mirim, terra dos meus antepassados, tanto pelo lado paterno como pelo materno, descobri-te tarde demais. Porém, me recebeste de braços abertos, e, hoje, sinto-me como um verdadeiro filho teu. Como é agradável andar pelas tuas veredas e respirar a tua história; ouvir os teus sussurros e sentir o teu doce sabor; escutar os teus gemidos e inalar o teu perfume.
Parabéns, Ceará-Mirim, pelos teus 162 anos de lutas e glórias.

– CADEIRA 07 – ROBERTO BRANDÃO FURTADO
FÉRIAS EM CEARÁ-MIRIM.
Da rua das Trincheiras para a rua da Igreja, era um pulo: dois quarteirões. Lá me esperava a pelada apalavrada com João Palhano e Zé Moreira. Para chegar ao local da lide, bastava pular as bueiras com a ajuda da vara de bambu. Depois do jogo, uma “furtiva” incursão ao sítio de Aurora Barroca, na rua Grande, para usufruir do sabor das uvas do seu bem cuidado parreiral. De volta para casa, passar em frente a casa de Clóvis Soares, dona Corinta de seu Simeão, dobrar na esquina de Chico Leopoldino, sem antes dispensar uma olhadela para a mansão de Valdemar de Sá, vizinha a casa de esquina que morei, perto da padaria de João Neto e no oitão de Dr. Canindé. A noite, duas opções: jogar sinuca com Pedro Champirra, no Café de Cleto, sob os olhares de Coronel Pinto e de Vital Correia ou ir ao cinema de Jorge Moura, assistir um episódio de Besouro Verde.
Que boa era a infância!

– CADEIRA 08 – GIBSON MACHADO ALVES
ENCANTOS DO MEU LUGAR. Lugar de lembranças, de sonhos e, sobretudo, de esperança! Memórias de um tempo que já vai longe, na infância, quando a alegria da meninada, eram as peladas no sítio de Antônio Potengi, o campinho dos irmãos Manoelzinho e Carlos Gusmão, nosso mundo encantado lobatiano apesar da ausência de suas figuras mitológicas. Lá, vivíamos sonhos e momentos de felicidade, brincávamos e criávamos nossas fantasias de crianças e adolescentes, já na fase das resenhas amorosas juvenis. Tantas lembranças de um pequeno e efêmero espaço temporal! Nossa aldeia de menino, tão conhecida e explorada, tornou-se estranha, desconhecida e distante de nossas reminiscências provincianas.

– CADEIRA 09 – MÚCIO VICENTE DE OLIVEIRA
VALE ORGULHO, PARABÉNS!
Venha conhecer a nossa cidade,
A maior igreja do estado, a casa do barão;
A usina são Francisco; o engenho união
O túmulo da linda Emma; a fazenda nascença.
O banho das escravas, a casa grande do Guaporé,
O olheiro diamante, o engenho verde nasce, a fazenda Igarapé.
Os quilombolas em coqueiros, Capela, matas, mineiros.
Orgulho-me quando falo sempre assim,
Do vale do Ceará-Mirim, dos verdes canaviais.

– CADEIRA 10 – LEDA MARINHO VARELA DA COSTA
Ceará-Mirim é uma terra repleta de fascínio que me faz sentir casada com a Natureza – canavial, mar, rio – onde consigo beber crepúsculos adocicados de mel e me vestir de auroras poéticas.

– CADEIRA 11 – JOSÉ DE ANCHIETA CAVALCANTI
AS PALMEIRAS DO COLÉGIO SANTA ÁGUEDA.
Reverenciando o aniversário do Ceará-Mirim.
Eis que se postam altaneiras, com seus leques abertos ao vento, olhando o vale distante em um místico de oração! Quem são elas? São as palmeiras do velho Colégio Santa Águeda! Elas são as únicas palmeiras da minha infância, infância que as viu crescer, encantar os poetas e, depois, muito depois, caírem aos “golpes do machado branco”, no dizer de Augusto dos Anjos e “não mais levantaram da terra”, ainda no dizer do maravilhoso vate paraibano [...]
E as palmeiras que já se manifestaram e já se foram, deixaram na alma do menino, o forte sentimento de saudade e de ternura de um tempo bom que não voltará jamais!
Parabéns Ceará-Mirim, por mais um aniversário.

– CADEIRA 13 – BIANCA DI ANGELI CARRERAS SIMÕES
Das altas elevações desta terra
Até os vastos canaviais,
Uma coisa que nunca se erra
É a memória dos imortais.
Lembro as palavras do meu pai
Que quando saía de Ceará-Mirim
Nenhum lugar ocupava, jamais
O espaço era só dela, simples assim.
Viva a Ceará-Mirim, nos seus 162 anos de emancipação.

– CADEIRA 14 – JANILSON DIAS DE OLIVEIRA
Ceará-Mirim minha cidade querida!
Jamais te esquecerei
Es a razão de minha vida
Para sempre te amarei.

– CADEIRA 15 – JEANNE ARAUJO SILVA 
EM TEUS VERDES ENCANTADOS
Na primeira manhã em que te vi, vestias teu mais lindo vestido em tons de verde, e o vento ondulava sua saia que voava suavemente e me encantava. Foi amor à primeira vista. Meus olhos pousaram sobre os teus e nunca mais quis me ver longe de ti, dos teus encantos e de tua suavidade. Não te toquei naquele dia. Não conheci suas curvas e esquinas. Mas embrenhastes no meu coração e não pude te esquecer um só minuto. Então foi preciso tomar a decisão e voltei. Desta vez, cada vez mais enamorada, voltei pra ficar junto a ti. E o mesmo assombro de sua beleza me encantou os olhos. Os seus tons de verde me feriram os olhos acostumados com o cinza do sertão. A umidade de seus orvalhos umedeceram esses mesmos olhos ressecados de solidão. Eu já não era mais sozinha, eu tinha a ti, que me acolheu docemente.

– CADEIRA 16 – RICARDO DE MOURA SOBRAL
CEARÁ-MIRIM DO MEU CORAÇÃO
“Terra de que ninguém se desprende sem perder o espírito”.
Quem ousa acrescentar algo à frase de Nilo Pereira, autor da Manhã da Criação? Diante de ti, terra dadivosa, berço fecundo, pátria afetiva, repouso celestial, curvo-me eternamente grato por desfrutar de sua insuperável beleza natural, da generosidade de seu povo, e pelo legado que me transmitistes dos meus ancestrais, plasmado numa memória presencial entrada no quarto século. Retribuo-te, terra amada, com a minha presença, discreta e silenciosa.

– CADEIRA 17 – SAYONARA MONTENEGRO RODRIGUES
Em seu solo sagrado, que tanta história possui, tantos talentos vertem, comemora-se os seus 162 anos de beleza, tradição e glória.
Parabéns, Ceará-Mirim!

– CADEIRA 18 – FRANCISCO MARTINS ALVES NETO
É verdade minha menina?
162 anos faz você nesta jornada.
Uma criança, uma cidade, uma bondade.
Desejo-lhe felicidade!

– CADEIRA 19 - MARIA DA CONCEIÇÃO CRUZ SPINELI
PARABÉNS A CEARÁ-MIRIM
No dia 23 de março do ano de 1903, Dolores Cavalcanti, filha de Ceará-Mirim, lançava um jornal feminino chamado “A Esperança”, e convidava os presentes a “[...] ir comigo a tantos lugares de paisagens e cenários, ver o rio descer em cheias diluviais: ouvir a voz do canavial, tangido por um sopro de poesia; entrar na matriz e orar a Nossa Senhora da Conceição; descer e subir pelas velhas ruas, onde há de cada um de nós um pouco [...]”. Passados 117 anos, com a mesma Esperança, faço um convite de volta ao passado desejando perspectivas alvissareiras para o futuro, parabenizo a cidade de Ceará-Mirim.

– CADEIRA 20 – MARIA MARGARETH DA SILVA PEREIRA
“As capelas nas terras dos senhores de engenho demonstram a devoção da família e os passantes até hoje se transpiram no tempo.”
CABAÚ: do engenho ao casario p.133

– CADEIRA 21 – GERINALDO MOURA DA SILVA
CEARÁ-MIRIM - 162 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA.
Era o ano de 1858. Nascia na província do Rio Grande, a Briosa Vila do Ceará-Mirim, que mais tarde se tornaria uma fidalga cidade encrustada num verde e paradisíaco vale. Orgulho de todos nós seus filhos, nativos ou adotivos que sempre a cantaram em verso e prosa. Do adro da matriz de Nossa Senhora da Conceição, admirando o balançar do canavial parece que a Divina Providência quis deixar sua marca indelével de beleza e riqueza em seus vários aspectos. Não no sentido capitalista e materialista, mas uma riqueza cultural, histórica e arquitetônica onde os poetas, músicos e artistas registraram no tempo e na memória de todos o que de mais belo possuímos.
Parabéns à nossa terra e aos todos que aqui vivem e que aprenderam a amá-la e sonham sempre com dias melhores sob o manto protetor da Virgem Mãe de Deus.

– CADEIRA 22 – FRANKLIN MARINHO DE QUEIROZ
Aos 162 anos de idade, um município é uma criança, consequentemente temos que cuidar dele com o mesmo zelo, amor e responsabilidade que se dedica a um infante. Este é o meu pensamento, esta é a minha atitude para com o Ceará-Mirim. A ternura, a saudade de outrora, da origem do seu povo, da sua aristocracia canavieira, dos seus altos e baixos, não cabem nesta mensagem, para dizer o que penso e o que sinto pela minha terra, mas estou sempre no casarão da antiga rua da Aurora, a disposição de todos, para relatar os fatos históricos desta cidade que eu tanto amo.
Viva ao Ceará-Mirim!
Viva a Nossa Senhora da Conceição!

– CADEIRA 23 – MARIA LEONOR ASSUNÇÃO SOARES
Ceará-Mirim, comemoramos hoje 162 anos de sua emancipação política. É Fácil falar sobre você, minha terra querida, pois há muitos anos desfruto das suas belezas, vibro com suas alegrias e sofro com suas tristezas. Quero, portanto, desejar a você e a todos os seus habitantes muitas felicidades e um futuro promissor. Quero saudar a você, minha terra, saudar seus filhos, vivos e mortos, pedindo a Deus e a Nossa Padroeira, Nossa Senhora da Conceição, que derramem suas benções sobre a nossa terra e sobre o nosso povo. Viva a nossa querida Ceará-Mirim!

– CADEIRA 24 – IRAN RODRIGUES COSTA
Ceará-Mirim que encantou, ainda encanta, claro, terra que abraça e acolhe, parece estar inquieta tentando rebuscar no passado construir melhor presente para que o futuro não nos reclame tanto!

– CADEIRA 25 – ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
Desembarquei em Ceará-Mirim em 1981, para ficar de 6 a 12 meses. E aqui vivi, nessa bela terra, 23 anos de minha existência. Dispensável dizer que foi amor à primeira vista. Conquistei importantes amizades que perduram até os dias de hoje. Por fim, já aposentado, passei a integrar a valorosa Academia Ceará-mirinense de Letras e Artes “Pedro Simões Neto”-ACLA, instituição que vem se destacando no cenário cultural e artístico do Rio Grande do Norte.
A você, Ceará-Mirim, a minha homenagem e o meu preito de gratidão!

– CADEIRA 26 – MARIA DAS GRAÇAS BARBALHO BEZERRA TEIXEIRA
Em Ceará-Mirim que se estende para cima e para baixo, nada mais aprazível que o verde do vale, suas ladeiras, suas ruas largas, seus becos históricos, sua arquitetura, seu rio antes caudaloso, hoje assoreado, todavia ainda respirando vida, buscando caminhos, umedecendo terras. Em Ceará-Mirim minha terra centenária os cheiros de açúcar, melado, ocre, argila, massapé, mesclam e lambuzam as lembranças, os amores, a saudade imorredoura. Em Ceará-Mirim de Nossa Senhora da Conceição comemora-se hoje os seus cento e cinquenta e sete anos de lutas e glórias, de muitas histórias, de muitos contos e de muita poesia. SALVE CEARÁ-MIRIM!

– CADEIRA 27 – MARIA HELOISA BRANDÃO VARELA
HOMENAGEM AO CEARÁ MIRIM - 162 ANOS.
Parabéns ao Ceará Mirim a aos Administradores atuais pelas comemorações. Inspirada no poema Pasárgada, do poeta modernista Manoel Bandeira. Penso que todos têm dentro de si uma Pasárgada. Hoje no meu imaginário, as paisagens fabulosas, a lembrança da cidade nos remete aos tempos de crianças e adolescência e nos faz reviver e renovar, saímos mais jovens, claro no sentido figurado. A mensagem que deixo através do poema Pasárgada é uma homenagem aos presentes e a terra querida de todos nós.

– CADEIRA 28 – JOANA D’ARC ARRUDA CÂMARA
Ceará-Mirim eu te parabenizo pelos 162 anos.
Teus casarões e teu vale verde, encantam a todos que te conhece.
Tenho orgulho de ser filha dessa terra abençoada por Nossa Senhora da Conceição e das figuras ilustres que enriquecem a nossa cultura. Hoje é um dia especial para os Ceará-mirinenses. Parabéns a todos.

– CADEIRA 29 – JOVENTINA SIMÕES OLIVEIRA
“Ceará-Mirim, hei de lhe ver, jovem e formosa, como uma manhã de sol, vestida de noiva, desposando o progresso...”. – Reitero hoje, os mesmos desejos de sucesso formulados pelo meu pai, Percílio Alves de Oliveira, no seu livro O Colecionador de Esmeraldas (1981).
Curvo-me diante de você, Ceará-Mirim, cidade que me embalou criança, me acalentou adolescente e me inspirou adulta, me transformando no que hoje sou. Eu lhe saúdo, Ceará-Mirim e lhe dedico a minha gratidão eterna e o meu amor incondicional. Parabéns pelos 162 anos de emancipação política.

– CADEIRA 30 – EMMANUEL CRISTÓVÃO DE OLIVEIRA CAVALCANTI
Na passagem de mais um aniversário da Emancipação Política do Ceará-Mirim devo dizer que, como ceará-mirinense, me sinto orgulhoso de ser seu filho, pelo encanto, pela sedução e fascínio que esta querida terra, palco inesquecível da minha infância, adolescência e maturidade, vem me proporcionando no decorrer de toda minha vida. Como um antigo Menino de Engenho, do velho Jaçanã, hoje de fogo morto, recordo-me dos meus antepassados, que dali com seu trabalho, tiravam o seu sustento e de sua família, e dos dias felizes da minha infância, ali vividos. Quero neste exato dia de comemoração de mais um aniversário da minha querida Ceará-Mirim, homenagear todos os seus filhos, que fizeram, marcaram e deram personalidade e grandeza à velha e tradicional Cidade dos Verdes Canaviais.

– CADEIRA 31 – CLEONEIDE MARIA MACIEL DA SILVEIRA
Ceará-Mirim, terra acolhedora de filhos e visitantes. Grandiosa em suas belezas naturais; berço da literatura poética erudita e popular, templo da diversidade religiosa e cultural.
Aqui exalto todos os seus ancestrais, em especial aos povos indígenas com seus saberes da tradição, que foram os primeiros guardiões desse território.
Ceará-Mirim, celeiro artístico, terra de resistência e de magia cultural te felicito pela passagem dos seus 162 anos de Emancipação Política!!!

– CADEIRA 32 – CRÉSIO TORRES DE OLIVEIRA JÚNIOR
Nas asas do nobre poeta
Viaja um sublime coração,
162 anos a pulsar
Dotado de grande inspiração!
Contando a sua história
“Movido sempre pelo chão”,
Ao mundo aclamou Júlio Senna:
“Ceará-Mirim exemplo nacional”!














FOTOS DE MARIA SIMÕES.


FOTO 1 – Igreja de Nossa Senhora da Conceição
FOTO 2 – Colégio de Santa Águeda
FOTO 3 – Biblioteca Pública José Pacheco Dantas
FOTO 4 – Solar dos Correia
FOTO 5 – Mercado Público Municipal
FOTO 6 – Casa onde morava a poeta Adelle de Oliveira
FOTO 7 – Casa onde nasceu o poeta Sanderson Negreiros
FOTO 8 - Engenho Nascença
FOTO 9 - Engenho Carnaubal
FOTO 10 - Engenho Trigueiro
FOTO 11 - Engenho Capela.


Copiado da página da ACLA.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

SAPO CURURU NA VEREDA DA FAZENDINHA




Encontrei pela manhã este sapo cururu numa vereda da fazendinha. Estava muito sério. Perguntei a razão e ele me disse:
 - os mosquitos estão sumindo e as sapas também.
Foi quando eu quis saber, dos dois qual faz mais falta?
- a sapa!
Lembrei da frase de Câmara Cascudo: A BELEZA DO SAPO É A SAPA.


Francisco Martins

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

O ESCRITOR E A SUA PRIMEIRA PROFESSORA

Há momentos em nossa vida que têm o valor do metal mais precioso. Hoje eu vivi um desses quando fui até Ceará-Mirim/RN visitar Nevinha, minha primeira professora. Ela não tem formação universitária, não é mestra nem doutorada, mas possui  algo muito superior a tudo isso, a saber: o amor pela educação. Foi  ela quem me ensinou a ler.  
O ESCRITOR E A SUA PRIMEIRA PROFESSORA
Nevinha é minha mãe pedagógica e literária, nem ela, nem eu tínhamos em mente que um dia, aquela criança que frequentou sua escolinha, lá no meio rural, dentro da Fazenda Santa Maria, mais precisamente em "Mutucas ", chegaria a ser escritor. Somos almas ligadas eternamente. 

segunda-feira, 13 de maio de 2019

POETA XEXÉU CELEBRA 81 ANOS DE VIDA



Hoje, 13 de maio de 2019,  eu pergunto a uma menina por nome de Fátima se ela porventura  teria algum segredo para confessar. Ela olha-me e diz: "Poeta o que tenho para lhe dizer é que hoje na cidade de Santo Antonio-RN a poesia está em festa!". E fico querendo saber qual é o motivo. Lembro do amigo Gelson Pessoa e mando mensagem para ele indagando que festa é essa. Aí, Gelson responde escrevendo:
Xexéu fez oitenta e um
Anos de muita poesia
Pois ele desde menino
No seu caderno escrevia
Poema  com o coração
Causando admiração
A todos que o conhecia.
Só então eu percebi a beleza do dia de hoje, João Gomes Sobrinho, o homem que foi gerado dentro de um útero recheado de poemas, que muito pequeno foi poeticamente batizado pela alcunha de Xexéu, o habitante maior e melhor de Santo Antonio, que ouço afirmar sem receio nenhum, tem a força superior a de uma onça que apenas passou por lá. Xexéu tem o canto que nos enebria, podemos ouvi-lo nos folhetos do cordel brasileiro,  sob a copa de uma mangueira rosa. A ele quero entregar também meus versos, ei-los:
Você é um poeta de ouro
Homem de grande valor
E hoje celebra a vida
Com belo e grande esplendor
Quisera ter o seu canto
Menestrel de puro amor.

Começou inda pequeno
No mundo do versejar
Já faz tempo meu poeta
Mas pode continuar
A mangueira rosa apoia
Não lhe cansa de louvar.

Eu derramo em seus pés
Com profunda gratidão
Por Deus ter feito você
Sem nenhuma abstenção
São 81 anos
De grande inspiração.

Receba Xexéu  dourado
Do poeta Beradeiro
Estes versos atrevidos
A um coração arteiro
Plante lá no seu roçado
Dará frutos por inteiro.
  
Mané Beradeiro




quarta-feira, 20 de março de 2019

GUARDA CHUVA APAIXONADO

Ele se apaixonou redondamente pela sombrinha, e a primeira pergunta que fez foi:
-Jura-me não esquecer de mim?
A sombrinha  perguntou o porquê daquele medo e o guarda chuva respondeu:
-As pessoas me esquecem com facilidade.

Francisco Martins

ALUIZIO MATHIAS - O POETA DE UM JARDIM CHAMADO FOLHA POÉTICA

Amanhã, 21 de março, é o Dia Internacional da Poesia. Conheço muitos poetas, mas quero homenagear um poeta que vem ao longo da sua vida escrevendo um poema, não apenas no papel, em livros, mas na história.
Seu trabalho é como uma árvore bem plantada à beira de um riacho, que no devido tempo dá seu fruto, assim como diz o salmista. Sabe seus apreciadores que ele todos os anos, desde 1983 nos presenteia com o fruto da sua dedicação. Saboreamos então "Folha Poética, nascida  naquele tempo em que o estencil recebia a massagem dos tipos da máquina de datilografia e depois ia se banhar no  movimento frenético do mimeógrafo. Foi assim com a primeira Folha Poética. E este poeta é Aluizio Mathias.
A distribuição acontecia em bares, paradas de ônibus, escolas, etc. A Folha Poética resistiu ao longo destes 36 anos, cujo aniversário vai acontecer em outubro. Sai uma vez por ano e já teve parceria com jornais (Jornal de Natal, Diário de Natal, Tribuna do Norte) hora publicado dentro dos jornais e outras vezes como suplemento. Na parceria com o a Tribuna do Norte, a Folha Poética chegou a ter a impressão de 5 mil exemplares, mostrando a poesia de inúmeros poetas do Rio Grande do Norte. Nas últimas edições a Folha Poética tem dado espaço também ao cordel.

Por um trabalho tão importante  é que escolho Aluizio Mathias para ser bem lembrado neste dia, afinal ele e a Folha Poética têm o mesmo aconchego das duplas: ginga com tapioca, cana com caju, caldo de cana com pão doce e outras coisas boas desta terra potiguar.
Parabéns a Aluízio Mathias, que com ele e a Folha Poética carrega uma antologia de poetas.

Francisco Martins
20 de março 2019


quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A DUPLA DA CULTURA POPULAR: ANANIAS E MANÉ

Ananias, jumento esperto, amigo inseparável  de Mané  Beradeiro, dupla que simboliza cultura popular, alegria com gosto do nordeste, com cheiro de chuva e a beleza do Carcará. Ele, Ananias representa a resistência  da raça que muito ajudou os sertanejos a desenvolverem o Brasil. Bicho sagrado, presente na História  da Salvação,  de Abraão a Jesus Cristo. Companheiro de viagens nestas estradas  de barros. Guardião  de juras e fugas de amor nas madrugadas. Eita, jumento irmão! Avante, que você é Mané continuem a mostrar a esta geração  que carregar livros,  lê-los, é  melhor que transportar cargas de ignorância no lombo da existência.

Francisco Martins
13 setembro  2018

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

O SERVO DE ZÉ RAIMUNDO


Mané Beradeiro já fez uma homenagem a José Raimundo, quando escreveu o cordel  "Oito vidas na casa de cor azul" (novembro 2017), no qual  há  entre outras as seguintes sextilhas:

Seis nomes eu já mostrei,
Faltam dois a revelar.
O meu coração dispara,
Bastando nele pensar:
Um casal tão formidável,
Impossível não amar.

Ele tem olhos fechados
Lembrando o povo chinês,
As bochechas de Fofão,
Mas vê com intrepidez,
Batizado, Zé Raimundo,
Eu não sei ano nem mês.

...

Nesta semana que ainda  estamos em espírito pela celebração do Dia dos Pais, ocorrido ontem, trago aos meus leitores a prosa poética "O Servo de Zé Raimundo". 

Zé Raimundo, septuagenário, casado e sem filhos. Tenho o privilégio de no mínimo 8 vezes por mês assisti-lo em seu banho noturno.
A primeira vez que fiz isso muito me emocionei, pois ao vê-lo debaixo daquela ducha, imediatamente pensei em meu pai, que há muito já não vive. Ele percebeu que eu estava olhando diferente e perguntou:
_ Você não dá banho em seu pai?
Não contive as lágrimas. Deixei que corressem em minha face e apenas respondi:
_ Não tenho pai vivo. Ele já partiu. E desde aquele primeiro banho, todas as vezes que eu me torno servo de Zé Raimundo, faço com tal zelo que cada gesto é semelhante a uma oração.
Zé Raimundo não consegue se despir, tem dificuldade de lavar a cabeça e como idoso precisa de cuidado e atenção no banho. É um momento ímpar. Um ritual cuja sincronia se repete sempre numa cadência harmoniosa.
Pega o sabonete esfrega várias vezes na mão esquerda e com aquela espuma ele lava todo o lado direito do corpo, depois repete com a mão direita, desta vez no lado esquerdo. Brinco com Zé Raimundo e lembro que ele não pode deixar de lavar a “ribaçã”. Vejo o sorriso em seu rosto e dele escuto causos e estórias que ele vai lembrando e contando.
As caçadas de passarinho, as primeiras namoradas, os patrões e o trabalho no roçado são temas frequentes. E quando o banho termina é hora de enxugar, vestir e perfumá-lo para que ele tenha o encontro com as ninfas dos sonhos. Aproveito para dizer que a ninfa dele está ali, bem pertinho e se chama Sebastiana.
Ele rir, como quem simplesmente afirma que ela não entra naquele mundo só seu.
Ah! Zé Raimundo, estou com 54 anos e tenho certeza que não verei outro como você. Seus cabelos brancos, suas cicatrizes, seus gestos são imagens de uma linda aquarela na qual eu ouso ver a face do meu pai .
Obrigado Zé Raimundo por permitir ser seu servo.
Francisco Martins
11 de agosto de 2018.


 

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

AS ATIVIDADES CULTURAIS NO FINAL DE JULHO




Embora de férias, não deixei  de realizar algumas atividades culturais. Estive pela manhã  e à tarde do dia 24, na Escola Municipal Manoel Machado (Parnamirim), onde como escritor falei para crianças e adolescentes sobre como me tornei escritor e a importância da leitura neste processo de construção.
"Escrever é esquecer.
A Literatura é a maneira
mais agradável de "ignorar a vida"
Fernando Pessoa
Hoje pela manhã tivemos o prazer de receber o poeta Francisco Francisco Martins para um bate papo com os alunos da Escola Municipal Manoel Manoel Machado falando como iniciou sua vida no mundo literário "faz de conta" em comemoração ao dia do escritor.
Obrigada ao poeta Francisco Martins pela belíssima explanação, tenho certeza que para os nossos pequenos ficou marcado no coração de cada um cada palavra, cada relato feito por você."

(texto da professora Itamara Fernandes, mediadora de leitura)
 Foto de Maria Itamar Andrade Fernandes Oliveira.


Foto de Maria Itamar Andrade Fernandes Oliveira.

 Foto de Francisco Martins.
No dia 25, pela manhã, foi agraciado com uma linda ação cultural que a professora Jarlene  Carvalho, mediadora de leitura da Escola Municipal  Manoel Vicente de Paiva (Parnamirim), que prestando homenagem às avós usou o meu poema em cordel " A Avó com a saia de merinó - a poética história de Dindinha" ( avó de Auta de Souza, Eloy de Souza e Henrique Castriciano)

Foto de Francisco Martins.

A professora Jarlene Carvalho  se apresentou como sendo a própria Auta de Souza e estava ali para ler um cordel escritor por Mané Beradeiro.
À noite, retornando a Escola Manoel Machado, dei  início  a um projeto de construção de um livro cartonero com alguns alunos da Educação de Jovens e Adultos.

Foto de Francisco Martins.
  Foto de Francisco Martins.
Dia 26, quinta-feira estive conhecendo a Escola Municipal Dayse Hall, em Macaiba-RN, oportunidade em que os alunos e professores puderam ver meu trabalho de contador de histórias. Durante um mês eles leram vários folhetos de cordel da minha autoria.

"Dentro de alguns minutos mais uma apresentação de Mané Beradeiro"
Por enquanto foi isso!

domingo, 10 de junho de 2018

PEDIDO DE PERDÃO A INAH BEZERRA


Inah eu peço perdão por mim e por Nina pela audácia que tivemos de pegar seus cadernos e revelar ao mundo seus escritos.
Temos consciência da nossa petulância, mas se assim agimos, creia Inah, foi porque sabemos da magnitude das suas recordações, da beleza dos seus poemas, da importância dos seus registros.
Ah! Inah, não me venha mais em sonhos pedindo-me para não levar à frente tal projeto.
Deixe-nos mostrar que você continua viva em seus escritos, que o "Caderno de Pano" foi pequeno demais  para sua alma.
Os leitores dirão da importância do seu ofício de escritora, silenciosa, quieta, muitas vezes triste,  lendo e vendo o mundo que a cercava e com a visita do fantasma do  tempo que tantas vezes  adentrou em seu apartamento, em suas memórias.
Inah! Está decidido: Eu e Nina tocaremos seu ultimo livro: "Felicidade, meu eterno engano", póstumo, mas  belo e cativante como foi o seu olhar sobre a vida.

Francisco Martins


terça-feira, 24 de abril de 2018

PROCURAM-SE HOMENS VIRTUOSOS

Antigamente os homens, em sua maioria, eram enormes na alma e no espírito, tão grandes em virtudes que elas se associavam ao físico e as portas precisam ter as alturas certas. Era o tempo em que a simples palavra valia muito mais do quê um contrato.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

CONVERSA DE CANCELA XI: UM FALSO DOTE



Era uma tarde de quarta-feira,  ensolarada e quente.  Mané Beradeiro resolveu fazer uma visita ao seu compadre Oreny. Saiu de casa dirigindo sua Rural Willys 1960, conservadíssima, aprumada que só vara de espanador de teto.
                Quando chegou ao seu destino foi logo recebido pelo compadre Oreny, cinquentão, cabelos prateados, homem cheio de causos e com alma de poeta. Oreny é sinônimo de alegria e receptividade.
                -Mas veja só quem veio me visitar? “Paixão” vem cá ver quem chegou!
                E ela veio.  Esposa sorridente, o porto seguro do compadre Oreny.  Deu logo as boas vindas e tratou de oferecer água, mas antes, para refrescar, trouxe um copo de suco de limão siciliano, bem geladinho.
                -Eita que suco bom da mulesta!  Elogiou Mané Beradeiro. E para aperrear perguntou a comadre se ela ainda criava o casal de cururu dentro do pote para comer as larvas do mosquito da dengue.
                -Compadre acabe com essa conversa sem fundo!  Falou, riu, e deixou os dois conversando no alpendre.
                Depois de um bom tempo Oreny  quer saber:
                -Vai vender a Rural quanto?
                 -Nunca! Essa vai se acabar comigo. Não posso me desfazer do que foi dote de casamento.
              -Compreendo. De dote eu também tenho minha história. “Paixão” me enganou quando foi se casar comigo. Dizia que tinha dote: uma fazenda e criação de bichos. Só depois que casei foi que vi: Fazenda? Uma peça de tecido que ela guardava da sua avó. Criação de bichos? Gado nenhum sequer, tudo bicho de pé, que fui tirando com espinho de quixabeira. Mas, não reclamo, sou feliz e rico com a vida dessa mulher no meu coração.
                E a tarde passou, os olhos negros da noite chegaram cedo, como é costume no nordeste, trazendo entre o por do sol e o abóio do vaqueiro, um cheiro irresistível de carne de sol assada na brasa para ser degustada com cuscuz com leite.

08.02.2017