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terça-feira, 19 de novembro de 2024

O CASO DE ANA AMÉLIA FERREIRA VALE

     Josué Montello quando foi escrever  " Os Tambores de São Luís", livro que tem 20 anos de pesquisa e  dois anos de produção, ele teve a  ideia de trazer para dentro do romance, fatos históricos da sociedade do Maranhão. Um desses fatos é sobre ANA AMÉLIA FERREIRA VALE.  Conheça lendo o texto abaixo. Vem a calhar nesta Semana Nacional da Consciência Negra

"O nosso Gonçalves Dias, amigo íntimo do Dr. Teófilo Leal, apaixonou-se por uma cunhada deste, a Ana Amélia, e a pediu em casamento à Dona Lourença Vale, mãe da moça e que Vossa Reverendíssima também conhece. O Gonçalves Dias não é um homem qualquer – é o maior poeta do Brasil e amigo pessoal do Imperador. O Maranhão não tem glória mais alta. Pois nada disso teve o menor significado para a nossa Dona Lourença, diante deste fato, de que o Gonçalves Dias não tem culpa: – ser ele mestiço e filho bastardo. E respondeu ao poeta, numa carta seca, com um não redondo. Não dava a filha a um mestiço. Mas a verdade é que o Gonçalves Dias, se quisesse, podia vir a São Luís, e levar a Ana Amélia, que estava disposta a fugir com ele. E não foi isso que fez. Humilhado, guardou a mágoa. E ao chegar ao Rio, casou numa das mais importantes famílias da Corte. A Ana Amélia, coitada, não perdoou a família. E quando o Domingo Porto, que é também bastardo e mestiço, lhe arrastou a asa, não hesitou em casar com ele, amparada pela Justiça. Vossa Reverendíssima já sabe que o casamento dela, aqui em São Luís, foi um deus-nos-acuda. Parecia que o mundo estava vindo abaixo. As amigas de Dona Lourença passaram a andar de preto, solidárias com o luto fechado da família Vale. O pai da Ana Amélia, instigado por Dona Lourença, foi ao cartório do Raimundo Belo e deserdou a filha, sob a alegação de que a moça tinha casado com o neto da negra Eméria, antiga escrava do coronel Antônio Furtado de Mendonça.

O Dr. Olímpio Machado estava agora debruçado sobre a cadeira, com os antebraços apoiados na madeira do espaldar. E procurando os olhos de Dom Manuel, depois de uma pausa:

– Vossa Reverendíssima já sabia desse fato? Asseguro-lhe que é absolutamente verdadeiro. O Domingos Vale deserdou a filha, por escritura pública, apenas porque o genro, Vice-Presidente da Província e Comandante da Guarda Nacional, é neto de uma escrava! Coisas deste nosso Maranhão, Senhor Dom Manuel da Silveira! Coisas deste nosso Maranhão!

E endireitando o busto, após outra pausa:

– Vossa Reverendíssima pensa que a família Vale se deu por satisfeita? De modo algum. Fez mais. Decidiu levar o Domingos Porto à ruína, na sua casa de comércio. De um dia para o outro, o Porto se viu com todos os seus créditos cortados. Ninguém quis mais negociar com ele. O resultado foi a falência, e o pobre do Porto obrigado a sair do Maranhão às pressas, para não cair nas unhas de seus perseguidores! Um horror, Senhor Bispo! Um verdadeiro horror! Eu, como Presidente da Província, nada pude fazer para ampará-lo. Só encontrei negativas. Era a cidade inteira contra um homem. E tudo por quê? Porque o Domingos Porto, que é um homem de primeira ordem, culto, educado, finíssimo, tem a desgraça de ser neto de uma escrava! Que é que Vossa Reverendíssima me diz a isto, Senhor Dom Manuel? Em que século estamos? E que terra é esta?"


Fonte: "Os Tambores de São Luís" - Josué Montello - EDitora José Olympio - 1975. 1ª ed. Rio de Janeiro, páginas 112 e 113.


segunda-feira, 28 de outubro de 2024

BENS TOMBADOS PELO GOVERNO DO ESTADO - PARTE III

 



Igreja Matriz de N. S. da Apresentação - NATAL - DOE-30/07/1992

Antiga sede da Ordem dos Advogados do Brasil - NATAL - DOE-30/07/1992

Prédio Hospital Varela Santiago - NATAL - DOE-30/07/1992

Associação Comercial de Natal - NATAL - DOE-24/09/1992


Casa Grande do Engenho Verde Nasce - CEARÁ MIRIM - DOE-18/11/1992 ( foi literalmente demolida)


Casa do Estudante de Natal - NATAL - DOE-25/11/1993

Capela de N.S. da Soledade - NATAL - DOE-11/11/1997

Capela de São José - MACAÍBA - DOE-11/11/1997

Escola Estadual Barão de Mipibu - SÃO JOSÉ DE MIPIBU - DOE-01/10/1998

Casa Velha - LAGOA DE VELHOS - DOE-29/10/1998

Antigo Liceu Industrial, avenida Rio Branco - NATAL - DOE-11/05/1999

Antigo Prédio da Escola Doméstica de Natal, bairro Ribeira - NATAL - DOE-11/05/1999

Maternidade Escola Januário Cicco - NATAL - DOE-07/07/1999

Casa de Luís de Barros - NATAL - DOE- 22/09/1999

Residência do Mons. Expedito Sobral de Medeiros - SÃO PAULO DO POTENGI - DOE-12/09/2000

Casarão Nº 22 - Majestic - NATAL - DOE-09/12/2000

Casa de Alzira Soriano - JARDIM DE ANGICOS - DOE-14/03/2001

Igreja N.S. da Conceição - GUAMARÉ - DOE-28/06/2001

Casa onde nasceu Café Filho - NATAL - DOE-28/06/2001

Casa Grande da Fazenda Sabe Muito - CARAÚBAS - DOE-30/07/2002

terça-feira, 22 de outubro de 2024

BENS TOMBADOS PELO GOVERNO DO ESTADO - PARTE II

Frontal do Grupo Escolar Augusto Severo, Ribeira - Natal. Hoje pertence a UFRN e está sendo restaurada desde junho do ano passado.

 Continuamos as publicações referentes aos imóveis tombados pelo Governo do Rio Grande do Norte e suas respectivas publicações no Diário Oficial do Estado.


Pico do Cabugi - ANGICOS - DOE- 30/08/1989

 Casa Paroquial - JARDIM DO SERIDÓ - DOE- 30/08/1989

 Casarão da Av. Deodoro nº 479 - NATAL - DOE- 30/08/1989 

 Antigo QG - Memorial Câmara cascudo - NATAL - DOE- 30/08/1989

 Capela de Utinga - SÃO GONÇALO DO AMARANTE -DOE- 30/08/1989

 Antiga Base de Hidroaviões - Rampa - NATAL - DOE- 17/02/1990

 Residência de Luís da Câmara Cascudo - NATAL - DOE- 17/02/1990

 Coluna Capitolina - NATAL - DOE-17/02/1990

 Solar Bela Vista - NATAL - DOE-17/02/1990

 Casa de Pedra - NÍSIA FLORESTA - DOE-17/02/1990

Mata da Estrela - BAIA FORMOSA - DOE-22/12/1990

Ruínas da Igreja e convento dos Jesuítas - EXTREMOZ - DOE-22/12/1990

 Casarão dos Guarapes - MACAÍBA - DOE-22/12/1990

 Casa do Padre João Maria - NATAL - DOE-22/12/1990

 Casa Residencial - TOUROS - DOE-22/12/1990

 Grande Hotel- NATAL- DOE-07/12/1991

Grupo Escolar Augusto Severo - NATAL - DOE-07/12/1991

 Junta Comercial do Estado - NATAL - DOE- 30/01/1992

Antiga Ponte de Igapó -NATAL - DOE-30/07/1992

Antiga Residência de Jovino Barreto - Colégio Salesiano - NATAL - DOE - 30/07/1992

A

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

BENS TOMBADOS PELO GOVERNO DO ESTADO - PARTE I


Antiga Cadeia Pública de Mossoró - hoje Museu Histórico.


Hoje, começaremos a postar a lista dos bens imóveis, tombados pelo Governo do Estado. Séria interessante receber imagens da situação atual em que se encontra o bem tombado. Quem desejar participar, pode enviar para o WhatsApp (84) 9.8719-4534.  DOE - significa Diário Oficial do Estado.


 RELAÇÃO DOS MONUMENTOS TOMBADOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

ORDEM CRONOLÓGICA

Cadeia Pública de Mossoró - MOSSORÓ - DOE - 29/04/1983

Igreja de Santo Antônio - NATAL - DOE - 29/04/1983

Mercado Público de Ceará Mirim - CEARÁ MIRIM - DOE - 21/01/1984

Instituto Histórico e Geográfico do RN - NATAL - DOE - 06/12/1984

Estação Ferroviária de Papari - SÃO JOSÉ DE MIPIBÚ - DOE - 06/12/1984

Igreja N.S. do Desterro - VILA FLÔR - DOE - 23/02/1985

Teatro Alberto Maranhão - NATAL - DOE - 28/06/1985

Mercado Público de Macau - MACAU - DOE - 17/07/1985

Estação Central de Natal - NATAL - DOE - 24/10/1987

Estação Ferroviária de Nova Cruz - NOVA CRUZ - DOE - 24/10/1987

Casa Grande da Fazenda Timbaúba - OURO BRANCO - DOE - 24/10/1987

Igreja de N.S. do Rosário dos Pretos - NATAL - DOE - 05/12/1987

Capela N.S. das Dores - Pial - TIBAU DO SUL - DOE - 15/07/1988

Solar dos Antunes - CEARÁ MIRIM - DOE - 15/07/1988

 Solar do Ferreiro Torto - MACAÍBA - DOE - 15/07/1988

 Casarão da Junqueira Aires - NATAL - DOE - 19/07/1988

 Antiga Casa de Detenção - Centro de Turismo - NATAL - DOE - 11/08/1988

 Antiga Capitania dos Portos - NATAL - DOE - 11/08/1988

 Casa Grande do Engenho Guaporé - CEARÁ MIRIM - DOE - 16/12/1988

Antigo Palácio do Governo da Rua Chile - NATAL - DOE - 03/08/1989



quinta-feira, 10 de outubro de 2024

JOÃO GERARDO HENRIQUE - UM "CAPITÃO ALEMÃO"

 

Câmara Cascudo
A Revista Brasileira foi criada em  14 de julho de 1855. Já passou por várias fases, e somente em  julho de 1941, na  V fase, começou a ser publicada pela Academia Brasileira de Letras. Câmara Cascudo escreveu um ensaio que  publicado na Revista Brasileira, em junho de 1935. Naquele distante ano, a Revista Brasileira era editada por Batista Pereira, genro de Rui Barbosa. Vale a pena conhecer este trabalho de Câmara Cascudo que tem como título: "Um Honhensollern no sertão do nordeste", que brevemente irá completar 90 anos. Quem desejar receber o artigo é entrar em contato comigo, que envio o arquivo pelo whatsApp (84) 8719-4534.


terça-feira, 3 de setembro de 2024

FILHO DE QUEM MESMO?

Dom João VI quando morou no Brasil teve um caso com uma mulata por nome de Patrocínia. Ela engravidou do monarca, e o filho quando atingiu a idade de estudar foi enviado para Portugal, sem a mãe, onde recebeu educação no Seminário de Lisboa, chegando a ser Bispo de Coimbra.  Certa vez, a mãe precisou ajudar um frade e recorreu à intervenção do filho.  Este mandou uma carta assim dirigida à sua genitora:

"Senhora; seu recomendado lhe dirá que foi atendido. Mas não torne a escrever-me, e menos ainda a me tratar como coisa sua, porque os filhos naturais do rei não têm mãe. Deus a proteja"

Patrocínia não o deixou sem resposta. Eis como respondeu:

"Meu senhor: agradecendo as atenções que dispensou ao meu confessor, cumpre-me dizer-lhe, por minha vez, que os filhos da puta não têm pai. Deus proteja e guarde Vossa Reverendíssima".


Fonte: Diário da Manhã, de Josué Montello,  Volume I, Rio de Janeiro: Editora Nova Aguillar, 1998, p. 124.



 

segunda-feira, 22 de julho de 2024

DIOCESE DE MOSSORÓ: 90 ANOS EVANGELIZANDO (1934/2024)

 

Padre José Freitas Campos

A Diocese de Santa Luzia de Mossoró celebra no próximo dia 28 de julho nove décadas de sua presença evangelizadora na zona oeste do RN. A história registra que após a chegada do 3º Bispo de Natal Dom José Pereira Alves depois da reabertura do Colégio Diocesano Santa Luzia já pensava na divisão da Diocese em duas. Nas visitas pastorais que fez a Mossoró em 1923/1925 tratou diretamente do assunto e presidiu reuniões preparatórias. Em fevereiro de 1925 em sessão presidida por Mons. Almeida Barreto aconteceu a 1ª Assembléia Geral Pró Diocese na qual foram nomeadas várias subcomissões promotoras do evento.

 

Dom Marcolino Dantas

Coube ao 4º Bispo de Natal Dom Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas retomar esta pauta deixada por seu antecessor. Entre as iniciativas do seu pastoreio tratou logo da criação da Diocese de Mossoró e com esse objetivo visitou a cidade que seria a futura sede por ocasião da Festa de Santa Luzia em dezembro de 1929. Reativou as comissões locais e deu providencias relativas ao patrimônio da novel Igreja Local e à reforma da ‘’ Vila Albaniza’’, oferecida pelo Comendador Miguel Faustino do Monte, para ser a residência episcopal.

Apesar das providências encaminhadas pelos bispos de Natal e contando-se com a bondade e a colaboração de doadores generosos ainda não estavam concretizadas todas as medidas referentes ao patrimônio da mesma. O processo canônico chegava à fase de encaminhamento à Nunciatura Apostólica em 1933.

Papa Pio XI

 A Bula Papal criando a Diocese de Mossoró foi assinada pelo Santo Padre o Papa Pio XI, a 28 de julho de 1934 e a sua instalação aconteceu a 18 de novembro do mesmo ano. Foi nesse memorável dia que na Igreja Matriz de Santa Luzia foram lidas as Bulas Papais e o Decreto da Nunciatura Apostólica designando Dom Marcolino Dantas Administrador Apostólico da nova Diocese até a chegada do seu 1º Bispo.

O Pe Luiz Motta, como delegado do Administrador Apostólico deu as últimas providências com vistas à chegada do seu 1º pastor. A notícia de sua nomeação chegou a Natal somente em 1935. O eleito era Mons. Jaime de Barros Câmara que vinha de Brusque, Santa Catarina. Este só chegou a Mossoró no dia 26 de abril de 1936 onde aí foi recebido festivamente por toda a população católica. Narram as crônicas da época que a sua chegada à sede episcopal foi algo inédito na história da cidade. Acolheram-no mais de dez mil pessoas na Estação Ferroviária formando-se imponente cortejo até a Catedral de Santa Luzia.

 

Dom Jaime de Barros Câmara

Entre as tantas iniciativas de D. Jaime ao longo de quase dez anos em Mossoró queremos destacar a realização do 1º Congresso Eucarístico Diocesano fazendo jus aos 300 anos do morticínio de Cunhaú e Uruaçú(1646). O Congresso foi realizado em Mossoró no período de 28 de setembro a 03 de outubro de 1946. Naquela ocasião estava presente a imagem de Nossa Senhora das Candeias a mesma que foi testemunha fiel deste martírio pois se fez presente no altar da Igrejinha de Cunhaú no dia do massacre. A imagem da Mãe das Candeias veio em uma procissão luminosa que partiu do Alto de São Manoel até a Praça do Congresso. Outrossim, não podemos esquecer que também se fez presente na praça o sino original da Capela. Ao iniciar as celebrações os fiéis puderam ouvir as suas badaladas. O encontro das comissões pró criação das Dioceses de Açú e Santa Cruz fazem parte desta história.

Pe. José Freitas Campos

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

HENRIQUE DIAS - UM HERÓI OU ANTI HERÓI?

 Foi no dia 23 de novembro de 1647, portanto, passados já 376 anos, que aconteceu uma matança cruel nas terras do que seria mais tarde o município de Arez-RN. A Lagoa de Guaíra estava domina pelos flamengos. Dela eles tiravam peixes e das suas margens,  graças a mandioca, farinha.  Alimentos que ajudavam a abastecer a tropa.


De Pernambuco partiu Henrique Dias, negro, juntamente com outros homens, para lutar contra os Holandeses.  Deixo Câmara Cascudo contar: "Henrique Dias chegou ao escurecer, atravessando a lagoa com água pela cintura e atacando imediatamente...Henrique Dias passou a noite matando. Pela manhã não existia gente com vida na fortificação. Soldados flamengos, negros, escravos, mulheres, crianças".


Fonte: O FORTIM DE GUARAÍRAS, em História do Rio Grande do Norte -  Luis da Câmara Cascudo - 2a edição  Achiamé/FJA, páginas 79 e 80.



sábado, 11 de junho de 2022

CACIMBA DE SÃO TOMÉ



Em tempo: Cacimba de São Tomé é uma série de imagens com prosa e poesia que tratam sobre nossa História.
Assunto: 1ª casa de alvenaria de Parnamirim
No centro de  Parnamirim-RN, na Rua Otávio Gomes de Castro, existe a primeira edificação em alvenaria de Parnamirim. Devemos preservar a nossa história.

Ela é a mais antiga
Que na cidade foi feita
Otávio Gomes de Castro
Nela deixou a peleita
A cultura diz "é berço"
Nós queremos com apreço
Mantê-la a mais perfeita

Mané Beradeiro
11 maio 2022