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sábado, 2 de abril de 2022

RÔMULO CHAVES WANDERLEY - UM HOMEM QUE BEM SERVIU A CULTURA

 Amanhã, domingo, 3 de abril é a data natalícia do escritor Rômulo Chaves Wanderley, que veio ao mundo em 1910 , tendo como palco a cidade de Assu. Seus pais se chamavam Rodolfo Chaves Wanderley e  Júlia da Silva Wanderley. Ele, de Assu, ela de Mossoró. Muito cedo, o menino Rômulo começou a escrever poemas nos jornais de Assu, e mesmo quando se mudou para Angicos, não deixou de contribuir com os periódicos da sua terra natal.


Em 1937, então com 27 anos, veio morar em Natal. Trabalhou no jornal "A República", começando como revisor e depois foi redator. Deu suas contribuição para outros jornais, como "O Diário de Natal", mas foi na "Tribuna do Norte", onde ele sedimentou sua trajetória jornalística, mantendo por muitos anos, a coluna "A Nota da Manhã", iniciada em 1950.

Foi professor, do Atheneu e da Faculdade de Filosofia,  advogado ( formado na turma de 1945),  Secretário Geral do Governo José Varela, Procurador  do Tribunal de Contas do Estado (Governo Aluízio Alves). Fez parte de algumas instituições culturais do Rio Grande do Norte, entre elas a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, onde  por 17 anos foi o ocupante da cadeira 16 e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

Veríssimo de Melo assim descreve a imagem física de Rômulo Wanderley: " cabeleira leonina, gordo e lento, era espírito alegre e bonachão,  amando o bom papo, a boa pilhéria (nos velhos tempos regada à cerveja ou vinho português), e sem pressa até mesmo de atravessar rua movimentada".

Como escritor teve as seguintes obras publicadas:

1) Uma Tempestade num copo d'água ( crônicas), 1951

2) Arca de Noé (perfis de deputados), 1952

3) A geografia Potigar na sensibilidade dos poetas (ensaios), 1962

4) Canção da terra dos Carnaubais (poemas). 1ª edição 1965, 2ª ed 2010

5) Panorama da poesia Norte-Rio-Grandense. 1ª 1965

6) Luis da Câmara Cascudo e os trovadores (louvação em prosa e verso), 1966

7) Noções de história e geografia do Rio Grande do Norte - Volume I, 1968

8)  Romance da vida e dos milagres do Padre João Maria  - 1968

9) História do Batalhão de Segurança, 1969

10)  Noções de história e geografia do Rio-Grande do Norte - Volume II, 1972, obra póstuma

Deixou alguns trabalhos inéditos, como por exemplo o romance  "Tabatinga".  O texto original encontra-se guardado no IHGRN.

Casou com Maria Amélia Pinheiro Wanderley, gerando  três filhos: Berilo Wanderley ( escritor, poeta, cronista), Gilberto Wanderley (médico) e Maria Leonora, que faleceu aos 11 anos.

Faleceu no dia 7 de janeiro de 1971, aos 60 anos e 9 meses. Rômulo Chaves Wanderley é Patrono da Biblioteca Municipal de Parnamirim, que está celebrando 50 anos de criação.

Francisco Martins


Fontes

Patronos e Acadêmicos -  Volume II - Veríssimo de Melo -  Editora Pongetti - Rio de Janeiro, 1974

A Grande Pesquisa -  Homenagem aos 80 anos  da ANRL (1936-2016) -Francisco Martins - 8 Editora - Natal, 2016

Memória Acadêmica - Leide Câmara - Editora IFRN - Natal 2017 - páginas 306 a 308.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

"HORTO" : ESBOÇO PARA NORTEAR AS FUTURAS EDIÇÕES

"Auta de Souza, foi uma destas criaturas a quem Deus, lhe dando um corpo para sofrer, deu-lhe um'alma para brilhar" (Câmara Cascudo)


Horto e Auta de Souza, dois nomes que são praticamente inseparáveis. O primeiro  é o título do livro, o segundo, nome da autora. Poucos livros no Rio Grande do Norte recebem um olhar tão carinhoso por parte do público leitor e dos profissionais do mercado editorial, como ele. 

1ª edição - capa

Lançado pela primeira vez em 20 de junho de 1900, com 232 páginas e 114 poemas, com tiragem de mil exemplares, o livro trazia  na 1ª edição o prefácio de Olavo Bilac. Foi impresso nas oficinas de "A República". 

2ª edição - capa

Dez anos depois, em 1910, Henrique Castriciano, irmão de Auta de Souza, organiza a 2ª edição, preparada em Paris, com 17 poemas a mais. O livro  teve capa e ilustrações de D.O. Widhopff  e foi impressa na Tipographie Aillaud, Alves e Cia, Bouleve Montparnasse, 96. É importante que se diga que essa edição foi feita pelo Governo do Rio Grande do Norte, na época, Alberto Maranhão, conforme consta na Mensagem apresentada ao Congresso Legislativo, em 1º de novembro de 1911, na página 10.

2ª  edição

 A 3ª edição demora vinte seis anos para chegar ao leitores, é de 1936, Tipografia Batista de Souza, Rio de Janeiro-RJ. Nessa 3ª edição, o prefácio foi feito por Tristão de Athayde ( Alceu Amoroso Lima). A  edição foi acima de 2000 exemplares, pois o Governo do Rio Grande do Norte comprou e doou  esta quantidade para a instituição Dispensário Sinfrônio Barreto (Natal), conforme publicação no jornal "A Ordem", edição do dia 12 de dezembro de 1936.

3ªedição

Esses livros foram vendidos como ingressos para  "A Festa do Horto",  bastante divulgada pelos jornais "A Ordem" e  "A República", em várias edições. Toda a arrecadação das vendas foi destinada ao Dispensário Sinfrônio Barreto. O evento aconteceu na noite de 14 de março de 1937, no Teatro Carlos Gomes ( hoje Alberto Maranhão) e em seu programa constava uma palestra de Palmira Wanderley sobre a vida e o livro de Auta de Souza, além de declamações de poemas do Horto e aqueles que foram musicados e fazem parte do Cancioneiro de Auta de Souza, que contou com as participações de Sílvia Paiva, Dulce Tavares, Clarice Palma, Bertha Guilherme, Elza Dantas, Maria de Lourdes Lago, Maria Amorim, Zenaide, Alba e Maria do Carmo Soares, todas acompanhadas pelo Maestro Thomaz Babini. "A Festa do Horto" foi um sucesso de público e critica.

4ª edição - capa

A 4ª edição data de 1970,  e foi feita pela  Gráfica Manimbu, da Fundação José Augusto, que naquele ano tinha como Presidente Ilma Melo Diniz. A 5ª edição demorou aparecer. Somente trinta e um anos depois é que ela vai chegar às mãos dos admiradores de Auta de Souza, trazendo o selo da Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - EDUFRN, lançada no ano de 2001.

5ª edição - capa
A edição acima, embora tenha sido entregue ao público no ano de 2001, ela "representa" a edição dos 100 anos de "Horto" no Calendário Cultural do Rio Grande do Norte. Há uma singularidade nessa edição, que a torna mais rica, trata-se da Introdução para um estudo da vida e obra de Auta de Souza, de Ana Laudelina Ferreira Gomes, uma pérola sobre o assunto, que se estende das páginas 21 a 62.

Edição 2009 ( a 6ª)
No ano de 2009, a EDUFRN volta a se dedicar ao livro, lançando o que podemos enumerar de 6ª edição, embora não esteja isso implícito na ficha catalográfica. Uma edição com 274 páginas, que além do conteúdo do Horto, tem outros poemas e ressonâncias. Um Cd e um DVD acompanham o livro:  no CD , "Horto em Canto", há 16 poemas de Auta de Souza que foram musicados por Alvamar Medeiros, e o outro "Noite Auta, Céu Risonho" um documentário. De todas as edições, foi a que mais envolveu pessoas. A Professora Universitária Ana Laudelina Ferreira Gomes escreveu a apresentação, introdução e o texto da quarta capa.

Fábio Fidelis e Carlos Castin organizaram a mais recente edição do "Horto", que foi lançada na tarde de 10 de dezembro de 2021, na Academia Norte-rio-grandense de Letras. Os organizadores optaram por fazer uma edição similar a de 1900, justificando que ao longo destes 122 anos, a obra vem recebendo acréscimo em suas edições. 

Edição do ano 2021 ( a 7ª )


Edições - produzidas fora do Rio Grande do Norte (sem a participação de organizadores ou editores potiguares)

No Distrito Federal, a Editora Auta de Souza - Sociedade de Divulgação Espírita Auta de Souza lançou no ano 2000 a edição comemorativa dos 100 anos de "Horto". 

A  Lebooks Editora lançou uma versão digital do "Horto", no formato eBook,  disponibilizada para venda desde o dia 18 de dezembro  de 2019, no site da Amazon.


No mesmo ano, a Editora Figura de Linguagem lançou  também uma edição que vem sendo bastante criticada pela má qualidade da diagramação e outros erros.. Segundo Carlos Castin  " Essa edição lançada pela Figura de Linguagem  é um vilipêndio à obra poética de Auta de Souza, e diante de inúmeras falhas editoriais, é para ser esquecida".

Edição da Figura de Linguagem

Fico por aqui, deixanbo bem claro aos leitores, que provavelmente falte alguma edição, não por esquecimento, mas por desconhecê-la, afinal, este artigo é um esboço e não um texto definitivo sobre o assunto.

Francisco Martins
13 de janeiro de 2022,  Parque Industrial, Parnamirim-RN.

Fontes pesquisadas

Sites:

http://www.elfikurten.com.br/2013/05/auta-de-souza.html

https://www.albertolopesleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=7197089

https://www.amazon.com.br/HORTO-Auta-Souza-Ra%C3%ADzes-ebook/dp/B082WKHHZ3

https://literaturars.com.br/2019/09/05/horto-auta-de-souza/

http://www.editoraautadesouza.com.br/livros/horto-edicao-especial

https://www.unirn.edu.br/noticia/obras-de-auta-de-souza-serao-relancadas-com-apoio-do-uni-rn

http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/lana-amento-da-edia-a-o-original-de-horto-acontece-nesta-sexta-feira-10/527205

Jornais: 

 "A Ordem" - edições de 12.12.1936;  23.10. 1942

"A Republica" - edições de  04.03.1937;  07.03.1937;  14.03.1937 

"Diário de Natal" -edições  de 2.02. 1970; 21.11. 1970

Livros:

Fundação José Augusto - 40 anos - 1963-2003, página 73.

"Horto" - Auta de Souza - edições  2001 e 2009 - acervo da Biblioteca SESC Rio Branco - Natal/RN

"Alma Patrícia" -  Crítica Literária - Luiz da Cãmara Cascudo - 2ª edição Fac-Similar 2021.  Org. Eulália Duarte Barros.



segunda-feira, 15 de novembro de 2021

JURANDYR E OS SEUS LIVROS


"O volume de prosa ou verso ocupa na vida de alguns eleitos um lugar tão importante como a mesa, o sono e o amor" Eduardo Frieiro



Dando prosseguimento a pesquisa que venho fazendo sobre o escritor Jurandyr Navarro, trago aos leitores , os livros que ele escreveu. Em ordem cronológica:

Depoimentos - Natal/RN: Fundação José Augusto, 1967, 24 p.

Revolução e Política  ( Carta Renúncia ao Diretório Regional da ARENA - RN e Palestra alusiva ao Dia da Pátria. Natal/RN: Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Plaquete, 1970, 20 p

Antologia do Padre Monte - Volume 1 - Natal/RN: Fundação José Augusto, 1976, 267 p.

Democracia - monografia do concurso para Professor Assistente da UFRN, 1977

Antologia do Padre Monte - Volume 2 - Natal/RN: Fundação José Augusto, 1978,  258 p.

Antologia do Padre Monte - O Livro das Teses Latinas -  Volume 3 - Natal/RN: Editora Universitária (UFRN), 1979, 310 p.

O Sinal Humano -  Natal/RN: CERN, 1979

Quem Protegerá a Sociedade, discurso de posse na Academia Norte-rio-grandense de Letras. Natal/RN: Editora Universitária, 1981.

Antologia do Padre Monte - Volume 4 - Natal/RN: Fundação José Augusto, 1982, 204 p.

Antologia do Padre Monte - Volume 5 - Natal/RN: Editora Universitária, 1984, 228 p.

Antologia do Padre Monte - Volume 6 - Natal/RN:  Companhia Editora do RN, apoio da Fundação José Augusto, 1984., 215 p.

Páginas de Verão - Natal/RN: Editora Universitária UFRN), 1991. Crônicas e ensaios, 310 p.

Antologia do Pe. Monte - Volume 7 - Coleção Cultura - Natal/RN: Departamento Estadual de Imprensa; Instituto Histórico e Geográfico do RN e Fundação Cultural Pe. João Maria, 1996, 215 p.

Antologia do Pe. Monte - Volume 8 - Natal/RN: Departamento Estadual de Imprensa,  1996

Rio Grande do Norte - Oradores (1889-2000). Biografia, Antologia, 1. ed.  Natal/RN: DEI - Departamento Estadual de Imprensa, 2000, 701 p.

Antologia do Padre Monte - Volume 9 - Natal/RN: Editora do autor, 2001

Rio Grande do Norte - Os  Notáveis dos 500 anos - Natal/RN: DEI, 2002

Rio Grande do Norte - Oradores (1889-2000). Biografia, Antologia. 2 ed.  Natal/RN: DEI, 2004

Antologia do Padre Monte - Volume 10 - Natal/RN: Fundação José Augusto - Gráfica Manimbu, 2006

Discurso do Presidente João Café Filho em Portugal, plaquete, em parceria com Ivory Batista Costa. Maio 2007.

Rio Grande do Norte - O Trabalho e a sua Grandeza - Natal/RN: Nordeste Gráfica, novembro 2008

Posse dos Imortais do Direito - Natal/RN: DEI - Departamento Estadual de Imprensa, 2009 (Separata do livro inédito  Instituições Culturais)

Dom Eugênio Sales e a Imprensa - Natal/RN: EDUFRN, 2011.

Memoriais Natalenses - Natal/RN: Offset Editora, 2016

Padre Monte e a Sabedoria - Natal/RN: Offset Editora, 2020. 585 p.

Embora seu primeiro livro só seja lançado em 1976, quando o autor estava com 47 anos, é importante saber que sua atividade cultural no campo da escrita já era praticada com artigos em jornais. Sobre isso mostrarei brevemente.

Francisco Martins, 15 novembro 2021

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

HOMERO HOMEM CENTENÁRIO DE NASCIMENTO


Em 5 de janeiro de 1921, há exatos 100 anos, nasceu  no Engenho Catu, município de Canguaretama, Homero Homem de Siqueira Cavalcanti, sendo seus pais Joaquim Siqueira Cavalcanti Filho e Elisa Martins Delgado. Esta criança criaria asas e daria voos longos no campo da literatura brasileira. Homero Homem recebeu quando criança, a influência literaria da sua  Tia Bila (Umbelina de Siqueira), a primeira mulher comunista do Rio Grande do Norte.

Em Canguaretama Homero Homem fez seus primeiros estudos e quando ele tinha nove anos, seus pais vieram morar em Natal. A viagem foi de trem e quando chegou à estação final, no bairro da Ribeira, o menino Homero se encantou com a cidade que o acolhia. Anos depois ele dirá numa entrevista a Sanderson Negreiros: “Natal era uma cidade perfumadíssima, de ruas largas. Todas as casas com o seu jardim, os jasmins perfumados, as mangueiras perfumadas, floridas”. As memórias sensoriais são muito fortes e as levamos ao longo da nossa existência. Homero Homem não ficou à margem dessa lei sensitiva.

Hoje eu começo a fazer uma série de postagens sobre a vida e a obra de Homero Homem, aqui, em meu blog.

 

Francisco Martins

05 de janeiro 2021

 

Fonte:

 

Ganguleiro: ensaio biográfico sobre Homero Homem/ Alexis Almeida Peixoto. Natal, edição do autor, 2013.

 

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

A LEITURA TRANSFORMA VIDAS


Sabemos que a afirmação acima é verdadeira, que o convívio com os livros fornecem elementos que funcionam como nutrientes à alma e espírito que crescem e se libertam. Ser leitor faz toda a diferença entre o que sou e o que poderei ser.
Não muito longe de nós temos exemplos disso. Thiago Gonzaga, de menino praticamente iletrado a Mestre de Literatura, traz no corpo, literalmente, a marca desta trajetória. Ele navegou no mar da ignorância e o atravessou fazendo dos livros sua tábua de salvação e das palavras os remos. 
Hoje eu quero contar a história de um outro menino que tinha toda uma geografia e situação social favorável a não ter seu nome escrito nos anais da literatura.
Nasceu no dia 12 de novembro de 1876, em Araruna-PB. Antonio Joaquim PEREIRA DA SILVA, filho de pais pobres. Veio ao mundo poucos meses antes do Brasil viver uma das maiores secas da sua história, a de 1877. 
Seu pai era marceneiro, fazia violas e sua mãe cuidava do lar. Pereira da Silva perdeu o pai muito cedo e isso marcou indelevelmente seu espírito.
Foi graças a um tio que ele aprendeu as sonoridades das letras. Tendo aprendido a ler, os livros foram suas pontes, e de Araruna parte o jovem pobre para o Rio de Janeiro, onde consegue continuar seus estudos em escola militar. Consegue depois se formar em Direito, trabalha no estado do Paraná, aprende Alemão, escreve na língua germânica em jornais da comunidade alemã. Não esqueçam que toda essa conquista foi fruto da leitura.
Pereira da Silva foi poeta, jornalista, escritor. Estreia na literatura aos 27 anos com "Vae Solis", 15 anos depois lança "Solitudes" e o poeta foi se formando com outros livros. Sete livros ao todo.
Onde chegaria o menino de Araruna?
Chegou até a Academia Brasileira de Letras, ocupante da cadeira 18. Foi o primeiro paraibano a fazer parte da Casa de Machado de Assis.
Viva a leitura!
"A glória que fica nas Academias é a que se traz de fora delas" (Manuel Bandeira).
Francisco Martins

13 de novembro 2020

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

AURÉLIO PINHEIRO - UM (POTIGUAR) FUNDADOR DA ACADEMIA AMAZONENSE DE LETRAS - AAL

  
 

     O Rio Grande do Norte ainda precisa descobrir Aurélio Pinheiro. Nei Leandro de Castro afirmou em entrevista concedida ao "Diário de Natal" (9 de novembro de 1983) que não conhecia a obra de Aurélio Pinheiro. Se um escritor renomado afirmou isso, o que poderemos esperar do grande público?  Estou trabalhando numa pesquisa que vai gerar um ensaio sobre as obras de Aurélio Pinheiro, natural de São José de Mipibu, onde nasceu em 28 de janeiro de 1882. Aqui, no RN, quem mais escreveu sobre ele foi Américo de Oliveira Costa, que o escolheu para ser o patrono da cadeira 27, na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Aurélio Pinheiro faleceu na cidade de Niteroi-RJ, aos 56 anos, no dia 17 de novembro de 1938.

 

    No Rio Grande do Norte ele é  homenageado como: patrono da cadeira 27 da ANL; patrono da cadeira 5 da Academia Macauense de Letras e Artes;  nome de rua no Bairro Vermelho, em Natal; foi patrono do concurso de ficção literária realizado pela Fundação José Augusto e a Prefeitura Municipal de São José de Mipibu, em maio de 1985, cujo ganhador foi Francisco Sobreira, com a novela "Material de que são feitos os sonhos"; tem seu nome em uma escola de Macau.

    Hoje quero dizer que Aurélio Pinheiro foi um dos fundadores da Academia Amazonense de Letras-AAL, fundada em 1 de janeiro de 1918. Tinha Aurélio 36 anos e vivia na região Norte, trabalhando como médico. Aurélio foi o fundador e primeiro ocupante da cadeira 3. Escolheu para patrono Raul Pompeia. Quando  Aurélio Pinheiro se mudou para o Rio de Janeiro, a cadeira foi ocupada por Agnelo Bitencourt, que optou para ter como patrono o poeta Gonçalves Dias . Na linhagem da família Bitencourt vieram  depois os filhos Ulisses  e Agnelo Uchoa, seguidos de Anísio Melo e em 16 de dezembro de 2011 foi a cadeira ocupada por  Arthur Virgílio Neto.

    Por enquanto é isso.


Francisco Martins

26 de outubro de 2020

    
 

 



quarta-feira, 13 de novembro de 2019

A DIGNIDADE, DE LONGE OU DE PERTO TEM O SABOR DE BREVIDADES


Visão, tato, paladar, olfato e audição, cinco sentidos que fazem parte do sistema sensorial humano. Coisas dadas pelo  Criador, assim como a Graça. E se principio este texto trazendo o nome daquele que nos fez é porque desejo manifestar minha gratidão a Ele em ter os cinco sentidos maravilhosamente funcionando.  Àqueles que não tem a fé, sem a qual é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6),  abraços-os  (fazendo uso do tato) e digo que aceito seu posicionamento, mas permitam-me lembrar uma máxima de Edgar Barbosa: “O poder de duvidar não é maior que a faculdade de crer”2


 E foi  por causa dos sentidos acima que aprendi a admirar um homem bom e um bom homem.  Com ele tenho a alegria de conviver e aprendo quando o escuto ou simplesmente quando não fala, mas se comporta com uma elegância tamanha, que também ensina. E como eu sei que há homens que não se contentam simplesmente em ter apenas os cinco sentidos funcionando harmoniosamente, este que admiro, também externou o sexto sentido que vem através da escrita, e é em seus livros que eu fui buscar deleite.


Foi em 2007 que ele publicou “A Dignidade como patrimônio”, um livro que trata sobre a biografia do seu pai Diomedes Lucas de Carvalho, embora para o autor, ele considere ser apenas “um caderno de notas puxadas da memória” (2007,p.17). Compreensível, pois o autor faz desse trabalho a sua obra de abertura no mundo da literatura e traz em si a certeza de que está entrando numa guerra de muitas batalhas, onde a arma é a palavra e já disse o poeta: 

Lutar com palavras
É a luta mais vã.
Entretanto lutamos
Mal rompe a manhã
(ANDRADE, 1979, P. 172)



É um livro cheio de registros não apenas do genitor, mas também de fatos históricos de Cuiité e outras localidades da Paraíba. O autor não mediu esforços para fortalecer suas afirmações, fazendo uso das notas de rodapé, que enriquecem mais ainda a biografia. Fico a imaginar o quanto custou e doeu ao escritor fazer este ensaio biográfico. Com certeza, a ida ao passado assegura o que escreve  Elias José: “As nossas lembranças nunca são só  nossas. Nelas estão envolvidos os nossos parentes, amigos e conhecidos”6 (2012, P.42) . Começa bem!



Li  “De Longe e de Perto”(2012) e viajei com ele, através das suas crônicas e tendo como transporte a imaginação e como combustível a narrativa  do “encabulado”, acelerei os quatro ventos e também me fiz presente em todos os lugares onde ele esteve, As crônicas  de viagens são um caleidoscópio que encantam crianças e adultos.  Entreguem um mapa mundi a este homem, uma caixa de alfinetes e peça para ele marcar os países que ainda não foi, serão poucos. 



Contar histórias é envolver,  é prender o ouvinte ou leitor da forma mais sutil e deixar que ele seja também participante da trama, vá ao texto e passeie por entre as linhas e tenha a liberdade de sentir as personagens reais ou fictícias que o autor trabalha. Em “Brevidades”(2019), a palavra escrita  vem com o sabor das memórias, enroladas em pequenas crônicas, servidas em bandejas, assim como os bolos que deram nome ao livro, nos lembra o autor.  Nota-se que a cada obra o escritor vai amadurecendo e concordo com Fraçois Silvestre, quando afirma que ele, o autor, apresenta um texto primoroso, sem ser pedante. Ler “Brevidades” não apenas me deu conhecimento sobre música, educação, sertão, cinema, etc, mas me fez pensar nas minhas memórias.


A esta altura, alguns leitores já sabem sobre quem estou escrevendo. Os que ainda não o conhecem, apresento. É Ivan Lira de Carvalho,  magistrado, professor universitário, membros de diversas associações culturais, entre elas a Academia Norte-rio-grandense de Letras,  o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e o Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte. Homem que enaltece sua terra, suas origens, seu berço e com muito esmero a literatura. Não canso nem minto ao escrever que ouvir ou ler é receber a sonoridade de uma lira e ter a certeza das seguras raízes de um carvalho.





Francisco Martins

13 de novembro 2019





REFERÊNCIAS:



1)      ANDRADE, Carlos Drummond de. Drummond Antologia Poética. Rio de Janeiro(RJ): Livraria José Olympio Editora, 1979

2)      BARBOSA, Edgar. Imagens do Tempo. Natal(RN): Editora Universitária, 196

3)      CARVALHO, Ivan Lira de. A dignidade como patrimônio.Natal(RN): Metropolitano, 2007

4)      __________.De Longe e de Perto. Natal(RN): Sebo Vermelho, 2012

5)      __________.Brevidades. Natal(RN): Caule de Papiro, 2019

6)      ELIAS, José. Memória, cultura e literatura: o prazer de ler e recriar o mundo. São Paulo(SP): Paulus, 2012.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

RODOLFO GARCIA UM ÍCONE QUE SERVIU ÀS LETRAS E AO BRASIL





Quando eu era criança e andava pela Rua Rodolfo Garcia, em Ceará Mirim, sempre tinha curiosidade em saber quem tinha sido aquele homem que dava nome à rua das minhas peraltices. Cresci e vim saber que se tratava de um historiador. Hoje, passados muitos anos, quando minha infância ficou fixa no vale, contemplando a rosa verde, tomo a liberdade de com base em minhas leituras trazer um pouco de quem foi Rodolfo Garcia.
Rodolfo Augusto de Amorim Garcia era descendente da família numerosa Amorim Garcia, onde as origens brasileiras têm como berço a cidade de Aracati-CE. No Rio Grande do Norte os Amorim Garcia se fizeram presentes em Nova Cruz, Santana do Matos, São José de Mipibu, Natal, Ceará-Mirim, e depois Pau dos Ferros e Martins.
Em Ceará-Mirim veio morar Augusto Carlos de Amorim Garcia, proprietário do Engenho do Meio (cujas ruínas nem mais existem), bacharel em Direito, chegando a ser juiz da monarquia. Casou com Maria Augusta Carrilho de Amorim Garcia. O casal teve que mudar para o vizinho estado da Paraíba, por questões políticas. Quando isso aconteceu, Augusto Carlos já tinha seis filhos: Emília, Aprígio, José, Antônio, Alice, Artur e Rodolfo, que nasceu em 25 de maio de 1873.
Estudou para ser militar mais não concluiu esse objetivo, pois foi desligado da Escola Militar da Praia Vermelha por questões filosóficas e posteriormente ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde colou grau no ano de 1908. Casou com Ester de Oliveira, pertencente à família dos Barões de Beberibe. Mais uma vez, a perseguição política se fez presente em sua vida e desta feita o levou em 1913 para a cidade do Rio de Janeiro. Depois de formado em Direito exerceu algumas atividades laborais tais como: jornalista, professor de história, geografia, francês e português.
Foi em 1914, aos 41 anos, que verdadeiramente ele encontrou sua vocação profissional: bibliotecário. Rodolfo Garcia escreveu “Sistemas de Classificação Bibliográfica”. Foi bibliotecário do Instituto Histórico do Rio de Janeiro, Diretor do Museu Histórico e Diretor da Biblioteca Nacional, essas duas últimas funções respectivamente em 1930 a 1932. O convívio com o universo dos livros fez dele um pesquisador incansável. Tornou-se historiador, consagrando seu nome no rol dos grandes homens do Rio Grande do Norte, na seguinte ordem cronológica: Vicente de Lemos, Tavares de Lyra, Rodolfo Garcia e Câmara Cascudo.
Sua produção como historiador foi extensa:
“A Associação Brasileira de Bibliotecários, em publicação prefaciada por Antônio Caetano Dias, enumera, como “simples subsídios bibliográficos de Rodolfo Garcia”, trinta e quatro dos seus principais trabalhos. São estudos sobre a cultura da indiaria brasileira, os missionários capuchinhos, história das explorações científicas do Brasil, estudos sobre os judeus no Brasil Colonial e do santo Ofício da Bahia, Catecismo da Doutrina Cristã na Língua Portuguesa, Florilégio da Poesia Brasileira”. (VIVEIROS, 1976.)
Não foram apenas trinta e quatro obras publicadas, mas cerca de cem volumes ao longo de treze anos de pesquisador. Foi como historiador que se candidatou a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, cadeira trinta e nove, sendo eleito no primeiro escrutínio, no mês de agosto de 1934. Rodolfo Garcia foi o primeiro potiguar a fazer parte da Academia Brasileira de Letras, sua posse aconteceu em abril de 1935, já bem próximo dele completar 61 anos. O Rio Grande do Norte sabendo da importância dessa conquista participou doando ao imortal o seu fardão. Participou de outras entidades culturais tais como: Instituto Geográfico Brasileiro, Institutos Históricos de Pernambuco, Ceará, Alagoas, Bahia e Rio Grande do Norte, além do Instituto Histórico do Uruguai.
No dia 14 de novembro de 1949, aos 76 anos, na cidade do Rio de janeiro, faleceu aquele que soube fazer da sua vida uma dedicação a serviço das letras e do Brasil. Passados quase 67 anos da sua partida, o nome de Rodolfo Garcia é homenageado com nome de ruas em Natal, Ceará Mirim, Rio de janeiro, Sorocaba, Campo Grande, além de ser patrono de uma escola municipal no Rio de Janeiro. Na Academia Brasileira de Letras é patrono da Biblioteca que foi inaugurada em 2005, com mais de 70 mil volumes.
Em tudo isso permanece Rodolfo Garcia no topo, como o maior ceará-mirinense que este país conheceu e para orgulho nosso é patrono da cadeira nº 7 da Academia Ceará-mirinense de Letras e Artes – ACLA. Quantas voltas a Terra terá que dá em torno do Sol para que venha nascer outro homem ou mulher com esta magnitude?

Francisco Martins

Referências

CALMOM, Pedro. Rodolfo Garcia - elogio fúnebre. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, v. 209, outubro-dezembro, p. 232-236, 1950.
VIVEIROS, Paulo. Rodolfo Garcia. Tempo Universitário, Natal, v. 1, nº 1, p. 25-38, 1976.
Disponível em http://www.academia.org.br/bibliotecas/biblioteca-rodolfo-garcia. Visualizada em 12 mar 2016


Nota: Texto publicado originalmente na Revista da ACLA - Ano I, nº  I, Outubro 2017, páginas  65 a 67.