Durante muitos anos se pensou que Auta de Souza foi uma poetisa mística. Isto se deve ao fato das suas poesias sempre terem como tema a ligação Homem/Deus. O poeta Francisco Palma a chamou de "Cotovia Mística das Rimas"; o próprio Olavo Bilac assim se refere a Auta: "mas a nota mais encantadora do livro é a do misticismo, que dá a algumas das suas poesias." Nem mesmo o irmão Henrique Castriciano ficou fora deste conceito quando assim escreveu: "mas, sem a dor que lhe requintou a fé, Auta certamente não teria encontrado a forma com que dá cor e relevo às visões do seu misticismo." Outros também afirmaram isto, como Tristão de Ataíde, Jackson de Figueiredo, Perilo Gomes e Palmira Wanderley.
Mas é com Câmara Cascudo que esta cortina há de cair, pois assim se expressa o mestre: "A minha geração em Natal, aqueles que começaram a escrever ao redor de 1928, receberam Auta de Souza como a Poetisa Mística do Brasil. Nenhum de nós sabia o que vinha a ser misticismo. O título era sonoro e orgulhador para o nosso provincianismo sedento de notoriedade. OLavo Bilac e Nestor Vitor diziam-na "mística". Podiam resolver. Tinham autoridade. Estávamos todos enganados. Eles e nós".
Desta forma, é certo afirmar que Auta de Souza não é poetisa mística. O místico tortura a carne para edificar o espírito. Ela jamais se enclaustrou, nunca teve êxtases ou visões, não vivia de forma contemplativa. E para fechar esta afirmação com segurança, veja o que diz a Doutora Maria de Lourdes Belchior, da Universidade de Lisboa: "Não há escritores místicos na Literatura Portuguesa, nem na Literatura Brasileira. Existem, tão só, autores espirituais."
Inegável é que "a religiosidade de Auta de Souza era profunda, sincera, modular, mas não ascética, mortificante, mística" (Câmara Cascudo).
Então, pelas razões expostas acima, Auta de Souza não é poetisa mística. Seria ela uma simbolista? Esta pergunta respondo brevemente.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
domingo, 26 de julho de 2009
CULTURA DO BEM FOI UM MOMENTO E TANTO
quinta-feira, 23 de julho de 2009
PORTAL DA LITERATURA POTIGUAR
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, através do Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-Riograndense lança no dia 30 de julho próximo, o Portal da Memória Literária Potiguar. É um site maravilhoso para ser visitado diariamente por estudantes e pessoas que gostam da nossa literatura. O endereço é http://www.mcc.ufrn.br/portaldamemoria/wordpress/
COMO FOI SUA INFÂNCIA?
Crônicas Sensoriais é um livro que trata sobre a infância do autor. Há todo um universo resgatado nas páginas deste pequeno livro. Fazenda, fauna, flora, rios, pessoas, etc dão brilho as histórias contadas. E sua infância como foi? Vc poderia comentar aqui em poucas linhas o que mais marcou a primeira fase da sua vida?
terça-feira, 21 de julho de 2009
MANÉ BERADEIRO VAI A HERING
Mané Beradeiro fará uma apresentação nesta sexta feira próxima, à tarde, na Companhia Hering, em Parnamirim -RN, por ocasião de um evento que acontece naquela fábrica. Poesias matutas e causos irão compor a agenda do show.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
CULTURA DO BEM
Sábado próximo estarei com muito prazer andando com as crianças e adultos atendidos pela Casa do Bem, pelos bairros da Ribeira e Cidade Alta, falando sobre a riqueza da nossa história. O encontro culminará com uma visita a livraria Siciliano, do Midway Mall, onde farei darei uma aula-show de Mané Beradeiro para este público. Será a segunda vez que faço este trabalho. E a primeira com a participação de Mané Beradeiro. A foto ao lado foi do evento em 2008.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
ASSIM DISSERAM ELES...
MANÉ BERADEIRO E AS CRIANÇAS
Mané Beradeiro esteve na manhã de hoje, sexta feira, 17 de julho, abrindo a mala e contando para as crianças da Escola Municipal Manoel Machado, em Parnamirim - RN, a história dos 7 Constituintes, do poeta Antonio Francisco. Para enriquecer o evento, Mané Beradeiro fez uso de dedoches. As crianças adoraram.
Em cada encontro desta natureza Mané Beradeiro vai se aperfeiçoando mais e mais, afinal "mestre não é o que sempre ensina, mas quem de repente aprende", já diz Riobaldo, no Grande Sertão Veredas (J. Guimarães Rosa).
Em cada encontro desta natureza Mané Beradeiro vai se aperfeiçoando mais e mais, afinal "mestre não é o que sempre ensina, mas quem de repente aprende", já diz Riobaldo, no Grande Sertão Veredas (J. Guimarães Rosa).
quinta-feira, 16 de julho de 2009
AVISO
Se você não consegue deixar comentário, pode enviá-lo para meu e-mail: letrasreais@hotmail.com que eu disponibilizo no blog;
quarta-feira, 15 de julho de 2009
CONVITE
sábado, 11 de julho de 2009
O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO: OSSOS DA CABEÇA
Mané Beradeiro é um cidadão da lendária São Sarauê, a terra mítica dos sertanejos, que vive no Rio Grande do Norte, divulgando a produção literária dos escritores brasileiros, dando ênfase aos potiguares. Ele visita escolas, fábricas, igrejas, restaurantes, etc.
Mané gosta mesmo de contar causos e declamar poesia matuta. A partir de hoje, neste blog, ele dará sua contribuição com suas pérolas humorísticas. E avisa: se alguém desejar uma apresentação sua é só entrar em contato pelo telefone (84) 9178 0954. E-mail letrasreais@hotmail.com.
Vamos a de hoje:
Mané está na escola e professor pergunta:
___Quantos são os ossos da cabeça?
___São três.
___Como três?
___Quengo, pau da venta e quexada.
(Baseadono livro: Flashes das secas, de Paulo de Brito Guerra. Fortaleza. 1977)
sexta-feira, 10 de julho de 2009
NOSSOS ESCRITORES (AUTA DE SOUZA - PARTE II)
Posto que, o livro Horto, de Auta de Souza é uma das obras literárias pedidas para o vestibular da UFRN, estamos disponibilizando no blog a biografia da escritora e posteriormente faremos também um pequeno ensaio sobre seu trabalho.
Em Recife, onde Auta e seus irmãos foram levados em 1881 viverá Auta numa grande granja, a residência do Arraial, do seus avós maternos. Ela será matriculada no Colégio São Vicente de Paula, na Estância, dirigido pelãs irmãs religiosas francesas. Começa estudar no ano de 1888 e é uma dedicada aluna, chegando a ser a primeira da turma. Aprende francês, dominado a língua tanto no falar quanto no escrever.
Mas nem tudo será sempre flores na vida desta menina, aliás, poucas flores existirão abertas ao longo da sua existência. A morte não satisfeita por levar seus pais, visita a residência do a Arraial, em Recife e em 1882 atinge Francisco de Paula, esposo de Dindinha. Ele estava com 73 anos. Auta sente a dor de perder seu avô materno.
Não satisfeita, a insaciável morte, voltará em 1887 para desta vez levar Irineu, irmão de Auta, que morre queimado numa explosão de candieiro. Câmara Cascudo diz que Irineu gemeu dezoito horas e só depois sucumbiu. Recife não seria definitivamente o lugar onde Auta e seus irmãos viveriam para sempre. Aos 14 anos ela é obrigada a interromper seus estudos pois já é vitimada pela tuberculose.
Didinha, que eu considero uma grande mulher nesta história. Viúva e com os netos em sua responsabilidade toma a iniciativa de regressar para Macaíba. De volta ao Rio Grande do Norte Auta continuará sua vida participando de "assustados" ( festas daquela época) ao som de pianos, escreve também para vários jornais, pertencentes a grêmio literários. Em alguns chega a usar o pseudônimo de Ida Salúcio e Hilário das Neves.
Nesta época a tuberculose não tinha cura. Os antibióticos não existiam. Tratava-se a doença na base de 3C - Cama, Comida e Calma. E para tentar aliviar o sofrimento causado pelas dores da "Dama Branca", asim também conhecida. Auta de Souza muitas vezes viajou ao interior do Rio Grande do Norte em busca de ares melhores. Nova Cruz e Angicos foram lugares visitados por ela.
Ler e escrever eram os prazeres e ofícios de Auta de Souza. Muitas poesias já estavam compondo sua antologia. Ela reunia tudo. Declamava nos "assustados" para os amigos. Conheceu João Leopoldo da Silva Loureiro, por quem nutriu amor. Mas isto é assunto para a última parte desta biografia. Aguardem!
Fonte:Vida Breve de Auta de Souza, de Luis da Câmara Cascudo. Natal 1961.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
ASSIM DISSERAM ELES:
A FORÇA DA PALAVRA
O que você vai ler abaixo aconteceu há quase três anos. Quem vinha acompanhando minha produção literária e recebendo por e-mail meus textos, lembrou-me esta crônica e sugeriu que eu a trouxesse para o blog. O que prontamente atendi.
*******
A lâmpada do poste que fica próximo à minha casa queimou. Quando isto acontece a vizinha entra em contato com a empresa responsável, e no máximo dentro de três dias o serviço é realizado. Mas, a última vez que isto aconteceu a resposta não veio tão rápida. Chego em casa após três expedientes. Cansado de corpo e mente. De longe avisto o poste sem a lâmpada acessa e penso: "amanhã eles trocarão a lâmpada". Não vieram. Outubro vai terminar e a lâmpada continuará sem ser trocada.
Na manhã do dia seguinte tomo a iniciativa de reforçar a solicitação do serviço pedido por Lucinha, a vizinha. Tem início então um exercício de paciência e esperança. Vários dias ligando, pedindo que deixem a minha rua iluminada. Haja paciência! Até que finalmente cansado de tanto esperar afirmo para mim que aquela será a última ligação do 0800.
Fiz a pergunta de sempre e recebi a mesma resposta. Pensei, pensei...Terminei fazendo uma carta de protesto que espalhei pelas ruas de Parnamirim-RN, incluindo a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente e o Gabinete do Prefeito. Eis a carta:
Parnamirim-RN, 16 de novembro de 2006
Ilmo Sr Thomaz Edsom
DD. Inventor da Lâmpada
Gostaria de colocá-lo a par da forma como vem sendo tratada uma de suas criações, a meu ver a mais importante entre os 1033 registros patenteados pelo senhor, a saber: a lâmpada, no município de Parnamirim.
Na rua Rio Meiarim, no Parque Industrial, mas precisamente no poste G9.193 (para controle das luminárias, cada poste tem um número que identifica a sua localização no espaço geográfico do município), tem uma lâmpada queimada.
Na verdade ela apagou desde o final de outubro deste ano (2006), mas tão somente no dia 1 de novembro, tive a iniciativa de ligar para a Companhia Energética do Rio Grande do Norte-COSERN para avisar sobre a necessidade de mudar a lâmpada.
Fiquei então sabendo, que a companhia acima, no tocante a iluminação pública, faz apenas um trabalho de arrecadação, cobrando nas contas de energia o percentual de 15% (Contribuição Iluminação Pública) sobre o valor da mesma, e repassa aos cofres do município de Parnamirim, a quem deve sobre a liderança da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente, fiscalizar e fazer a manutenção deste serviço, A secretaria supracitada terceiriza a prestação deste serviço, contratando, a meu ver, empresas irresponsáveis, sem consideração nenhuma para com o consumidor.
Prometeram-me três dias úteis para trocar a referida lâmpada. Já se passaram 16 dias (até esta data). Todos os dias, impreterivelmente eu ligo 0800 281 6400, tenho sempre a mesma resposta vazia e seca: " passamos seu pedido à empresa. Aguarde!". No 0800 eu sou sempre bem atendido, disto não tenho do que reclamar. O problema mesmo é na realização do serviço que não acontece, não anda, não progride. A Parnamirim do futuro, que se faz no presente, bem que poderia começar a olhar este tipo de comportamento inadmissível para com seus cidadãos. Pergunto: Que critérios são levados em conta, quando se vai contratar uma empresa prestadora de serviço? Como a secretaria controla a eficiência da empresa? E o grau de satisfação dos clientes? Ela espera que seja medido pelo alto índice de reclamações? Como cidadão, peço encarecidamente, a quem de direito, e acredito que em primeira instância seja ao secretário de Urbanismo e Meio Ambiente, Senhor Sebastião Ronaldo e este não me atender, ao prefeito, que se dignem realizar um direito do consumidor que nada deve sobre as taxas de iluminação pública, posto que, tenho meu consumo pago através de débito automático.
No aguardo
(Espalhei esta carta na minha folga do almoço e depois voltei ao trabalho. À noite, antes de ir para a Escola Manoel Machado, meu outro emprego, resolvo passar em casa. De longe avisto o poste com a luz acessa. E lá em frente à minha casa, a viatura da empresa. Os homens não só trocaram a lâmpada como me vieram pedir desculpas pelo acontecido. Confesso que fiquei boquiaberto. É à força da palavra!)
segunda-feira, 6 de julho de 2009
PROPÓSITOS DA VIDA
Para Yure Breno
O que deixei de fazer hoje? Deixei de cantar, embora fosse uma pequena e desentoada melodia?
Deixei de regar plantas, cultivar bonsais, admirar meus filhos?
Qual o preço que teria estes momentos? Que benefícios me trariam?
O que deixei de fazer hoje?
Deixei de falar ou escrever para a minha esposa o quanto a amo?
Por acaso tive a indelicadeza de passar por ela e não sorrir?
E se fiz isto, que conseqüências terão meus atos em nosso viver?
O que eu deixei de fazer hoje?
Será que deixei de vislumbrar o nascer ou o por do sol?
Esqueci talvez, nesta correria louca e desenfreada de falar aos amigos e amigas o quanto eles são importantes para mim?
Ah! Ainda bem que o dia não terminou e eu posso resgatar o que ainda não fiz. Perdi o nascer do sol, mas resta-me contemplar o mergulho que ela dará na linha do horizonte.
Parnamirim – RN, 04 de agosto de 2006
O que deixei de fazer hoje? Deixei de cantar, embora fosse uma pequena e desentoada melodia?
Deixei de regar plantas, cultivar bonsais, admirar meus filhos?
Qual o preço que teria estes momentos? Que benefícios me trariam?
O que deixei de fazer hoje?
Deixei de falar ou escrever para a minha esposa o quanto a amo?
Por acaso tive a indelicadeza de passar por ela e não sorrir?
E se fiz isto, que conseqüências terão meus atos em nosso viver?
O que eu deixei de fazer hoje?
Será que deixei de vislumbrar o nascer ou o por do sol?
Esqueci talvez, nesta correria louca e desenfreada de falar aos amigos e amigas o quanto eles são importantes para mim?
Ah! Ainda bem que o dia não terminou e eu posso resgatar o que ainda não fiz. Perdi o nascer do sol, mas resta-me contemplar o mergulho que ela dará na linha do horizonte.
Parnamirim – RN, 04 de agosto de 2006
COMENTANDO MINHAS LEITURAS: KARA & KMAM - UMA SAGA DE ALMA E SANGUE
Acabei hoje (06.07.09) a leitura de Kara & Kmam - uma saga de alma e sangue, da autoria de Nazarethe Fonseca, editora Tarja. 2008. Confesso que o romance prendeu-me da primeira até a última página.
É uma leitura maravilhosa. Principalmente por ser Kara, uma vampira nossa, brasileira, de São Luis-MA. Ademais, a forma e o estilo e o próprio discurso literário usado pela escritora Nazarethe Fonseca é empolgante, dinâmico e criativo.
Não fica nada a desejar o seu livro, digo melhor, fica sim, o desejo que ela faça outros desta natureza e que quando a noite chegar, tanto Kara como Jan Kmam saiam de suas tumbas e deixem nas prateleiras das melhores livrarias deste país, exemplares dos livros da escritora supracitada.
Os vampiros criados por Nazarethe Fonseca são singulares. Amam e odeiam, alguns chegam até mesmo a viver um sentimento homossexual, pelo menos platônico pelo que entendi. É uma eternidade efêmera e desejável. Parabéns a escritora e aconselho a leitura do livro Kara e Kmam - uma saga de alma e sangue.
domingo, 5 de julho de 2009
ASSIM DISSERAM ELES:
NOSSOS ESCRITORES (AUTA DE SOUZA - PARTE I)
Auta de Souza é sem dúvida uma das maiores poetisas brasileiras. Quem conhece sua obra e o contexto sócio-histórico no qual germinou sua obra, HORTO, confirma isto.
Nasceu Auta em Macaíba -RN, então uma pequenina e palpitante cidade no dia 12 de setembro de 1876. Seus pais foram Eloy Castriciano de Souza e Henriqueta Leopoldina.
Auta quando veio ao mundo já tinha no seio da sua família três irmãos, a saber: Eloy Castriciano de Souza (1873), Henrique Castriciano de Souza (1874) e Irineu Leão Rodrigues de Souza (1875). Seu último irmão, João Câncio nasceu após ela, em 1877.
Os pais morreram cedo. Auta perde a mãe no dia 29 de junho de 1879. Henriqueta tinha apenas 27 anos e morre nos arredores de Macaíba, em Jundiaí. O pai, Eloy Castriciano, falece com 39 anos, 1 mês e 15 dias, aos 15 de janeiro de 1881. Ambos são vitimados pela tuberculose.
Como é notório, a vida da pequena Auta foi logo cedo assinalada com a presença do sofrimento, marcada pela morte dos seus pais. Que destino teriam as cinco crianças? Eis que surge no cenário desta história a figura predominante de Silvina Maria da Conceição, conhecida carinhosamente por Dindinha, avó materna de Auta, que leva os netos para serem criados em Recife-PE, na residência do Arraial. É lá nesta casa que Auta e seus irmãos vivem de 1881 até 1890.
Por hoje, paramos por aqui. Ainda esta semana daremos continuidade a biografia de Auta de Souza. Lembrando que se alguma instituição escolar desejar uma palestra sobre a vida de Auta é só entrar em contato comigo. E-mail (letrasreais@hotmail.com) ou telefone 84 9178 0954.
Fontes: Vida Breve de Auta de Souza; Luis da Câmara Cascudo. 1961
Auta de Souza; Diniz Ferreira da Cruz. Editora Danúbio. São Paulo. 1991
sexta-feira, 3 de julho de 2009
TRÊS MENINOS
São três meninos bem levados e sapecas.
São três heróis, três amores, três louvores.
A este entreguei meu coração, àquele meu cérebro e ao outro meu sangue.
Todos três são partes do meu ser.
São três meninos que teimam em crescer.
São três diamantes preciosos e benditos. São três anjos que protegem uma mulher.
Serão em breve três rapazes caçadores em busca dos seus amores.
Serão três homens que me verão menino.
Três senhores que eternizarão meu nome.
Natal-RN, 26 de fevereiro de 1999
São três heróis, três amores, três louvores.
A este entreguei meu coração, àquele meu cérebro e ao outro meu sangue.
Todos três são partes do meu ser.
São três meninos que teimam em crescer.
São três diamantes preciosos e benditos. São três anjos que protegem uma mulher.
Serão em breve três rapazes caçadores em busca dos seus amores.
Serão três homens que me verão menino.
Três senhores que eternizarão meu nome.
Natal-RN, 26 de fevereiro de 1999
ASSIM DISSERAM ELES:
quarta-feira, 1 de julho de 2009
ADEUS AMAZÔNIA
A perseguição era grande, todas as madrugadas alguns dos seus amigos eram raptados, “Para onde iam? Que interesses poderiam despertar aquelas criaturas verdes?” Eram estas as perguntas formuladas pelo jovem sapo Filomedus.
Ele diante daquele quadro de insegurança tomou uma resolução: sairia da Amazônia, lugar onde nasceu e sempre viveu e iria para outra região do Brasil. Procuraria viver onde não existisse violência, desrespeito a sua vida. Ali não dava mais para morar, constituir famílias? Nem pensar. Que segurança e garantia teria para o futuro dos seus filhos?
A maior parte dos seus amigos já tinha desaparecido misteriosamente. Nenhum sinal de vida, nenhum corpo encontrado. Ele, Filomedus daria adeus definitivamente a Amazônia. Naquela madrugada entrou num barco veleiro, chegou a Manaus e no aeroporto comprou passagem para o Nordeste, mais precisamente Natal.
Por que Natal? Por dois motivos: o ar mais puro da América Latina e o Parque Estadual das Dunas. Chegou cansado, exausto. Do aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim, até o Parque das Dunas ele foi de táxi. No trajeto o motorista puxou conversa:
__Está vindo para passear ou veio morar?
__Vim morar.
__De onde vem?
__Da Amazônia
__Qual o seu nome?
__Em latim é PHILLOMEDUSA BICOLOR, mas pode me chamar de Filomedus, afinal é assim que sou conhecido. E o seu nome?
O taxista respondeu:
__Valdemilsom, mas pode me chamar de Gaspar.
Quando Filomedus chegou ao Parque das Dunas foi muito bem recepcionado. Recebeu das mãos do administrador do Parque um exemplar da Lei n°. 4.100/92 que trata do Código do Meio Ambiente. Ele pensou: “Vivi tanto anos na Amazônia e nunca recebi um código destes”. Lamentou.
Enquanto fazia sua ficha cadastral, conversando com os engenheiros florestais, Filomedus ficou sabendo que a causa pela qual sua família vinha sendo raptada.
Filomedus não voltaria mais para a Amazônia. Não haveria argumento que fosse capaz de mudar seu pensamento. Se a espécie humana não foi capaz de proteger e respeitar Chico Mendes, como ele poderia acreditar que esta mesma espécie irá salvá-lo do extermínio dos sapos verdes.
Dias depois mandou uma carta para seus familiares:
Natal –RN,
Queridos pais, amados irmãos.
Agora eu sei por que estão raptando nossa espécie. Tudo acontece por causa da secreção cutânea que nosso organismo produz. Ela é utilizada pelos cientistas como matéria prima, para a fabricação de uma vacina, chamada Vacina do Sapo. Somente nós, os sapos verdes, nobres da família HYLIDAE, produzem tal secreção.
Esta ação criminal é denominada de Biopirataria. Cuidem-se. Evitem coaxar na madrugada. A qualquer sinal da presença humana afastem-se. Quanto a mim estou muito bem. Natal é linda, maravilhosa, acolhedora. A cidade possui dez zonas de preservação ambiental (ZPA).
Resido na ZPA-2, formada pelo Parque Estadual das Dunas, minha casa fica na Trilha da Peroba, logo após a quinta mangabeira do lado direito. Aqui pode não ter tantas diversidades de insetos, mas tem paz, equilíbrio ecológico.
Quando chega a noite, fico cantando para as sapinhas potiguares e confesso que elas são bem assanhadas. Hoje, sairei com uma perereca, ficaremos namorando na praia, contemplando a lua.
Abraços do filho e irmão Filomedus.
Ele diante daquele quadro de insegurança tomou uma resolução: sairia da Amazônia, lugar onde nasceu e sempre viveu e iria para outra região do Brasil. Procuraria viver onde não existisse violência, desrespeito a sua vida. Ali não dava mais para morar, constituir famílias? Nem pensar. Que segurança e garantia teria para o futuro dos seus filhos?
A maior parte dos seus amigos já tinha desaparecido misteriosamente. Nenhum sinal de vida, nenhum corpo encontrado. Ele, Filomedus daria adeus definitivamente a Amazônia. Naquela madrugada entrou num barco veleiro, chegou a Manaus e no aeroporto comprou passagem para o Nordeste, mais precisamente Natal.
Por que Natal? Por dois motivos: o ar mais puro da América Latina e o Parque Estadual das Dunas. Chegou cansado, exausto. Do aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim, até o Parque das Dunas ele foi de táxi. No trajeto o motorista puxou conversa:
__Está vindo para passear ou veio morar?
__Vim morar.
__De onde vem?
__Da Amazônia
__Qual o seu nome?
__Em latim é PHILLOMEDUSA BICOLOR, mas pode me chamar de Filomedus, afinal é assim que sou conhecido. E o seu nome?
O taxista respondeu:
__Valdemilsom, mas pode me chamar de Gaspar.
Quando Filomedus chegou ao Parque das Dunas foi muito bem recepcionado. Recebeu das mãos do administrador do Parque um exemplar da Lei n°. 4.100/92 que trata do Código do Meio Ambiente. Ele pensou: “Vivi tanto anos na Amazônia e nunca recebi um código destes”. Lamentou.
Enquanto fazia sua ficha cadastral, conversando com os engenheiros florestais, Filomedus ficou sabendo que a causa pela qual sua família vinha sendo raptada.
Filomedus não voltaria mais para a Amazônia. Não haveria argumento que fosse capaz de mudar seu pensamento. Se a espécie humana não foi capaz de proteger e respeitar Chico Mendes, como ele poderia acreditar que esta mesma espécie irá salvá-lo do extermínio dos sapos verdes.
Dias depois mandou uma carta para seus familiares:
Natal –RN,
Queridos pais, amados irmãos.
Agora eu sei por que estão raptando nossa espécie. Tudo acontece por causa da secreção cutânea que nosso organismo produz. Ela é utilizada pelos cientistas como matéria prima, para a fabricação de uma vacina, chamada Vacina do Sapo. Somente nós, os sapos verdes, nobres da família HYLIDAE, produzem tal secreção.
Esta ação criminal é denominada de Biopirataria. Cuidem-se. Evitem coaxar na madrugada. A qualquer sinal da presença humana afastem-se. Quanto a mim estou muito bem. Natal é linda, maravilhosa, acolhedora. A cidade possui dez zonas de preservação ambiental (ZPA).
Resido na ZPA-2, formada pelo Parque Estadual das Dunas, minha casa fica na Trilha da Peroba, logo após a quinta mangabeira do lado direito. Aqui pode não ter tantas diversidades de insetos, mas tem paz, equilíbrio ecológico.
Quando chega a noite, fico cantando para as sapinhas potiguares e confesso que elas são bem assanhadas. Hoje, sairei com uma perereca, ficaremos namorando na praia, contemplando a lua.
Abraços do filho e irmão Filomedus.
SE TE CHAMO DE AMIGO
Não queiras amizades com as nuvens.
Elas são voláteis, traidoras, ora estão brancas, parecendo flocos de algodão, outras estão escuras, carregadas de raios. Elas, as nuvens, nunca ficam. Fogem sempre, mudam suas formas, seus desenhos. Vão para onde o vento as levar.
Eu não quero ser amigo das nuvens. Eu quero sim ter amizades com as montanhas, as serras, os rochedos, as pedras. Pois estas são indubitavelmente duradouras, presenciais.
Vede! Quantos anos aquela serra está ali? E aquela pedra, faz muito tempo que não sai daquele lugar!
As nuvens qualquer brisa as deformam. As pedras somente são quebradas, esmigalhadas à força de picaretas ou dinamites, e mesmo assim continuam pedras, pequenas pedras, pequenos grãos infinitos.
Você é meu amigo, pedra, rocha, montanha, serra.
Parnamirim – RN, 24 de janeiro de 2008
Elas são voláteis, traidoras, ora estão brancas, parecendo flocos de algodão, outras estão escuras, carregadas de raios. Elas, as nuvens, nunca ficam. Fogem sempre, mudam suas formas, seus desenhos. Vão para onde o vento as levar.
Eu não quero ser amigo das nuvens. Eu quero sim ter amizades com as montanhas, as serras, os rochedos, as pedras. Pois estas são indubitavelmente duradouras, presenciais.
Vede! Quantos anos aquela serra está ali? E aquela pedra, faz muito tempo que não sai daquele lugar!
As nuvens qualquer brisa as deformam. As pedras somente são quebradas, esmigalhadas à força de picaretas ou dinamites, e mesmo assim continuam pedras, pequenas pedras, pequenos grãos infinitos.
Você é meu amigo, pedra, rocha, montanha, serra.
Parnamirim – RN, 24 de janeiro de 2008
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