sexta-feira, 6 de abril de 2018
quarta-feira, 4 de abril de 2018
PEQUENO HISTÓRICO DO CEC/RN
O
Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte – órgão criado no dia
4 de abril de 1967, portanto há exatos 51 anos, conforme Decreto n°4.793/67, publicado no D.O. E edição nº 1.300, de 8 de abril de 1967 na
gestão do Governador Monsenhor Walfredo Gurgel, sendo Secretário de Estado Educação e Cultura, o Dr. Jarbas Ferreira Bezerra, completa amanhã, dia
5 de abril, 50 anos da sua instalação, quando em uma das salas do Teatro
Alberto Maranhão, compareceram às 17 h
as seguintes autoridades:
1)
Dr.
Jarbas Ferreira Bezerra – Secretário de Estado de Educação e Cultura
2)
Luís da Câmara Cascudo
3)
Alvamar Furtado de Mendonça
4)
Américo de Oliveira Costa
5)
Dorian
Gray Caldas
Deixaram
de comparecer a essa sessão os Conselheiros Dom Nivaldo Monte, Ivan Maciel de
Andrade e João Batista Cascudo Rodrigues.
Todos os
Conselheiros foram empossados pelo Governador Monsenhor Walfredo Gurgel, em
cerimônia realizada no Palácio da Esperança,
às 17:30 h, à luz de velas, no dia 24 de abril de 1967, uma
quinta-feira.
Presentes
a essa cerimônia estiveram representantes de instituições militares, civis e eclesiásticas.
Discursaram naquele fim de tarde, o Governador Monsenhor Walfredo
Gurgel e o Historiador Luís da Câmara
Cascudo.
A
primeira sessão ordinária aconteceu no dia 9 de abril de 1968, na Sala da
Diretora do Serviço Cultural – Secretaria de Estado de Educação e Cultura.
Ao
longo desses 50 anos de instalação, o CEC/RN registra no seu rol de membros, os nomes de 62
participantes, sendo 10 mulheres. Atualmente, a Conselheira Eulália Duarte
Barros é a primeira mulher a ocupar o cargo de Vice Presidente do referido
Conselho.
Esse
Conselho teve como Presidentes os seguintes Conselheiros:
Jarbas
Ferreira Bezerra
Alvamar
Furtado de Mendonça
Diogenes
da Cunha Lima
Onofre Lopes da Silva
Américo
de Oliveira de Costa
Veríssimo
Pinheiro de Melo
Cláudio
José Freire Emerenciano
Antonio
Nilson Patriota
Paulo
de Tarso Correia de Melo
Iaperi
Soares de Araújo
O
CEC/RN é um órgão consultivo, de importância vital na política cultural do Estado, prestando seus serviços aos Governos de
Monsenhor Walfredo Gurgel, Cortez Pereira,Tarcísio Maia, Lavoisier Maia, José
Agripino Maia, Radir Pereira, Geraldo Melo, Vivaldo Costa, Garibaldi Alves
Filho, Fernando Freire, Wilma de Faria,
Iberê Ferreira, Rosalba Ciarlini e o atual Governador Robinson Faria.
Atualmente a
composição do CEC/RN é a seguinte:
Iaperi Araújo –
Presidente
Eulalia Duarte
Barros – Vice Presidente
Alex Medeiros
Cícero Martins
de Macedo Filho
Diogenes da Cunha
Lima – membro nato – Presidente da ANRL
Diva Maria Cunha
Pereira de Macedo
Isaura Amélia de
Sousa Rosado Maia
Jurandyr Navarro
da Costa
Nelson Ferreira
Patriota Neto
Paulo de Tarso
Correia de Melo
Paulo Heider Forte
Feijó
Paulo Macedo
Sônia Maria
Fernandes Faustino
Valério Alfredo
Mesquita – membro nato – representante do IHGRN
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quinta-feira, 29 de março de 2018
COMENTANDO MINHAS LEITURAS EM 2018: O MISTÉRIO DO VERDE NASCE
Há livro que foram escritos para se tornarem inesquecíveis, "O Mistério do Verde Nasce" de Ana Cláudia Trigueiro de Lucena é uma deles. A história que ele tem é um misto de memória e romance histórico, onde o leitor vai se deixando prender pelo mote desenvolvido pela autora, que dentro da sua narrativa soube trabalhar o tempo e o espaço diegético, algo quem nem todos conseguem fazer com segurança, pois muitos pecam em não fazer pesquisa de época.
Nesse livro, Cláudia Trigueiro teve o cuidado de trazer ao leitor fatos, pessoas e datas com credibilidade. As frases vão vestindo as personagens e dando forma a história romanceada, ao mesmo tempo em que o ambiente se descortina com sua geografia humana e ambiental. "O Mistério do Verde Nasce" nos fala de um tema que escritores famosos do Ceará-Mirim não tiveram seu olhar voltado para tal assunto, pelo menos com a profundidade que nos dá Cláudia Trigueiro. Não me recordo de ter lido nada sobre isso em Oiteiro, de Magdalena Antunes, em A Rosa Verde, de Nilo Pereira, dois grandes escritores que viveram naquele vale e a história de Emma já era há muito conhecida. O que importa é que agora, em 2018, a escritora Cláudia Trigueiro preenche essa lacuna com beleza e louvor.
Editado pela CJA, com capa de Marcos André T. Lucena, ilustrações de Edmar Claudio Mendes e revisão de Andreia Braz, o romance tem 22 capítulos, em sua parte principal e depois há um bônus sobre a escritora, o ilustrador, a pesquisa e outras considerações que foram tão importantes na construção do livro. A protagonista não é Emma, mas Maria, que conhece o Verde Nasce desde a sua infância. É por meio dela, da sua curiosidade que temos as respostas para as perguntas que existem em torno do túmulo de Emma, edificado naquele vale desde o longínquo ano de 1881.
Quando li "O Mistério do Verde Nasce" confesso que em diversos momentos minh'alma ficou embevecida com as cenas que o texto me permitiam criar, emoções como essas, tive também quando li Oitero. Creio que devo atribuir isso ao fato de ter vivido minha infância naquela cidade. Encanta-me tudo que é escrito com arte e seja referente a cultura daquele vale.
Ouso afirmar que esse é um livro não apenas inesquecível, mas extremamente necessário aos leitores, às boas bibliotecas públicas e particulares, aos professores e alunos que devem conhecer a história e a cultura presente em Ceará-Mirim. Há missões que são singulares, e escrever "O Mistério do Verde Nasce" foi uma atribuída a Cláudia Trigueiro. Mas por que tão somente agora, depois de 137 anos que Emma foi sepultada? Não sei responder, mas fico com a sólida palavra de quem tudo sabe: "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu" (Eclesiastes 3:1).
Finalmente, quero ultimar essa resenha usando uma frase que achei impactante dentro do livro: "Os coronéis morreram com suas riquezas, e a estrada mostrava apenas casarões desabitados" (p. 144), completo, se assim me permite Cláudia Trigueiro, que tão certo quanto é a beleza daquele vale, quanto tão sólida são as torres da Igreja matriz, o seu livro tem a semente e o sabor de um clássico regional.
Francisco Martins
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quarta-feira, 28 de março de 2018
CARRO DO GOVERNADOR FOI ROUBADO
Bandidos roubaram um carro de propriedade particular do governador do
Rio Grande do Norte Robinson Faria na noite desta terça-feira (27), em
Monte Alegre, cidade da Grande Natal. Segundo a Polícia Militar, o chefe
do Poder Executivo do estado não estava no veículo na hora do crime.
De acordo com a PM, quatro bandidos armados invadiram um residência
onde o motorista tinha ido deixar um dos funcionários do governador. Os
criminosos fizeram um arrastão na casa e depois levaram o veículo.
Policiais do pelotão de Monte Alegre e de várias cidades da região
Agreste foram mobilizados para tentar recuperar o carro. O rastreador
apontava que a caminhonete estava perto de uma lagoa na zona rural do
município.
Diante desta insegurança e atrevimento o poeta Mané Beradeiro fez a seguinte sextilha:
Os ladrões deste estado (RN)
Têm coragem de montão
Roubaram Governador
Não tiveram comoção
Fugiram pelas estradas
Com cem anos de perdão!
(Mané Beradeiro)
segunda-feira, 26 de março de 2018
DE PARNAMIRIM PARA TODOS NÓS: O DECÁLOGO DO LEITOR
Parnamirim-RN já foi conhecida na história do Brasil com o título de Trampolim da Vitória, ganho durante a II Guerra Mundial, pela sua localização geográfica. Agora, a cidade embora guarde esta fama, luta numa outra guerra bem mais severa e cruel, onde não se usam armas letais. Os soldados desta nova batalha, recrutados de maneira especial, fazem parte de um contingente que sabem da grande missão que lhes foi confiada. São eles, professores, vestidos com a armadura de mediadores de leitura, tendo como única arma, o livro. Um objeto que é capaz de não apenas transformar a vida de uma criança, mas de uma pátria inteira, um país, quiçá o mundo.
Por isso, Parnamirim-RN , desde o último decênio do século passado vem atuando de forma persistente na formação de leitores. O projeto tem como título: Parnamirim- um rio que flui para o mar de leitura. Dele já se colheram frutos que deu prêmios à gestão municipal. Nele, todos os dias, em todas as escolas municipais, pela manhã e à tarde, é possível encontrar os mediadores de leitura com seus alunos, ensinando o amor ao livro, a beleza que eles tem, o encantamento que nós dá, a força que contém e pode transformar o menino, o jovem e o adulto. O projeto é encantador, uma arca que à semelhança daquela de Noé, navega sobre as águas turbulentas, mas, dentro dela, há a serenidade de Angelica Vitalino, Aracy Gomes, Geraldo Tavares e tantos outros professores que se entregam de corpo e alma à batalha contra a ignorância e em prol da vida em abundância, pois nem só de pão vive o homem.
sábado, 24 de março de 2018
quinta-feira, 22 de março de 2018
RIO DA MORTE
Rio de Janeiro, mas também de Fevereiro a Dezembro
Um rio com curso de violência e mortes.
Rio de Janeiro, cidade maravilhosa! Para quem?
Com certeza não é para as famílias que têm
Os seus membros atingidos e exterminados
Pelas balas saídas das armas.
Armas que desde cedo ocuparam o lugar dos livros.
Não, não há balas perdidas. Há gerações e gerações
Inteiramente esquecidas.
Não apenas um rio, mas um país inteiro sem educação,
Sem segurança, sem saúde, que dilacera crianças, jovens,
Adultos.
Rio de Janeiro, que samba em Fevereiro, como se nada
De ruim ali houvesse, que dança o ano inteiro, num ritmo
Tocado por uma democracia deitada em berço esplêndido!
Francisco Martins
22.03.2018
quarta-feira, 21 de março de 2018
MANÉ BERADEIRO PREFACIA ANTOLOGIA BRASILEIRA
O poeta Mané Beradeiro foi convidado para prefaciar uma antologia brasileira, que tem a participação de ... poetas cordelistas, representantes de 12 estados. O livro tem como título "Coletânea Poética" e foi organizado pelo poeta El Górrion ,(Antonio de Pádua Gomes), que mora em Itatuba-PB. Cada poeta participa com um poema escrito em decassílabos, no gênero de cordel, com três estrofes, num total de 216 décimas, tendo como mote: "eu sou como um passarinho nas asas da liberdade". Esse é o primeiro livro prefaciado pelo poeta Mané Beradeiro que dentro do seu texto escreveu:
"Aqui, nesta Coletânea Poética, o
mundo da ficção tem as cores e a harmonia da arte da poesia. Ela chega até nós
graças a iniciativa do poeta El Gorrión, que convidou outros a trazerem seus pincéis para numa tela única
deixarem, em apenas três pinceladas, a
cor mais bela que eles e elas têm na alma. Aos participantes foi dado o
desafio: ter uma apenas um modelo de moldura, a décima. O grupo atendeu e doze
estados se fizeram presentes neste trabalho. Alguns vieram em caravanas como
Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco, outros chegaram sozinhos, mas
cumpriram a jornada".
Quem desejar adquirir o livro pode fazer através do site abaixo. O preço é de R$ 25,05.
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CARAVANA DE ESCRITORES POTIGUARES ESTEVE ONTEM EM NOVA CRUZ
Qual é o poder das palavras além de formar frases? Com certeza levar sentimentos às pessoas que as ouvem ou leiam. Ontem, a cidade de Nova Cruz recepcionou com muita dedicação a Caravana de Escritores Potiguares, projeto capitaneado pelo escritor Thiago Gonzaga e que tem o apoio da COSERN, através da Lei Câmara Cascudo, que levou até aquela cidade os escritores Dancley Fernandes, Chumbo Pinheiro, Oreny Junior, Carlos Fialho, Damião Gomes, Manoel Onofre Jr e Francisco Martins. O evento reuniu professores e alunos da rede municipal de Nova Cruz e teve a presença de outros convidados, além do Prefeito Municipal de Nova Cruz - Targino Pereira e boa parte dos seus colaboradores na gestão municipal.
Oreny Junior e Francisco Martins, em Nova Cruz. |
Cada escritor pode compartilhar um pouco da sua vida com os presentes, falar dos seus livros, declamar poemas, ler pequenos textos e o melhor de tudo, distribuir para todos que ali estavam os livros dos autores da Caravana de Escritores Potiguares. Um projeto maravilhoso, que já deixa sua marca na história da literatura do Rio Grande do Norte.
ACLA E INSTITUIÇÕES CULTURAIS PROMOVEM HOJE A CONVERSA LITERÁRIA SOBRE MAGDALENA ANTUNES
A Academia Ceará-mirinense de Letras e Artes Pedro Simões Neto - ACLA , em parceria com a Secretaria da Juventude, Esporte, Cultura e Lazer, a Secretaria de Educação Básica, a Fundação Nilo Pereira e o CEU das Artes realiza na tarde de hoje, a conversa literária sobre Magdalena Antunes, autora do livro Oiteiro - memórias de uma sinhá moça. O evento acontecerá na sede do CEU das Artes, situada à Rua Touros, 115, em Ceará Mirim. Falarão sobre Magdalena Antunes as acadêmicas Maria da Conceição Cruz Spineli e Francisca Maria Bezerra Lopes.
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sábado, 3 de março de 2018
sexta-feira, 2 de março de 2018
COMENTANDO MINHAS LEITURAS EM CORDEL - A PRESENÇA FEMININA
Março, mês dedicado às mulheres. Nada mais justo do quê escrever uma resenha sobre a importância da mulher no gênero de cordel, principalmente no tocante àquelas que foram pioneiras e também as atuais. A resenha não irá conter todas, até porque o assunto é crescente e amplo, entretanto, o pouco que se escrever por aqui já servirá para enriquecer nosso conhecimento.
Gutenberg Costa |
Tomo como base o livro Presença Feminina na Literatura de Cordel do Rio Grande do Norte, de autoria do pesquisador e historiador Gutenberg Costa.Sobre ele quero afirmar que aprender com Gutenberg é sempre bom, suas pesquisas são profundas, alicerçadas, têm a maturidade dos bons vinhos. Suas obras sobre o tema são referências obrigatórias quando se trata de estudar, saber e escrever sobre o cordel no Rio Grande do Norte, ele chegou até aqui com muito esforço e dedicação. Está imortalizado na literatura.
Mas, deixemos Gutenberg Costa descansando na Morada São Saruê, lá em Nísia Floresta/RN, onde ele não é amigo do rei, mas sim o próprio e merecido rei e vamos adentrar no tema que se propõe a resenha. A primeira mulher a publicar um folheto na forma tradicional de cordel, no Nordeste, foi uma poeta natural da Paraíba: Maria das Neves Batista Pimentel (1913-1938), que teve a coragem de enfrentar a sociedade machista, que certamente não aceitaria a sua presença no cordel e ela usou o pseudônimo de Altino Alagoano ( nome do marido). Naquela época a imagem da mulher era com frequência atribuída aos trabalhos domésticos e dela se esperava ser: beata, mãe e esposa, nada mais. E ainda por cima eram tidas como peso. Veja por exemplo esta estrofe do cordel O casamento do velho e um desastre na festa", Leandro Gomes de Barros, escrito em 1913.
Manoel Lopes dos Anjos
Nunca tinha se casado
Dizia sempre: a mulher
É um volume pesado
Deus me livre de mulher,
De médico e advogado
(BARROS, ....)
Maria das Neves Batista foi filha de Francisco das Chagas Batista (1882-1930) que era poeta cordelista e tinha sua própria tipografia.
Eu sou filha de poeta
e neta de repentista
meu avô era Ugolino
e meu pai Chagas Batista
também faço poesia
o poeta é um artista!
(MENDONÇA, 1993, p. 86).
"O Corcunda de Notre-Dame"; "O violino do Diabo ou o valor da honestidade" e "O amor nunca morre" . Os três folhetos, bem lembra Aderaldo Luciano: são todos transposições de clássicos da literatura universal, o que coloca
por terra a tese elitista de que quem fazia cordel era analfabeto ou
semi-analfabeto. Quem desejar conhecer mais sobre a história dessa mulher, aconselho a leitura do livro "Uma voz feminina no mundo do folheto", de Maristela Barbosa de Mendonça ou de uma forma mais sucinta, porém densa, o texto acadêmico :"Maria das Neves Batista Pimentel: a voz por trás do verso" de autoria de Elanir França de Carvalho e Letícia Fernanda da Silva Oliveira.
Maria das Neves |
Voltemos ao colo feminino, melhor lugar para os poetas repentistas e de bancadas, e vamos neste aconchego tomando conhecimento da saga da mulher no cordel brasileiro e visitar a Academia Brasileira de Literatura de Cordel - ABLC ( instituição que vai completar 30 anos de existência no mês de setembro) com sede no Rio de Janeiro, para sabermos como anda a presença feminina naquela Arcádia.
Cadeira 3 - Maria Anilda Figueiredo - CE
Cadeira 16 - Alba Helena Correa - RJ
Cadeira 18 - Maria Rosário Pinto - MA
Cadeira 25 - Dalinha Cacunda - CE
Das 40 cadeiras 10% são das mulheres, e nenhuma cadeira tem como patrona a figura feminina. Isso mostra o quanto a mulher ainda tem a conquistar. Mas, se nas Academias a mulher ainda não está em par de igualdade com os homens, no que diz respeito a quantidade de cadeiras ocupadas, na produção de folhetos já não há mais esta exclusão. Hoje a poeta cordelista nem precisa fazer uso de pseudônimos masculinos. Exceto, por opção.
Como bem diz Queiroz:
Na terra de Clara Camarão, a Academia Norte-Rio-Grandense de Literatura de Cordel - ANLIC deu espaço a três patronas: Gizelda Trigueiro, Nati Cortez ( a primeira cordelista do RN) e Maria Eugênia e tem no seu rol de membros as notáveis: Antonia Mota ( atual Presidente), Rosa Regis, Josenira Fraga, Clotilde Tavares, Sírlia Souza, Geni Milanez, Lucila Noronha e Cláudia Borges, 20% de participação nas cadeiras. Um exemplo a ser seguido pela ABLC. Temos outras poetas no RN que se dedicam ao cordel e estão cada vez mais alcançando esse campo que tem espaço para todos.
Sabemos que essa participação ainda não é das melhores, mas acreditamos que breve o quadro há de melhorar. Doralice Alves de Queiroz fez uma extensa pesquisa em nove instituições, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraíba, no período de junho de 2004 a novembro de 2005, quando tomou conhecimento da existência de 31.105 folhetos de cordel no acervo desses órgãos, sendo apenas 120 de autoria feminina. Qual será o quadro hoje?
Março está apenas começando e sobre mulheres e cordel eu ainda voltarei a escrever.
Mané Beradeiro
Como bem diz Queiroz:
Somente a partir de 1970 é que se pode verificar manifestações de autoria assumidamente feminina. Na atualidade, mulheres, através da escrita de cordéis, denunciam uma realidade social e também anunciam perspectivas de vida. São professoras, psicólogas, advogadas, dramaturgas, donas de casa, que, utilizando-se dessa forma de manifestação da nossa cultura, deixam fluir sua poeticidade e através dela demonstram seus sentimentos, aspirações e visões de mundo, consolidando uma identidade autoral e o espaço feminino na literatura de cordel.
Na terra de Clara Camarão, a Academia Norte-Rio-Grandense de Literatura de Cordel - ANLIC deu espaço a três patronas: Gizelda Trigueiro, Nati Cortez ( a primeira cordelista do RN) e Maria Eugênia e tem no seu rol de membros as notáveis: Antonia Mota ( atual Presidente), Rosa Regis, Josenira Fraga, Clotilde Tavares, Sírlia Souza, Geni Milanez, Lucila Noronha e Cláudia Borges, 20% de participação nas cadeiras. Um exemplo a ser seguido pela ABLC. Temos outras poetas no RN que se dedicam ao cordel e estão cada vez mais alcançando esse campo que tem espaço para todos.
Sabemos que essa participação ainda não é das melhores, mas acreditamos que breve o quadro há de melhorar. Doralice Alves de Queiroz fez uma extensa pesquisa em nove instituições, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraíba, no período de junho de 2004 a novembro de 2005, quando tomou conhecimento da existência de 31.105 folhetos de cordel no acervo desses órgãos, sendo apenas 120 de autoria feminina. Qual será o quadro hoje?
Março está apenas começando e sobre mulheres e cordel eu ainda voltarei a escrever.
Mané Beradeiro
Livros recomendados - sugestão de leitura
1) A Mulher na literatura de cordel - BORGES, Maria Núbia Câmara/MORAIS, Vera Lúcia Albuquerque. Edições Pirata, 1981.
2) Romaria de versos: mulheres cearenses autoras de cordel - SANTOS, Francisca Pereira dos. Edições SESC, 2008.
1) A Mulher na literatura de cordel - BORGES, Maria Núbia Câmara/MORAIS, Vera Lúcia Albuquerque. Edições Pirata, 1981.
2) Romaria de versos: mulheres cearenses autoras de cordel - SANTOS, Francisca Pereira dos. Edições SESC, 2008.
Referências
BARROS, Leandro Gomes de. O casamento do velho e um desastre na festa.
COSTA, Gutenberg. A presença feminina na literatura de cordel no Rio Grande do Norte. Natal/RN: Editoras 8 e Queima Bucha, 2015.
MENDONÇA, Maristela Barbosa de. Uma voz feminina no mundo do folheto. Brasília: Thesaurus, 1993.
QUEIROZ, Doralice Alves de. Mulheres cordelistas - percepções do universo feminino na literatura de cordel. Belo Horizonte/MG: UFMG, 2006.
ABLC disponível em
LUCIANO, Aderaldo. Disponível em:https://jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano/duas-ou-tres-coisas-sobre-o-cordel-brasileiro-e-seus-protagonistas
LEIA TAMBÉM AS OUTRAS RESENHAS:
Zé Saldanha - centenário de nascimento
A Confissão de um drogado - Zeca Pereira
Boca de Noite - de Robson Renato
O cordel de bandeira verde - Marco Haurélio e Antonio Francisco
Chico Catatau - Izaías Gomes
Eventos sob o sol a pino - incidentes sob a lua cheia - Aderaldo Luciano
O Pavão Misterioso - José Camelo de Melo
A luta de um cavaleiro contra o bruxo feiticeiro - João Gomes de Sá
Ivanildo Vila Nova - Marciano Medeiros
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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
BIBLIOTECA EM NOVA IORQUE HOMENAGEIA NÍSIA FLORESTA
O Instituto Cultural Brazilian Endowment for The Arts, com sede em Manhattan, em Nova Iorque - EUA homenageará amanhã as mulheres extraordinárias brasileiras, tendo como um pouco de exemplo as mulheres Madalena Caramuru, Nísia Floresta e Carolina Maria de Jesus. Para saber mais sobre essas mulheres clique na figura abaixo.
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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA DO RN TEVE SUA Iª SESSÃO 2018
O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte - CEC/RN retornou às suas atividades após o período de recesso. A primeira sessão de 2018 aconteceu terça-feira pp. em sua sede, situada à Rua Mipibu, 443, bairro Petrópolis, em Natal. Presidiu a sessão o Conselheiro Presidente Iaperi Araijo e estiveram presentes os seguintes Conselheiros: Sonia Faustino, Alex Medeiros, Paulo Heider, Paulo Macedo, Diva Cunha, Paulo de Tarso e Eulália Duarte Barros. Na pauta dessa sessão, os 50 anos de instalação do CEC/RN, em abril próximo; o tombamento da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Ceará Mirim; a reabertura da Biblioteca Pública Estadual Câmara Cascudo, entre outros. O CEC/RN é um órgão consultivo para o Governo do Estado, no tocante aos assuntos culturais e é composto de 15 membros, homens e mulheres de notáveis conhecimentos na área cultural e literária do RN.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
PARNAMIRIM VAI IMPLANTAR O PMLLB
Segunda-feira última aconteceu em Parnamirim, um importante encontro com os mediadores de leitura de todas as escolas e cmeis municipais, com o intuito de esclarecer a importância da elaboração do Plano Municipal da Leitura, do Livro e Bibliotecas - PMLLB. Foi o primeiro passo. Sem dúvida um passo e tanto, numa jornada que hora se inicia e que sabemos as dificuldades. Mas toda grande caminhada sempre começa com o primeiro passo.
Para nortear esse encontro, a Secretaria Municipal de Educação convidou o escritor José de Castro, que conhece bem o assunto e fez parte do grupo de trabalho que implantou o projeto em Natal. Ele falou com muita propriedade do valor que tem o PMLLB para a cultura e os cidadãos. Outros encontros serão realizados brevemente. Eu tive o privilégio de participar à tarde representando o Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte, no qual sou Secretário.
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
COMENTANDO MINHAS LEITURAS EM CORDEL - ZÉ SALDANHA - CENTENÁRIO DE NASCIMENTO
Resenhar a obra de José Saldanha Menezes Sobrinho (Zé Saldanha) é o mesmo que desejar desvendar os mistérios do Sertão. Há muita coisa a ser dita! Sabemos o quanto ele foi importante para o Cordel brasileiro. Sua saga é notória, sua verve poética foi somente estancada pela foice da Moça Caetana, (em 9 de agosto de 2011) aquela que sabemos e temos a certeza de que um dia vai nos atingir, independente da nossa vontade . Sei que não tenho condições de dizer tudo sobre ele, mas pesquisei 15 dias, visitei três bibliotecas, naveguei pela internet, tudo focando o universo de Zé Saldanha, para poder oferecer aos meus leitores o máximo de informações sobre a obra deste poeta.
José Saldanha Menezes Sobrinho nasceu no sertão, Santana do Matos, mais precisamente na Fazenda Piató, interior do Rio Grande do Norte, no dia 23 de fevereiro de 1918. Dedé, como carinhosamente era chamado no seio família foi o primeiro filho do casal Francisco Saldanha e Rita Macedo, cresceu observando e vivendo o sertão. Não tardou para que a poesia que ele tanto contemplou se fizesse poema em forma de cordel, da oralidade do cantador de viola e da arte xilográfica, sendo um dos primeiros a trabalhar com a xilogravura na região do Seridó, conforme depoimento do filho Rosáfico Saldanha ao Historiador Gutenberg Costa. Zé Saldanha foi também vaqueiro, folheteiro, sapateiro, fabricou queijos, doces e cachaças, e quando veio morar em Natal-RN, fixou-se em Candelária onde instalou uma bodega/mercearia que batizou com o nome " Recanto do Seridó". Casou com a Professora Jovelina Dantas de Araújo, a quem carinhosamente chamava de Jove, ficando viúvo em 4 de outubro de 1995, quando desta forma foi forçado a ultimar um reinado de amor e união que durou 52 anos. Deste casamento nasceram nove filhos. Dois faleceram prematuramente.
Aos 10 anos começou a escrever, mas somente aos 13 anos registrou seu primeiro folheto de cordel. De lá para cá, até seu encantamento, Zé Saldanha poetizou de forma incansável a ponto de poder com muita propriedade dizer no alto dos seus 90 anos:
O TEMPO SE ENCARREGA DE TUDO Aos 10 anos começou a escrever, mas somente aos 13 anos registrou seu primeiro folheto de cordel. De lá para cá, até seu encantamento, Zé Saldanha poetizou de forma incansável a ponto de poder com muita propriedade dizer no alto dos seus 90 anos:
“Sou um dos cordelistas
Do velho tempo passado
Os meus cabelos eram pretos
Hoje estão embraguiçados (sic)
Em cada fio de cabelo
Tem um cordel pendurado”
E foi em busca da quantidade desses cordéis que ele escreveu, que num esforço complementar ao verbete do Dicionário de Poetas Cordelistas Rio Grande do Norte, de Gutenberg Costa, que ousei ir além do títulos que lá estão presentes, nas páginas 146 a 149. Até seu o falecimento, o poeta Zé Saldanha era senhor do título do mais longevo cordelista do Rio Grande do Norte, em plena atividade. O título hoje pertence a Xexeu. Uma marca dos folhetos impressos pelo poeta Zé Saldanha era o tamanho
que ele escolhia. Optava sempre por 15 x 22cm, dificilmente imprimiu no
tamanho tradicional.
Vi Zé Saldanha apenas umas duas vezes na minha vida, e num período em que jamais pensava em ser escritor ou poeta cordelista. Depois, quando comecei a caminhar nesta trilha do cordel, fiquei fã dos seus textos, admirava sua capacidade de criação, os poemas que saiam daquela mente nonagenária. Um homem que não chegou a complementar o que hoje denominamos de Ensino Fundamental I, soube fazer do pouco que aprendeu um baú cheio de moedas de ouro que faz parte do tesouro do cordel brasileiro. Em 2009 ele foi entrevistado pelo jornalista Alexandro Gurgel, para o Caderno Diversão e Arte, do Jornal de Hoje, ele afirmou ser do tempo em que os homens mais sabidos só possuíam três livros: a Bíblia, o Lunário Perpétuo e o Cordel. Produziu até os 93 anos e suas reflexões poéticas são frutos da própria vida.
O
homem nasce na Terra
Se cria, estuda e aprende
Se torna até
cientista
Quase tudo compreende
Com ideia evoluída
Mas do segredo da
vida
Nem um cientista entende.
A vida, esta metáfora indecifrável que todos temos e poucos sabem aproveitar. Zé Saldanha soube aproveitá-la ao máximo, não parou no tempo, as mesmas mãos que trabalharam na agricultura, que manusearam ferramentas para produzir xilogravuras, que seguraram canetas na elaboração de poemas, não se deixaram cansar com o passar do tempo. E assim, quando tinha 91 anos, já viúvo, ele escreve:
Em
1930, como por exemplo se na zona rural nordestina, alguém mandasse uma
correspondência para o Rio de Janeiro ou São Paulo, esta só chegaria ao
destino em dois ou três meses, pois era transportada de navio, e este
parava também em outras capitais. Então, o retorno da carta só seria
possível após uns quatro meses de espera. Se fosse para dar notícias de
alguém que estivesse doente, quando a mesma retornasse este já poderia
está morto. Existia o telégrafo, mas este só tinha nas capitais, e outra
forma de comunicação mais rápida não era possível. Lembro-me como se
hoje fosse, isso lá por volta de 1930, e eu já tinha meus doze anos
naquele tempo, em nossa região não havia sequer um rádio que se
escutasse reportagem ou coisa semelhante, e meu avô já dizia: vai chegar
um tempo que as máquinas vão tomar o lugar do homem no trabalho e em
outras atividades, e esse tempo chegou! O qual eu glorifico a Deus por
ter alcançado e vivido a várias transformações tecnológicas, e o mais
interessante é o mundo da internet, pois em segundos estamos vivenciando
vários lugares do mundo e vendo e ouvindo pessoas queridas que estão a
milhares de distância, mas parece que está aqui pertinho da gente.
Peço a atenção do leitor para a nota que segue:
OBS: Este texto foi extraído do ALMANAQUE PARA O ANO DE 2009, data em que o autor já contava 91 anos, e um detalhe importante é que, Zé Saldanha fez o curso de informática aos 80 anos, e depois ficou utilizando o computador para escrever seus versos até julho de 2011, ficando em plena atividade até os 93 anos.
Ao longo da sua vida o poeta Zé Saldanha deixou um legado muito importante para a literatura no gênero do cordel. Sua produção foi extensa. Tudo que ele escreveu forma um conjunto que navega por praticamente todos os ciclos do cordel: Circunstanciais, Históricos, Didáticos, Biográficos, de Louvor, de Propaganda Política, Gracejos, Religiosos, Maravilhosos ou Mágicos, Bravuras, Vaquejadas, Pelejas, Cangaço, entre outros. Seja qual for a proposta de classificação que o leitor procurar usar para os textos de Zé Saldanha, partido de Alceu Maynard Araújo, Orígenes Lessa, Ariano Suassuna até Liêdo Maranhão de Souza, em todos eles, o poeta há de encontrar escaninhos para seus folhetos. Veja a bibliografia abaixo.
Todo esse trabalho fez com que ele fosse o único poeta cordelista do Rio Grande do Norte a fazer parte da Coleção Hedra de Literatura de Cordel, em 2001, teve a coordenação de Joseph M. Luyten, sendo a apresentação do livro feita pelo Historiador Gutenberg Costa.
Não posso me alongar nessa resenha, até porque são muitos os pontos temáticos presentes na obra do poeta. Mas não queria deixar de registrar a grande contribuição que foi compartilhada com os leitores do cordel, especificamente aqueles que gostam do ciclo Cangaço, quando ele teve o privilégio de receber em sua casa, em Natal, no ano de 1993, Expedita Ferreira, a filha de Lampião, que lhe entregou o texto "Lamentações de Lampião", escrito em cordel, que foi encontrado em Salgueiro-PE, sob a guarda de João Libório, desde1925, um velho amigo de Lampião. As estrofes fazem parte do folheto: O Livro de Lampião, Sua História, Seu Tempo e Seu Reinado. Vale a pena ler uma das estrofes:
Se eu morrer trocando bala
Morro muito satisfeito;
Tenho mérito de guerreiro
Gravado dentro do peito
Termino a vida na bala
Mas preso não me assujeito.
Observem o detalhe da foto do poeta no lugar do rosto de Lampião. |
O poeta Zé Saldanha foi não apenas semeador de versos, ao longo da sua vida colaborou na fundação de alguns instituições culturais como a Sociedade Brasileira do Estudo do Cangaço - SBEC e a Associação Estadual de Poetas Populares - AEPP. Recebeu o título de Cidadão Natalense, através da proposta do Vereador George Câmara e é Patrono da Cadeira nº 1 da Academia Norte-Rio-Grandense de Literatura de Cordel-ANLIC.
Há um espaço físico, no bairro de Candelária, ao lado da sua residência, que foi destinado oficialmente para ser a Praça em sua homenagem conforme o texto abaixo:
LEI Nº. 6. 380 , DE 15 DE MAIO DE 2013
Denomina Poeta José Saldanha Menezes Sobrinho, a Praça localizada na área verde atrás do
Natal Shopping Center, no Bairro de Candelária, nesta Capital, e dá outras providências.
O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE NATAL
Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:
Ar t. 1° -
Fica denominada de Poeta José Saldanha Menezes Sobrinho, a Praça localizada na
área verde do cruzamento da Rua Irineu Joffili com a Rua Piató, atrás do Natal Shopping Center,
no Bairro de Candelária, nesta Capital.
.
Ar t. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data de publicação, ficando revogadas as disposições em contrário.
Palácio Felipe Camarão, em Natal/RN, 15 de maio de 2013.
CARLOS EDUARDO NUNES ALVES
Prefeito
(Publicado no DOM - edição 2521, de 16 de maio de 2013.Entretanto, já passados quatro anos e nove meses, o terreno continua sem nenhuma construção.
É assim que homenageio o poeta Zé Saldanha, o matuto sertanejo, notável que não se entregava. Cumpria a máxima Cascudiana de que o homem do século 21 devia viver sentado num pilha de livros, com um olho no microscópio e o outro no telescópio. Hoje, quando celebramos o centenário de nascimento de Zé Saldanha eu fico a pensar que tipo de estátua representaria o homenageado e que deveria ornamentar a "praça" que leva seu nome, ali em Candelária, ao lado do seu último recanto. Se eu fosse escultor eu faria uma estátua de Zé Saldanha com alpercatas, calça de brim, um bisaco e dentro dele uma viola, nas mãos um folheto de cordel e na cabeça o chapéu que tanto gostava. Outrossim, usaria para os pés a madeira miolo de aroeira, para as pernas pau d'arco, o tronco seria de angico, os braços de juazeiro e a cabeça de jaqueira. Madeiras que permanecem.
E para concluir transcrevo uma das estrofes presentes na Peleja de Zé Saldanha com Manoel Macedo, na qual ele assim declara:
Faço o tempo parar no firmamento
E faço a Terra parar a rotação;
Paro o astro, o relâmpago e o trovão
Geralmente se acaba o movimento,
O mundo todo eu paro num momento
Pego o eixo da Terra e jogo fora,
Faço tudo em menos de uma hora
E para que ninguém mais me aborreça,
Pego a Terra e emborco na cabeça
Digo adeus me despeço e vou embora
(José Saldanha)
Salve Zé Saldanha - poeta arretado do cordel brasileiro
Mané Beradeiro
100 anos de nascimento de Zé Saldanha e 7º ano do seu falecimento.
BIBLIOGRAFIA DE ZÉ SALDANHA
Os textos abaixo relacionados contem todos os que foram registrados no Dicionário de Poetas Cordelistas do Rio Grande do Norte, bem como outros que encontrei nas bibliotecas pesquisadas e no site Recanto das Letras. Nesta lista há não apenas poemas no gênero de cordel, mas também outros estilos como Brasil Caboclo, sonetos, quadras e trovas.
1)
A briga dos Herculanos
2)
A campanha de Wilma em Natal – apenas com suas
propostas
3)
A discussão da verdade com a mentira
4)
A discussão de um político da cidade com um
velho agricultor
5)
A extraordinária vitória política de Luís Inácio Lula da Silva e Dona Vilma de
Faria, a guerreira potiguar, 8 p. 2002. Natal/RN
6)
A face oculta de uma glória ou o grande romance
de Singhéfrida e Ozean
7)
A festa de Manoel Lopes
8)
A genealogia de Cristo
9)
A grande peleja em desafio de José Saldanha
Menezes com Manoel Águido Pereira
10)
A grande revelação profética de uma escritora
francesa de 1990 até o ano de 2000.
11)
A gripe suína H1N1
12)
A história verídica de Corisco e Dadá
13)
A luta de Lampião e Casco Preto
14)
A moça que foi ao Inferno em sonho
15)
A moça que ganhou a aposta com o diabo.
16)
A moderna caipora.
17)
A morte de Chico João e a vingança de Samuel.
18)
A Morte de Corisco e o Fim dos Cangaceiros.
19)
A Morte de José Alves Sobrinho – Lembrança de um
poeta.
20)
A mulher de mini saia – agora danou-se tudo.
21)
A natureza, o pássaro e o poeta
22)
A Natureza, o Pássaro e o Poeta (II).
23)
A onça de Cândido Dantas.
24)
A onça do Bonfim.
25)
A Parábola do Grão Trigo.
26)
A pranteada morte do saudoso poeta vaqueiro Zé
Praxédi.
27)
A revolta da Paraíba e os cabras de Zé Pereira.
28)
A terra misteriosa ou o mundo dos meus sonhos
29)
A Terra Misteriosa ou O Mundo dos Meus Sonhos
30)
A triste virada de um caminhão
31)
A vaquejada de Rufão e o desastre de Lindolfo
32)
A Velhinha do dedo Duro
33)
A verdadeira história do monstruoso acidente
ocorrido em Currais Novos, 8 p, 1974 – Currais Novos-RN.
34)
A vida de Pedro Cem (sic), 32 p.
35)
A vitoriosa batalha política de Aluísio Alves
para Governador do Estado do Rio Grande do Norte em 1960, 11 p, 29 de dezembro
de 1960, Cerro Corá-RN.
36)
Abaeté: O mundo do Cordel - 8 p,
Natal-RN 06.11.2008
37)
Adalgiza e Adoniel, 32 p.
38)
AEPP – Associação Estadual de Poetas Populares
do Rio Grande do Norte – 14 p, Currais
Novos – 15.11.1975
39)
Almanak Espacial do Nordeste Brasileiro para o ano de 1999 do nascimento
de Cristo, ano de Vênus dos astros excelentes e suavizantes, 30 de junho de
1998, Natal-RN.
40)
Almanaque Espacial do Nordeste Brasileiro para o
ano 2001 do nascimento de Cristo. O nosso Astro dominante do ano é a Lua, 16 p. Natal-RN, 2000.
41)
Amor oculto, 6 p
42)
Ananias e Aureliana, 32 p
43)
Antonio Ramos Pereira e Mariana de Jesus, 32 p
44)
Aplausos aos Oitenta Anos .
45)
Aquecimento global do nosso planeta Terra – 32
p,1ª ed. Dezembro 2010.
46)
As previsões de Saturno e as fortes chuvas em
Natal no ano 2000, 11 p. 30 julho 2000
47)
As proezas de Pedro Malazarte com o agricultor,
32 p
48)
As sete maravilhas do Rio Grande do Norte
49)
Aureliano e Zabelê, 32 p.
50)
Brindes de Deus.
51)
Caboco na Igreja.
52)
Celina e Daniel, 16 p.
53)
Chiquinho de Zé da Silva e o nego Zé Roldão, 32
p.
54)
Como surgiu a SBEC – 16 p. Fundação Vingt-Un Rosado/Coleção Mossoroense –
Série D, nº 001.
55)
Companheiro da Saudade.
56)
Conheça Meu Sertão
57)
Conselho.
58)
CORDEL –Coletânea – Editora Hedra –SP
59)
Corisco e Dadá: a morte de Corisco e o fim dos
cangaceiros, em 3 volumes de 40 p. Mossoró - RN
60)
Corridas e vaquejadas, 8 p
61)
Deus está em todo canto.
62)
Dez
minutos improvisados de José Saldanha com Adoniel Cesário da Paraíba, 8
p
63)
Dia da Poesia
64)
Dia do Trovador .
65)
Dia dos Pais
66)
Dia Internacional da Mulher
67)
Dia Mundial das Águas (vinte e dois de março)
68)
Discussão de um político da cidade com um velho
agricultor, 8 p
69)
Diz tua prosa, Sertão!
70)
Do outro lado de lá
71)
Dois políticos conversando
72)
Enedina e Evaristo, 32 p
73)
Escrita de dois errados, 8 p.
74)
Feijoada e Rimas
75)
Festas Juninas.
76)
Forró de Chico Pedo, 8 p, 23 de fevereiro de
1960 – Santana do Matos-RN
77)
Gado, campo e vaquejada – lembrança do Seridó, 6
p, Natal-RN
78)
Getúlio ganhou de tudo e perdeu para os maçons,
8 p.
79)
Heleno Maciel e Marlene Neves Galcéis, 32 p.
80)
Hoje no tempo moderno não convém mais ninguém
casar, 8 p.
81)
Homenagem ao centenário do escritor Luiza da
Câmara Cascudo , 22 p– Coleção SBEC – Volume XVII – Fundação Vingt- Un Rosado –
Coleção Mossoroense – Série D, nº 007 - 1998
82)
Jandira e Napoleão, 32 p.
83)
Kubistchek em Santa Cruz do Trairi, 8 p. Currais
Novos/RN
84)
Lampião em Juazeiro - 36 p,
2ª edição julho 2009 ( a 1ª ed foi setembro 2003).
85)
Lembrança de Um Poeta.
86)
Lindalva e Oliveira, 32 p.
87)
Mais uma carta de amor. 5 p. Natal/RN.
88)
Margarida de Souza Lima e Dedé do Boqueirão, 16
p.
89)
Marinês e Apolinário, 16 p.
90)
Marinês e Policarpo, 32 p
91)
Matuto de minha terra.
92)
Matuto na capital.
93)
Matuto no carnavá
94)
Matuto nos aviões
95)
Me divertindo no bico da caneta.
96)
Me murdi com eleição, não voto mais em ninguém.
97)
Meia-noite no deserto, 8 p.
98)
Meus Oitenta e Nove Anos.
99)
Mineração Bodó Minás há 50 anos passados, 20 p.
100)
Minha Viagem a São Paulo
101)
Moizon e Iracema, 48 p
102)
Morena dos Olhos Grandes
103)
Morte, saudade e lembrança de Severino Ferreira,
8 p. 28 de outubro de 1997, Natal/RN
104)
Morte, Saudade e Lembrança de Severino Ferreira.
105)
Mulher desprestigiada, 6 p. Natal/RN.
106)
Namoro de matuto
107)
Nascimento, vida e morte do Frade Frei Damião,
12 p, 1997 – Natal/RN
108)
Natal 400 Anos.
109)
Natal aos olhos de Câmara Caascudo.
110)
Natal em Natal.
111)
Nessa política corrupta não convém ninguém
votar, 8 p. Natal/RN
112)
Nobre Poeta Escritor José Soares de Souza .
113)
Noite de festa em Patu, 8 p.
114)
Noite de São João em Cerro Corá.
115)
O amor de
Juliana e as bravuras de Viturino Batalha, luta e vitória, 8 p. AEPP,
Natal/RN
116)
O amor de Paulino e Lúcia, 32 p
117)
O amor e o tempo, 8 p.
118)
O aperto de mão político
119)
O apóstolo dos sertões – Antonio Conselheiro, 32
p. Edição da APAN, Natal/RN ( folheto da autoria de seu filho Rosáfico
Saldanha, conforme declarou ao historiador Gutenberg Costa)
120)
O Barbatão da Serra das Frevedeiras, 16 p.
Natal/RN
121)
O Beija-Flor
122)
O Brasil
prometido aos pobres na época de eleição ( 1ª edição 1955 – Mineração
Bodóminas – Santana do Matos. ) 12ª
edição –setembro 2010 – 16 p,
123)
O burro de João Zezinho, 8 p. Natal/RN
124)
O castigo dos vaqueiros, 8 p. Natal/RN.
125)
O cavalo de João Dedé, 8 p. Natal/RN
126)
O defensor do Sertão – José Adolfo dos Santos,
100 p. Natal/RN
127)
O destino de um sertanejo, 36 p. Natal/RN.
128)
O imposto hoje ataca pior do que Lampião. 8 p,
Currais Novos/RN
129)
O livro de Lampião, sua história, seu tempo e
suas lutas. 39 p. Fundação Vingt-Un Rosado/Coleção Mossoroense – Série D, nº
006.
130)
O Luar, o Sertão e o Poeta.
131)
O Mês de junho no Sertão.
132)
O mundo só veio prestar quando eu não prestava
mais.
133)
O namoro do leilão e a briga de Serra Verde, 8
p. Natal/RN
134)
O Nordeste e seus cangaceiros.
135)
O pistoleiro Antonio José, 16 p. Natal/RN
136)
O poeta assassinado pela mão negra do destino –
José Cosme da Silva Milanêz. 7 p. Natal/RN
137)
O preço do algodão e o orgulho do povo ( 1º folheto,
1929, aos 10 anos)
138)
O Que é Água?
139)
O que se vê pelo mundo. 8 p. Natal/RN
140)
O samba de Chico João. 8 p. Natal/RN
141)
O Semeador de Livros
142)
O sertanejo está mais quebrado do que arroz de
terceira. 8 p. Natal/RN
143)
O Sertão Antigo
144)
O sertão é bom quando chove. 8 p. Natal/RN
145)
O sertão e seus cangaceiros.16 p Fundação José
Augusto – Projeto Chico Traíra – nº 5 – Natal /RN- 1995
146)
O sonho de Antonio Silvino. 8 p. Natal/RN
147)
O sonho do Padre Cícero ou a voz da profecia. 8
p. Natal/RN
148)
O terror dos sertanejos: onça, cangaceiro e
seca. 12 p. Natal/RN
149)
O trágico acidente de Cerro Corá – sete mortos
no açúde. 8 p. 1974
150)
O Vislumbrar do Dia e da Noite
151)
Os 500 anos do Brasil e todos seus presidentes.
21 p. Natal/RN 13.11.2000
152)
Os coronéis do passado. 16 p. Natal/RN
153)
Os três cavalos de raça: Rei de Ouro, Pinga Fogo
e Ponto Fino. 8 p. Natal/RN
154)
Para vereador – José Rosemberg Saldanha – o Bega
que o povo quer – um nome amigo – Bega 15.111. 6p. Lagoa Nova/RN (assinou o
folheto como Chico Raio – poeta dos políticos de bem)
155)
Patativa do Assaré, a Chegada Dele no Céu
156)
Peleja de Adoniel Cesário com José Saldanha
Menezes Sobrinho. 8 p. NatalRN
157)
Peleja de José Saldanha Menezes Sobrinho com Manoel Macedo Xavier – O
viola de ouro do Nordeste. 16 p. Natal/RN
158)
Peleja de José Saldanha Menezes Sobrinho com o poeta cantador Tico
Teixeira. 16 p – impresso pela AEPP – Associação Estadual de
Poetas Populares do Rio Grande do Norte. Natal/RN. 30 de janeiro de 1997.
159)
Peleja de José Saldanha Menezes Sobrinho com
Manoel Pereira – romancista brasileiro. 16 p. Natal/RN.
160)
Peleja de José Saldanha Menezes Sobrinho com o
poeta Milanêz do Seridó. 16 p. Currais Novos/RN.
161)
Peleja em má criação de Emília Catumbal com
Filônia Cavacova – repentistas alagoanas. 12 p. Natal/RN. 02 de janeiro de 1990.
162)
Pesquisa do Camponês
163)
Poesia
164)
Poesias Filosofadas
165)
Política da mão de força do nosso Seridó –
Dinarte de Medeiros Mariz. 8 p. Currais Novos/RN
166)
Porque Lampião foi bandido, sua história, seu
tempo, seu reinado. 36 p. Projeto Voz do Povo. Gráfica Manimbu/FJA. 1992.
Natal/RN.
167)
Professores do passado. 8 p. Natal/RN.
168)
Quando a velhice chega.
169)
Questão de 40 anos. 16 p. natal/RN.
170)
Quinta vaquejada de Currais Novos. 12 p. Currais
Novos/RN.
171)
Revelação de Expedita Ferreira – a filha de
Lampião – rei do Cangaço. Natal/RN. 05
de maio de 1992.
172)
Saudade
173)
Saudade da vaquejada, 8 p. Natal/RN.
174)
SBEC – 10 anos – 1993 -2003 – Coleção
Mossoroense – Série D, nº 35 – novembro 2003
175)
Segundo as Escrituras, Jesus Cristo está Perto
de Voltar
176)
Sertão
177)
Sertão Alegre
178)
Sertão Amado
179)
Sertão de Meus Sonhos
180)
Sertão Florido – Poesias
181)
Sertão, poesia e trova
182)
Sonhar com a Natureza
183)
Sonho de Amor
184)
Sonho poético.
185)
Sonho Realizado.
186)
Sou Cidadão Natalense.
187)
Sublime Aniversário
188)
Tem mais fiscal de imposto do que cobra em
alagadiço. 8 p. Natal/RN.
189)
Troféus da Natureza
190)
Um grande debate improvisado de José Saldanha
Menezes Sobrinho com o Vate Poeta Milanez. 17 p. Currais Novos/RN. Agosto de
1978.
191)
Um romance do sertão - As bravuras de Heleno Maciel e o amor de
Marlene de Neves Galcez. 32 p– fazenda Piató – 29.01.1940
192)
Um sertanejo no Agreste e a fome no Sertão. 8
p. Natal/RN.
193)
Um Vulcão no Seridó.
194)
Uma Boa Política
195)
Uma forte discussão de um político do PT com um
trabalhador da roça – 8 p, – 4. Ed
- agosto 2010
196)
Uma homenagem por traz da cultura aos 60 anos do
Diário de Natal. 4 p. Natal/RN.
197)
Uma lição em poesia.
198)
Uma Manhã Sertaneja
199)
Uma Noite de Novena
200)
Uma noite no Deserto. 8 p. Natal/RN.
201)
Uma peleja disputada com diversos cantadores.
Natal/RN. 20 de maio de 1999.
202)
Uma trova sobre a água.
203)
Venâncio e Minervina, 32 p. Natal-RN
204)
Verdadeiro Romance de Ana Íris de Menezes e
Serapião de Azevedo. 18 p. 3ª ed.
Natal/RN.
205)
Vinte Anos da Ausência da Presença de Cascudo.
206)
Viturino e Juliana. 16 p. Natal/RN
BIBLIOTECAS PESQUISADAS
Veríssimo de Melo - Museu Câmara Cascudo - Natal-RN
Cordelteca da Biblioteca Zila Mamede - UFRN.
Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte.
REFERÊNCIAS
COSTA, Gutenberg. Dicionário de Poetas Cordelistas Rio Grande do Norte. Mossoró-RN. Editora Queima Bucha, 2004.
MAXADO, Franklin. O que é Cordel. Mossoró-RN. Editora Queima Bucha, 2012.
HAURÉLIO, Marco.Literatura de Cordel - do Sertão à sala de aula. São Paulo-SP. Editora Paulus, 2013.
https://www.recantodasletras.com.br
Jornal de Hoje - Edição 31 de janeiro e 1 de fevereiro de 2009. Um cavaleiro medieval errante, no polígono da poesia popular, no reino dos cantadores.
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