terça-feira, 9 de novembro de 2021

QUEM SOU


 Quem eu sou?

Já foi bloco de barro

Pedra esculpida

Pele gravada

Rolo de folhas

Em cada etapa eu contava histórias

Registrava a vida

Evoluía

Há muito eu sou index

Minha face tem título

Minhas orelhas falam de mim ou de quem me fez.

Tenho uma coluna, que alinhada a muitas outras formam uma linda fileira.

Sou amado

Desprezado

Marcado

Rasgado

Restaurado

Sempre pronto para lhe dizer algo.

Quem sou eu?

Sou o LIVRO seu amigo.


Francisco Martins

09 novembro 2021


quinta-feira, 4 de novembro de 2021

RECEITA DE LEITURA




INGREDIENTES:
1 livro
2 mãos de tato
2 pitadas de visão
1 colher de olfato

Modo de fazer:

Pegue o livro , pode ser usado ou novo não importa.
Com ele ainda fechado
Acaricie sua capa
Veja as cores que ela tem.
Leia o título
Devagar soletre o nome do autor
Acrescente um pouco do olfato
E abra vagarosamente o livro
Veja o tamanho das letras
Sinta a gramatura do papel
Perceba o espaçamento entre as linhas.
Se tiver letras capitulares, ah! Não deixe
De salpicar sobre elas momentos de visão.
Inspire
Respire
Comece a decifrar as mensagens
Fique com o livro um bom tempo
Nada de pressa
A leitura se processa numa sintonia mágica, lúdica, prazerosa.


Rende conhecimento
Validade: indeterminada


Francisco Martins
04 novembro 2021








segunda-feira, 1 de novembro de 2021

CAMPA AMARELA




Aqui nesta campa
Tornaram-se cinzas
Meus avós, meus pais,
Tios, tias e outros mais.
Campa sagrada
Última morada dos corpos
Que me deram o DNA da vida
Campa fria, sem vida e beleza
Se as memórias fossem matéria
Elas não caberiam nesta campa amarela.
Aqui jaz!
Jaz a esperança da ressurreição
De podermos rever a todos
Um a um erguendo-se das cinzas
Atendendo o chamado Daquele,
Vitorioso sobre a Morte
Campa amarela, simples
Sem porta, sem janela
Sem luz, sem água, sem pão
Os que aqui deixaram seus corpos
Têm em Jesus:
A Porta do aprisco,
A Luz do Mundo
O Pão da vida.
Campa amarela dos meus antepassados.

Francisco Martins
1 novembro 2021

domingo, 31 de outubro de 2021

AS 10 MELHORES NOVELAS DO SECULO XX NA LITERATURA POTIGUAR

 


Thiago  Gonzaga e Manoel Onofre Jr dois nomes que bem conhecem a literatura produzida aqui no Rio Grande do Norte concordam  que as 10 melhores novelas da literatura potiguar do século XX  em ordem alfabética são:

1)  Agora Lábios Meus Dizei e Anunciai, de Inácio Magalhães de Sena

2)  Cabra das Rocas, de Homero Homem

3)  Crônica  da Banalidade, de Carlos de Souza

4) De Como se Perdeu o Gajeiro Curió, de Newton Navarro

5) O Dia em que a Coluna Passou, de Eulício Farias de Lacerda

6) Os Enteados de Deus, de Fagundes de Menezes

7) Geração dos Maus, de José Humberto Dutra

8)  Palavra Manchada de Sangue, de Francisco Sobreira

9) O  Que Aconteceu em Gupiara, de Bené Chaves

10) Temporada de Ingênios, de João Batista de Morais Neto.

Thiago Gonzaga é estudioso e pesquisador da Literatura Potiguar, Mestre em Literatura Comparada pela UFRN, Editor da Revista da Academia Norte-rio-grandense de Letras - ANRL.  Manoel Onofre Jr é Acadêmico  e Diretor da Revista da ANRL, Ambos têm diversos livros publicados.


ASSIM DISSERAM ELES ...




 "A mentira arranha, a verdade dói profundamente"

Mauro Mota

sábado, 30 de outubro de 2021

OS PEQUENINOS OUVEM AS HISTÓRIAS QUE NUTREM CORAÇÕES

 









Hoje à tarde, Francisco Martins contou histórias para os pequeninos, dentro da programação da I Semana de Arte Evangélica. O evento congrega vários artistas de outros segmentos e acontece no templo da Igreja Eterna Aliança, bairro Boa Esperança, em Parnamirim.






NOITE DE CULTURA EM PARNAMIRIM

 





A cidade de Parnamirim começou ontem a I Semana de Arte Evangélica, com música, dança, palestra, poesia e humor. Mané Beradeiro fez uma apresentação onde contou estórias de Miltomar, o doido crente, doido por Jesus.

À tarde, o Mané Beradeiro terá às 15 h sua oficina de contação de histórias voltada para os pequeninos.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

PROJETOS CULTURAIS APROVADOS PELA LEI CÂMARA CASCUDO

 A Comissão Estadual de Cultura - Lei Câmara Cascudo, da Fundação José Augusto aprovou  o seguintes projetos culturais, ficando os proponentes autorizados a captar recursos, sob a forma de patrocínio, para a  concretização dos mesmos. Literatura, Cinema, Artesanato, Artes Cênicas, Música, Artes Plásticas,  Fotografia e outros. 

LITERATURA:  À luz do luar -  Cia Pão Doce de Teatro - Mossoró - R$ 99.842,00;  Caravana de Escritores Potiguar - Thiago Gonzaga - Natal - R$ 150.000,00;  Cartas para Diogo do Céu -  Gabriela Santos Damas - Natal - R$ 49.984,00, Festival Literário de Gostoso - São Miguel do Gostoso -  Juriti Produções - R$ 218.090,00 

Quem desejar conhecer todos os projetos aprovados é só clicar aqui: projetos aprovados



segunda-feira, 25 de outubro de 2021

REVISTA DA ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS

 Agora, em outubro,  chegou a edição nº 68, referente ao trimestre  julho a setembro de  2021. Ela é  a Revista da Academia Norte-rio-grandense de Letras,  com setenta anos de publicação. Surgiu quando a Academia tinha quinze anos, em 1951, sendo o Presidente Paulo Viveiros e o Diretor da Revista Nestor Lima. De lá para cá, a Revista passou por várias batalhas, venceu todas e desde a edição nº 38 ( janeiro a março de 2014) que ela  passou a ser trimestral.

Não há no Brasil nenhuma Academia de Letras que tenha uma revista com essa periodicidade. Voltada para literatura do Rio Grande do Norte, tendo à frente o Diretor Acadêmico Manoel Onofre Jr e o Editor Thiago Gonzaga, a Revista da ANRL é o que há de mais belo na  história da instituição, que desde 8 de novembro de 1984 vem sendo presidida pelo Acadêmico Diógenes da Cunha Lima.

Sou leitor e colecionador da Revista. Tenho praticamente todas as edições. Quando eu leio os textos sinto-me como participante de um bom banquete. Alimento-me ali e aprendo muito sobre os escritores locais, sejam eles imortais ou não, bem como conheço a produção literária.  Com eles é possível ter um cardápio de boas opções  distribuídas nos gêneros de artigos/ ensaios, contos/crônicas, poesia, discursos, etc. É bem verdade que há alguns Acadêmicos que contribuem de forma gota a gota, mas também existem os que são mais constantes. E assim, que seja como filete ou rio, a Revista da ANRL vem mantendo seu curso perene. Inegavelmente, a história da literatura potiguar tem importantes registros nas páginas dessa Revista. 

No ano de 2018, no mês de dezembro, organizei "Autores e Assuntos na Revista da ANRL - 1951 - 2018". Um livro publicado com o selo da Carolina Cartonera, sendo a arte da capa feita pelo Acadêmico Iaperi Soares de Araújo. A tiragem foi apenas de 100 exemplares e recebi apoio da instituição. Nessa pesquisa eu trago os nomes de todas as pessoas que escreveram na revista, bem como o título do artigo, o gênero, a edição na qual foi publicada e a página. Um material que segundo tenho ouvido de Thiago Gonzaga , Manoel Onofre Jr, Vicente Serejo e outros, é uma fonte de consulta  muito importante.

É hora de lançar a 2a edição revista e atualizada, desta feita  vindo até a próxima tiragem 69  que vai abarcar o período de 1951 a 2021. Estou trabalhando nisso. A edição nº 68 tem trinta e um textos, dos quais vinte são de autoria dos Acadêmicos. Que bom! A participação deles ultrapassou 64%

Como sempre, a Revista está encantadora. Nesse número  tem muitos textos bons. Quero ressaltar os que tratam sobre Câmara Cascudo, os que fazem referencias aos centenários de nascimento  dos acadêmicos já falecidos: Aluízio Alves e Veríssimo de Melo, o canto de louvor que escreveu Clauder Arcanjo ao seu amigo Paulo de Tarso, o artigo de Leide Câmara sobre o sambista Raymundo Olavo de Souza, natural de Maracajaú-RN, etc. A arte da capa é de Assis Marinho.

É uma revista para ser lida de maneira silenciosa e se possível com um bom vinho verde à altura da mão.

Francisco Martins
25 de outubro 2021


GOVERNO DO ESTADO OFERECE 10 VAGAS PARA A FENEARTE

A Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social – SETHAS, por intermédio do Programa do Artesanato do Estado do Rio Grande do Norte - PROARTE, em conformidade com as diretrizes estabelecidas pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) na Portaria nº 1.007/2018, torna público o processo de seleção de interessados em participar da 21ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato,  cujo edital pode ser lido no link: FEIRA DE ARTESANATO.


A FENEARTE vai acontecer de 10 a 19 de dezembro de 2021, no Centro de Convenções de Pernambuco - Olinda/PE. O edital acima oferece dez vagas, sendo sete para pessoas físicas e três para entidades representativas.

SERRINHA - UM TOMBAMENTO QUE PARECE NÃO TER FIM

 


A 90 quilômetros de Natal fica a cidade de Serrinha,  município com uma população estimada em 6.128 pessoas.  Uma pequena cidade com um problema que parece não ter fim, que é o tombamento do monólito que deu nome ao lugar. A iniciativa partiu de um grupo de cidadãos, preocupados com a exploração que vinha sendo feita naquele bem natural, através de uma empresa de indústria e comércio, mobilizou-se e  fundou em 29 de maio de 2001, a Comissão Municipal de Serrinha pela preservação da Serra -COMSERRA.

Em junho de 2001, a COMSERRA , que então tinha como Presidente Fábio Barbosa de Oliveira, pediu ao IDEMA que fosse cassada a licença de operação da empresa, que estava destruindo  o principal cartão postal da cidade. A  batalha continuou, e em 5 de março de 2013, já na gestão de José Genilson de Oliveira Souza, a COMSERRA entrou com um pedido de tombamento junto a Fundação José Augusto-FJA, tendo o apoio de 960  pessoas, através de Abaixo-assinado. O  Processo (47959/2013-2) tramitou  e em 4 de dezembro de 2018, o Conselho Estadual de Cultura, em sessão plenária, aprovou o tombamento. Mesmo assim, o registro ainda não foi  reconhecido pelo Governo do Estado e mais uma vez o assunto volta a ser discutido em sessão do CEC/RN, nesta terça-feira, 26 de outubro de 2021. Uma luta que  já tem 20 anos.

AVISO

 Comunico que estou sem celular desde sábado pela manhã.  Contato comigo apenas pelo e-mail: franciscomartinses@gmail.com

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO

O Distrito de Dom Marcolino Dantas é um celeiro de personagens e histórias hilárias.  Vou narrar uma, mudando o nome do protagonista.  Vou chamá-lo de Lourival, e já adianto que se por acaso tiver por lá um homem com esse nome, não foi com ele que se deu tal fato.

Lourival  foi para Natal  fazer um exame de próstata. Conseguiu ser atendido no Hospital Universitário Onofre Lopes. No dia da consulta, ao entrar na sala, Lourival se depara com o médico e mais quatro estudantes de medicina. O médico conversa com ele e os estudantes vão acompanhando o diálogo. Depois de alguns minutos o médico diz que é preciso fazer o toque retal.  Lourival acata a ideia depois de ser convencido de que é muito importante esse exame.


Feito os preparativos  e estando pronto, o médico veste a luva, lubrifica o dedo e rapidamente faz o toque. Até aí tudo bem. O pior é que cada estudante também quis ter a experiência. Foi o primeiro, o segundo e quando o terceiro já se aproximava, Lourival gritou:

-Parando por aí! Vocês tão pensando que aqui é interruptor para todo mundo meter o dedo?




segunda-feira, 18 de outubro de 2021

HUMOR DE MANÉ BERADEIRO

 

No tempo que imperava a palmatória e o professor a usava sem receio aconteceu esta história.
Professor ao aluno:
- B e bi (Bi) guê o gô (go) dê é dé (de) forma qual palavra?
O aluno nervoso respondeu sem pensar:
- melancia!
- menino rude! Dê-me a mão.
E a palmatória cantou.

Mané Beradeiro

18 de Outubro 2021



COMENTANDO MINHAS LEITURAS: PUSSANGA - MOLDURA DO BRASIL AMAZÔNICO

 "Pussanga" é o título de um dos livros de Peregrino Jr, escritor potiguar, que foi membro e Presidente da Academia Brasileira de Letras-ABL e da Academia Norte-rio-grandense de Letras, além de outras instituições. As histórias de "Pussanga" são lendas, superstições, costumes, ofícios laborais do homem que vivia  na Amazônia, no segundo decênio do  século XX.

Peregrino Jr

O livro foi premiado em 1929 pela ABL e recebeu tradução para vários idiomas. "Pussanga" é sinônimo de medicamento caseiro, conforme vemos no conto de abertura Garrafada Indígena: "nessa pussanga, tem infusão de muyrakitan".

Escrevo sobre livros antigos porque muitos leitores sequer sabem da existência deles. E é sempre bom lembrar que livro novo é todo aquele que ainda não foi lido. Em "Pussanga, Peregrino Jr nos leva a Belém (PA) onde vamos encontrar José Caruana e Vicente Dória, numa tentativa de sociedade comercial. Isso no primeiro conto já citado acima. Na sequência, em Areia Gulosa temos Antonio e Josino, o primeiro, nordestino de Catolé do Rocha (PB), o outro de Óbidos (PA). O conto tem como local a fazenda "Boa Esperança", do Coronel Zé Júlio. Ali veremos a força do trabalho e a ingratidão de uma mulher, bem como a prática da entrega de terra para cultivo em troca de uma percentagem (10%) ao proprietário.

Quando o leitor correr os olhos pelo conto "Carimbó" vai encontrar o nonagenário Zé Vicente, escravo que sabe muito sobre a presença do negro no Amazonas. Através dele conheceremos o Quilombo de Trombetas e a sua organização política, econômica e cultural.  " No ritmo do Carimbó dançando a dança negra os negros velhos recordam as senzalas tristes".

Geralmente os escritores têm uma história dedicada à beleza da mulher. Peregrino Jr não fugiu a  regra e deu formosura e curvas a "Feitiço", o nome pelo qual era conhecida a linda criada do Coronel  Rodopiano. A cabocla descrita por Peregrino Jr é sem sombra de dúvida o protótipo literário do que mais tarde iremos conhecer em "Dona Flor", personagem de Jorge Amado. "Tinha bom cheiro de carne morena, mas nela havia também a maldição". Qual seria essa maldição? Vale a pena conhecer Feitiço, um conto que mostra a saga de uma jovem mulher, lutando pela vida, numa rota de sobrevivência que se passa entre Belém(PA) até o Rio de Janeiro.

No centro do livro temos o conto "O Putirum dos Espectros"  no qual o autor vai mostrar a forma de sobrevivência de uma família pobre, através da prática da barganha. No sexto conto "O Sobejo da Cobra Grande" temos um jogo de ciúmes entre Leôncio e Luizinha, adolescentes. Ele capaz de realizar grandes gestos de coragem por amor a ela.

"Recordações da Madeira- Marmoré" é o único texto nesse livro, no qual a narrativa está na primeira pessoa. Pode ser um conto, mas há traços de ser uma crônica. O autor relata sua estada de três meses em Guajará-Mirim, fronteira com a Bolívia.

No oitavo conto, o leitor mais uma vez terá um encontro com a cultura machista que imperava naquela região, fazendo da mulher um mero instrumento, um objeto de prazer. "Ladrão de mulheres" trata disso e muito mais. Já no "O Espritado" a temática é a crença de que não se deve fazer esforço laboral nos dias grandes da Semana Santa. Zeferino foi caçar e  "ficou possuído de uma mau espírito! Sabe como é? Espritado, patrão".

E a viagem vai terminar no décimo conto "A Fogueira de Guajará". Nele tudo acontece num ambiente de festa junina, em Guajará, reinado do Coronel Antonio Gomes, rico e solteirão que tem como filosofia: " Não se deve fazer a vida pior do que ela é". Que pode uma curiboca fazer na vida de um cinquentão? Deixarei para o leitor buscar a resposta.

E assim fica resenhado "Pussanga", livro de Peregrino Jr, lançado em 1929 quando ele tinha 31 anos. A segunda edição veio em 1945 e a terceira em 1948. Peregrino Jr nasceu em Natal no dia 12 de março de 1898 e faleceu aos 85 anos, no dia 23 de outubro de 1983.

Francisco Martins
18 outubro 2021