sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

COMENTANDO MINHAS LEITURAS EM CORDEL: O PAVÃO MISTERIOSO

1923 foi o ano em que surgiu pela primeira vez a bela história romanceada "O Pavão Misterioso", um dos maiores clássicos do cordel  brasileiro, que tem como autor José Camelo de Melo Resende. Já se vão 94 anos da sua primeira publicação, Aderaldo Luciano escreve: "é uma obra da literatura brasileira com mais de 50 reedições e novas edições, com pouco trânsito nas escolas e menos ainda entre os estudiosos e críticos literários e veículos especializados. Como a arte na qual se inscreve (o cordel brasileiro)". Quantas pessoas realmente conhecem esse texto? Muitos ouviram falar sobre ele,  mas quem chegou a folhear e com os olhos acompanhar o altaneiro Evangelista em busca da sua amada Creusa? Não vou entrar em detalhes sobre o que trata o cordel.  Quem quiser saber mais  leia o artigo de Aderaldo Luciano no link abaixo Anotações sobre o Pavão Misterioso
Minha resenha literária, meu deslumbramento enquanto leitor vai se voltar para algumas peculiaridades que encontrei ao longo das 142 estrofes em  sextilha que compõem o poema.  "O Pavão Misterioso" deve ser apresentado ao público infantil ou juvenil, em partes, nunca de uma vez só. Essa tática vai permitir ao professor ou mediador de leitura, despertar nos leitores a curiosidade da próxima etapa. Sugiro então que se faça assim:
1ª parte: do início até a estrofe 36 - que termina com Evangelista se despedindo do irmão João Batista e seguindo para a Grécia.
2ª parte: da estrofe 37, quando Evangelista chega a Grécia até a estrofe 63 - quando se dá o recebimento das mercadorias do engenheiro Edmundo a Evangelista.
3ª parte: da estrofe 64 até a 124 - neste espaço acontece o ápice da história. É a mais interessante e cativante do poema.
4ª parte: da estrofe 125 até o final.
Quando proponho essa divisão, tenho em mente que entre a leitura de uma etapa a outra, pode e deve o professor ou mediador de leitura, intercalar  a pesquisa sobre o espaço geográfico na qual acontece a história. Exemplos:
Evangelista , João Batista, Creusa  são verdadeiramente nomes populares da civilização turca?
Turcos tem alguma relação com o cristianismo para adotar tais nomes?
Os irmãos moravam no país Turquia e na cidade de Meca. Conforme relato poético do texto. É possível isso?
Quantas visitas Evangelista fez a Creusa?
Que tipo de comportamento  e relacionamento social há nessa história?
É bom lembrar que o poeta só tem compromisso com a poesia, por isso, dentro da sua licença poética, não há fronteiras, tudo lhe é permitido na construção da imagem.
Por fim, quero dizer que "O Pavão Misterioso" continua voando  sobre nossas cabeças,  pousando em telhados e trazendo a coragem de Evangelista que adentra em nossos lares no afã de conquistar o que temos de mais precioso.

Mané Beradeiro


Referências

https://jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano/anotacoes-sobre-o-pavao-misterioso-classico-da-poesia-brasileira. Visualizada em 15 Dez 2017.
RESENDE. José Camelo de Melo. O Pavão Misterioso. São Paulo: Luzeiro, 2013, 32 p.

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