quinta-feira, 30 de agosto de 2018

8ª FLIQ COMEÇA AMANHÃ

Os escritores do Rio Grande do Norte terão a partir de amanhã, dia 31 de agosto até o dia 4 de setembro, uma feira que promove a venda dos seus livros. É a oitava realização da FLIQ - Feira de Livros e Quadrinhos de Natal.

 É inegável a contribuição que um evento deste porte oferece ao mundo leitor.  Muitos estarão lançado suas obras, várias escolas da rede estadual poderão adquirir livros através do incentivo que o Governo do Estado - Secretaria da Educação e da Cultura  possibilita com o Vale Livro. Veja o que vai acontecer na feira: programação da FLIQ.


Fun

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

O SERVO DE ZÉ RAIMUNDO


Mané Beradeiro já fez uma homenagem a José Raimundo, quando escreveu o cordel  "Oito vidas na casa de cor azul" (novembro 2017), no qual  há  entre outras as seguintes sextilhas:

Seis nomes eu já mostrei,
Faltam dois a revelar.
O meu coração dispara,
Bastando nele pensar:
Um casal tão formidável,
Impossível não amar.

Ele tem olhos fechados
Lembrando o povo chinês,
As bochechas de Fofão,
Mas vê com intrepidez,
Batizado, Zé Raimundo,
Eu não sei ano nem mês.

...

Nesta semana que ainda  estamos em espírito pela celebração do Dia dos Pais, ocorrido ontem, trago aos meus leitores a prosa poética "O Servo de Zé Raimundo". 

Zé Raimundo, septuagenário, casado e sem filhos. Tenho o privilégio de no mínimo 8 vezes por mês assisti-lo em seu banho noturno.
A primeira vez que fiz isso muito me emocionei, pois ao vê-lo debaixo daquela ducha, imediatamente pensei em meu pai, que há muito já não vive. Ele percebeu que eu estava olhando diferente e perguntou:
_ Você não dá banho em seu pai?
Não contive as lágrimas. Deixei que corressem em minha face e apenas respondi:
_ Não tenho pai vivo. Ele já partiu. E desde aquele primeiro banho, todas as vezes que eu me torno servo de Zé Raimundo, faço com tal zelo que cada gesto é semelhante a uma oração.
Zé Raimundo não consegue se despir, tem dificuldade de lavar a cabeça e como idoso precisa de cuidado e atenção no banho. É um momento ímpar. Um ritual cuja sincronia se repete sempre numa cadência harmoniosa.
Pega o sabonete esfrega várias vezes na mão esquerda e com aquela espuma ele lava todo o lado direito do corpo, depois repete com a mão direita, desta vez no lado esquerdo. Brinco com Zé Raimundo e lembro que ele não pode deixar de lavar a “ribaçã”. Vejo o sorriso em seu rosto e dele escuto causos e estórias que ele vai lembrando e contando.
As caçadas de passarinho, as primeiras namoradas, os patrões e o trabalho no roçado são temas frequentes. E quando o banho termina é hora de enxugar, vestir e perfumá-lo para que ele tenha o encontro com as ninfas dos sonhos. Aproveito para dizer que a ninfa dele está ali, bem pertinho e se chama Sebastiana.
Ele rir, como quem simplesmente afirma que ela não entra naquele mundo só seu.
Ah! Zé Raimundo, estou com 54 anos e tenho certeza que não verei outro como você. Seus cabelos brancos, suas cicatrizes, seus gestos são imagens de uma linda aquarela na qual eu ouso ver a face do meu pai .
Obrigado Zé Raimundo por permitir ser seu servo.
Francisco Martins
11 de agosto de 2018.


 

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

AFINAL PARA QUE SERVEM OS MÚSCULOS?

SE EU TIVESSE UMA FILHA
Se eu fosse pai de uma filha eu aconselharia jamais ela querer um relacionamento com homens que vivem preocupados em modelar o corpo, ter músculos bem sinuosos, barriga de tanquinho. Não que isso seja vulgar, mas não alicerça o que há de principal no homem que é seu caráter e sua personalidade.
O espelho fascina o jovem e implanta nele o complexo de Édipo.  O egocentrismo passa a ser o ar que ele respira. Vai sempre buscar roupas leves, que permitam mostrar o quanto já cresceu em massa muscular, a grandeza dos bíceps, a grossura da pantorilha, etc.  Este tipo de jovem é capaz de treinar várias horas por dia. Transpirar  de forma intensa, abster-se de açúcar e massa, tudo sem reclamar, afinal é um sacrifício que vai valer a pena. O próprio corpo gritará isto através de fotos compartilhadas nas redes sociais.
Eu diria à minha filha: Afaste-se deste tipo de homem, como o diabo foge da cruz.  E, se ela, no alto dos seus anos cheios de questionamentos ousar perguntar o porquê deste meu comportamento, contarei a ela a seguinte história:
Há um homem que respira nesta terra, possuidor de um corpo atlético. Ele tem porte de manequim, sorriso bonito, é bem comportado. Vive todos os dias cuidando do corpo. Ele cultiva a vã esperança de que sempre será jovem. Talvez alguém tenha mentido para ele, falando que nunca envelhecerá. Este jovem é tão ele que ainda não tem 30 anos e já possuiu 4 mulheres, fora as aventuras extra-conjugais. A vitalidade arde em suas veias, as artérias pulsam clamando aventuras , e como são sinais do corpo, ele atende o chamado. Este jovem busca ser feliz, mas o conceito de felicidade que possui é egocêntrico. “Primeiro eu, depois eu e por último eu”. Os defeitos dele são todos suportáveis e perdoáveis, entretanto, quando se trata  das mulheres que ele mesmo escolheu para viver ao seu lado, nenhuma teve a oportunidade de vê-lo usando a força muscular para domar o leão que vive a destruir seu espírito. Toda aquela estrutura hercúlea, toda aquela montanha de músculos, nada serviu para manter ao seu lado a última mulher que ele várias vezes pronunciou ter sido um presente de Deus. Quem em sua sã consciência deixaria um presente de Deus abandonado por aí? Deus não erra!
A minha filha fictícia, a esta altura da narrativa, salta dos meus pensamentos, toma conta da minha mão e escreve para este jovem:

Não o conheço. Mas sua história  me diz que nada pode ser maior do que o amor verdadeiro. É hora de cuidar da alma,  ainda é tempo de deixar o cordeiro do espírito ser mais forte que o leão do físico. Não deixe a felicidade escorrer entre seus dedos.

Ufa! Que bom saber que a minha filha entendeu tudo direitinho.

Se eu tivesse uma filha ...

Francisco Martins

08 de agosto de 2018.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

MANDAMENTOS DO SUS

Obs: recebido pelas redes sociais e compartilhado por aqui.

domingo, 5 de agosto de 2018

O CALOR

  Por Ricardo Sobral, advogado, contista, ensaísta, vaqueiro, encangador de grilo e mestre em canjica e pirão de peixe.
 
Sou homem de convicções fortes e não nego.
Não me aparto delas, senão quando convencido, o que não acontece sem esforço hercúleo, posto que calçadas em reflexões.
Acredito que todos nós já nascemos com determinadas aptidões; as quais, traquejadas, determinam nossa vocação.
Até mesmo pessoas dotadas de inteligência exponencial, que seriam brilhantes em qualquer profissão que abraçasse, têm uma vocação maior.
Tem um contemporâneo nosso no curso de direito, que nós consideramos o maior jurista vivo da terra de Poty, um dos três maiores de todos os tempos, que se tivesse optado por ser tocador de gaita, guia de cego, sapateiro ou astronauta, seria brilhante do mesmo jeito. O cara domina vários campos do conhecimento, inclusive uma dezena de línguas estrangeiras, e ainda sobra vocação para cozinheiro.
Não vou citar o nome para ele não ficar "p da vida" comigo, dizendo que exagerei.
Minha vocação é a advocacia. Se não fosse advogado seria advogado.
Embora modesto e com mania de passar despercebido.
No conto que escrevi Francisco, o Discreto, há algo de autobiográfico.
Mas, se não tivesse jeito de ser advogado, seria contador de causo.
Não pensem que seja função fácil de ser exercida. A linha que separa a ficção da realidade é bem apagadinha, razão pela qual é de difícil visibilidade.
Se o contador de causo não se cuida, logo logo vira loroteiro.
É por isso que eu só conto causos reais, plasmados, com CPF e CEP conhecidos para averiguações.
Tenho fobia a passar por mentiroso.
Pois bem...
Esse nariz de cera já anda longe, vou relatar o causo, que aconteceu exatamente assim:
Semana passada eu fui no galpão da agricultura familiar, ali no cruzamento da Mor Gouveia com Jaguarari, com a intenção de tomar água de coco, alimentos dos mais completos. Além de local interessante, o primo Carlinho Sobral, filho do velho Rafafá, tem local de vendas, onde comercializa produtos de cooperativa que lidera. Conversa vai, conversa vem, esqueci do coco, mas comprei uma bandeja de ovos caipira e um quilo de milho para pipoca.
Em seguida, ainda de manhã, cheguei em Mossoró para audiência judicial.
O carro passou o resto do dia trancado no estacionamento à céu aberto.
O rádio ainda não havia tocado a Ave Maria quando acionei o motor para descer para Natal.
Afivelei o cinto de segurança e olhei para o banco traseiro.
A surpresa: os pintos estavam comendo pipoca.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

O DECANO DA LITERATURA DE CORDEL COMPLETA 94 ANOS DE VIDA


A literatura de cordel abraça hoje, dia 2 de agosto, o mais longevo poeta deste gênero, que completa 94 anos de existência. Paulo Nunes Batista nasceu em João Pessoa-PB e a muitos anos fixou residência na cidade de Goiania-GO. Tem mais de 10 livros publicados e assinou 140 folhetos, sendo sua especialidade em ABC.  Paulo Nunes Batista estreiou no mundo do cordel com o folheto  " A vida atrapalhada de Zé Bico Doce" ( 1948/49). A ele, a gratidão dos poetas da mais recente geração. Obrigado pela sua existência, pela sua luta, pela fibra de homem e poeta que fez trama na história da literatura brasileira.

Mané Beradeiro

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

CAPA NOVA PARA LIVROS QUE AMAMOS

Aos poucos estou aprendendo a fazer capas para livros. Hoje entreguei este. É uma bíblia. Usei tecido e couro na sua confecção. Interessados podem mandar mensagem para 9.8719 4534.








AS ATIVIDADES CULTURAIS NO FINAL DE JULHO




Embora de férias, não deixei  de realizar algumas atividades culturais. Estive pela manhã  e à tarde do dia 24, na Escola Municipal Manoel Machado (Parnamirim), onde como escritor falei para crianças e adolescentes sobre como me tornei escritor e a importância da leitura neste processo de construção.
"Escrever é esquecer.
A Literatura é a maneira
mais agradável de "ignorar a vida"
Fernando Pessoa
Hoje pela manhã tivemos o prazer de receber o poeta Francisco Francisco Martins para um bate papo com os alunos da Escola Municipal Manoel Manoel Machado falando como iniciou sua vida no mundo literário "faz de conta" em comemoração ao dia do escritor.
Obrigada ao poeta Francisco Martins pela belíssima explanação, tenho certeza que para os nossos pequenos ficou marcado no coração de cada um cada palavra, cada relato feito por você."

(texto da professora Itamara Fernandes, mediadora de leitura)
 Foto de Maria Itamar Andrade Fernandes Oliveira.


Foto de Maria Itamar Andrade Fernandes Oliveira.

 Foto de Francisco Martins.
No dia 25, pela manhã, foi agraciado com uma linda ação cultural que a professora Jarlene  Carvalho, mediadora de leitura da Escola Municipal  Manoel Vicente de Paiva (Parnamirim), que prestando homenagem às avós usou o meu poema em cordel " A Avó com a saia de merinó - a poética história de Dindinha" ( avó de Auta de Souza, Eloy de Souza e Henrique Castriciano)

Foto de Francisco Martins.

A professora Jarlene Carvalho  se apresentou como sendo a própria Auta de Souza e estava ali para ler um cordel escritor por Mané Beradeiro.
À noite, retornando a Escola Manoel Machado, dei  início  a um projeto de construção de um livro cartonero com alguns alunos da Educação de Jovens e Adultos.

Foto de Francisco Martins.
  Foto de Francisco Martins.
Dia 26, quinta-feira estive conhecendo a Escola Municipal Dayse Hall, em Macaiba-RN, oportunidade em que os alunos e professores puderam ver meu trabalho de contador de histórias. Durante um mês eles leram vários folhetos de cordel da minha autoria.

"Dentro de alguns minutos mais uma apresentação de Mané Beradeiro"
Por enquanto foi isso!

PONDO SAL NA VIDA

Trinta dias ausente deste espaço virtual. Retorno aos amigos leitores. É hora de recomeçar as postagens sobre as atividades culturais. Volto diferente, com barba e consequentemente com um semblante mais senhorio. Já tive barba quando tinha lá meus vinte e poucos anos e resolvi mantê-la agora, aos 54 anos.
Francisco Martins
Mas, não estou aqui para falar dos meus pelos faciais. Isso não interessa aos leitores. Então, vamos tratar de coisas boas, que nos trazem alegria, assim como o presente que recebi da amiga Mônica Bayer, professora que atua como mediadora de leitura, em Parnamirim-RN. Ela me deu uma quartinha -  da qual bebo água com gosto de infância.

Quero também dizer da alegria que tive em ver finalmente concluída a edição do livro artesanal "Felicidade, meu eterno engano", obra póstuma da escritora Inah Bezerra, que foi carinhosamente organizado por mim e a filha dela Nina Bezerra. Por ele, eu literalmente dei meu sangue. Dei é forma de expressão, na verdade, durante o processo de montagem do livro, o estilete  cortou-me a carne por duas vezes: uma no polegar  e outra no indicador da mão esquerda. Faz parte do ofício de um artesão.  O que importa é que o livro foi entregue e modéstia à parte ficou lindo. Fruto de um trabalho em equipe, afinal ninguém faz nada sozinho. Isso é assunto para outra postagem.
Fui conhecer Fortaleza-CE,  capital da terra que me viu nascer. Sou natural de Iracema, pequena cidade próxima à Limoeiro do Norte. Nunca tinha ido a Fortaleza. Fiquei encantado, aproveitei muito os quatro dias que lá estive com a minha irmã Socorro Fernandes.
Socorro e Francisco Martins


Casa onde nasceu José de Alencar
De tudo quanto vi e visitei em Fortaleza, e olha que foi um turismo cultural ( não quis saber de praias), o que mais gostei foi a visita na casa onde nasceu o escritor José de Alencar. Um lugar simples, berço de um grande escritor da literatura. Fiquei emocionado. Nunca pensei que veria o lugar onde nasceu aquele que em minha adolescência  foi por um bom tempo meu escritor preferido. Lembro que em dezembro de 1982, por ocasião de umas férias, na então casa de praia do Cônego Rui Miranda, em Maxaranguape-RN, eu li a coleção completa de José de Alencar, que peguei emprestada na biblioteca daquela cidade.
E para não me prolongar no diário do que vivi recentemente, deixo com vocês a filosofia de uma frase que vi no espaço cultural Dragão do Mar, em Fortaleza que diz  assim: É A VIDA SEM SAL QUE TE ENFERRUJA.
Pense nisso!


sexta-feira, 20 de julho de 2018

AVISO



AVISO AOS AMIGOS E LEITORES QUE VISITAM MEU BLOG

ESTOU APROVEITANDO MINHAS FÉRIAS - VOLTO A POSTAR NA PRÓXIMA SEMANA

OBRIGADO

sábado, 30 de junho de 2018

FORMAS POÉTICAS DE SAUDAR O DIA IV

Bom dia!
Finda-se o mês.
Outro nasce.
O ritmo da existência
Tem acordes de primavera,  notas de verão e  cadência de outuno
Não importa a estação
O que vale é a sabedoria do maestro.

Francisco Martins

sexta-feira, 29 de junho de 2018

UMA DÉCIMA DO POETA EL GORRIÓN SOBRE O SERTÃO NORDESTINO

El Gorrión - Itatuba-PB

O sertão mantém firme seu costume
No bailar inspirado da ciranda.
O forró e o repente têm demanda
E a festança junina mais volume.
Sertanejo com garra logo assume
Que no peito reluz uma fogueira,
As lembranças que flecha esta bandeira
Faz brilhar no estalar do foguetão.
Quem conhece os costumes do sertão
Se recorda de tudo a vida inteira.

Mote: João Paraibano

Fonte:  http://clubedapoesianordestina.com.br/1365-2/#comment-619. Visualizada em 29 jun 2018.

FORMAS POÉTICAS DE SAUDAR O DIA III

Bom dia!

As cinzas de hoje,
quentes,
lembram que na vida
sempre precisamos dar asas
à combustão.
Acender o lume
Ascender o amor

Francisco Martins

MARCELO SOARES ESTARÁ AMANHÃ NA CASA DO CORDEL



Os Tocadores de Pífano - Xilogravura 27x37cm - 2015 - R$85























A Casa do Cordel vai promover amanhã, dia 30 de junho, um encontro com o xilógrafo e cordelista Marcelo Soares. "Ele é um dos mais significativos poetas cordelistas da atualidade. Herdou de seu pai, José Soares, o poeta-repórter (1914-1981) o faro jornalístico e o senso crítico que, aliados a uma incrível variedade de estilos e modalidades na arte de versejar, tornam seus cordéis leitura deliciosa, sobretudo pelo domínio e o conhecimento que demonstra possuir em rima, verso e oração" - diz Elizabeh Baltar,  Professora da Universidade Federal da Paraiba, com Pôs-Doutorado, atuante na área de cultura e literatura popular. Portanto, quem desejar saber mais sobre esse ilustre visitante, não perca a oportunidade de conhecê-lo, na manhã deste sábado, com início às 9 h, na Casa do Cordel. Maiores informações com Erick Lima, atraves do (084) 9.8809 5178. Conheça a arte da xilogravura desenvolvida pelo artista plástico visitando o site Marcelo Soares


quinta-feira, 28 de junho de 2018

FORMAS POÉTICAS DE SAUDAR O DIA II

Bom dia!

Encontrei um coração esquecido numa esquina.
Um coração diferente.
Nele há sangue misturado com palavras escritas,
tudo indica ser um coração leitor, pois as artérias trazem nomes de escritores.
Consegui identificar Salizete Freire, Marina Colassanti, Lobato, André Neves.
Peguei-o com muito cuidado, coloquei numa caixa de gelo, pus muitos livros.
Nossa! Ele ressuscitou,
o coração  de leitor.

Francisco Martins

quarta-feira, 27 de junho de 2018

COMENTANDO MINHAS LEITURAS EM CORDEL: APRENDENDO COM J.BORGES

O poeta de bancada é aquele que tem por ofício construir o seu verso sem se preocupar com o tempo. A ele é dado todos os minutos, horas e dias para burilar a sua estrofe e, se isso fizer, ele vai cada vez mais aperfeiçoando sua produção textual.
No tocante à literatura de cordel associa-se a esse trabalho a aplicação da métrica, rima e oração, trio indispensável para vestir com beleza, sonoridade e elegância o poema.
Quem ler meus folhetos verá que muitas vezes eu pequei nessa pratica. Aos poucos fui aprendendo graças às críticas e também porque busquei aprender observando as sextilhas e outras formas que lia nos folhetos, sempre tendo o cuidado de selecionar poetas de renome.
Estou crescendo enquanto poeta, mas confesso que até agora não senti o desejo de consertar os erros que cometi em meus folhetos. Eles são testemunhas da minha evolução.
Hoje, quando eu leio qualquer poema de cordel eu tenho um olhar que se aprofunda sobre a sua estrutura, é uma forma de aprendizado e também me dá a certeza de que não há poeta perfeito.
Recentemente li o romance "Nazaré e Damião o triunfo do amor entre a vingança e a morte", de José Francisco Borges. São 154 estrofes num enredo com cenas cheias de ações e sentimentos. A história tem como palco o interior de Minas Gerais. J .Borges, ao meu ver, não foi feliz na construção das estrofes 144 a 148. Nas quais há um rendimento muito pobre no temperamento e caráter de Tenório, o vilão e de Maria, mãe de Nazaré.  O texto que li não determina a data da sua criação. Talvez tenha sido um dos primeiros de J.Borges, pois ele mesmo se antecipa às futuras críticas, pedindo desculpas:

"Me desculpem se não fiz
Uma história bonita
E quem for grande poeta
Duma caneta perita
Me perdoe se está errado
Que sou novo na escrita"
(Estrofe 153)

Realmente há rimas que o poeta tropeçou, tais como:

1) ninguém/ninguém/bem
2)rapaz/audaz/satanás
3)rapaz/voraz/satanás
4)desaparecer/tomar/descansar
5)surpresa/mesa/malvadeza
6)dia/viam/bebiam

J.Borges é um grande xilógrafo? Sem dúvida, o maior do Brasil e o mais premiado, mas isso é outra história.

Mané Beradeiro
27 de junho de 2018

Referência: Coleção  Cordel J.Borges. São Paulo: Hedra, 2007.

Leia também as outras resenhas:

 Os 12 Pares da França - Quem foram eles?
A Presença Feminina
Zé Saldanha - centenário de nascimento
A Confissão de um drogado - Zeca Pereira
Boca de Noite - de Robson Renato
O cordel de bandeira verde - Marco Haurélio e Antonio Francisco
Chico Catatau - Izaías Gomes
Eventos sob o sol a pino - incidentes sob a lua cheia - Aderaldo Luciano
O Pavão Misterioso - José Camelo de Melo
A luta de um cavaleiro contra o bruxo feiticeiro - João Gomes de Sá
Ivanildo Vila Nova - Marciano Medeiros


FORMAS POÉTICAS DE SAUDAR O DIA I

Bom dia!

Tenho frutas para vender:
Pitangas com poemas de Palmira Wanderley
Mangas cheirosas do pomar de Auta de Souza
Bananas do sítio de Rômulo Wanderley
E outras mais que amadureceram ouvindo poemas e prosas do solo potiguar.
Entregamos em domicílio, quando o cliente escolherá diretamente do balaio de Ferreira Itajubá.

Francisco Martins

segunda-feira, 25 de junho de 2018

CANÇÃO DO CANAVIAL UM CORDEL PARA CONHECER A HISTÓRIA DE CEARÁ-MIRIM


Durante mais de trinta dias, de forma ininterrupta, trabalhou o poeta Mané Beradeiro no mínimo três horas/dia,  na construção do seu mais recente cordel:  Canção do Canavial na Briosa Vila de Ceará-Mirim  - origem, apogeu e decadência dos seus engenhos.
O poema tem mais de 500 versos montados em 85 estrofes e tem como tema principal o ciclo aristocrático dos senhores de engenho.  O cordel-livro a ser lançado em agosto próximo, na Biblioteca Pública Municipal Doutor Pacheco Dantas, em Ceará-Mirim-RN, tem muitos conhecimentos que podem caracterizá-lo como paradidático. Canção do Canavial  tem na primeira parte o cordel propriamente dito, depois vem informações históricas sobre a história de Ceará-Mirim, seguido da relação com os nomes dos engenhos que o poeta conseguiu durante a pesquisa, textos em prosa de Nilo Pereira e Edgar Barbosa, escritores do vale e por último imagens do patrimônio daquele rico período, como casas e engenhos.
O poeta Mané Beradeiro não mediu esforços para ler e reler as obras que estão presentes na bibliografia. Entre as obras consultadas, diz o poeta: "li pela quarta vez o livro Oiteiro, de Madalena Antunes. Pela terceira vez o romance biográfico A Rosa Verde, de Nilo Pereira e pela segunda vez Imagens do Ceará-Mirim, do mesmo autor".
Frisa o poeta a importância das bibliotecas de Oreny Júnior, Paulo de Tarso Correia de Melo e das instituições Academia Norte Rio Grandense de Letras e do Conselho Estadual de Cultura que possibilitaram consultas ao pesquisador.
Nos próximos dias, tão logo passe pela revisao a ser feita por Gilberto Cardoso dos Santos e receber as ilustrações de Novenil Barros, o cordel entrará no prelo.