domingo, 1 de março de 2020
A POESIA CINTILANTE DA MULHER POTIGUAR
As Mediadoras de Leitura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Parnamirim terão a primeira formação do ano com um encontro, que atenderá os dois turnos, matutino e vespertino. Em ambos estarão presentes as escritoras Ana Claúdia Trigueiro, Andréia Braz, Ana Catarina Fernandes, Carla Alves e Juscely Confessor.
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020
UM CENTENÁRIO A SER COMEMORADO AO LONGO DE 2020
Hoje, 26 de fevereiro de 2020 é a data que assinala o centenário do nascimento do escritor José Mauro de Vasconcelos, autor de mais de vinte livros, conhecido não apenas no Brasil, mas também em diversos países. O seu livro mais conhecido é sucesso de vendas desde 1968: "O Meu Pé de Laranja Lima" continua emocionando leitores das mais variadas idades.
Queremos nesta quarta-feira elevar nossa voz e parabenizar José Mauro de Vasconcelos, agradecendo a Deus por ter permito a sua existência entre nós e perpetuado os seus livros presentes em inúmeras casas, onde moram pessoas que são apaixonadas por José Mauro de Vasconcelos.
Aqui no Rio Grande do Norte - mais precisamente em Natal, o centenário deste escritor será bem lembrando ao longo de 2020. Não agendamos nada para esta semana, por causa da festa do carnaval. Teremos sessões especiais na Câmara dos Vereadores, na Assembleia Legislativa, na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras e no Conselho Estadual de Cultura, além de escolas de Parnamirim.
Antes, o poeta Mané Beradeiro estará disponibilizando o folheto em poema de cordel, que homenageia José Mauro de Vasconcelos.
Marcadores:
Leitores x autor,
Mané Beradeiro,
Notícia
LITERATURA E CARNAVAL
Desde seu início até há bem pouco tempo, uma das características de nosso carnaval, foi a sua ligação com a literatura. Mascarados distribuiam versinhos geralmente de pés quebrados, os clubes carnavalescos jogavam para o povo sonetos e quadras. e alguns jornais, como "O País" em 1888, noticiavam o carnaval em quadrinhas:
" Para fugir à rotina
Para dar mais cor local
Noticiamos em quadrinhas
As festas de Carnaval".
Em minha "História do Carnaval Carioca" que a Civilização Brasileira lançará ainda este ano, dediquei um capítulo à literatura de Carnaval, apresentando não apenas essa - digamos assim - literatura avulsa, mas o papel que muitos escritores tiveram em passados carnavais.
Poetas fizeram os chamados "pufes" para as grandes sociedades. Os "pufes" eram os anuncios em versos das sociedades carnavalescas ou ainda a descrição de seus carros alegóricos. Infelizmente não se pode precisar, com segurança, quais os autores de todos os "pufes" porque os clubes principais - Tenentes, Fenianos e Democráticos não possuem aquivos. Mas assim mesmo colhendo informações pessoais de velhos carnavalescos se chega a saber que Olavo Bilac foi um grande fazedor de "pufes" dos Fenianos (Bilac era um Feniano fiel) e, mais próximo de nós. Atílio Milano era quem fazia o dos Tenentes.
Os escritores brasileiros, desde os primeiros passos do carnaval carioca, muito se tem ocupado, participado e muitas vezes tomado papel saliente na festa máxima de nosso povo.
ALENCAR E MACHADO DE ASSIS
Quem foi maior carnavalesco, mais apaixonado pelo Carnaval do que José de Alencar? Seus folhetins publicados pelo "Correio Mercantil" de 1854-1855, estão marcados pelo seu amor aos folguedos de Momo.
Em 1889, em suas crônicas intituladas "Bom dia", publicadas na "Gazeta de Notícias" e hoje reunidas em volume por Magalhães Junior, sob o título "Diálogo e reflexões de um relojoeiro", encontramos Machado de Assis comentando nosso carnaval e carnavalescos; em 1896 e seguintes, lá está Artur de Azevedo, um tremendo anti-carnavalesco, sempre a vociferar na sua celebre seção sob a assinatura de Gavroche. Dizia ele:
"Ei-lo
Hoje à noite, ó Deus santíssimo
Hoje à noite, ó Deus santíssimo
Principia o Carnaval
Quem me dera a cem quilômetros
Da Capital Federal"
BILAC E JOÃO DO RIO
Mas se Artur de Azevedo estava sempre pronto a atacar o Carnaval, outros havia como Bilac e João do Rio que estiveram na primeira fila dos que colaboravam eficientemente pelo esplendor da nossa maior festa popular. Qual a melhor definição de ser carnavalesco do que a de Olavo Bilac publicada numa crônica de "O País" num domingo, 10 de fevereiro de 1907 e depois reproduzida em seu livro "Ironia e Piedade"?
"São uma gente à parte, quase uma raça distinta das outras. Os que amam o carnaval, como amam todas as festas, não são dignos do nome carnavalescos. O carnavalesco é um homem que nasceu para o Carnaval, que vive para o Carnaval, que conta os anos de vida pelos carnavais que tem atravessado, e que, na hora da morte, só tem uma tristeza: a de sair da vida sem gozar os carnavais incontáveis, que ainda se hão de suceder pelos séculos sem fim.
"Que se hão de suceder no Rio de Janeiro, escrevi eu. Porque o verdadeiro, o legítimo, o autêntico, o único tipo de carnavalesco real é o carnavalesco do Rio. A espécie é nossa, unicamente nossa, essencialmente e exclusivamente carioca: só o Rio de Janeiro, com seus carnavais maravilhosos, delirantes e inconfundivéis, possuem o verdadeiro carnavalesco".
"Que se hão de suceder no Rio de Janeiro, escrevi eu. Porque o verdadeiro, o legítimo, o autêntico, o único tipo de carnavalesco real é o carnavalesco do Rio. A espécie é nossa, unicamente nossa, essencialmente e exclusivamente carioca: só o Rio de Janeiro, com seus carnavais maravilhosos, delirantes e inconfundivéis, possuem o verdadeiro carnavalesco".
É também de Bilac outra crônica que aparece no mencionado livro, constituindo hoje um delicioso flagrante do carnaval de sua época... "Ponham ali na rua do Ouvidor o mais sisudo de todos os homens sisudos, cerquem-no de uma dúzia de moças alegres que o cubram de confete e o inundem a bisnagadas e, se daí a uma hora o sisudo não estiver com a sobrecasaca esfrangalhada e a cartola, amolgada, empenhado com amor e delírio nas mais violentas refregas - então duvidem do poder do carnaval e creiam na fortaleza de ânimo de um Conselheiro Acacio".
Outro fervoroso animador do Carnaval carioca foi João do Rio, o grande cronista desta cidade, tão grande que até hoje nenhum outro conseguiu trazer, para o povo, como ele o fez, o dia-a-dia, os pequeninos e grandes problemas, os sonhos ou as aspirações da cidade, de sua vida. Há páginas de João do Rio que são verdadeiras obras primas como aquela intitulada "Cordões" publicada primeiro na "Gazeta de Notícias" e depois no seu "Alma encantadora das ruas".
ANTOLOGIA DO CARNAVAL
Em 1945, Wilson Louzada organizou uma "Antologia do Carnaval" editada pela gráfica "O Cruzeiro", reunindo páginas de grandes prosadores brasileiros sobre o Carnaval. Se bem que essa antologia não seja completa, e que melhor seria se apresentasse somente os escritores que escreveram sobre o carnaval carioca, eis a relação organizada por W. Louzada:
Manuel Antonio de Almeida - Machado de Assis - Vieira Fazenda - Artur Azevedo - João Ribeiro - Coelho Neto - Olavo Bilac - Graça Aranha - Luiz Edmundo - João do Rio - Lima Barreto - Melo Morais Filho - Mario Sete - Alvaro Moreyra - Carlos Chiacchio - José do Patrocínio Filho - Graciliano Ramos - Aníbal Machado - Ribeiro Couto - Dante Milano - Antonio de Alcantara Machado - Jorge de Lima - José Lins do Rêgo - Adalgisa Neri - Marques Rebelo - Raimundo Magalhães Junior - Francisco Inácio Peixoto - Rivadávia de Souza - Roberto Macedo - Raquel Crotman - Dante Costa - Jorge Amado - Lucio Cardoso - Rubem Braga.
Mas é muito maior a contribuição dos escritores não apenas em páginas de ficção como em estudos, Aníbal Machado, por exemplo - autor de um belíssimo conto intitulado " A morte da porta-estandarte" tem também um ensaio sócio-literário sobre o Carnaval que foi publicado pela extinta "Revista Acadêmica" e irradiada pelo rádio Roquete Pinto.
Além dos escritores arrolados por Wilson Louzada para sua Antologia - que bem merecia uma segunda edição - escreveram em prosa sobre o carnaval: (ordem alfabética) Afonso Arinos - Artur Azevedo - Augusto Frederico Schmidt - Barão do Rio Branco - Carlos Drummond de Andrade - Di Cavalcanti - Elsie Lessa - Gastão Cruls - Gonzaga Duque - Humberto de Campos - José Veríssimo - Lucia Benediti - Mario Pederneiras - Mucio Leão - Murilo Mendes - Orígenes Lessa - Paschoal Carlos Magno - Ribeiro Couto.
Escreveram sobre o Carnaval analisando-o histórica ou sociologicamente: (ordem alfabética) Gilberto Freyre - Melo Morais Filho - Roger Bastide - Roberto Macedo - Tristão da Cunha - Vieira Fazenda e muitos folcloristas: Edison Carneiro - Luiz da Câmara Cascudo - Mariza Lira - Renato de Almeida.
OS POETAS E O CARNAVAL
Escreveram poemas, sonetos, versos livres sobre o carnaval: Alvaro Moreyra - Augusto Frederico Schmidt - Augusto dos Anjos - Ascenço Ferreira - Bastos Tigre - Carlos Drummond de Andrade - Da Costa e Silva - Eduardo Guimarães - Emílio Moura - Epítecto Fontes - Gilka Machado - Guilherme de Almeida - Hermes de Andrade - Manuel Bandeira - Murilo Araújo - Olavo Bilac - Onestaldo de Pennaforte - Oswaldo de Andrade - Oliveira e Silva - Ribeiro Couto e Vinícius de Moraes.
Naturalmente essa relação não é ainda completa, pois o número de nossos prosadores e poetas escrevendo sobre Carnaval, aumenta dia a dia. Carlos Drummond de Andrade - outro exemplo - tem uma série de crônicas ( C. D. A, do "Correio da Manhã" sobre o carnaval da rua Joaquim Nabuco e ano passado Rachel de Queiroz publicou na revista "O Cruzeiro" um delicioso "Caso de Carnaval".
Em muitos romances - Graça Aranha, Gastão Cruls, etc, aparecem capítulos dedicados ao carnaval, assim como há muitos contos, de vários autores descrevendo a festa máxima do povo carioca.
SALVE REI MOMO!
Compreende-se que isso aconteça. Seria impossível aos prosadores e poetas brasileiros, principalmente os cariocas ou os aqui residentes, não participarem da festa do povo, aquele que atinge todas as camadas, a grande festa nivelada das classes sociais e a que dá a todos o direito de cantar alto, de rir, pular e sambar mesmo quando - e isto sempre acontece - contra essa alegria se levantam os grandes inimigos do Carnaval, a polícia, a chuva, os saudosistas.
Pretendo logo depois do aparecimento da "História do Carnaval carioca" publicar uma antologia da poesia carnavalesca e espero que a de Wilson Louzada reapareça em breve aumentada.
É sempre bom sentir que os intelectuais e o povo façam um só todo para saudar Momo, o único soberano que jamais será destronado nesta cidade.
Reportagem de ENEIDA, publicada na Revista Leitura - edição de fevereiro de 1958.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020
CRÔNICAS DA GRATIDÃO - LEMBRANÇA I – A GARAGEM
Pede o meu
coração para começar a escrever uma nova série de crônicas. Pede não, ordena,
pois o coração é senhor na nossa existência. Já
escrevi “Crônicas Sensoriais” que tratam da minha infância, “Crônicas da Saudade” que registram meu tempo de seminarista e agora vou lembrar
de pessoas que foram tão especiais em minha vida, vou chamar este conjunto de
Crônicas da Gratidão.
Começo pelo
casal Rivadávia Pereira Pacheco e
Idalina Correia Pacheco. Eles moravam na Rua Boa Ventura de Sá, Centro de
Ceará-Mirim-RN. Por algum período os meus pais moraram em frente, eu era
criança, tinha meus nove anos. Ele já
estava na casa dos sessenta e um anos e ela cinquenta e cinco. Eu percebi que
quando eles saiam de carro e voltavam Dona Idalina sempre descia para abrir a
garagem. Um dia eu tomei a iniciativa de
abrir, tão logo eles chegaram. Não esperei ela descer, corri, atravessei a rua
e puxei o ferrolho que trancava o portão da garagem. Um gesto tão simples, que
me rendeu um sorriso do casal.
Dali em diante
eu sempre ficava alerta. Algumas semanas depois, Doutor Rivadávia e Dona Idalina um dia chegaram com um
presente para mim, um livro infantil, grande e colorido. Nossa, como fiquei feliz! Agradeci e fui mostrar a mamãe.
─
Por que eles lhe deram o livro?
─
Porque eu sempre abro o portão da garagem quando eles chegam.
─
Agradeceu?
─
Sim
Não sei dizer
com exatidão qual foi a data e o dia que isso aconteceu, pois a minh’alma não
teve a preocupação de registrar a efemeridade do tempo, guardou no entanto a
essência do gesto daquele casal que se preocupou em presentear uma criança com
um livro. Isso eu nunca esqueci.
No dia
seguinte, na escola, eu mostrei aos meus colegas o que tinha ganhado do Dr.
Rivadávia e Dona Idalina. Olhares diversos,
várias mãos e muitas bocas viam, tocavam e perguntavam o que eu era deles.
Com um sorriso
eu respondia:
─
Sou amigo!
Quanta
prepotência minha, espalhar que era amigo de duas pessoas tão nobres e
conhecidas na cidade. O certo é que tive o carinho deles. Recebi incentivo para
ser leitor que mais tarde, bem mais tarde, aos quarenta anos chegava ao patamar
de escritor. Não tenho nenhuma dúvida que eles contribuíram para isso.
Dona Idalina
viveu 74 anos (1918-1992), Doutor Rivadávia foi mais longevo, partiu 13 anos
depois da sua esposa. Estava com 93 anos.
Ouso pensar que o fato de Dona Idalina ter partido antes do seu esposo teve um objetivo, ela ficou na porta do Céu aguardando a chegada dele. "Muitos anos esperando!" Pode pensar o leitor, mas do outro lado, na eternidade não existe tempo. E some-se a isto o fato de que o amor é a única virtude que consegue nos acompanhar na passagem.
Hoje, a garagem da vida continua
abrindo e fechando o portão da existência, tomara que haja nestes lugares a presença de pessoas tão
bondosas quanto o casal que eu tive a felicidade de conhecer.
Francisco
Martins – 22 de fevereiro de 2020.
Marcadores:
Crônicas,
Crônicas da Gratidão
domingo, 23 de fevereiro de 2020
PASÁRGADA E SÃO SARUÊ
Veríssimo de Melo |
Há uma afinidade sensível
entre o poema "Vou-me embora pra Pasárgada" de Manuel Bandeira,
e o folheto "Viagem a São Saruê", de Manoel Camilo dos Santos,
editado por João José Silva, em Recife.
Em ambas as produções, a preocupação
máxima dos seus autores é fugir à realidade e descobrir o país da felicidade
completa Para Bandeira, Pasárgada é essa nação ideal, onde o poeta é amigo do
Rei e tem tudo que deseja, desde as mulheres bonitas até os processos modernos
para impedir a concepção, telefones, automáticos, alcaloides à vontade. Para o
cantador popular, São Saruê é a cidade encantada onde todo mundo é rico e tem
dinheiro de sobra, sem precisar trabalhar.
O folheto de Manoel
Camilo dos Santos tem provocado interesse fora do comum entre os estudiosos de
nossa literatura de cordel. É realmente original e digno de divulgação. Quando
esteve em Natal o escritor Orígenes Lessa, que é um apaixonado por esse gênero
de literatura popular, uma das primeiras coisas que me perguntou foi a respeito
desse folheto. Já o conhecia, mas, não o possuindo em sua coleção, pediu-me que
lhe fornecesse uma cópia, pois o considera curiosíssimo.
Vejamos os aspectos
mais interessantes dessa "Viagem a São Saruê". Inicialmente, o
poeta nos descreve a viagem, com alguns versos do melhor lirismo sertanejo,
como estes:
Enquanto a tarde caía
entre
mistério e segredo,
a
viração docilmente
afagava
os arvoredos
os
últimos raios do sol
bordavam os altos penedos.
A primeira visão da cidade encantada é
realmente de pasmar:
Mais adiante uma cidade
como
nunca vi igual
toda
coberta de ouro
e
forrada de cristal,
ali
não existe pobre
é tudo rico, afinal.
O povo de São Saruê tem
dinheiro à vontade e sem precisar trabalhar. Os tijolos das casas são de
cristal e marfim. As portas são de prata, as telhas são folhas de ouro e o piso
é de cetim. Vejam que coisas o poeta encontrou em São Saruê:
Lá eu vi rios de leite,
barreiras
de carne assada,
lagoas
de mel de abelhas,
atoleiros
de coalhadas,
açude
de vinho quinado,
monte
de carne guisada
As pedras em São Saruê
são de queijo e rapadura. As cacimbas são de café já coado e quente. Feijão nasce
logo maduro e cozinhado, que é para não dar trabalho. Galinha põe capão em vez
de ovos... E manteiga por lá, nestes tempos difíceis, cai das nuvens e faz
rumas pelo chão...
Os
peixes lá são tão mansos
com
o povo acostumados,
saem
do mar vem para as casas
são
grandes, gordos e cevados,
é
só pegar e comer
pois
todos vivem guisados
Vejam que fartura até
de chapéu de massa:
Os pés de chapéu de massa
são
tão grandes e carregados,
os
de sapato da moda
tem
cada cachos aloprados,
os
pés de meia de seda
chega vivem escangalhados.
Mas, o bom mesmo é
quando chegamos aos sítios de dinheiro:
Sítios de pés de dinheiro
que
faz chamar atenção,
os
cachos de notas grandes
chegam
arrastam pelo chão,
as
moitas de prata e níquel
são
mesmo que algodão.
Os pés de notas de contos
carrega
que encapota,
pode
tirar-se à vontade
quanto
mais velho mais bota,
além
dos cachos que tem
cascas
e folhas tudo é nota.
Os pés de casimira
botam já as roupas prontas, sob medida... E, quando nasce um menino, é já
falando, sabe escrever e contar, corre, canta, faz tudo o que se manda. Não há
o problema da escola primária. Mas, uma das grandes maravilhas em São Saruê é o
elixir da longa vida, coisa que os alquimistas não conseguiram descobrir e que
lá se resolve com um simples banho no rio:
Lá tem um rio chamado
O
banho da mocidade,
onde
um velho de cem anos
tomando
banho à vontade,
quando
sai fora parece
ter
vinte anos de idade.
Outra grande coisa em
São Saruê é não ter por lá moça feia. Afirma o poeta que todas as moças são
formosas e cheirosas. Por fim, exalta as belezas de São Saruê e compara-o com a
terra da antiga promissão, para onde Moisés e Abraão conduziam o povo de Israel.
Conclui informando que
ensinará o caminho de São Saruê a qualquer amiguinho, mas com uma condição sine qua non:
...
porém só ensino a quem
me
comprar um folhetinho.
É uma delícia o folheto
de Manoel Camilo dos Santos.
Observação: Este texto foi escrito por Veríssimo de Melo (1921-1996) e publicado na Revista Bando/RN ( janeiro -1955) e na Revista Leitura/RJ (março -1959).
Marcadores:
Cordel,
Textos coletados
sábado, 22 de fevereiro de 2020
UM HOMEM E SEU CARNAVAL
no meio da orgia
entre uma baiana e uma egípcia.
Sem olhos, sem boca,
sem dimensões.
As fitas, as cores, os barulhos
passam por mim de raspão.
Pobre poesia.
O pandeiro bate,
é dentro de mim
mas ninguém percebe.
Estou lívido, gago.
Eternas namoradas
riem para mim
demonstrando os corpos.
os dentes.
Impossível perdoá-las.
Deus me abandonou
no meio do rio.
Estou me afogando,
peixes sulfúreos
ondas de éter,
curvas, curvas, curvas,
bandeiras de préstilos,
pneus silenciosos,
grandes abraços e muitos espaços
eternamente.
Carlos Drummond de Andrade
Referência:
Revista Leitura - Rio de Janeiro - fevereiro 1958.
os dentes.
Impossível perdoá-las.
Deus me abandonou
no meio do rio.
Estou me afogando,
peixes sulfúreos
ondas de éter,
curvas, curvas, curvas,
bandeiras de préstilos,
pneus silenciosos,
grandes abraços e muitos espaços
eternamente.
Carlos Drummond de Andrade
Referência:
Revista Leitura - Rio de Janeiro - fevereiro 1958.
Marcadores:
Poesias,
Textos coletados
terça-feira, 18 de fevereiro de 2020
FEIRA DE VINIL COMEÇA AMANHÃ
Feira de vinil e Dj's agitam o centro de Natal nesta quarta-feira (19)
Primeira edição do Discopraça será na Praça Padre João Maria a partir das 18h
Nesta quarta-feira (19), a partir das 18h, vai rolar a primeira edição do Discopraça. A praça Padre João Maria será palco para receber o evento, que contará com uma feira de vinil com dj's e uma line-up recheada de mpb, frevo, samba rock, samba, samba reggae, reggae, rap e muito mais. A entrada é gratuita e o espaço está aberto a todos os amantes do vinil.
Para o DJ Vinícius Soares, organizador do evento, a intenção é movimentar a cena do vinil em Natal/RN e aglutinar pesquisadores e amantes de discos. O projeto conta com o apoio da Estação do Cordel e Sebo Toca Disco.
DISCOPRAÇA
O evento DISCOPRAÇA terá sua 1ª edição no dia 19/02 (QUARTA-FEIRA) das 18h às 22h na Praça Padre João Maria no centro da capital potiguar. A intenção é movimentar a cena do vinil em Natal/RN e aglutinar pesquisadores e amantes de discos. O projeto conta com feira de discos e apresentação de 4 DJ's com uma line-up de mpb, frevo, samba rock,samba, samba reggae, reggae, rap e muito mais. Apoio: Estação do Cordel e Sebo Toca Disco.
Assinar:
Postagens (Atom)