segunda-feira, 25 de outubro de 2010
CORDEL DA SALVAÇÃO
Cheguei ao Tribunal do Cristão esperei ansioso o meu nome escutar.
Um anjo de alpercatas e gibão diz em nordestinês: "-Se aprochegue Manezim, venha prá cá meu bichim. Seus fatos eu vou narrar".
A alegria foi tamanha, não tem comparação. Nem os oceanos juntos, nem as redes do sertão, nem os arreios de ouro, nem misses, nem nobel, nada pode superar. O que João disse foi pouco, vocês podem acreditar.
Ergui os olhos e vi a coisa mais linda do mundo, o Filho de Deus encarnado, ressureto e Rei do Universo. Suas mãos têm as chagas que o homem mal escreveu, com tinta de todos os pecados que a humanidade cometeu.
Eu disse ispiando Jesus: "-Senhor, eu posso falar?" O mestre tocou-me a face e disse: "-Quero escutar". "-Senhor, tu sabes tudo não carece eu explicar. Mas me deixe derramar estas poucas palavras que quero externar".
Os anjos fizeram silêncio, não se ouvia um batido de asas. No trono do firmamento, a Trindade me escutava. A minh'alma exultava. Estava no céu agora, não por merecimento, nem tão pouco por vã glória.
"-Meu pai eu quero agradecer, este céu que o Senhor me deu. Nem eu sei por que tanto amor para comigo, um miserável pecador". Foi neste momento então, que um anjo pretim, escurim da cor de breu, chegou perto de mim. Senti cheiro de incenso, rapadura e alfinim.
Jesus, Rei dos reis, que comanda a situação, vestindo uma roupa alva, feita do melhor algodão, autorizou o anjo preto abrir logo o matolão. Lá dentro tinha uma cruz, uma coroa de espinhos, uma vara de açoitar, uma lança prá perfurar, três pregos grandes, eu vi, por isso posso atestar. Além dos dois malvados chicotes que o fizeram sangrar.
Olhando aquele inventário de dor e grande aflição, o anjo do matolão, subiu três metros do chão, abriu suas oitos asas, mais belas que o pavão e começou a locução: "-Mané, preste atenção ao que vou lhe dizer. Foi com este sacrifício que Cristo salvou você!".
Fiquei todo arrepiado, sem saber o que falar. Botei as mãos no bolso procurando com quê pagar. O anjo continuava: "-Brocoió, não seja tolo. Sua dívida era impagável. Seu destino era o inferno. Foi por graça, não por obras - esqueça toda manobra".
Voltei os olhos a Jesus, meu semblante estava quente. Naquele instante passou um filme na minha mente. Eu vi tudo que fiz de bom e também de indecente. O anjo voltou ao chão. Ouvi sinos, louvação, e num imenso salão, havia no Livro da Vida, escrito em letras de sangue, meu registro e salvação.
Tudo isto aconteceu porque eu reconheci que precisava de meu Deus. O seu nome eu invoquei. Meus pecados confessei, do Satanás escapei. Se você também quiser ao Tribunal de Cristo ir, não perca tempo amigo, convide-o logo a entrar. Não almeje o Trono Branco, pois lá é pra se lascar.
FIM
Mané Beradeiro
Folheto a venda nas principais bancas e livrarias do Rio Grande do Norte - Brasil
Preço R$ 1,00
Pedidos podem ser feitos au autor através do e-mail: maneberadeiro@hotmail.com
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2 comentários:
Parabéns pela sua poesia, pelo seu trabalho!
Lindo poema
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