Para Socorro Fernandes
Na vida da minha irmã já se passaram tantas coisas!
Ela viveu momentos que nenhum dos outros cinco viveu.
Foi ela que primeiro tomou do leite materno, quem primeiro recebeu os carinhos de nossa mãe. Foi com ela, que nas ruas de Campina Grande papai caminhava orgulhoso, pelas calçadas, segurando em sua mão pequenina.
Minha irmã, não diria mais velha, pois quem a conhece, sabe que ela não envelhece, teve a primazia de ver todos os demais irmãos chegarem, um a um. Em quantos lugares viveu? Em cada canto que pisou, minha irmã plantou e colheu. E o tempo passava, a morena crescia, a menina vivia, a moça despertava.
Veio o tempo de estudar, namorar, de se encontrar em bancos de praça, com quem jurava nunca deixar. Minha irmã cresceu, sangrou corações, casou, gerou filhas, e a vida, sábia mestra da existência, foi depurando a alma. Em alguns momentos rasgou-lhe a felicidade, ocultou dela o sol, tirou-lhe a beleza dos jardins, negou-lhe o orvalho das manhãs.
Mas, minha irmã, incansável lutadora, domou tudo isto. Já se despediu de tantas pessoas que de forma indelével selaram seus sentimentos, sua vida. Algumas ela não quer jamais revê-las, outras, com certeza, desejaria nunca ter perdido.
(homenageando a mana primogênita, que hoje celebra mais uma primavera no início do outuno da sua vida. Esta poesia faz parte do meu segundo livro: Degustando Poesia)
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