domingo, 5 de dezembro de 2010
O ENGENHEIRO NOÉ
Autor: Mané Beradeiro
Sou neto de Matusalém
O homem que mais viveu
Vou contar a minha vida
E tudo que aconteceu
Tá escrito lá na Bíblia
Só não lê quem for ateu.
Quando eu vim ao mundo
Muito se trabalhava
Mas diziam os velhos:
"-Deus amaldiçoara
pois quanto mais fazíamos
nada nos prosperava".
Naquele tempo a vida
Era uma disparada
Quem viveu só cem anos
Da vida não viu foi nada
E eu sem irmão cresci
Numa grande jornada.
A maldade era grande
Em todo homem criado
Na mente e coração
Não havia outro ditado.
Eu já estava adulto
Com três filhos barbados.
O pecado dominava
E Deus não suportara
Tanto ódio e desamor
No Homem que modelara
Somente um recomeço
Em tudo que planejara.
Diante de tanta gente
Eu fui um agraciado
No plano da destruição
Os meus foram poupados,
Fruto das minhas andanças
Com Deus maravilhado.
Recebi foi a missão:
"-Vai fazer a embarcação.
Algo tão grandioso
Que chamará atenção
De todos os que andarem
Na terra da perdição".
Disse mais o meu Senhor:
"-Eis que trago muitas águas
Em grande proporção, algo
Que jamais foi visto. Aves
Se afogarão. E tudo
Que criei eu exterminarei".
Eu me pus a perguntar:
"-Como é a embarcação?"
Recebi todo projeto
Não faltou explicação.
O negócio era grande
Quase fico sem noção.
Chamei logo os filhos
Comecei a trabalhar.
Quanto mais eu fazia
Vinha o povo vasculhar.
"-Que danado é isso?"
Não cansavam de falar.
"-Isto? É a salvação
Vai boiar e navegar,
Mas não me pergunte quando
Pois não saberei datar".
Noé pirou de vez,
Vocês hão de confirmar.
E assim ia fazendo
A Arca monumental.
Cada tábua que botava
Pensava naquele mal
Que forçara Deus no céu
matar homem e animal.
Naquele trabalho todo
Grande lição aprendi.
Se Deus diz: "Vá e faça"
Obedeça o que Ele diz
Não se desespere
Dele vem a forla motriz.
E assim se sucedeu
Muitas anos labutei
Depois da arca pronta
Deus disse: "-Eu já notei
Entre nela e espere,
Pois ainda não completei".
Foi chegando cada bicho
Na maior animação.
Macaco, cutia, porco,
Cobra, bode, gato, cão,
Periquito, peba, vaca
Cavalo, quiné, cancão.
Todos acompanhados
Das paixões e dos amores
Atendiam a voz de Deus
Sem receio e temor.
Depois que todos chegaram
O círculo 'terminô'.
Do céu veio um trovão
O pânico foi sem igual
Homem mijou nas calças
Mulher tomou melhoral
Aquilo foi agonia
E não havia hospital.
O povo sem direção,
Tonto, na maior confusão
Viu cair água do céu.
Piorou a situação,
Quando alguém gritou:
"-As fontes transbordarão!"
Choveram dias e noites.
O mundo imerso vivia.
Naquela solidão total
Somente arca existia
Não se via um 'pé de pau'
Nem aqueles que não criam.
E nos montes de Ararate
A arca fincou o pé
Cento e cinquenta dias
Com bichos, filhos e mulher.
E tome um mês e meio
Prá poder soltar o guiné.
Depois de tudo passado
Quiando da arca desci
Senti sede tão grande
Coisa que eu jamais vi
Fiz um roçado de uvas
Cuidei, colhi, bebi.
Matemática não fiz
Nem cálculo estrutural
Mas creiam fui engenheiro
E não haverá outro tal
Fiz a arca tão bela
Única e mundial.
Quando vires o arco-íris
Lembre-se desta história
E sinta nas suas veias
O gosto da vitória
Pois se vives neste mundo
A deus dê toda glória.
Acreditem neste velho
E tudo que ele contou
Saibam que viver com Deus
É ter certo o seu amor
Contem longevidade
Assim como Noé contou.
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Um comentário:
Oi Chiquinho!
Vou começar a postar as capas no meu face com os links para o seu blog. Esse será o primeiro.
Um abraço! Logo lhe enviarei mais esboços!
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