"... Gostaria que ao término da minha missão terrena, quando, pela
lei natural das coisas, passar desta para outra vida, estes
apontamentos, com os quais pretendo, com a graça de Deus, fazer uma
série de trabalhos, com legado à posteridade, não fossem destruídos.
Desejo que uma mão amiga e familiar passe a guardá-los com os cuidados e as reservas devidas, pois não direi 'carne da minha carne; sangue do meu sangue', mas direi que neles se encontram, simbolicamente, retalhado e em pequenas partículas todo o meu corpo, todo o meu ser. E mais: tudo aquilo que fui, sou, e ainda tudo aquilo que desejaria ter sido".
O fragmento retirado do texto "Aqui estou", originalmente publicado em 1976, reflete resumida, mas ao mesmo tempo profundamente, o amor pelo qual o historiador e pesquisador Raimundo Soares de Brito, como era carinhosamente conhecido, dedicou ao longo de sua vida ao seu acervo histórico.
A preocupação de Raibrito, em 1976, mais do que nunca se torna atual, já que agora ele, definitivamente, não mais poderá dedicar-se aos documentos, jornais, revistas que há mais de quatro décadas vinha reunindo. Raimundo Soares de Brito, 92 anos, faleceu, vítima de falência múltipla de órgãos, na tarde de ontem, 27, em Natal, no Hospital da Unimed, onde estava internado desde o dia 3 de setembro. Com seu jeito simples, dono de um carisma e de uma memória invejável, Raibrito deixa um legado imensurável para a cultura local.
Caraubense, mas que adotou Mossoró como sua terra natal, Raibrito construiu ao longo de sua trajetória um acervo de valor cultural imensurável, composto por documentos que registram o que de mais importante aconteceu na cidade, no Rio Grande do Norte, Nordeste, no Brasil e também no mundo.
Na sua hemeroteca podem ser encontrados mais de 300 mil documentos, entre jornais, livros, revistas, plaquetes. Todo esse valioso material está preservado na casa onde Raibrito residia em Mossoró, sendo que o pesquisador e historiador transferiu-se para Natal em 2009 para submeter-se a um tratamento de saúde.
O interesse de Raimundo Soares de Brito por colecionar informações teve início na infância. Segundo Marcos Oliveira, sobrinho do pesquisador, quando o tio via uma manchete interessante no jornal ao embalar alguma mercadoria (seu pai era comerciante) trocava o folhetim por um outro e guardava a notícia.
A importância do acervo histórico do "guardião da cultura potiguar" despertou o interesse da Petrobras, que patrocinou da iniciativa do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (Icop), criando a Biblioteca Virtual Raimundo Soares de Brito, através da Lei Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura, lançada em 2005. Atualmente, o acervo digital está indisponível aos internautas.
O amor de Raibrito pela história lhe rendeu o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), e também diversas comendas e homenagens. Filho de José Soares de Brito e Raimunda Saul da Costa, o pesquisador faz parte de uma família de 20 filhos e repassou sua lição de vida para muita gente que conviveu com ele.
Profissionalmente, Raibrito iniciou a vida como comerciante em sua cidade natal, mas se tornou um verdadeiro andarilho, passando por Natal, Fortaleza, Assu e Mossoró, sempre levando em sua bagagem seus livros e pastas de pesquisa documental.
O pesquisador ocupou vários cargos públicos, dentre os quais, juiz distrital em Caraúbas, diretor do Museu Lauro da Escóssia, em Mossoró, e gerente postal dos Correios de Assu, Caraúbas e Mossoró.
O corpo de Raibrito será velado hoje, 28, na Biblioteca Municipal Ney Pontes, e será sepultado às 16h, no Cemitério Novo Tempo.
Maricelio Almeida
maricelio_almeida@hotmail.com
Fonte:http://omossoroense.uol.com.br/cotidiano/27084--morre-o-qguardiao-da-cultura-potiguarq-raibrito
Desejo que uma mão amiga e familiar passe a guardá-los com os cuidados e as reservas devidas, pois não direi 'carne da minha carne; sangue do meu sangue', mas direi que neles se encontram, simbolicamente, retalhado e em pequenas partículas todo o meu corpo, todo o meu ser. E mais: tudo aquilo que fui, sou, e ainda tudo aquilo que desejaria ter sido".
O fragmento retirado do texto "Aqui estou", originalmente publicado em 1976, reflete resumida, mas ao mesmo tempo profundamente, o amor pelo qual o historiador e pesquisador Raimundo Soares de Brito, como era carinhosamente conhecido, dedicou ao longo de sua vida ao seu acervo histórico.
A preocupação de Raibrito, em 1976, mais do que nunca se torna atual, já que agora ele, definitivamente, não mais poderá dedicar-se aos documentos, jornais, revistas que há mais de quatro décadas vinha reunindo. Raimundo Soares de Brito, 92 anos, faleceu, vítima de falência múltipla de órgãos, na tarde de ontem, 27, em Natal, no Hospital da Unimed, onde estava internado desde o dia 3 de setembro. Com seu jeito simples, dono de um carisma e de uma memória invejável, Raibrito deixa um legado imensurável para a cultura local.
Caraubense, mas que adotou Mossoró como sua terra natal, Raibrito construiu ao longo de sua trajetória um acervo de valor cultural imensurável, composto por documentos que registram o que de mais importante aconteceu na cidade, no Rio Grande do Norte, Nordeste, no Brasil e também no mundo.
Na sua hemeroteca podem ser encontrados mais de 300 mil documentos, entre jornais, livros, revistas, plaquetes. Todo esse valioso material está preservado na casa onde Raibrito residia em Mossoró, sendo que o pesquisador e historiador transferiu-se para Natal em 2009 para submeter-se a um tratamento de saúde.
O interesse de Raimundo Soares de Brito por colecionar informações teve início na infância. Segundo Marcos Oliveira, sobrinho do pesquisador, quando o tio via uma manchete interessante no jornal ao embalar alguma mercadoria (seu pai era comerciante) trocava o folhetim por um outro e guardava a notícia.
A importância do acervo histórico do "guardião da cultura potiguar" despertou o interesse da Petrobras, que patrocinou da iniciativa do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (Icop), criando a Biblioteca Virtual Raimundo Soares de Brito, através da Lei Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura, lançada em 2005. Atualmente, o acervo digital está indisponível aos internautas.
O amor de Raibrito pela história lhe rendeu o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), e também diversas comendas e homenagens. Filho de José Soares de Brito e Raimunda Saul da Costa, o pesquisador faz parte de uma família de 20 filhos e repassou sua lição de vida para muita gente que conviveu com ele.
Profissionalmente, Raibrito iniciou a vida como comerciante em sua cidade natal, mas se tornou um verdadeiro andarilho, passando por Natal, Fortaleza, Assu e Mossoró, sempre levando em sua bagagem seus livros e pastas de pesquisa documental.
O pesquisador ocupou vários cargos públicos, dentre os quais, juiz distrital em Caraúbas, diretor do Museu Lauro da Escóssia, em Mossoró, e gerente postal dos Correios de Assu, Caraúbas e Mossoró.
O corpo de Raibrito será velado hoje, 28, na Biblioteca Municipal Ney Pontes, e será sepultado às 16h, no Cemitério Novo Tempo.
Maricelio Almeida
maricelio_almeida@hotmail.com
Fonte:http://omossoroense.uol.com.br/cotidiano/27084--morre-o-qguardiao-da-cultura-potiguarq-raibrito
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