segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

COMENTANDO AS MINHAS LEITURAS: MEMÓRIAS O TIMBÓ: À SOMBRA DA TIMBAÚBA

Livro: Memórias do Timbó: à sombra da Timbaúba
Autora; Maria da Conceição Cruz Spineli
Gênero: Memórias
Editora: Quatro Cores Gráfica Editora - Natal - 2014
Páginas:  164
Leitura: 28 e 29 de janeiro 2017

O que são as nossas memórias? Diria que são os anos diluídos no espaço tempo. Sábado e domingo passados estive lendo "Memórias do Timbó: à sombra da Timbaúba" escrito por Maria da Conceição Cruz Spineli. Com ele, o livro, pude tomar conhecimento da infância e adolescência da confrade Conceição Cruz, que teve como palco os fragmentos do Engenho Timbó, no período compreendido de 1950 a 1960. Narrado na primeira pessoa, o texto está fiel à sua missão, isto é, terce a história pelo olhar infantil da menina-moça que via desabrochar entre a geografia do Vale de Ceará-Mirim, a religiosidade e a tradição católica e as muitas personagens, por ela resgatadas, saindo do filme da sua vida. Os bons livros sem tem algo a nos ensinar.  Com "Memórias do Timbó" não foi diferente, deu-me uma lição de amor à terra e à família. Passados tantos anos daquela infância longínqua, o quê realmente ficou tatuada na alma da menina não foi o valor material, mas sim os momentos de alegria, medo, saudade, tristeza, lembranças,  imagens lúdicas que o dinheiro não compra e ninguém é capaz de extrair da escritora. Foi -se o Timbó, derrubaram a Timbaúba, dorme  Zumba, o fundador do Engenho e seus herdeiros. Paulo da Cruz também já não administra aquelas plagas rurais, entretanto, o universo da escritora vai permanecer por muitos e muitos anos sempre disposto a se revelar a todo e qualquer leitor que queira no século XXI conhecer as histórias de Seu Aquino, o seleiro; ouvir o fole de Seu Tino; ter as lições do Professor Ulisses Campos, temer o olhar de Maria Joana e sentir-se seguro perto de Xorró. Palmas à Conceição Cruz, escriba que soube com letras e sentimentos, tendo à luz de piroca  no aconchego de Ilha Grande, reunir suas memórias para no outro dia, bem cedinho, lavá-las no rio perene, ora tendo nas mãos a caneta, ora usando o velame e o sabão para brilhar mais "o relato telúrico de quem viveu o vale do Ceará-Mirim", como bem escreveu Ciro José Tavares. O trabalho de Conceição Cruz faz parte de uma coleção memorialística na qual se acha também: Oiteiros - Memórias de  uma sinha moça ( Madalena Antunes),  A Rosa Verde (Nilo Pereira) e "Memórias quase líricas de um ex-vendedor de cavaco chinês" ( Inácio Magalhães de Sena).

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