quarta-feira, 16 de novembro de 2016

ASSALTANTE PARTICULAR



Nada de professor particular , de médico,  de personal trainer. O que  nós precisamos na verdade, em caráter de urgência, é de um assaltante particular. Isso mesmo, alguém que esteja sempre perto da gente, armado, mas, a certa distância, para não parecer que o conhecemos. Preferencialmente que este assaltante particular tenha um metro e oitenta, pese uns  cento e quarenta quilos, seja forte,  e , muito importante, capaz de saber se defender dos assaltantes não particulares, defender tanto a ele, quanto a nós, o seu contratante.
                O assaltante particular não vai ser um vagabundo qualquer, ele terá instrução de arma de fogo, será cortês na hora de assaltar,  fará um registro profissional junto  ao Ministério do Trabalho  e também será monitorado pela OAB e Polícia Federal.  Ele atua quando sentir que o seu cliente está próximo de ser assaltado pelo bandido comum. Isso vai intimidar a concorrência e o que é melhor, tudo que ele assaltar irá ser devolvido  na próxima esquina. Gostou da ideia? Vamos lutar pela regularização desta profissão. Afinal não podemos mais suportar cenas como a que me foi contada por uma amiga. Ela foi assaltada em Parnamirim-RN e saiu totalmente desorientada pela  rua. Poucos minutos depois outro meliante a abordou e anunciou o assalto. Ela disse que tinha acabado de ser assaltada e nada tinha para entregar. Veja só o comentário do assaltante: -Nossa, Parnamirim ta insuportável, não!
 Francisco Martins 16 novembro 2016

domingo, 13 de novembro de 2016

DESEJO DE BUCHUDA



Duas safras de imbu já havia passadas,
O inverno derramou o líquido tão sagrado.
Os açudes do sertão choraram de emoção,
As vazantes deram milho pra fogueira de São João.
A natureza demonstrou seu poder transformador:
Galinha tirou ninhada, da vaca, bezerro veio,
Da gruta, a sussuarana forte  berro ecoou,
Era ela  dando a luz na lagoa do  Piató,
 A três felinos ruivos caçadores de mocó.

Lá na casa do vaqueiro quase nada mudou.
O tição tinha fogo, a  mulher disso sabia.
Por que naquele lar criança não existia?
Vaqueiro criou coragem foi ao padre perguntar:
-Seu vigário qual é a veia que faz mulher embuchar?
Desde do meu casamento que tento obedecer
“crescei e multiplicai”, mas ta difícil fazer.
Conheço bem o caminho,
Acredite, pode crer.

O levita embaraçado, pouco pode ajudar.
Disse entender de santo e por ele ia rezar.
Vaqueiro foi ao pastor outro conselho buscar
Que disse ser preciso em Abrãao se espelhar.
Nada de quebrar o pote, nem a onça cutucar,
Pois tudo tem o seu tempo, basta em Deus esperar.
E o dia então chegou numa manhã de abril
A mulher tinha enjôo quando via o marido,
A coisa ficou tão feia que ele dormiu no terreiro,
Junto com Maribondo, seu cão faceiro.
Quando soube que a esposa estava prenha,
Sim senhor! Vaqueiro cuidava dela
Com mais zelo e amor.
Parecia mangangá na flor do  maracujá.
Os desejos atendia com total dedicação,
Para não perder a cria de tudo ele fazia.

Quatro meses de barriga tava ela a tocar
Quando deu louca vontade de um bago degustar.
Comeria com farinha, era esse seu pensar.
O vaqueiro amolou sua faca de ofício
E a ela perguntou: -De qual gado quer ovo meu amor?
De porco, boi, bode ou cavalo?
-Nenhum desse, meu marido.
Foi resposta que lhe deu.
E ispiando os bagos seus, os beiços ela lambeu.

Vaqueiro mudou de casa durante a gestação.
Danado quem dormiria naquela situação
“Pirão de bago meu tava fora de questão”.
A história não parou, ela vai continuar.
Aguarde a narração do parto que vou contar,
Mas isso não é agora, deixe o tempo chegar.

Mané Beradeiro
Natal 13 novembro 2016

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

ALTA CORTE DAS LETRAS CELEBRA 80 ANOS DE HISTÓRIA

Academia Norte- Rio- Grandense de Letras, em 14 de novembro de 2016, celebrará 80 anos de história, é composta por quarenta homens e mulheres notáveis, que enobrecem a cultura do Rio Grande do Norte, por meio de suas atuações nas atividades do espirito, com edições de livros e revistas literárias. Foi fundada em Natal/RN, por um grupo de intelectuais, liderados pelo escritor Luís da câmara Cascudo, em 14 de novembro de 1936, cujo lema "Ad Lucem Versos", vem do Latim Clássico, que traduzindo é: Rumo a Luz. Seu primeiro presidente foi o poeta Henrique Castriciano de Souza, secretariado pelos os também escritores Edgar Barbosa e Aderbal de França.

A corte dos intelectuais potiguares, por sua vez, segue o modelo, preconizado pela Academia Francesa (1635), e, consequentemente da Academia Brasileira de Letras (1887), fundada por Machado de Assis. A academia em tese, não se limita às letras, trabalha em direção da luz da cultura, em outros campos, persevera em defesa do patrimônio material e imaterial do Rio Grande do Norte.
 
Na esfera literária, ao longo das últimas oito décadas, se faz presente na vida do Estado. De acordo com o seu presidente, poeta Diógenes da Cunha Lima, três recentes exemplos testemunham a participação social da ANL: a instituição do Parque das Dunas; a criação do presépio de NATAL (projeto de Oscar Niemeyer e do acadêmico e artista plástico Dorian Gray Calda) e a homenagem ao acadêmico Newton Navarro, nominando a "Ponte de Todos" sobre o rio Potengi.

Na instituição, há quarenta patronos, que denominam às quarenta cadeiras, ocupadas pelo acadêmicos, também chamados de imortais. Entre eles estão: Padre Miguelinho, Nísia Floresta, Amaro Cavalcante, Auta de Souza, Manoel Dantas Jorge Fernandes e outros, estão entre os personagens importantes da história do Rio Grande do Norte, homenageados pela academia.

Ainda conforme Diógenes na Cunha, em 2007, no prefácio do livro comemorativo dos setenta da ANL, organizado pelo jornalista José Soares Júnior, a sede na Rua Mipibu, no bairro de Petrópolis-Natal/RN, foi denominada: "Casa Manoel Rodrigues de Melo", em reconhecimento, ao selo e o trabalho inexcedível do homem de letras, que construiu o prédio que abriga o acervo da imoralidade
 
 
 
 
 
Na segunda feira, 14 de novembro, dia do aniversário da ANL, conforme programação divulgada, haverá missa, palestras e sessão solene. Por outro lado, fonte extra-oficial, revela que neste mesmo data, o pesquisador Francisco Martins, estará vendendo o livro, que conta história, dos 80 anos de existência do santuário das Letras locais.
 
 
Fonte:
 
 
 
Referência:  https://ojornaldaserra.blogspot.com.br/2016/11/alta-corte-das-letras-potiguares.html?showComment=1478867216472#c1607231707725012900

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

NÚPCIAS SERTANEJA



 Foi no morrer do dia que a festa terminou,
Houve fartura de tudo celebrando aquele amor.
Dois leitões foram assados,
Seis capotes bem torrados,
Arroz de leite cozinhado,
Feijão com queijo temperado.
Um tocador de sanfona,
Uma zabumba arretada,
Pandeiro bem sapecado,
Som de triângulo afinado.
Nada faltou na festança.
Serviram bebidas quentes,
Pinga que derruba gente,
Tinha mais que um tonel.
Ponche de melancia,
Licor de toda milagria,
Batida de limão com mel.
Era tudo alegria,
Mas precisava parar.
O noivo abria a boca,
Fingia sono chegar.
Foi só mais um pouquinho
Para a festa terminar.
Quando todos foram embora
Só ficou lá na tapera,
Um vaqueiro na espera,
Uma donzela em primavera.
A noite abraçou a casa,
O vento trouxe frescor.
Por entre as palhas unidas,
A  lua também chegou,
Deixando pingos de luz
No celeiro do amor.
Foi tudo tão verdadeiro,
Tão puro e sertanejo.
Adonde tocou vaqueiro
Donzela se arrepiou,
E a noite foi pequenina
Na geografia do amor.
No quebrar da barra
O casal se apartou.
Gado chamou vaqueiro,
Donzela se levantou.
Naquele chão bendito,
Sob sol tão escaldante,
O par se separou
Pedindo na sua fé
Por outra noite de amor.

Mané Beradeiro – Natal –RN 8-11-2016

terça-feira, 8 de novembro de 2016

TARDE DE AUTÓGRAFO DO LIVRO A GRANDE PESQUISA

O escritor Francisco Martins estará no próximo domingo, dia 13, às 17 h, no estande da Fundação José Augusto,  na VI Feira de Livros e Quadrinhos de Natal - FLIQ, que acontecerá de 10 a 13 de novembro, na Cidade da Criança, nesta Capital, autografando seu mais recente trabalho, A Grande Pesquisa. Valor do livro R$ 15,00.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A RESPOSTA DA DONZELA



Casar? eu caso, mas tem umas condições
Tu que é homem corajoso, vaqueiro  caatingueiro,
Vive em tudo que é apartação,
Se agarra com barbatão,
Quebra  mato, acama cipó.
Faz mil estripulias montado no alazão.
Tu, que se diz conhecedor das coisas deste sertão,
Que já viu anos a fio o inverno não chegar,
Que sabe dizer as horas oiando  o sol se bulir, o gangão relinchar.
Eu pergunto: 
-Tu sabe o que é amar?
Não me arresponda agora!  Deixe eu prosear.
Amar é ter o encanto do boi mandingueiro
É  viver acezuado  pras coisas do coração
É  também  ter no alforje, muito mais do que pão.
É encurralar o egoísmo ,rebater olhar reimoso,  cabremar  judiação.
Amar  é tresmalhar de tudo que não presta e pode nos separar.
Essas são as condições. Nosso trato no papel.
Moço, nós nem sequer namoremo! Né verdade?
Mas, se tu entendeu tudo direitim,  se monte no alazão,
Pule cerca, suba serra, galope a felicidade, se apeie no meu olhar,
Quero ser tua marrã, nos teus braços enramar.
Ser cancela que se abre para fazer desejos teus.
E  no chão do coração, nenhuma cerca vai ter.
Vou plantar o meu jardim – muçambê vai florescer.

(Mané Beradeiro – Parnamirim-RN, 7 de novembro 2016)