sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


Se você já passou por uma dor de barriga grande, sabe como é o aperréio. O negócio traz cólicas, suor frio, agonia, enfim é uma peleja dos cão do inferno. Nesses causos, eu já contei sobre a diarréia sofrida por Iberê Ferreira, dentro de um avião, sem banheiro. Hoje eu quero falar de um outro momento, desta feita, o estrupiço aconteceu com LUIS TAVARES, um gigante que viveu em Natal, "que tinha o corpo do tamanho de Hulk e o coração do tamanho de um passarinho". Luis era largo, grande como um guarda-roupa de Jacarandá, Maçaranduba ou Peroba. Era uma boêmio da Natal dos anos 40.Pois bem, LUIS TAVARES foi para um forró, no interior do Rio Grande do Norte, depois de tomar umas e outras, sentiu um treme-treme nas tripas e percebeu que a coisa estava esquentando, procurando uma saída. Ele estava todo de branco, trajando um belo terno de linho. Deixou a moça no salão e pediu licença para ir ao banheiro.No interior era costume fazer o banheiro fora das casas, distante uns vinte metros ou mais da porta da cozinha. Luiz fez lá suas necessidades e quando procurou papel higiênico, não tinha nada, nem um tiquim sequer.-E agora? Pensou ele. Foi quando olhando para cima, percebeu que dormia um pombo. Não pensou duas vezes. Passou o penoso na bunda e depois o soltou.Estava ele se vestindo, já certo que voltaria ao salão do forró, quando o pombo pratica sua vingança, mais que merecida. A ave espanou-se todo, melando o terno de Luis, deixando todo cheio de pintas, parecia uma catapora de merda. Para Luiz acabou-se a festa, que teve que fugir por uma seca de arame farpado.Se trate, viu? Se tiver dor no fígado, tome chá de língua de vaca, reumatismo, de tipi, dor no estômago, milona é o melhor remédio, para ventre preso o negócio é marcela e para limpar o sangue não tem nada mais eficaz que raiz de carnaúba branca. Pedra nos rins? Chá de quebra pedra e para catarro e difuso, catanduva é a solução.


Causos da nossa terra. Garimpado por Mané Beradeiro.

Fonte: De Líricos e de Loucos, Augusto Severo Neto, Ed. Clima. 1980, páginas 14 e 15.

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