Francisco
Fausto herdou do avô homônimo o dom de escrever bem, diz Diogenes da Cunha
Lima. Pena que tenha nos deixado tão pouco, sua obra impressa consta de dois
livros: “O vinho negro da paixão” (1998) e “Viva Getúlio – as areais
brancas da memória” (2004).
No
primeiro, o autor trata nos capítulos iniciais
sobre a história da libertação dos escravos em Mossoró, luta que teve seu ápice
em 30 de setembro de 1883, depois segue sua reflexão , sempre fazendo referências
a outros escritores, fruto de suas leituras, sobre o racismo. Sobre isso assim
escreveu o poeta Luíz Carlos Guimarães: “Partindo do viés da situação da sua cidade, em nosso Estado,
chega às suas origens no tempo e no mundo”. O livro tem ilustrações de Dorian Gray e
possui 61 páginas.
No
segundo livro, bem mais extenso, 550 páginas, Francisco Fausto dá-se ao leitor
com a coragem de um filho que pula da mesa aos braços do pai. “Este livro, pois não é a minha vida; não
pretendo escrever autobiografia nem memórias; ele é a minha alma” (MEDEIROS,
2004, p. 19). É bom lembrar que o título do livro é uma lembrança do autor que
em sua infância ouvia o papagaio de dona Ercília, em Areia Branca, gritar “Viva
Getúlio”.
Somente homens extremamente sensíveis têm a
capacidade de abrir a alma, e agindo assim, o escritor Francisco Fausto nos
leva a conhecer a sua infância, juventude e fase adulta. Lê-lo será não apenas conhecer sua vida até
1998, data em que terminou o livro, mas também saber o quanto ele era leitor.
“Viva Getúlio” está repleto de
intertextualidade, com frequência vamos
encontrar textos de poetas e prosadores, esses amigos que habitam as estantes da sua
biblioteca, com quem ele tanto conversava.
Francisco
Fausto foi membro da Academia Norte-Rio-Grandense
de Letras, sendo o quinto ocupante da cadeira 15, que tem como patrono Pedro
Velho, como fundador Sebastião Fernandes
e na sucessão Antonio Pinto de Medeiros ( eleito e depois renunciou); Eloy de
Souza e Umberto Peregrino. Francisco
Fausto teve sua eleição em 14 de dezembro de 2004, tomou posse em 27 de abril
de 2006. No Conselho Estadual de
Cultura do Rio Grande do Norte tomou
posse em 31 de agosto de 2004 , com mandado até
2010 e foi reconduzido em 24 de agosto daquele ano, em seu segundo
mandato, com prazo final em 24 de agosto do corrente ano.
Partiu o homem
que afirmou: Não, não vivi a vida como ela teria sido: inventei a vida. Ficou
a obra, que tenha alcançado seu desejo: “ Lá, na mansão dos mortos, onde
revendo na serenidade da paz os meus entes mais queridos, espero ver ao lado
deles a face de Deus” (Idem, p. 550)
Francisco
Martins – Natal-RN, 1 de agosto 2016
2 comentários:
Ótimo texto, Francisco! Sempre valorizando os escritores e artistas da terra, relembrando suas vidas e suas obras. Linda homenagem.
Obrigado amigo
Postar um comentário