O Engenho Laranjeiras, que iniciou seus trabalhos na metade do século XIX, conforme é informado por Nestor dos Santos Lima, foi fundado por Francisco Xavier de Souza Cabral, no mesmo lugar onde havia uma antiga engenhoca, denominada “Engenho Grande”.
Segundo o pesquisador e Acadêmico da ACLA Gustavo Leite Sobral, descendente direto do primeiro proprietário, “O engenho era a fábrica de se produzir açúcar, os torrões transportados em lombo de animal até Igapó e ali de canoa pelo Potengi até os armazéns da Ribeira em Natal. Aquele engenho era movido a besta na almajarra, nele conduziam a lida, tirador de cana, cambiteiro, mestre do açúcar, os trabalhadores. A cana plantada no solo de massapê, fértil, rico, fecundo, que bebia no rio Ceará-Mirim.
Engenho em um único edifício abrigava todas as funções para a fabricação do açúcar, moenda, caldeira, casa de purgar. Lá no alto o bueiro e a casa grande, plana, comprida que ao engenho se irmanava. Ainda havia a pastagem dos animais, o sítio de fruteiras, as mais diversas, e um roçado.”
Não se sabe precisar até quando funcionou o Engenho Laranjeiras, entretanto sabe-se que foi transferido, por herança do Capitão Francisco Xavier de Souza Sobral para o seu filho, o Coronel João Xavier Pereira Sobral, que continuou a produzir o açúcar mascavo por ainda um bom tempo.
A partir da década de 1930, com a grande crise que foi ocasionada pelo recém-criado IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool), que implantou uma política protecionista, favorecendo os grandes industriais do açúcar (usinas), em detrimento dos pequenos proprietários de engenhos, o Laranjeiras parou de moer e dedicou-se ao fornecimento de cana-de-açúcar para as usinas existentes no Ceará-Mirim.
Após sucessivas transferências para herdeiros, a propriedade foi dividida em outros engenhos e engenhocas, como o Espírito Santo I e II.
O imóvel foi também propriedade de Manoel Fernandes Sobral e Joaquim Fernandes Sobral.
Na década de 1970, com a crise que afetou a safra de cana de açúcar, o proprietário Joaquim Fernandes Sobral dividiu as terras entre os funcionários para pagamento da dívida, o que originou a atual comunidade do Taboão.
Atualmente a propriedade é denominada Fazenda Agropecuária Espírito Santo e é de propriedade do Sr. João Patriota.
O conjunto rural do engenho Laranjeiras é composto pela casa grande, construída em meados do século XIX (que se encontra em precaríssima situação de abandono, embora ainda se constitua num importante exemplar da arquitetura colonial no contexto rural), casa de morador e depósito.
Do prédio onde funcionou a fábrica do engenho, nada mais existe, é mais uma lembrança não preservada dos tempos áureos do Ceará-Mirim.
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