sábado, 16 de maio de 2020

PASSEIO NA CHUVA



Desde  ontem à noite que chove intensamente. E hoje, logo cedo, acordei e tão logo saí do banheiro eu escutei ele me chamando:
-Vamos passear hoje, está um dia lindo!
-Não, não podemos. Está chovendo e tudo levar a crer que continuará assim, "Chuva, Chuvai" como escreveu José Mauro de Vasconcelos.
Minha resposta não o convenceu, ao contrário, atiçou ainda mais o seu desejo de sair pelas ruas.
-Não dá, você não percebe que estamos vivendo uma período de quarentena e quanto mais nos protegermos melhor para nossas vidas?
-Nossas não, suas vidas! Eu não sou vítima desta pandemia. 
-Concordo, mas não vou sair.
Ele ficou ali, quietinho, triste, fechado, parecia um viúvo ou um velho padre de batina.
Não me contive.  Peguei-o pelo pé, coloquei a máscara no rosto e saímos para um pequeno passeio pelas ruas perto de casa. 
Ele  se abriu, molhava-se todo, e feliz repetia:
-Chuva, Chuvai!

Francisco Martins
16 maio 2020

Um comentário:

Valdeci Duarte disse...

Olá, amigo Francisco. Aqui é o Valdeci Duarte, o rapaz da antologia "Pandemia rima com poesia" preciso falar com o senhor para que veja a sua participação na diagramação da obra. Não consegui falar pelo Whatsapp. Abraço!