Desde ontem à noite que chove intensamente. E hoje, logo cedo, acordei e tão logo saí do banheiro eu escutei ele me chamando:
-Vamos passear hoje, está um dia lindo!
-Não, não podemos. Está chovendo e tudo levar a crer que continuará assim, "Chuva, Chuvai" como escreveu José Mauro de Vasconcelos.
Minha resposta não o convenceu, ao contrário, atiçou ainda mais o seu desejo de sair pelas ruas.
-Não dá, você não percebe que estamos vivendo uma período de quarentena e quanto mais nos protegermos melhor para nossas vidas?
-Nossas não, suas vidas! Eu não sou vítima desta pandemia.
-Concordo, mas não vou sair.
Ele ficou ali, quietinho, triste, fechado, parecia um viúvo ou um velho padre de batina.
Não me contive. Peguei-o pelo pé, coloquei a máscara no rosto e saímos para um pequeno passeio pelas ruas perto de casa.
Ele se abriu, molhava-se todo, e feliz repetia:
-Chuva, Chuvai!
Francisco Martins
16 maio 2020
Um comentário:
Olá, amigo Francisco. Aqui é o Valdeci Duarte, o rapaz da antologia "Pandemia rima com poesia" preciso falar com o senhor para que veja a sua participação na diagramação da obra. Não consegui falar pelo Whatsapp. Abraço!
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