Tempo de seca braba, a terra estava tão árida, mas tão árida, que quando um peixe passava por outro levantava poeira. Pois bem, naquela época, na comunidade de Riacho da Cruz, a pouca água que existia estava sendo racionada para uso doméstico.
Quem administrava a distribuição do precioso líquido era um zelador. Ele tinha sob sua custódia a mais desejada peça daquela comunidade, isto é, uma roda que servia para girar a chave que abria a grande torneira. Um dia, este zelador viaja para uma cidade vizinha e quando chega em casa, encontra a mulher desesperada, pergunta a causa e fica sabendo que sua residência foi invadida por um vereador, em busca da tal peça que acionava a liberação da água.
O zelador só tinha uma saída: comunicar ao seu superior o acontecido e para isto mandou o seguinte telegrama para a sede municipal:
"COMUNICO VEREADOR INVADIU MINHA RESIDÊNCIA EXIGINDO MINHA MULHER LHE DESSE A RODA. E ELA DEU".
Causos da nossa terra - histórias de Mané Beradeiro.
Fonte: Livro Flashes das Secas, de Paulo de Brito Guerra, 1977.
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