Sinésio Dioliveira
Foi uma discussão inútil a que tiveram o beija-flor e o urubu. Cada
um falando para si mesmo. O bate-boca foi iniciado pelo beija-flor, que,
se julgando mais importante, perguntou ao urubu como ele conseguia
viver se alimentando de carniça. E ainda falou mal das penas escuras
dele. O urubu, por sua vez, defendeu a carniça e também disse estranhar o
alimento do beija-flor.
Perto de onde eles estavam, havia uma
corujinha caburé dentro de um buraco no tronco de um ipê-amarelo bem
frondoso. Ela pensou em não entrar na conversa, mas não se conteve.
- 𝑨 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒅𝒂 𝒖𝒎 𝒔ó 𝒔𝒆𝒓𝒗𝒆 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒒𝒖𝒆𝒎 é 𝒐
𝒅𝒐𝒏𝒐 𝒅𝒆𝒍𝒂. 𝑨 𝒅𝒊𝒔𝒄𝒖𝒔𝒔ã𝒐 𝒅𝒆 𝒗𝒐𝒄ê𝒔 é 𝒕𝒐𝒍𝒂.
𝑵𝒆𝒏𝒉𝒖𝒎 𝒄𝒐𝒏𝒗𝒆𝒏𝒄𝒆𝒓á 𝒐 𝒐𝒖𝒕𝒓𝒐 𝒔𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒒𝒖𝒂𝒍 é 𝒐
𝒎𝒆𝒍𝒉𝒐𝒓 𝒂𝒍𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐. 𝑵ã𝒐 𝒇𝒐𝒓𝒂𝒎 𝒗𝒐𝒄ê𝒔 𝒒𝒖𝒆
𝒆𝒔𝒄𝒐𝒍𝒉𝒆𝒓𝒂𝒎 𝒆𝒔𝒔𝒂 𝒎𝒂𝒏𝒆𝒊𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝒔𝒆
𝒂𝒍𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒂𝒓. 𝑨 𝒔𝒊𝒏𝒈𝒖𝒍𝒂𝒓𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒅𝒂 𝒖𝒎
𝒗𝒐𝒄ê𝒔 𝒕𝒆𝒎 𝒂 𝒔𝒖𝒂 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒓𝒕â𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒅𝒆𝒏𝒕𝒓𝒐 𝒅𝒂
𝒏𝒂𝒕𝒖𝒓𝒆𝒛𝒂. 𝑽𝒊𝒗𝒂𝒎 𝒔𝒆𝒎 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒆𝒓 𝒑𝒓𝒐𝒗𝒂𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝒂
𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒅𝒆 𝒗𝒐𝒄ê𝒔 é 𝒎𝒆𝒍𝒉𝒐𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒅𝒐𝒔
𝒐𝒖𝒕𝒓𝒐𝒔.
Enquanto a corujinha puxava-lhes a orelha, surgiu
um tamanduá-bandeira seguindo a trilha de formigas saúvas e comendo-as
todo feliz. Ela então pediu ao urubu e ao beija-flor que olhassem para
baixo. E mais: sugeriu-lhes que perguntassem ao tamanduá que tipo de
alimento ele achava mais gostoso.
Percebendo um calango no topo
de um cupinzeiro, a corujinha voou em direção dele e o pegou para seu
alimento. O beija-flor e o urubu ficaram se olhando sem entender o que
lhes foi dito pela corujinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário