José Mauro com crianças índias |
Em 1943 o Presidente Getúlio
Vargas assinou em 2 de junho, o decreto 5.540, que criou o Dia do Índio, a ser
celebrado nacionalmente em 19 de abril.
A data só foi estabelecida por causa da influência do Marechal Rondon.
Ao esboçar este artigo não tenho a pretensão de fazer um ensaio sobre a história
do Dia do Índio, nem tampouco levar o leitor a refletir sobre o que tem ou não
para ser celebrado na data de hoje. Mas, quero aproveitar o tema para lembrar
um escritor que conviveu muito tempo com os índios e trouxe para seus livros a cultura indígena em seus
mais variados aspectos ( culinária, língua, crença, costumes, agricultura,
etc).
Na qualidade de estudioso da obra
de José Mauro de Vasconcelos apresento algumas personagens que ele criou ou quem
sabe garimpou estas histórias e deixou para nós. No livro “Farinha Órfã” há um
conto chamado “Primavera dos Enforcados” que mostra a paixão de Temacuíra por
Júlia, filha de um fazendeiro, e paga um alto preço por isso. Já no livro “Longe
da Terra”, o autor mostra o quanto os índios viviam na ociosidade às margens do
rio Araguia. Vasconcelos também narra o
casamento de Deridu (índio) com Anarriro (índia) e aqui ele faz com tanta
riqueza de detalhes que o leitor é transportado à própria aldeia para celebrar
as bodas. “Longe da Terra” não é ficção,
é memória, e por isso um livro
indispensável para quem queira conhecer os primórdios de Leopoldina, atual
cidade de Aruanã – GO.
Foi em Aruanã-GO onde ele
escreveu o romance “O Garanhão das
Praias”, no qual ele mostra a dedicação da enfermeira Dottie aos índios. Fala
dos poucos recursos que dispunha o Serviço de Proteção aos Índios, futuramente FUNAI.
José Mauro sempre gostou de estar no meio dos índios e entre os seus livros
destaca-se sobre esse tema, “Kuryala –
Capitão e Carajá”, um romance com traços de vida real sobre a trajetória
do índio Kuryala, sua tribo, sua vida, o
ritual da adolescência, etc. Lê-lo é aprender muita coisa sobre o nosso índio
da tribo Carajá. É também sofrer com
eles, os índios, sempre ameaçados e
desrespeitados em seus direitos e soberania.
Proponho ao leitor que conheça
mais sobre os livros de José Mauro de Vasconcelos, ele foi muito mais além do que o mais
famoso dos seus livros “O meu pé de laranja lima”.
Francisco Martins
Referências:
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-5540-2-junho-1943-415603-publicacaooriginal-1-pe.html.
Visualizada em 18 abril 2016
http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/1893-por-que-dia-19-e-dia-do-indio.
Visualizada em 18 de abril 2016.
VASCONCELOS. José Mauro de. Farinha Órfã. São Paulo: Melhoramentos, 1977
___________. Longe da Terra. São Paulo:
Melhoramentos, 1969.
___________. Garanhão das Praias. São Paulo: Melhoramentos, 1970
___________. Kuryala – Capitão e Carajá. São Paulo: Melhoramentos, 1981
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