Cordel um
estilo de poema difícil de ser feito.
Não é à toa que o poeta que escreve o cordel é também conhecido por
poeta de bancada. Entenda-se por esta expressão, o significado de alguém que
tem a missão de burilar o seu texto, ler, reler, guardar e após dias e meses, se
preciso for voltar a analisá-lo para só
depois entregar ao público.
São poucos os
poetas que cumprem este ritual. Eu mesmo, quando comecei a trilhar nesta
literatura tinha uma ânsia de apresentar logo o poema. Soltava-o como criança
que brinca com pipa e somente depois que ele estava por aí, espalhado pelas
redes sociais e até mesmo impresso, é
que eu notava quanto ele podia está melhor e voar com mais intensidade e
beleza.
Ainda bem que
aprendi a lição. Meus primeiros folhetos estão desmetrificados, contém erros de
rimas e estrutura de estrofes (tanto na quantidade de versos como na quantidade
de estrofes). Pensava em não corrigi-los, deixá-los assim, mas o poeta que
cresce deseja ver sua obra qualificada, afinal é ela que vai falar por ele
quando não mais estiver por aqui. Hoje estou refazendo todos eles e os atuais
eu tenho uma preocupação maior antes de deixá-los
içar voo.
Faço essa
introdução para o leitor poder
entender a resenha do livro “CONTOS DO MEU JEITO”, do Poeta Hailton
Mangabeira. O livro foi lançado dia 12 de setembro pela Z-Editora. O poeta tem 46 anos, é natural de Macaíba-RN.
Seu nome civil é Hailton Alves Ferreira, mas adotou o artístico Hailton
Mangabeira, em homenagem ao distrito
rural em que nasceu.
Nosso poeta é
graduado em Pedagogia, Geografia, Especialista e Mestre em Educação. Atua como
professor da rede pública. É membro da
Academia Macaibense de Letras – AML. O
poeta já assinou 138 folhetos de cordéis.
Começou a escrever neste gênero em 2001 e seu primeiro folheto foi “ Macaíba – manancial
de nobreza”. Já publicou dois livros, além deste que estou resenhando e dedica-se
também ao teatro, cinema e música. Portanto, Hailton Mangabeira é muito mais do que
poeta, é uma riqueza cultural.
Debrucei-me no
livro acima e fiquei lendo desde o dia 29 de outubro até hoje, 10 de novembro.
Foram 13 dias. Li e reli. E depois voltei a folheá-lo com o olhar do leitor crítico. E como é chato ser crítico. Primeiro porque
nem todos valorizam a missão que ele presta à comunidade literária, segundo, se
tudo ele disser corre o risco de não ser entendido e perder colegas e amigos.
Mas, torço para que Hailton Mangabeira e outros mais que estou a ler e resenhar
tenham a maturidade de que faço pelo Cordel.
O livro tem um título que à priori pode causar certa estranheza
ao leitor de cordel: “Contos do Meu Jeito”. Mas não há nada de errado aqui, afinal
cada texto é na verdade um conto, narrado não em prosa, mas em poema. Hailton
Mangabeira participa com 12 poemas e os
outros 2 são participações de dois convidados: Juliano José Alcântara de
Oliveira e Sebastião Palhares de Freitas.
No tocante ao
tema das histórias cordelizadas, o livro apresenta uma beleza de criação. Destaco
aqui “O Livro Amarelo”; “O caderno mais bonito”; “Carta para Lindóia”. Quando o
poeta opta em escrever um texto de gracejo, também tece a trama do cordel com elementos e
cenas que atingem o objetivo: “Ojuara, o
homem que levou chifre do Lobisomem” e “O homem que matou a geladeira” são dois
cordéis que atestam o que afirmo.
“Contos do Meu
Jeito” é um livro que não ofende, ao contrário faz bem ao leitor que não possui
um olhar tão profundo. Até aqui é a parte boa do livro. Quero, entretanto, chamar a atenção do poeta para a experiência
que relato nos três primeiros parágrafos desta resenha. Nota-se tangivelmente
que houve uma pressa em ter o livro pronto, e o autor que montou o conjunto de textos com poemas já
publicados anteriormente, não teve a preocupação de revê-los.
A consequência
é que temos uma série de erros, tais quais:
décimas com estruturas diferentes na sequência dos versos; rimas repetidas numa mesma estrofe, rimas
perdidas, muitos versos desmetrificados, erros de revisão. Tudo coisas que poderiam não estar presentes
no livro e que agora, indelevelmente,
mancham a beleza de “Contos do Meu Jeito”.
Não vou
mostrar aqui os erros que consegui encontrar. Até porque isso não vem corroborar a ligação entre o
leitor e o autor. Mas fica a dica, para
que nos próximos ele espere um pouco
mais e entregue seu material para ser
lido por alguém da sua confiança e que tenha competência no
assunto. Fora isso, penso que foi
proposital o título do livro, ele contou
suas narrativas poéticas do SEU JEITO e zé-fim-nim!
Mané Beradeiro
10 de novembro
de 2019
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